terça-feira, 2 de maio de 2017

Lição 6 — Sofrendo por Cristo



Para 29 de abril a 6 de maio de 2017

Você já foi perseguido por Cristo? Se a honestidade força você a dizer Não, então você nunca foi totalmente "abençoado". Você está em falta quanto a isso! A palavra "perseguição" passou a significar principalmente sofrer oposição injusta ou aflição de autoridades religiosas. Quando pessoas que são abertamente ateias o atacam, é mais fácil de suportar do que quando aqueles que professam ser servos de Deus o fazem. Jesus disse: "Bem-aventurados sois vós, quando vos injuriarem, e perseguirem e, mentindo, disserem todo o mal contra vós por Minha causa. Exultai e alegrai-vos e alegrai-vos ... porque assim perseguiram os profetas que foram antes de vós" (Mat. 5:11, 12).
Por que essa perseguição é tão dolorosa para as pessoas sinceras? A comunhão com a Igreja é como a comunhão familiar, muitas vezes bastante íntima. É como puxar uma planta do chão pelas raízes; logo cai. Onde está Jesus quando isso acontece com você? Podemos encontrar a resposta em João 9: Jesus curou o cego de nascença; o clero judeu o assediou, o perseguiu, e, finalmente, o "expulsou" de sua "comunhão com a igreja", a sinagoga. "Jesus ouviu que o tinham expulsado e, ... [Ele] ... encontrando-o" ... (vs. 35). Jesus o encontrar e estar com ele era parte da "bênção" que prometera aos que são perseguidos por causa dEle.
Muitas vezes, na história sagrada, os servos fiéis de Deus trabalharam desinteressadamente e, no entanto, foram rejeitados ou sofreram nas mãos do verdadeiro povo de Deus, sem a devida apreciação. Um exemplo é a história da mensagem trazida por dois jovens (A. T. Jones e E. J. Waggoner) numa grande assembleia da Associação Geral em 1888, quando Ellen White foi quase a única pessoa presente que expressou apreço pelo seu trabalho e sua mensagem. Salomão disse: "A sabedoria do pobre foi desprezada" (Eclesiastes 9:16), a própria palavra que Ellen White usou repetidamente para descrever a recepção que esta mensagem enviada pelos céus recebeu entre "nós" bem mais de um século atrás.
Mas há outra maneira de olhar para "sofrimento por Cristo". Há um reverso desta "moeda" - em nosso sofrimento pela opressão pode ser motivo de regozijo.
Quando Jesus disse que os que choram são pessoas felizes (Mt 5: 4), Ele chocou a todos. Ao Lucas relatar a declaração, ele coloca Jesus dizendo: "Bem-aventurados vós, que agora chorais, porque haveis de rír" (Lucas 6:21).
Aparentemente pode parecer não ser verdade, mas como muitas coisas que Jesus declarou, há uma realidade profunda envolvida. Quando você derrama lágrimas de manhã, se acredita no evangelho, de fato está percebendo um ponto de contato íntimo com Cristo, o Filho de Deus. O segredo é revelado em 1ª Pedro 4:13, que diz: "Alegrai-vos no fato de serdes participantes das aflições de Cristo, para que, também na revelação da Sua glória vos regozigeis e alegreis".
Você já sentiu que sua vida foi um fracasso? Alguns que perderam um amor ou sofreram o divórcio sentem-se doloridas até suas raízes; alguns sofreram a perda da saúde, oram e nada acontece. Em momentos sóbrios eles pensam no juízo final e se perguntam como se sairão nele. As cargas podem ser pesadas. E não são apenas os que por toda a vida lutam assim; os adolescentes podem saber o que é a depressão. Você se sente deprimido por não haver ninguém em qualquer lugar que realmente lhe entenda. Está sozinho!
E então o Espírito Santo o faz lembrar de Jesus. Acaso Ele passou através da vida sempre rindo, sempre no topo? Será que Ele já acordou durante a noite incapaz de dormir, sentindo fracasso? Sim! Há uma passagem em Isaías que não pode ser escrita por ninguém mais do que Jesus: "Então Eu disse: Debalde tenho trabalhado, inutil e vãmente gastei as Minhas forças" (49: 4). Isaías realmente escreveu estas palavras, mas Ele fez isso como uma profecia de Jesus (ver versículos 1-3). Você pensaria que tal pessoa nunca seria tentada a sentir que Sua vida fosse um fracasso! Mas Ele "como nós, em tudo foi tentado" (Hebreus 4:15).
Ele tomou tudo o que é nosso sobre Si mesmo, levando o fardo de sentir um fracasso mais do que poderíamos: sentiu que até mesmo o Pai o havia "abandonado" no momento mais sombrio que qualquer humano já conheceu. A própria coisa que toda a sua alma anseia — viver para um propósito — requer que você se familiarize com Jesus, "prove" a Sua experiência, conheça pelo menos um pouco algo do que significa ser "desprezado e O mais rejeitado entre os homens" (Isaias 53: 3). É verdade, você será diferente para sempre depois, não poderá se juntar ao riso do ambiente social; sentir-se-á impulsionado a "orar a teu Pai que está em secreto; e teu Pai, que vê em secreto, te recompensará publicamente" (Mateus 6: 6).
Vai ser uma rica experiência. Você verá que não pode viver sem orar a Ele "em segredo". Você esquecerá sobre ajustar seu despertador para acordar e "ter suas devoções"; O Pai vai acordá-lo porque está ansioso em ter comunhão com você! Você conhecerá o Salvador como Alguém com quem nunca sonhou — quem ama você de maneira diferente do como se comadece de seu cão: Ele realmente o honra como um dos príncipes ou princesas em Seu reino, Ele mesmo lhe convida a "sentar-se com [Ele] em Seu trono" (Apocalipse 3:21). Não desprezeis ser "participantes das aflições de Cristo" (1ª Pedro 4:12, 13). A vida não está terminando; Está apenas começando
O que significa ser "participante dos sofrimentos de Cristo", e como isso é motivo de regozijo?
O tema frequentemente repetido por Paulo (e por Cristo) é "identidade". Como o "segundo" ou "último Adão" Cristo entrou na corrente da nossa humanidade caída, tornou-Se um conosco tão verdadeiramente que, como todos nós somos "em Adão" pelo nascimento, então nós "todos" somos "em Cristo" Sua redenção de toda a raça humana (1ª Coríntios 15:22). Assim Ele Se identifica conosco como Isaías diz: "Em toda a angústia deles Ele foi angustiado" (Isaías 63: 9). É por isso que Ele diz a todos, afinal: "Em verdade vos digo que quando o fizestes a um destes Meus pequeninos irmãos [bons ou maus], a Mim o fizestes" (Mateus 25:40). Ele realmente sente a tristeza do mundo!
Essa identidade é recíproca quando apreciamos como Ele Se identificou conosco — acreditamos, "permaneçam, permaneçam nEle". Nossa apreciação de Seu sofrimento agora enobrece e santifica nosso sofrimento de modo que, como diz Pedro, "Alegrai-vos no fato de serdes participantes das aflições de Crsito" (*1ª Pedro 4:13). O princípio é inclusivo: "Se morremos com Ele, também com Ele viveremos: se sofremos, também com Ele reinaremos" (2ª Tim. 2:11, 12).
O conforto resultante é enorme. O crente vê como ele ou ela é importante na infra-estrutura do universo de Deus: "Porque a vós vos foi concedido, em relação a Cristo [nós fazermos algo por Ele!], não somente crer nEle, mas também padecer por Ele” (Fil. 1:29) e (pensamento incrível!) contribuímos para o grande conflito entre Cristo e Satanás, na medida em que "[enchemos o que está por trás de algo que deve ser suprido!] "As aflições de Cristo, em [nossa] carne pelo Seu corpo, que é a igreja" (Colossenses 1:24).
Esta "participação" não contribui de modo algum para a nossa salvação, mas permite-nos ser felizes quando O encontramos, finalmente, sabendo que temos algo íntimo em comum com Ele! Ele realmente convida aqueles que sofrem nestes últimos dias a "cear com Ele" na medida em que eles têm "vencido, assim como [Ele] venceu" (*Apoc. 3:21).
Portanto, não se surpreenda se Ele permitir que um pouco de sofrimento venha em seu caminho! Esses pensamentos apenas arranham a superfície da gloriosa Boa Nova.

Extraído dos escritos de Roberto Wieland

Notas:                                              
Veja, em inglês, o vídeo desta 6ª lição do 2º trimestre de 2017, exposta pelo Pr. Paulo Penno, na internet, no sitio: https://youtu.be/R4JsLX80jBE

Esta lição está na internet, em inglês, no sitio: 1888message.org/sst.htm
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Biografia do autor, Pr. Roberto Wieland:

O irmão Roberto J. Wieland foi um pastor adventista, a vida inteira, missionário na África, em Nairobe e Kenia. É autor de inúmeros livros. Foi consultor editorial adventista do Sétimo Dia para a África. Ele deu sua vida por Cristo na África. Desde que foi jubilado, até sua morte, em julho de 2011, aos 95 anos, viveu na Califórnia, EUA, onde ainda era atuante na sua igreja local. Ele é autor de dezenas de livros. Em 1950 ele e o pastor Donald K. Short, também missionário na África, em uma das férias deles nos Estados Unidos, pediram à Associação Geral que fossem publicadas todas as matérias de Ellen G. White sobre 1888. 38 anos depois, em 1988, a Associação Geral atendeu o pedido, o que resultou na publicação de 4 volumes com um total de 1821 páginas tamanho A4, com o título Materiais de Ellen G. White sobre 1888.
Asteriscos (*) indicam acréscimos do tradutor.
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