quinta-feira, 26 de julho de 2012

Lição 4 – Alegria e gratidão, por Michael Horton

Para 21 a 28 de julho de 2012

“Sempre damos graças a Deus por vós todos, fazendo menção de vós em nossas orações. Lembrando-nos, sem cessar, da obra da vossa fé, do trabalho do amor, e da paciência da esperança em nosso Senhor Jesus Cristo, diante de nosso Deus e Pai” (1ª Tessalonicenses 1: 2,3).
“Sabendo, amados irmãos, que a vossa eleição é de Deus, porque o nosso evangelho não foi a vós somente em palavras, mas também em poder, e no Espírito Santo, e em muita certeza, como bem sabeis quais fomos entre vós, por amor de vós. E vós fostes feitos nossos imitadores, e do Senhor, recebendo a palavra em muita tribulação, com gozo no Espírito Santo. De maneira que fostes exemplo para todos os fieis na Macedônia e Acaia. Porque por vós soou a palavra do Senhor, não somente na Macedônia e na Acaia, mas também em todos os lugares a vossa fé para com Deus se espalhou, de tal maneira que já dela não temos necessidade de falar coisa alguma” (1ª Tessalonicenses 1: 4-8).
Os tessalonicenses ocupavam uma importante cidade no Império Romano. Era localizada na estrada Via Egnatia que ligava Roma, aos portos cruciais e cidades da região do Mar Egeu e Turquia. Quando Paulo veio pregar, os tessalonicenses se volveram de seus ídolos para o Deus vivo, porque receberam o evangelho como a Palavra de Deus que efetivamente operou neles. Veja 1ª Tessalonicenses 2:13.
Ao contemplar a bondade de Deus no evangelho de Jesus Cristo, gratidão e apreço brotou. Isso os levou ao arrependimento de tal forma que em se voltando para Ele em fé, e Seu grande Ágape, eles se afastaram deste mundo e sua tri partida maquinação: a concupiscência da carne; a concupiscência dos olhos, e a soberba da vida (*veja 1ª João 2:16). Crucificados com Cristo, eles se tornaram exemplos que personificaram a fé de Jesus.
Habitar na presença de Deus significa estar em plenitude de alegria. A ironia é que às vezes essa alegria está no meio do sofrimento. E, entretanto, esta alegria é nossa força. Paulo ainda ora para que "o Deus da esperança vos [possa] encha de todo o gozo e paz em crença, para que abundeis na esperança pela virtude do Espírito Santo" (Romanos 15:13). Esta alegria e paz estão enraizadas em cada elemento do evangelho — nos seus fatos históricos, no tempo e eternidade, seu fruto, e sua esperança.
Ao examinarmos 1ª e 2ª Tessalonicenses, é bom considerar que Paulo não se destaca apenas como apóstolo, mas como o teólogo inspirado, especialmente para nós hoje. Lidando com questões do evangelho eterno nos concertos — a história, o santuário, todas as Escrituras do Antigo Testamento, judaísmo e o mistério revelado do Evangelho aos gentios — a cruz se torna sua lente através da qual ele põe em foco e sentido todas estas questões. Paulo está na transição da igreja (os chamados para uma orientação de verdadeira missão, mas sempre a cruz de Jesus vai adiante dEle.
Os treze livros da Bíblia, Epístolas [cartas], escritas por ele, falam por si só. Mas Paulo estava ainda mais preocupado com epístolas vivas. É por isso que ele elogia os tessalonicenses. Eles não são meros expositores ou debatedores do evangelho, mas suas vidas exemplificam a obra do Cristo ressuscitado através do doce fruto do Espírito Santo. A teologia de Paulo diretamente amparou sua obra missionária, mostrando que a teologia prática informa, infunde com poder, e orienta o cumprimento da comissão evangélica.

A Estratégia Urbana
  1. Para o Apóstolo, o evangelho de Jesus Cristo era ao mesmo tempo teologia e missão, mas sempre encarna o objetivo final de transformação da vida. O ministério de Paulo envolveu-se em uma estratégia intensamente focada nas cidades, que nos desafia ainda hoje. Embora os tempos difíceis e perseguições à frente nos encorajem a preparar para uma orientação de vida rural, a realidade atual é que as maiores populações do mundo estão cada vez mais concentradas em áreas urbanas1. Assim, o trabalho de Paulo em Tessalônica, tanto quanto em Corinto, Atenas, Éfeso e outras cidades, evidencia que o Espírito o levou a procurar atingir o império de sua época através de suas cidades, ao longo das rotas de comércio e cultura.
O que isso significa para nós no século 21? Hoje, mais de 80% da população dos Estados Unidos, Coréia do Sul, Argentina e Brasil estão em áreas urbanas. Como um todo, a população do mundo está agora mais de 50% em áreas urbanas. É bem diferente dos 4% que eram em 1800, 14% em 1900, e 30% em 1950. Uma estratégia evangélica urbana, portanto, não é uma opção, é uma necessidade.
O esforço de Paulo estabeleceu igrejas com cristãos fortes, cuja fé abraçou a missão da cruz de Cristo, porque eles experimentaram a transformação, capacitadora do Ágape de Deus em Cristo. Este amor que se auto crucifica libera homens e mulheres para trabalho com alegria, e em louvor por eles poderem fazer parte de uma missão tão esplêndida para o mundo.
A confiança em Seu amor, a experiência da justiça pela fé de Cristoe em Cristo, e a consciência de Seu amparo, a santificação da Sua obra como sumo sacerdote, combinado com a esperança de Sua segunda vinda, inspirou nos corações e mentes dos tessalonicenses uma garantia em Cristo, que não podia ser abalada. A bem-aventurada esperança gerou dentro deles resistência para enfrentar o que poderia acontecer a eles, e a determinação para continuar trabalhando com fé e alegria.
As cidades esperam por nós, com suas multidões que um dia serão iluminadas por Sua glória, a única maneira segura de dissipar a escuridão ao seu redor. Isso acontecerá com o Seu poder como nossa autoridade, e Seu amor como nossa motivação. Cristo deve, e irá fazer isso por nós hoje.


Michael Horton

Nota:
1)       
A Sra. White reconheceu que as grandes cidades do mundo não eram lugares adequados para os cristãos viverem e constituir família, mas ela carregava um pesado fardo pelas pessoas não evangelizadas nas áreas urbanas populosas. Em 1909, ela instou: "Instrução me foi dada, ‘—Trabalhe nas cidades; trabalhe nas cidades ... Somos convidados a ir para as cidades e pregar o evangelho e curar os enfermos" (Boletim da Conferência Geral de 1909, 4 de julho de 1909)
A Obra nas Cidades. Um Ser [Deus] de dignidade e autoridade … falou deliberadamente e com perfeita segurança: “—O mundo todo é a grande vinha de Deus. As cidades e vilas constituem parte dessa vinha. Elas têm que ser atingidas. ... Não devemos ocultar a verdade nos recantos da Terra. Ela deve ser proclamada; deve brilhar em nossas grandes cidades. ... Jamais percam de vista o fato de que a mensagem é mundial. Deve ela ser dada a todas as cidades, a todas as vilas; deve ser proclamada nos caminhos e valados. ... Sua luz não deve se limitar a um espaço pequeno, nem ser posta debaixo do alqueire ou da cama; deve ser posta no castiçal, para que produza claridade para todos quantos estão na casa de Deuso mundo. É preciso ter mais ampla concepção da obra” (Testemunhos Para a Igreja, vol. 7, págs. 34 a 36, grifamos).
A Obra na Grande Nova Iorque. Chegou o tempo para fazer decididos esforços para proclamar a verdade em nossas grandes cidades. ... Deus suscitará obreiros para fazer esse trabalho. ...Sob a direção de Deus, foi iniciada a missão na cidade de Nova Iorque. Esse trabalho deve continuar no poder do mesmo Espírito que o estabeleceu” (ibidem, pág. 37).

Da compilação Mensagens Escolhidas, vol. 2, págs. 360 a 364 vemos os §§ que se seguem:
  “Guiado Pela Providência Divina. É chegado o tempo em que, conforme Deus abra o caminho, devem as famílias mudar-se para fora das cidades. Os filhos devem ser levados para o campo. Devem os pais procurar um lugar apropriado, segundo lho permitam os recursos” (Manuscrito 50, 1903). 
“Em tais lugares os filhos não estarão rodeados das corruptoras influências da vida da cidade. Deus ajudará o Seu povo a encontrar lares ... fora das cidades”  (Medicina e Salvação, pág. 310). 
    “Conforme o tempo avança, cada vez mais terá nosso povo de sair das cidades. Durante anos temos recebido a instrução de que nossos irmãos e irmãs, e especialmente as famílias que têm filhos, devem fazer planos para abandonar as cidades, conforme diante deles se abra o caminho para fazê-lo” (Review and Herald, 27 de setembro de 1906, grifamos). 
Da pág. 361, Conselhos e Admoestações Para os que Pretendem Sair das Cidades. Há muitas pessoas que estão profundamente animadas a se mudarem ... Cuidai de que não haja movimentos precipitados, em atenção ao conselho de se mudarem. ... Não façais coisa alguma sem buscar sabedoria de Deus, ... Fico perturbada, quando considero que até pode haver alguns de nossos professores que necessitem ser mais equilibrados e de são juízo. ... Grande cuidado devem ter esses homens … que correm o perigo de dar conselhos sem saber o que esses conselhos poderão levar outros a fazer.” 
Da pág. 362, “Considerai Cuidadosamente Cada Mudança. Nenhuma mudança se deve fazer sem que tal passo e tudo o que ele implica sejam cuidadosamente considerados - tudo pesado. ... Não saiais à pressa, sem saberdes o que estais fazendo”
Das págs. 362 e 362, “Há Perigo em Cada Nova Experiência. Nada se faça de maneira desordenada, para que não haja grande perda ou sacrifício de propriedade, devido a discursos ardentes e impulsivos que despertam um entusiasmo que não é segundo a vontade de Deus; Rogo, agora, a toda alma que não se volte tão vigorosa e confiadamente para os conselheiros humanos, mas busque mais fervorosamente a Deus”
Da pág. 364, “Colocar Cada Plano Diante de Deus. Na época atual, a sabedoria de qualquer instrumento humano não é suficiente para elaborar planos e fazer projetos. Apresentai cada plano a Deus com jejum, com humildade de alma diante do Senhor Jesus, e entregai vossos caminhos ao Senhor. A promessa segura é: Ele endireitará as tuas veredas” (Carta 45, 1893).

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