quinta-feira, 5 de julho de 2012

Lição 1 - O Evangelho Chega a Tessalônica, por Paulo Penno


Para 30 de Junho a 7 de julho de 2012



Paulo e Silas fundaram uma igreja em Tessalônica com a mensagem do Messias crucificado. A missão de Paulo seguiu um padrão: 1º) proclamar a mensagem aos judeus primeiro; 2º) adoração no sábado do sétimo dia; 3º) usar as Escrituras do Antigo Testamento como a base de autoridade para estabelecer que Jesus é o Cristo — o Messias (Atos 17:1 a 3); 4º) Durante a sua permanência entre os tessalonicenses, Paulo estava "trabalhando noite e dia", pregando-lhes "o evangelho [a boa nova] de Deus" (1ª Tess. 2:9).
Paulo era um arauto que simplesmente transmitia as palavras que lhe foram dadas. Ele não estava dando uma mensagem de sua própria invenção. Ele pregou uma boa nova sobre o evangelho da graça de Deus.
Paulo chamou de "o nosso evangelho" "em palavras, ... em poder, e no Espírito Santo, e em muita certeza". (1ª Tess.1:5). Ele alega quanto ao seu evangelho: "não o recebi, nem aprendi de homem algum, mas pela revelação de Jesus Cristo" (Gál. 1:11, 12). Estas são importantes revelações!
Ninguém odeia o evangelho da "graça" de Deus como Satanás. Então o melhor que ele pode fazer é "aniquilar a graça de Deus", injetando a idéia de alguma infiltração venenosa de legalismo disfarçado (Gál. 2:21). Se um pingo de orgulho egoístico é misturado com o nosso "evangelho", a graça é "aniquilada," (*ou, “invalidada,” segundo a Bíblia de Jerusalém, ou “anulada,” Alm. Contemp.).
Tome um sermão, um artigo, ou um livro, que seja 99 por cento verdade do "evangelho," cheio de um palavreado cristão, e adicione um por cento de sutil legalismo venenoso, você terá a receita para a "mornidão", a doença debilitante que Jesus profetizou diz que afligiria Sua igreja dos últimos dias (Apoc. 3:14-21). Onde quer que o orgulho humano ou a auto-suficiência levante sua cabeça, mesmo um pouco, ali você pode ter certeza que a graça de Deus está sendo de alguma forma "frustrada". "A justiça pela lei" é o resultado certo.
Paulo define o que entende por "graça": "perante os [seus] olhos de quem Jesus Cristo foi evidenciado, crucificado entre vós" (Gál. 3:1). As pessoas nas reuniões de Paulo se esqueciam de quem eram, onde estavam, pois ele as levava para a cruz e viam, "compreendiam", "a largura, e o comprimento, e a altura, e a profundidade” da revelação da graça (Efé. 3: 18, 19), como se estivessem no Calvário em si. Eles respondiam com o que Paulo chamou de "a pregação da fé", precisamente a mesma resposta de Abraão (que "creu", quando Deus, “anunciou primeiro o evangelho a" ele, Gal. 3:5-8).
Paulo "disputou com eles sobre as Escrituras" (Atos 17:2). Ellen White escreve: "...Paulo recorreu às profecias do Velho Testamento concernentes ao Messias" (Atos dos Apóstolos, pág. 221). Paulo estava "expondo e demonstrando [explicando e provando], que convinha que o Cristo [o Messias] padecesse,” (*convinha, isto é) devia, necessariamente ter sofrido" (Atos 17:3).
A visão popular do Messias era a de um libertador do povo judeu de seus opressores romanos. (*Eles não queriam) um messias sofredor que morresse pelos pecados da nação, pois isto significava uma humilhação para Israel. Mas ansiavam por um messias conquistador, que confirmaria um "justo" Israel na impenitência deles, sem a necessidade de arrependimento.
O apóstolo Paulo foi o primeiro escritor bíblico que claramente percebeu o significado da história de Israel à luz dos dois concertos. Foi a razão pela qual eles entenderam mal a missão de seu Messias. Eles tomaram sobre si (*a necessidade) de prometer: "Tudo o que o Senhor tem falado faremos" (Êxodo 19:8) (*e em 24:7 acrescentaram: “e obedeceremos”). Ellen White nos diz que essas palavras foram ditas por que eles "entenderam que eram capazes de estabelecer sua própria justiça" (Patriarcas e Profetas, pág. 372). E, claro, sabemos que toda a justiça própria é, essencialmente, pecado. Assim Israel, descrendo, firmou o antigo concerto.
Podemos nos orgulhar de "pregar a Cristo", mas, muitas vezes, Ele acaba por ser o espelho de um messias popular que salva as pessoas nos seus pecados e não dos seus pecados. Nós anunciamos um Cristo que logo virá e que vai vindicar a "justa" igreja remanescente, e destruirá os nossos perseguidores com o fogo flamejante da vingança, a fim de estabelecer o Seu reino visível, mas não apreciamos a ideia de que antes que Cristo retorne como um rei conquistador, Ele Se aproximará de Sua futura noiva com "uma mui preciosa mensagem" de amor na cruz, e com a verdade da purificação do santuário, a fim de ganhar o nosso voluntário consentimento (our willing consent) de arrependimento para que Ele vença o pecado em nossas vidas (Testemunhos para Ministros e Obreiros Evangélicos, págs. 91 e 92).
O resultado do ministério de Paulo e Silas foi a conversão de "uma grande multidão" (Atos 17:4). Vendo que sua influência sobre várias pessoas havia diminuído, os judeus ficaram com inveja, e recorreram a meios abomináveis para lutar contra os missionários. Eles usaram "alguns homens perversos dentre os vadios ... e alvoroçaram a cidade” (Atos 17:5). (*A NVI diz mais ou menos assim: usaram "alguns personagens ruins do mercado ... e iniciaram um tumulto").
Os judeus retrataram os apóstolos como homens que tinham causado alvoroço por todo o mundo — “estes que têm alvoroçado o mundo” (Atos 17:6). (*A KJV diz "estes que viraram o mundo de cabeça para baixo"). Ellen White escreve com perspicácia: "Os judeus interpretaram as palavras de Paulo para significar que Cristo viria pela segunda vez naquela geração, para reinar sobre a terra como rei sobre todas as nações" [O Espírito da Profecia, vol. 3 (edição de 1878), pág. 391)
Os judeus acusaram Paulo e Silas de ensinar exatamente o tipo de Messias que eles próprios ensinavam, a fim de tirar o foco de si mesmos. Os judeus acreditavam que um messias, político-revolucionário deveria logo vir e derrubar o governo romano.
"Deus é ágape" (1ª João 4: 8 e 16). É uma pequenina palavra revelada pelo Crucificado. Os judeus deliberadamente distorceram a mensagem de Paulo do sacrifício de Cristo quando eles se queixaram aos magistrados da cidade de Tessalônica. "Estes que têm alvoroçado o mundo, chegaram também aqui" (Atos 17:6).
Quando Jesus de Nazaré estava sendo crucificado, com cravos fincados através dos ossos de Seus punhos, e tornozelos, Ele orou pelos homens que isto faziam: "Pai, perdoa-lhes porque não sabem o que fazem" (Lucas 23:34). Nenhuma outra vítima de crucificação (e os romanos crucificaram centenas) tinha jamais orado pelo perdão dos seus algozes. Isto foi algo inédito!
O povo falava sobre isso em todos os lugares. A notícia catalisou a humanidade: havia aqueles que desprezavam a Vítima divina; havia outros cujos corações ficaram profundamente impressionados e comovidos.
No final do tempo o mundo vai voltar a ser iluminado com uma mensagem que o irá virar de cabeça para baixo, uma mensagem que prende alguns corações e os reconcilia a Deus e à Sua santa lei, e que vai incitar a outros para impor a "marca da besta" contra aqueles. Esta será a mensagem do quarto anjo de Apocalipse 18:1-4, que levará a uma conclusão triunfante o trabalho do evangelho de Cristo. A mensagem dos três anjos do capítulo 14 não realiza essa grande obra, não pode. Os três anjos precisam da ajuda do quarto anjo que fornece a motivação dinâmica da cruz, João 12:32.
A Igreja Adventista e o mundo esperaram mais de cem anos para ouvir "a mui preciosa mensagem" — o começo da chuva serôdia — que foi rejeitada por causa da resistência de líderes da igreja tão presos ao legalismo que não poderia alcançá-los. Mas há alegre evidência de que o Espírito Santo, a quem a mensageira de Deus disse que foi "insultado" na reunião de Minneapolis em 1888,1 está oferecendo a igreja mais uma vez hoje o evangelho puro, que, nos dias dos apóstolos, "virou o mundo de cabeça para baixo."

- Paul E. Penno


Nota:

1) “Eu sei que naquela ocasião o Espírito de Deus foi insultado.” Materiais de Ellen G. White sobre 1888, vol. 3 pág. 1043, carta que ela escreveu ao Pr. Uriah Smith, em 19 de setembro de 1892.


Paulo Penno é pastor evangelista da igreja adventista na cidade de Hayward, na Califórnia, EUA, da Associação Norte Californiana da IASD, localizada no endereço 26400, Gading Road, Hayward, Telefone: 001 XX (510) 782-3422. Ele foi ordenado ao ministério há 38 anos. Após o curso de teologia ele fez mestrado na Universidade de Andrews. Recentemente ele preparou uma extensiva antologia dos escritos de Alonzo T. Jones e Ellet J. Waggoner, a qual está incluída na Compreensiva Pesquisa dos Escritos de Ellen G. White. Recentemente também ele escreveu o livro “O Calvário no Sinai: A Lei e os Concertos na História da Igreja Adventista do 7º Dia,” e, ao longo dos anos, escreveu muitos artigos sobre vários conceitos da mensagem de 1888. O pai dele, Paul Penno foi também pastor da igreja adventista, assim nós usualmente escrevemos seu nome: Paul E. Penno Junior. Você pode vê-lo, no You Tube, semanalmente, explanando a lição da semana seguinte na igreja adventista de Hayward, na Califórnia, em http://www.youtube.com/user/88denver99

____________________