sexta-feira, 17 de abril de 2009

Lição 3 – Esperança

Nosso texto para memorização desta semana é de 1ª Pedro 3:15, "Estai sempre preparados para responder, com mansidão e temor, a qualquer que vos pedir a razão da esperança que há em vós" (KJV e Almeida Fiel).

Podemos estabelecer primeiramente que a "esperança" sobre que Pedro escreve é a esperança de uma herança no reino de Deus, a terra feita nova—que nós deveremos experimentar, a nova terra e a Canaã celestial, como prometido a Abraão e sua Semente, que já foi outorgada sobre nós, como uma herança divina em Cristo (Veja Gen, 17:8; Gal. 3:16, 28, 29; Boas Novas, de E. J. Waggoner, págs. 111, 112, reproduzido abaixo).

Mas o texto não é tanto sobre "esperança", mas sobre a razão para nossa esperança. É da razão da nossa esperança que nós devemos falar às pessoas que perguntam sobre nossa fé. E, qual é a razão para nossa esperança?

A "razão" é muito simples: Cristo é o representante da raça humana. O que Ele fez, nós fizemos—nEle. Vejamos como isto funciona.

Nós fomos criados em Adão quando ele foi criado (tornando-se Adão o pai e representante da raça humana). Isto é estabelecido em Gênesis 2:7 onde vemos que Deus soprou em Adão o fôlego de "vidas" (plural no hebraico), indicando que a raça humana inteira foi criada em Adão1, inclusive você e eu. Deus já conhecia todo sobre nós. Veja como Ele conhecia Ciro muito antes deste nascer, "Que digo de Ciro: É Meu pastor, e cumprirá tudo o que Me apraz, dizendo também a Jerusalém: Tu serás edificada; e ao templo: Tu serás fundado” (Isaias 44:28).

Por ser representante da humanidade, ao Adão pecar trouxe consequências sobre todos seus descendentes, inclusive (*sobre) você e eu: pecado, morte, destruição, etc...

Quando Jesus nasceu e tomou sobre Si nossa caída, pecaminosa carne humana, qualificou-Se para ser nosso representante, como um de nós; e, vivendo uma vida perfeita nessa mesma carne humana pecaminosa, caída, a mesma que você e eu temos, Ele forjou (*preparou) para nós uma herança de justiça. Tal justiça e santidade é o pré-requisito necessário para morarmos na terra feita nova. Cristo, como o "segundo Adão" ou representante da raça humana, ganhou de volta, tomou de volta, e inverteu tudo que (*o primeiro) Adão perdeu, e mais: Trouxe justiça de volta, vida, e uma eternidade com Ele para a raça humana inteira. O que Cristo (como o novo representante) faz, Ele faz como ser humano corporativo. Ele tomou a raça humana inteira "nEle". No entanto, individualmente, nós escolhemos se vamos nos identificar com Cristo (e assim permanecermos "nEle") ou rejeitar o presente de Sua representação, e assim perder todas as bênçãos que vêm com a herança. Podemos perder todo pela própria escolha de incredulidade.

Agora, a real boa nova é: Fomos colocados em Cristo antes da fundação do mundo! (Efésios 1). Isto significa que nós estamos em Cristo quando somos concebidos e nascemos. Nós não temos que fazer algo para Deus pensar favoravelmente sobre nós (é iniciativa de Deus, não nossa), porque enquanto estamos em Cristo o Pai O vê—e não a nós. Vê a justiça de Cristo e não a nossa própria justiça, que não é justiça, mas pecado (Isa. 64:6). Permanecemos em Cristo até que nós, em incredulidade rebelde, ativamente escolhemos retirarmo-nos dEle. Mas, contanto que nós ativamente escolhamos seguir a Cristo, Ele obrará Sua justiça em nossa experiência e nós faremos as reais boas obras de Deus. Mas lembre-se, não por nossa iniciativa, mas Ele o faz em nós com nossa permissão e cooperação.

Com isso, eu apresento a você a razão para a Esperança que há dentro de nós.

Fale às pessoas sobre ela!

--Craig Barnes

Leitura Suplementar sugerida pelo autor:

Atos 17:24-26 (“de um só sangue fez toda a geração dos homens”);

Gênesis 2:7 (“alma vivente” no hebraico é plural—“vidas”);

Gênesis 25:23 (“duas nações” inteiras! ) (*cada um dos gêmeos no ventre de Rebeca representavam nações diferentes);

Hebreus 7:9, 10 (Levi que era bisneto do Abraão “pagou dízimos” na pessoa deste); Romanos 11:16 (primícias representa o total), (*“se [elas] são santas, também a massa o é”);

1ª Corinthians 15:19-23 (Cristo é o novo representante da raça humana) (*“Assim como todos morrem em Adão, assim também todos serão vivificados em Cristo. Mas cada um por sua ordem: Cristo as primícias, depois os que são de Cristo, na Sua vinda”);

Efésios 1:3-6 (“Deus ... nos abençoou com todas as bênçãos espirituais ... em Cristo”);

2ª Coríntios 5:17-21 (em Cristo nós somos uma nova criação; Deus nada tem contra nós enquanto estamos em Cristo, então divulgue a palavra).

E de As Boas Novas, pp. 111, 112, escrito por E. J. Waggoner, um do dois mensageiros de 1888:

Galatians 5:5: “Porque nós, pela fé, aguardamos, mediante o Espírito, a justiça pela qual esperamos” (Alm. Contemporânea). Na Alm. Fiel lemos “Porque nós pelo Espírito da fé aguardamos a esperança da justiça.”

Não passe por este verso sem lê-lo mais de uma vez, pois você pensará que está falando algo que ele não diz. E ao lê-lo, pense no que você já aprendeu sobre a promessa do Espírito.

Não imagine que este verso ensina que, tendo o Espírito, devemos esperar para obter justiça. Não diz isto de modo algum. O Espírito traz a justiça. "O Espírito vive por causa da justiça" (Os romanos 8:10). "Quando Ele vier, convencerá o mundo do pecado e da justiça ..." (João 16:8). Todo o que recebe o Espírito tem a convicção do pecado e da justiça que o Espírito o fez ver que carece, e que só o Espírito pode trazer-lhe.

Qual é a justiça que o Espírito traz? É a justiça da lei. (Romanos 8:4). "Porque sabemos que a lei é espiritual" (Romanos 7:14).

O que há, então, sobre o "esperança da justiça" que aguardamos pelo Espírito? Note que não diz que por meio do Espírito aguardamos a justiça. O que diz é que “aguardamos a esperança da justiça que vem pela fé”, quer dizer, aguardamos a esperança que é dada ao possuirmos esta justiça. Refresquemos brevemente a memória a este respeito:

(1) O Espírito de Deus é, "o Espírito Santo da promessa". A possessão do Espírito é a garantia da promessa de Deus.

(2) O que Deus nos prometeu, como filhos de Abraão, foi uma herança. O Espírito Santo é a promessa desta herança até que a possessão adquirida esteja redimida e nos seja entregue, Efésios 1:13, 14.

(3) Esta herança que é prometida consiste dos novos céus e da nova terra, nos quais habita a justiça, 2ª Pedro 3:13.

(4) O Espírito traz a justiça. É o representante de Cristo, a forma pela qual o próprio Cristo, que é nossa justiça, vem para morar em nossos corações. João 14:16-18.

(5) Portanto a esperança que o Espírito traz é a esperança de uma herança no reino de Deus, a terra feita nova.

(6) A justiça que o Espírito traz é a justiça da lei de Deus, Romanos 8:4; 7:14. O Espírito não a escreve em tabelas de pedra, mas em nossos corações, 2ª Coríntios 3:3.

(7) Resumindo, podemos dizer que se nós em vez de pensarmos que somos suficientemente poderosos para obedecer à lei, permitirmos que o Espírito Santo faça morada em nosso coração e nos encha assim da justiça da lei, teremos a esperança viva em nosso interior. A esperança do Espírito—a esperança da justiça pela fé—não contem elemento algum de incerteza. É algo positivamente seguro. Em nenhuma outra coisa há esperança. Quem não possui “a justiça que vem de Deus pela fé” (Fil.3:9; Rom 3:23), não tem esperança alguma. Só Cristo em nós é “a esperança da glória” (Col 1:27)

Craig Barnes

Tradução e acréscimos, marcados com asteriscos de João Soares da Silveira.

Notas do tradutor:

1) Deus ao criar Adão, criou corporativamente todos os homens nele tornando-o o cabeça da humanidade. Todas as vidas humanas são uma multiplicação da vida de Adão: 'de um só fez toda raça humana.' (Atos 17.26).

O Dicionário Webster, edição de 1957, pág. 21, na coluna do meio diz que “a palavra Adão significa homem; especialmente na Bíblia o primeiro homem, o progenitor da raça humana; primariamente o nome da espécie humana, a humanidade” (grifamos).

Na criação um único homem, o primeiro Adão representou corporativamente todos os demais. Mas a Bíblia nos apresenta outro meio de alguém tornar-se representante de um grupo de indivíduos — Cristo assumiu a nossa natureza, tornando-Se o novo Pai e Representante da raça humana, a própria Humanidade. O que foi perdido por um ser humano, o primeiro Adão, foi reconquistado e revertido por outro ser humano, o Segundo Adão.

Satanás arruinou, corporativamente, todos os homens em um único homem — 'no primeiro Adão'o cabeça da humanidade — pecou. Logo, todos os seus descendentes foram prejudicados, passaram a ter a natureza pecaminosa, porque estavam 'nele'. E, por essa razão, Adão passou a gerar os seus descendentes 'à sua semelhança, conforme a sua imagem' (Gên. 5.3), i. é, passamos a nascer sob o domínio da lei do egoísmo, e sujeitos a dificuldades, ao envelhecimento e à consequente primeira morte, chamada de sono na Bíblia. Adão deixou de ser o representante da humanidade. A raça humana caída passou a necessitar, assim, de um novo cabeça: um segundo Adão.

Ao unire a Divindade com a humanidade pecaminosa Jesus tornou-Se nós, a humanidade toda —e nós nos tornamos coletivamente um 'nEle', conforme Gálatas 3.28, ú.p.: '...porque todos vós sois um em Cristo Jesus'. Somos, legalmente, um só corpo 'nEle'.

Dessa forma, Jesus, sendo nós todos, adquiriu o direito legal de viver e agir por nós. Todos os Seus atos afetariam todos os humanos, porque todos estavam 'nEle'.

Deus redimiu, corporativamente, todos os homens em um único Homem — em Cristo'. Deus Pai formou no ventre de Maria o novo Cabeça da humanidade, o 2º Adão.

Na encarnação, Deus Pai tomou a natureza divina de Jesus e a uniu com a natureza da raça caída, pecaminosa, com inclinações ao mal e que precisava ser redimida. Assim, Jesus, nascendo Divino / humano, veio a ser a 'escada de Jacó.' Em João 1.51 Jesus disse “Vereis o céu aberto, e os anjos de Deus subindo e descendo SOBRE o Filho do Homem.”

Toda a raça humana uniu-se à natureza divina 'em Cristo'. Aquela vida humana, assumida por Cristo, representou a todos nós, bons e maus, crentes e descrentes. Todos estivemos 'nEle' em Sua encarnação. Em Sua natureza humana Cristo abrangeu a natureza humana de todos os homens, de todas as épocas.

A natureza humana de Cristo representou, corporativamente, toda a raça pecaminosa, tendente ao mal ou, em outras palavras, todos os humanos estavam 'em Cristo', na Sua encarnação. Assim, Paulo escreveu: “É por causa dEle [Deus Pai] que estais em Cristo.” (1ª Cor. 1.30). A parte humana de Cristo foi realmente a corporativa humanidade fracassada, pecaminosa, que Ele veio redimir.

Ele assumiu a Lei da Hereditariedade encontrada estabelecida para os seres vivos na criação pelo próprio Criador, em Gênesis 1 na expressão “... conforme a sua espécie ...”, 12, 21, 24, 25, etc. “Esta expressão ocorre 10 vezes no primeiro capítulo de Gênesis, e num total de 30 vezes nos livros de Moisés, em Gênesis 6: 20; 7: 3, 14; Lev.11: 14-16, 19, 22, 29, e Deut. 14: 13-15, 18. A referência é a tipos de animais e plantas, não a seus comportamentos reprodutivos. É, entretanto, um fato da natureza que os seres vivos reproduzem outros seres que se assemelham a seus pais. Variações com certos limites são possíveis, mas estes limites estão longe de criar novos tipos de animais e plantas. Comentário Bíblico, vol. 1 da série SDABC, pág. 212, 2ª Coluna.

A “lei da hereditariedade” que Cristo assumiu foi analisada e descrita por Ellen G. White em O Desejado de Todas as Nações, pág. 49.


Você pode pesquisar mais a respeito disto neste blog nos artigos e suas notas: Crise Cósmica, Ruptura da Ordem Universal, postado em 9 de Outubro de 2008; Nascido de mulher, em 20 de Novembro de 2008, e O Significado de Sua Morte, em 6 de Junho de 2008.

Veja também a série "A ESPERANÇA DO ADVENTO", oferec ida no topo da coluna direita deste blog.

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