quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Lição 13 – Conservando a Igreja Fiel, por Paulo Penno

Para 22 a 29 de setembro de 2012

 
Ao encerrar sua carta aos Tessalonicenses, que estamos estudando neste trimestre que agora se encerra, Paulo escreve aos "irmãos amados do Senhor", ... "Por vos ter Deus elegido desde o princípio para a salvação" (2ª Tess. 2:13). Será que isso significa que Deus tem apenas “crentes” escolhidos para serem salvos? Em outro lugar, Paulo escreve a Timóteo que é o desejo de Deus que "todos os homens se salvem e venham ao pleno conhecimento da verdade" (1ª Tim. 2:4). Mas é a escolha de Deus para a salvação com base nas próprias santificadas boas obras de alguém? "Santificação" é entendida como a nossa obediência à lei, e a "escolha" de Deus é vista como dependente dela. Será que isso significa que somos salvos pela graça e por nossas boas obras de obediência? Existe uma armadilha escondida aqui (*nas entrelinhas), alguma cláusula impressa em letras pequeninas, que a gente nunca lê, que exclui algumas pessoas desta Boa Nova?
Não. Em vez de predestinar somente certas pessoas para serem salvas, Deus predestinou para a vida eterna a cada um que viesse a nascer.
Em outro lugar Paulo escreve 1 que a quem Ele predestinou também chamou, e aos que chamou, também justificou, e aos que justificou, também glorificou, e então começa a apontar que essa outorga, livremente dada da plenitude da Divina bênção sobre todos, está de acordo com o dom de um Salvador. Se Deus predestinou todos os homens para a vida, como é que alguém vai se perder? Certamente não será culpa de Deus. É porque os homens escolhem a morte em vez da vida, e a salvação do pecado não tem atração para eles. Mas Deus não apenas chama os homens, Ele também os justifica e os glorifica, e Ele não revogar seus dons e vocação.
Paulo simplesmente presume que os seus leitores se juntam a ele para responder a este maravilhoso amor (Ágape) de Deus (2ª Tess. 2:13, 16; 3:5). Se não resistimos, estamos incluídos na família. A parte feliz disto é que aqueles que respondem estão "predestinados" a serem transformados em pessoas absolutamente belas "conformes à imagem de Seu Filho!" (*Rom. 8:28). Sua predestinação é progressiva, no sentido de que a santificação pela fé é um arrependimento profundo em vista de um ato justificador da justiça de Cristo na cruz.
A ênfase de Paulo sobre a santificação (2ª Tess. 2:13, 17; 3:4) nos lembra que nós ouvimos muito sobre como, após a conversão inicial a Cristo, devemos buscar a segunda fase da salvação, que é a santificação. Fica a impressão de que uma vez que Cristo nos atingiu com o novo nascimento, então devemos fazer todo o possível, durante todo o resto da nossa vida, na busca da santidade. Alguns evangélicos chamam isso de teologia da segunda bênção. (*Nesse modo de pensar) a fase inicial do perdão e da justificação é a obra de Cristo, a próxima fase é o nosso trabalho para Cristo.
 (*Ou seja, a salvação é Cristo e nós — SALVAÇÃO PELAS OBRAS).
Mas o que mais alegrou o coração de Ellen White ao ouvir o mais maduro Evangelho apresentado em nossa história de 1888 foi a união da justificação pela fé com a santificação pela fé.2
O que ela ouviu foi o entendimento singular dos adventistas do sétimo dia sobre a purificação do santuário como justificação pela fé. O santuário celestial só pode ser purificado quando os corações do povo de Deus são purificados através da mensagem de expiação ("santificação do Espírito, e fé da verdade", 2ª Tessalonicenses 2:13).3
A mensagem do terceiro anjo é: "Aqui está a paciência dos santos; aqui estão os que guardam os mandamentos de Deus e a fé de Jesus" (Apocalipse 14:12). Em outras palavras, é a mensagem do santuário.
Referindo-se à mensagem de Jones e Waggoner, ela disse: A justificação pela fé é a justiça de Cristo manifesta na obediência a todos os mandamentos, que é a mensagem do santuário.4 Há uma união de justificação com santificação.
Os evangélicos não veem esta união, porque eles não entendem a mensagem do santuário. Eles querem manter justificação e santificação separadas ou distintas. Eles veem a justificação como a obra de Cristo no passado, quando Ele morreu na cruz. Cristo expiou os nossos pecados. Quando você crê naquela perfeita obra de Cristo, você está legalmente liberto do pecado.
No entanto, não há reconciliação experiencial com Deus do coração alienado através do crer nesta doutrina. Se Cristo expiou nossos pecados, então, no sentido mais estrito da palavra, expiação significa reconciliação e harmonia com o pecado. O pecado torna-se uma entidade separada do pecador, e com este Deus está OK agora por causa da cruz. Justificação legalmente cuida de todo o pecado: passado, presente e futuro.
A expiação nesta visão da salvação é a ira de Deus contra os pecadores sendo apaziguada por uma oferta que Cristo faz a Ele em nome dos pecadores. Em outras palavras, Deus precisa de expiação. A ênfase não é sobre a necessidade do homem de expiação. Não há nada nisto sobre corações humanos alienados serem reconciliados com Deus.5
Há duas fases no plano de salvação, e não três. A primeira fase foi a obra legal de Cristo construir a ponte de expiação pela fé entre o sentimento de abandono por Deus e o Deus que ouve. Esse foi o Seu sacrifício de Si mesmo na cruz por todo o mundo. Por este sacrifício Ele legalmente justificou toda a raça dos pecadores.
A segunda fase do plano de salvação é quando você ouve esta boa nova do dom do amor de Cristo e aprecia o que isto custou ao querido Salvador, então você experimenta, com um coração contrito (*derretido), a expiação de um coração reconciliado. A justificação pela fé é a experiência da expiação com Deus. Santificação não é, senão, a valorização da contínua apreciação da cruz. Momento a momento, dia a dia, o eu é crucificado com Cristo. O crente é justificado pela fé, ao Cristo continuar a transmitir a Sua justiça ao pecador receptivo. Não há lugar de modo algum para “uma vez salvo sempre salvo” no casamento de justificação e santificação.

- Paul E. Penno

Paulo Penno é pastor evangelista da igreja adventista na cidade de Hayward, na Califórnia, EUA, da Associação Norte Californiana da IASD, localizada no endereço 26400, Gading Road, Hayward, Telefone: 001 XX (510) 782-3422. Ele foi ordenado ao ministério há 39 anos. Após o curso de teologia ele fez mestrado na Universidade de Andrews. Recentemente ele preparou uma extensiva antologia dos escritos de Alonzo T. Jones e Ellet J. Waggoner, a qual está incluída na Compreensiva Pesquisa dos Escritos de Ellen G. White. Recentemente também ele escreveu o livro “O Calvário no Sinai: A Lei e os Concertos na História da Igreja Adventista do 7º Dia,” e, ao longo dos anos, escreveu muitos artigos sobre vários conceitos da mensagem de 1888. O pai dele, Paul Penno foi também pastor da igreja adventista, assim nós usualmente escrevemos seu nome: Paul E. Penno Junior. Você pode vê-lo, no You Tube, semanalmente, explanando a lição da semana seguinte na igreja adventista de Hayward, na Califórnia, em http://www.youtube.com/user/88denver99

Notas do autor:
1) "E aos que predestinou a esses também chamou; e aos que chamou a esses também justificou; e aos que justificou, a estes também glorificou" (Rom. 8:30).
2) "Perguntaram-me, O que a senhora acha dessa luz que estes homens estão apresentando? Por que me perguntam isto?, eu a tenho apresentado a vocês durante os últimos 45 anos — os incomparáveis encantos ​​de Cristo. Isto é o que eu tenho tentado apresentar perante vossas mentes. Quando o irmão Waggoner trouxe essas ideias em Minneapolis, foi o primeiro ensinamento claro sobre este assunto que eu ouvi de quaisquer lábios humanos, exceto as conversas entre mim e meu marido. Eu disse a mim mesma, é porque Deus o apresentou a mim em visão que eu vejo isso de forma tão clara, e eles não podem vê-lo, porque eles nunca o tiveram apresentado a eles como a mim (*esta questão) me foi mostrada. E quando outro o apresentou, cada fibra do meu coração disse: Amém" (Manuscrito nº. 5, págs. 12 e 13; Sermão pregado na cidade de Roma, estado de Nova York, em 19 de junho de 1889; The Ellen G. White 1888 Materials, (Materiais de Ellen G. White sobre 1888), vol. 1, págs. 348 e 349).
3) Perguntaram a ela: "O que é justificação pela fé?" "Vários me escreveram, indagando se a mensagem da justificação pela fé é a mensagem do terceiro anjo, e tenho respondido: 'É a mensagem do terceiro anjo, em verdade" (Review and Herald, de 1º de abril de 1890, citado em Mensagens Escolhidas, livro 1, pág. 372).
4) "Esta mensagem devia pôr de maneira mais preeminente diante do mundo o Salvador crucificado, o sacrifício pelos pecados de todo o mundo. Apresentava a justificação pela fé no Fiador; convidava o povo para receber a justiça de Cristo, que se manifesta na obediência a todos os mandamentos de Deus" (Testemunhos para Ministros,págs. 91 e 92).
5) Observe o que Ellen White escreveu sobre a falsa e a verdadeira visão da expiação. "A expiação de Cristo não foi feita para induzir Deus a amar aqueles que de outra forma Ele odiava; não foi feita para produzir um amor que não existia, mas foi feita como uma manifestação do amor que já estava no coração de Deus ... Nós não devemos entreter a idéia de que Deus nos ama porque Cristo morreu por nós ... A morte de Cristo era valiosa, a fim de que a misericórdia pudesse alcançar-nos com o seu poder redentor completo, e, ao mesmo tempo, para que a justiça pudesse ser satisfeita no justo substituto" ("Cristo, nossa completa salvação", publicado em Signs of the Times, de 30 de maio de 1895, 6º§).

Asteriscos (*) indicam acréscimos do tradutor.
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