quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Lição 12 - O Anticristo, por Paulo Penno

Para 15 a 22 de setembro de 2012 

A profecia apocalíptica do apóstolo Paulo (2ª Tess. 2:1-12) é uma exposição de Daniel do "chifre pequeno" e a profecia do "diário", (*ou contínuo) (Daniel 8:8-13). De fato, Paulo nos ajuda a compreender o polêmico assunto do "diário".
A ocasião para o apocalipse de Tessalônica foi um mal-entendido sobre a vinda do Senhor, criado por algumas "pessoas sem escrúpulos"1, que lhes tinham escrito em nome de Paulo criando confusão ("por epístola, como de nós", 2ª Tess. 2:2 ). Embora a plena compreensão das profecias de Daniel não poderia ser conhecida até nestes últimos dias em que vivemos agora, é claro que a igreja apostólica entendeu que a segunda vinda de Cristo não poderia ocorrer até que as profecias de Daniel da grande "apostasia" (vs.3) viessem primeiro. Jesus e Paulo sabiam que a Igreja precisava daquela informação (Mat. 24:15)!
Quem é este poder? Este Anticristo é o famoso "homem do pecado", que se opõe ao verdadeiro Deus, exaltando-se acima de Deus. O grande golpe de mestre de Satanás foi entender que o Império Romano perseguindo o cristianismo não o retardaria. Assim, "o filho da perdição" toma o seu lugar dentro do "templo de Deus", uma grande igreja que professa seguir Jesus e assume o nome de "cristão". Ele afirma ser Deus na terra.
Vários esforços foram feitos para trazer reforma à Igreja Católica Romana, sendo o mais bem sucedido conhecido como a Reforma Protestante do século 16. Os reformadores saíram das trevas para uma compreensão mais clara dos puros ensinamentos de Jesus. Eles queriam voltar para a pureza primitiva da igreja apostólica que Ele (*Jesus) originalmente estabeleceu. Mas, mesmo eles não abandonaram todos os ensinamentos falsos de Roma, trazendo com eles alguns erros inventados por Roma como: a observância do domingo; a tortura eterna dos perdidos; a imortalidade natural da alma; a idéia de que um simples homem poder ser o "Vigário de Cristo", um Papa; a união da Igreja e do Estado (*a Trindade, que a denominação adventista recentemente adotou); de modo que a religião da maioria tornou-se um poder opressivo para privar os outros de sua liberdade religiosa. Isso sempre leva à perseguição. A Instituição papal não pode ser restaurada (2ª Tess. 2:8).
Paulo disse que este Anticristo estava começando a trabalhar ainda no seu tempo, mas foi detido por algum outro poder. Quando Paulo estava com eles, já lhes havia dito "o que o detém [o Império romano pagão] para que ele [o papado] a seu próprio tempo seja manifestado" (2ª Tess. 2:6). "O mistério da injustiça", o espírito de auto-exaltação, que foi institucionalizado no papado "já opera: somente há um [o Império Romano] que agora resiste [impede] vai deixar [impedir] até que ele [o Império Romano] seja retirado do caminho" (2ª Tess. 2:7). Paulo está se referindo à profecia de Daniel 8, que ele ensinou o povo a entender. Nessas profecias este inimigo de Cristo é desmascarado. Os primeiros seguidores de Jesus viveram sob o império romano pagão. Eles oraram para que o Império pudesse continuar a existir, pois sabiam que, quando deixasse de existir, um poder mais terrível surgiria que perseguiria os verdadeiros filhos de Deus.
Como o grande Anticristo se desenvolveu? A fé de Jesus foi amplamente proclamada no tempo dos apóstolos e logo depois. Ela derrubou as idéias arraigadas do paganismo romano e grego. Multidões perderam a confiança em seus antigos objetos de culto e ansiosamente abraçaram a fé de Jesus. Até o século IV da nossa era atual, até mesmo o imperador de Roma professava ser um cristão e proibiu a perseguição pagã.
No entanto, algo pior logo se desenvolveu. Os líderes da igreja começaram a diluir o puro ensino de Jesus, misturando nele os elementos do paganismo romano. Foi um gigantesco processo de sincretismo. Assim, eles mudaram seu caráter total, e a Igreja Medieval se tornou um poder tirânico pronto para perseguir os que não se submetessem aos seus ditames. Esse poder perseguidor não era a verdadeira igreja de Jesus, apesar de professar ser. Produziu estragos entre o povo, incitando multidões contra a verdade de Jesus. Isto deu-lhes uma ideia totalmente errada de Sua fé.
A fonte da profecia de Paulo deriva do "chifre pequeno" de Daniel 8:9 que representa Roma em suas duas fases (pagã e papal), até a vinda de Cristo "desfará" "o iníquo" "pelo esplendor da Sua vinda" (2ª Tess. 2:8). "A partir dele [o chifre pequeno — o papado] o contínuo [o paganismo do Império Romano] foi tirado [tomado, levantado] e o lugar do seu santuário [a sede em Roma] foi deitado abaixo. ... " (Daniel 8:11, Bíblia Amplificada). João, o Revelador, confirma esta sequência: "o dragão [Roma pagã] deu-lhe [à besta, ao papado] o seu poder, e o seu trono, e grande poderio" (Apoc. 13:2).5
"O diário" foi o princípio contínuo de auto-exaltação no paganismo.2 Esta arrogância que desafia Deus foi uma discussão que percorreu a sequência dos reinos de Babilônia, Medo-Persa, Grécia e Roma e foi levantado pelo papado com a passagem do Império Romano (note a palavra "grande", nestes versos, na KJV: Dan. 4:30; 8:4, 8, 9, 10. *Na Almeida: “Se engrandecia”, 8:4; “cresceu muito,” vs. 9, e “engrandeceu” nos vs.10 e 11). Ellen White declara que o papado incorporou e absorveu paganismo em si mesmo.3
Enquanto a própria instituição é aquele "iníquo," cheio de espiritualismo que só pode produzir "injustiça" que é desobediência à lei de Deus, a boa nova é que indivíduos dentro dela vão receber "o amor da verdade" (2ª Tess. 2:8-10).4 O erro é mortal, mas a verdade salva.
Em todos os 6.000 anos da história humana Cristo é o único homem que totalmente acreditou na verdade salvadora. Ele é o único ser humano que experimentou totalmente o que é ser "desamparado" de Deus (Mateus 27:46). Ninguém mais foi capaz de sentir ao máximo o que isso significa; foi somente Ele que foi feito pecado por nós, Ele que não conheceu pecado, 2ª Cor. 5:21. A mensagem de 1888 enfatiza que ninguém mais "provou" tão inteira perdição como Ele ao Ele ser pendurado na cruz na escuridão. Foi Sua fé que O salvou de desespero eterno!
A fé que devemos exercitar é, portanto, de segunda mão, nós a obtemos dEle! Corretamente definida, é uma apreciação de coração do que custou a Cristo para nos salvar.
—Paul E. Penno

Para Leitura adicional:
1. EJ Waggoner, "Roma pagã e papal," Signs of the Times, 26 de nov.de 1885:
2. EJ Waggoner, "O Espírito do Anticristo." Uma série de 16 artigos publicados em The Signs of the Times de 24 de novembro de 1887 a 6 de abril de 1888: http://1888mpm.org/book/spirit-antichrist

Notas do autor:
1) E. J. Waggoner, "O Espírito do Anticristo” – Nº 12, Signs of the Times, 09 de março de 1888, p. 150.
2) A partir de 1844 até por volta de 1900 adventistas do sétimo dia foram unidos em ver "o diário" de Daniel 8 como o paganismo [Império Romano] "tirado", a fim de definir o papado, o que foi historicamente cumprido. Foi um dos elementos-chave que permitiram Guilherme Miller resistir à pressão incrível de seus contemporâneos para aceitar Antíoco Epifânio, como o cumprimento preterista do "pequeno chifre." Veja de William Miller, Evidências da Escritura e História da Segunda Vinda de Cristo Sobre o Ano 1843 (1836) págs. 50, 51, citado em P. Gerard Damsteegt, Fundamentos da Mensagem e Missão Adventista do Sétimo Dia, pág. 22. Veja também Ellet J. Waggoner, "Roma Pagã e Papal," Signs of the Times, de 26 de novembro de 1885.
Ellen White confirma a opinião do "contínuo" dos pioneiros [Dan. 8:11] como paganismo. "Vi então em relação ao “contínuo” (Dan. 8:12) que a palavra "sacrifício" foi suprida pela sabedoria humana e não pertence ao texto, e que o Senhor deu a visão correta àqueles a quem deu o clamor da hora do juízo. Quando houve união, antes de 1844, quase todos eram unânimes quanto à maneira correta de se entender o “contínuo”; mas na confusão desde 1844, outras opiniões têm sido abrigadas, seguindo-se trevas e confusão” (Primeiros Escritos, pág. 74).
Agora, um elemento mais desconcertante do futurismo se coloca para a restrição encontrada em 2ª Tess. 2:6, 7. "... é possível que o detentor sobre o qual Paulo falou fosse o próprio Deus, que detém os eventos finais até que todos tenham a oportunidade de ouvir o evangelho." (Lição de 3ª feira, 18/9/12, ao final). Cumprimentos múltiplos são propostos cobrindo o espectro de algo ruim no passado, o Império Romano, para algo de bom no futuro, o próprio Deus como o Detentor.
Tomamos a "velha visão", dos pioneiros Adventistas do "diário" ou "detentor", que é a posição historicista, que foi cumprida com o Império Romano passando o bastão do paganismo ao papado. A "nova visão" do "diário" que entrou na interpretação profética adventista no final do século 20, contou com a idéia de que o papado romano tirou ou obscureceu o "sacrifício diário" do ministério sacerdotal de Cristo.
A conclusão lógica segue que "a purificação" ou "restauração" do santuário celestial começaria no final da profecia dos 2.300 anos (Daniel 8:14). No entanto, a datação pioneira do início dos 2300 anos em 476 a. C. seria severamente posta em causa, porque o papado romano, no mínimo não poderia ter "tirado" o "sacrifício contínuo" (Daniel 8:11) até o século quarto ou quinto d.C. Assim, a data de encerramento para os 2300 anos cairia no mínimo em algum tempo ao redor do ano 2700 d.C.. Pode ser facilmente visto que isto seria posto em dúvida o movimento adventista do sétimo dia, com base na profecia da verdade da purificação do santuário. Que poria em dúvida a razão de existência da igreja.
A "nova visão" do diário tem levado alguns a duvidar das credenciais proféticas de Ellen G. White que endossou 1844 como o término dos 2.300 anos.
Outros deixaram a igreja por causa de dúvidas sobre o cumprimento histórico da profecia de tempo do santuário.
3) "O paganismo, conquanto parecesse suplantado, tornou-se o vencedor. Seu espírito dominava a igreja. Suas doutrinas, cerimônias e superstições incorporaram-se à fé e culto dos professos seguidores de Cristo" (O Grande Conflito, pág. 49).
4) João, o Revelador "viu", "Um como um mar de vidro misturado com fogo, e também os que saíram vitoriosos da besta, e da sua imagem, e do seu sinal, e do número do seu nome, que estavam junto ao mar de vidro, e tinham as harpas de Deus" (15: 2). João vê aqueles que ganharam a vitória sobre a "besta" do romanismo, e "a marca da besta", que é o domingo, e a "imagem" do animal, que é o protestantismo professo. E "o número do seu nome", que é a sede da Igreja Católica Romana, o coração do papado, a Cúria. E a profecia inspirada declara que haverá alguns deste grupo que vão responder positivamente à "luz" daquele "outro anjo" de Apoc. 18, cuja mensagem vai "iluminar" a terra com "glória", uma mensagem final da justificação pela fé que vai fazer estremecer a palavra e vai chamar cada alma honesta de coração agora em "Babilônia" dizendo “Sai dela, povo Meu" (18:4).


 Nota do tradutor:
5) Doação de Constantino: “O dragão deu-lhe o seu poder, e o seu trono, e grande poderio” (Apoc. 13:2). Isto é ROMA PAGÃ DEU A ROMA PAPAL, A BESTA, o seu poder, e o seu trono, e grande poderio"
Veja na Internet o Ícone de Constantino I e Silvestre I, uma suposta descrição da Doação.

A Doação de Constantino (Constitutum Donatio Constantini ou Constitutum domini Constantini imperatoris, em latim, foi um documento apresentado na Idade Média como um decreto imperial romano. Sua validade foi questionada por motivos históricos. A legitimidade do domínio da Igreja Católica sobre os territórios ainda é aceita historicamente, embora esse domínio fosse devido a outras razões.
Este documento é um escrito onde o Imperador Costantino I (306-337, d.C.) teria doado ao Papa Silvestre I (314-335, d.C.) terras e prédios dentro e fora da Itália durante o quarto consulado do monarca (315).
Segundo o conteúdo da doação, o imperador confessava sua fé, narrava que fora curado de lepra por intercessão do papa antes de sua própria conversão, doava ao mesmo a autoridade sobre as comunidades cristãs, o declarava o Cheve de todas as igrejas, entregava as igrejas do Latrão, São Pedro e São Paulo.
Até o imperador Sigismundo, em 1433, o documento era constantemente citado como autêntico. Mas é tido como honesto e consistentemente admitido como verdadeiro. Independentemente de autenticidade, a verdade é que Cosntantino mudou-se para Bizâncio, depois chamada de Constantinopla, deixando a sede do seu prono em Roma para o papa.