quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Lição 9, O Apelo Pastoral de Paulo, por Paulo Penno

Para 19 a 26 de novembro de 2011

Como um pastor lida com conflitos em sua igreja? Nesta questão, como é que um profeta lida com um movimento dissidente? "O apelo pastoral de Paulo" é um esforço de resolução de conflitos, Gál. 4:12-20.

Paulo recorda aos gálatas que sua abordagem missionária era para se tornar um gálata aos gálatas, "Eu sou como vós" (vs.12). Ele se iguala a eles. Falava a língua deles. Comia à sua mesa. Vivia entre eles. Na medida do possível, sem comprometer a ética cristã, viveu como um natural da Galácia.

Agora, Paulo escreve: "que sejais como eu." E como é Paulo? "Já estou crucificado com Cristo" (Gál. 2:20). Paulo tão completamente escolheu se identificar com o Crucificado, que não é mais ele, Paulo, que vive, mas Cristo que vive nele. Ele vive a vida em uma mesma mente1 (*com Deus) na fé do Filho de Deus. É por isso que a atitude de inimizade deles para com Paulo não é nenhuma ofensa para ele. O ego de Paulo está morto em Cristo (Gál. 4:12).

Fisicamente falando Paulo não tinha uma aparência agradável à vista, quando começou a pregar o evangelho no meio deles. Mas o evangelho que ele proclamava era "em demonstração de Espírito e de poder" (1ª Cor. 2:4), de modo que o povo viu Cristo crucificado entre eles. Os gálatas receberam Paulo como um mensageiro de Deus, assim como eles teriam recebido a Jesus. E aceitando a Cristo, eles foram cheios do poder e da alegria do Espírito Santo, Gál. 4:14.

Mas agora tudo isso mudou. "A bem-aventurança de que vocês falaram" (vs. 15, KJV), se foi, a qual é a bênção de Abraão. A bênção de saber que Cristo os tinha remido da maldição da lei, através da promessa do Espírito, que é a justiça pela fé ativada pelo amor Ágape, foi perdida. Os gálatas foram “fascinados” (Gál. 3:1) "enfeitiçados" (KJV) pelo falso evangelho de "alguns ... fariseus que tinham crido"; Atos 15:5).

O falso evangelho ensina que uma vez que se tenha alcançado a salvação pela fé no Messias, é preciso fazer-se algo para continuar na salvação, ou seja, "as obras da lei." E uma vez que a porta foi aberta através de uma fratura na fé, por ser motivada por preocupações egocêntricas, não há limite para a quantidade de ídolos que alguém deve obedecer, a fim de ser salvo, incluindo a adoração de espíritos em dias do calendário, escravidão da qual os gálatas tinha sido libertados (Gal. 4:9, 10).

Enquanto os gálatas apreciaram esta bem-aventurança, o seu fruto apareceu no amor que eles mostraram a Paulo. Este amor era o próprio amor abnegado de Cristo o amor abundante de Deus evidentemente derramado no coração, pelo Espírito que haviam recebido. Vendo o apóstolo precisando de olhos, eles de bom grado teriam arrancado seus próprios e os dado a ele, se tal coisa pudesse ter sido feita, vs. 15.

Mas agora, que mudança! Das alturas da bem-aventurança eles são levados de volta para essa condição que Paulo é obrigado a apelar a eles: "Fiz-me acaso vosso inimigo, dizendo a verdade?" (Vs. 16). Esta é a marca da Galácia. É a marca do homem que professa ser um cristão justificado pela fé, mas não tem a justiça de Deus mediante a fé de Jesus Cristo. Quem lhe diz a verdade, ele considera seu inimigo.

O (*cristão) da Galácia se considera "rico, e aumentado com bens, e de nada tenho falta" (Apocalipse 3:17, KJV). Quando o profeta adverte que ele não está na "verdade do evangelho" (*Gal. 2:14), ele rejeita o Espírito de Profecia. A marca do galacianismo é a rejeição do dom profético. É a marca do homem e do mundanismo para perseguir o mensageiro da verdade e considerá-lo o inimigo.

Galacianismo é a marca da mente carnal que está em “inimizade contra Deus” (Rom. 8:7). O orgulho não gosta da "mui preciosa mensagem", que honra (*e “põe de maneira mais preeminente diante do mundo) o Salvador Crucificado” (Test. para Ministros, pág. 91). O eu não deseja se submeter em arrependimento ao pé da cruz. "Muitos" na verdadeira denominada igreja de Cristo fez isso na era de 1888, e a atitude dos "pais" se perpetua até hoje, quando a mensagem é proclamada2. A nossa história de rejeição da justificação pela fé, unida com a verdade da purificação do santuário, é justificada com o argumento de que a Igreja aceitou a justificação pela fé e corrigiu seu curso legalista. Portanto, a igreja não tem necessidade de se arrepender, dizem eles.

No entanto, o Espírito de Profecia nos diz o contrário: "Talvez tenhamos de permanecer muitos anos mais neste mundo por causa de insubordinação, como aconteceu com os filhos de Israel; mas por amor de Cristo, o Seu povo não deve acrescentar pecado a pecado, responsabilizando a Deus pela consequência de seu próprio procedimento errado.”3

Quem criou essa desunião na igreja? Foi aquele que proclamou "a verdade do evangelho" (Gal. 2:14) ou foram os agitadores que defenderam a justiça pelas “obras da lei"? É o Espírito de Profecia que cria divisão ou são daqueles que rejeitam o que o profeta escreve?

Paulo diretamente reconhece o zelo daqueles que ensinam fé e obras. Eles são o "movimentos dissidentes", que ensinam separatismo por motivos egoístas. Ele escreve: "Esses professores de um evangelho falsificado têm grande zelo para conquistá-los para o lado deles, para que vocês possam ser fanáticos companheiros deles em um programa de dissidência" (Veja Gál. 4:17).4

Você quer ser zeloso? Então seja zeloso por uma boa causa. É o evangelho um veículo auto propulsor? Ou será que a sua proclamação e propagação dependem dos membros da igreja (e dos pastores!) sendo constantemente estimulados pelos líderes da igreja em ação? "Atividades leigas" líderes nas igrejas podem testemunhar: para se conseguir fazer muita coisa é preciso constante "promoção".

As cartas do Novo Testamento dos apóstolos revelam uma estranha falta de tais campanhas "de promoção." Elas relatam atividades incríveis, mas raramente ou alguma vez foram os crentes estimulados ou compelidos à ação. A atividade zelosa deles era simplesmente assumida, natural. Seu evangelho era um "veículo com propulsão própria." Por quê?

A mensagem deles tinha o poder inerente. Ninguém precisava ser chicoteado para agir. A força motivadora era maior do que a de uma locomotiva a vapor, pois o poder estava implícito nas boas novas sobre o sacrifício do Filho de Deus. Ela explodiu na consciência de todos como "o Cordeiro de Deus", um sacrifício de sangue oferecido por Deus. Exemplos: "Porque nada me propus saber entre vós, senão a Jesus Cristo, e este crucificado" (1ª Cor 2:2.). "Mas longe esteja de mim gloriar-me, a não ser na cruz de Cristo" (Gál. 6:14).

Uma gestante tem que ter dores de parto antes do filho nascer, Gál. 4:19. Aqui reside o perigo no planejamento humano, na obra de Deus, para a sabedoria humana inventar atalhos nos métodos de evangelização do mundo, o que, para uma igreja morna, parece muito aceitável. É fácil sentar em um banco confortável da igreja e dar ofertas. Parece fornecer combustível para o funcionamento contínuo da máquina evangelizadora, uma invenção do século 21, para poupar trabalho e poder humanos em seu hábil designo para "terminar a obra" no menor tempo possível com o mínimo possível de homem de poder e fruto do trabalho da alma. Se uma invenção de um comitê inteligente pudesse ser feita para dar vida, então justiça, na verdade viria pelas invenções evangelísticas. Nenhuma correria pra lá e pra cá, e nenhum conhecimento de que seria enriquecido no tempo do fim nunca vai tomar o lugar das “dores de parto" por parte dos ganhadores de almas, "até que Cristo seja formado” (Gal. 4: 19) nos conversos.

Se métodos modernos de obstetrícia espiritual são descobertos, os quais evitem o fruto do trabalho à moda antiga, que a antiga igreja suportou quando ela deu à luz seus filhos, pode-se duvidar se Cristo é formado de fato dentro dos "convertidos." Nenhuma guerra operada pelo simples apertar de um botão irá concluir a grande batalha entre Cristo e Satanás. Os combates corpo-a-corpo, de coração para coração lutando no Espírito, contra os principados e potestades, só pode trazer triunfos da fé.

Paul E. Penno

Nota do tradutor:

1)em uma mesma mente com Deus” é a tentativa que fizemos de uma aproximada transliteração da expressão em inglês da palavra “expiação,” “at-one-ment,” que significa uma união integral entre o cristão justificado pela fé e a divindade, pela fé de Jesus.


Notas do autor:

2) Ellen G. White, "Muitos não se convencerão, porque eles não estão dispostos a confessar." Diary, 27 de fevereiro de 1891.

3) Carta 184 (1901) de Ellen G. White para Percy Tilson Magan (7 de dezembro de 1901). Este texto aparece também em Eventos Finais, pág. 39, e Evangelismo, pág. 696. (*Note que este texto é de 1901, 13 anos após a rejeição da mensagem de Mineápolis. Neste interregno ocorreram 7 seções da Assembléia da Conferência Geral. Na maioria delas Waggoner e Jones foram os oradores, insistindo na pregação e aceitação da mensagem. Entretanto em 1901 a serva do Senhor ainda fez a declaração acima. Alguns têm dito que após a saída do então presidente da Conferência Geral, George Ide Butler, em 1888, o presidente seguinte (de 1888 a 1897), Olé Andrés Olsen, teria aceitado a mensagem e consequentemente toda a igreja o seguiu, e, assim, a mensagem foi completamente aceita. Entretanto pode-se ver que a realidade foi outra, o mesmo com o presidente seguinte, George A. Irwin, que a presidiu de 1897 a 1901, apesar de fracas manifestações favoráveis a ela).

4) Robert J. Wieland, Gálatas para a Juventude de Hoje: Uma Paráfrase Livre (2003), pág. 15.

Paulo Penno é pastor evangelista da igreja adventista na cidade de Hayward, na Califórnia, EUA, da Associação Norte Californiana da IASD, localizada no endereço 26400, Gading Road, Hayward, Telefone: 001 XX (510) 782-3422. Ele foi ordenado ao ministério há 38 anos. Após o curso de teologia ele fez mestrado na Universidade de Andrews. Recentemente ele preparou uma extensiva antologia dos escritos de Alonzo T. Jones e Ellet J. Waggoner, a qual está incluída na Compreensiva Pesquisa dos Escritos de Ellen G. White. Recentemente também ele escreveu o livro “O Calvário no Sinai: A Lei e os Concertos na História da Igreja Adventista do 7º Dia,” e, ao longo dos anos, escreveu muitos artigos sobre vários conceitos da mensagem de 1888. O pai dele, Paul Penno foi também pastor da igreja adventista, assim nós usualmente escrevemos seu nome: Paul E. Penno Junior. Você pode vê-lo, no You Tube, semanalmente, explanando a lição da semana seguinte na igreja adventista de Hayward, na Califórnia, em

http://www.youtube.com/user/88denver99

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