quinta-feira, 30 de abril de 2009

Lição 5 — "Revelação"

“Revelação" é o tema de estudo para a lição desta semana. A lição apresenta cinco maneiras de Deus falar a nós. Estas são natureza, consciência, profetas, Escritura, e Cristo Jesus. A natureza, a Escritura, e Cristo são livros na biblioteca de Deus que nos falam sobre Ele. A narrativa da natureza revela o poder criativo de Deus. A Escritura revela mais sobre Deus do que a natureza, mas não é a revelação plena de Deus. “A plenitude da Divindade” habita em Jesus (Col. 2:9). Jesus revela a personalidade de Deus e Seu caráter. Cada um destes três volumes é comunicação de Deus.

A criação é uma manifestação da palavra de Deus. Ao Deus falar, uma natureza ordenada veio à existência que por sua vez declara Sua bondade assim como Seu poder (Salmo 33:5-9; Rom. 1:20). Embora o pecado tenha deturpado a mensagem da bondade de Deus na natureza ilustra o poder que nos recria à Sua imagem. E é pela energia (*contida) na Sua palavra que Ele sustenta todas as coisas, inclusive o homem (Heb. 1:3). Mas uma maior revelação era necessária, e esta revelação está na Bíblia.

A bondade de Deus é mais plenamente revelada na Escritura do que na natureza. A escritura é a Palavra de Deus, em linguagem humana. Deus tomou a linguagem humana usada por pessoas pecaminosas para propósitos pecaminosos e condescendeu em pôr Seus pensamentos nesta linguagem para elevar nossos pensamentos a Si e assim mudar-nos. A Bíblia nos conta muitas coisas sobre Deus através dos Seus profetas, não só em predições, embora tenham ocorrido. Às vezes Ele deu instruções a um profeta para ir diretamente a uma determinada pessoa com uma mensagem de esperança ou de advertência, dependendo do que era necessário no caso específico. Sua palavra expressa os pensamentos da Sua mente. Tanto a criação como a Escritura declaram "ao homem qual seja o seu1 pensamento" (Amos 4:13). Mas nenhum destes (*meios de revelação) nos dá uma descrição plena de Deus. Então Ele enviou Jesus.

Jesus é a revelação maior de Deus (e sobre Deus) a nós. Jesus revela a personalidade, assim como o caráter, de Deus. Jesus disse, "Que me vê a Mim Vê o Pai" (João 14:9). É "a Palavra de Deus" — o pensamento de Deus tornado audível e visível. Jesus, "a Palavra de Deus," foi feito carne (João 1:14). Deus tomou a natureza humana, usada por pessoas pecaminosas para propósitos pecaminosos, e condescendeu em pôr Seu pensamento (*mente2) nesta natureza a fim de condenar o pecado de modo que Sua justiça possa ser cumprida em nós (Rom. 8:3, 4), assim elevando nossos pensamentos para longe de nós, a Si, e assim mudando-nos.

Os dois livros na biblioteca de Deus (criação e Escritura) são inseparáveis do terceiro volume de Deus — Cristo. Ambos apontam a Jesus como Criador e Redentor. É necessário nada menos que energia criativa para nos redimir. O poder pelo qual Jesus nos salva do pecado é o poder pelo qual Ele criou os mundos. E o poder de redenção da cruz é o poder da criação (*ou, o poder de criar). A cruz, Cristo, e a criação, são inseparáveis. A pregação da palavra da cruz é a pregação do poder de Deus3 (1ª Cor. 1:18-24, 30,). Este é o "evangelho eterno" — o poder de Deus para salvação, ilustrado na natureza e testificado pela Escritura (Rom. 1:16,17, 20). A mensagem do primeiro anjo de Apocalipse 14 une a criação ao "evangelho eterno" de redenção (vs. 6, 7). Corretamente entendido, a criação declara o glorioso evangelho de Deus por deixar sua luz brilhar (Salmo 19:1-4; Rom.10:16-18).

Estas são boas novas que Jones e Waggoner (*os dois mensageiros da justiça de Cristo, em 1888 e anos que se seguiram), apresentaram em sermões e por escrito. Apontaram a Cristo como Criador e Redentor e ao poder da cruz, assim trazendo convicção (*certeza) à consciência, onde a lei de Deus funciona4 de numa maneira especifica (Rom. 2:14-24). A serva do Senhor, (*Ellen G. White,) testificou dos mensageiros de Minneapolis e da mensagem deles nas seguintes palavras:

Em Sua grande misericórdia, enviou o Senhor uma mui preciosa mensagem a Seu povo por intermédio dos Pastores Waggoner e Jones. Esta mensagem devia pôr de maneira mais preeminente diante do mundo o Salvador crucificado, o sacrifício pelos pecados de todo o mundo. Apresentava a justificação pela fé no Fiador; convidava o povo para receber a justiça de Cristo, que se manifesta na obediência a todos os mandamentos de Deus. Muitos perderam Jesus de vista. Deviam ter tido o olhar fixo em Sua divina pessoa, em Seus méritos e em Seu imutável amor pela família humana. Todo o poder foi entregue em Suas mãos, para que Ele pudesse dar ricos dons aos homens, transmitindo o inestimável dom de Sua justiça ao impotente ser humano. Esta é a mensagem que Deus manda proclamar ao mundo. É a terceira mensagem angélica que deve ser proclamada com alto clamor e regada com o derramamento de Seu Espírito Santo em grande medida" (Testemunhos para Ministros e Obreiros Evangélicos, págs. 91 e 92).

Está você estudando na biblioteca de Deus? Ela está aberta ao público.

Gerald L. Finneman

Tradução e acréscimos, marca dos com asteriscos, de João Soares da Silveira.

Notas do Tradutor:

1) “Pensamentos do homem, não de Deus” SDABC, Vol. 4, pág. 896;

2) A única diferença entre Cristo, encarnado na natureza humana caída, e nós pecadores, foi a Sua mente (Fil. 2:5, na KJV, ou “sentimento”) que Ele trouxe do céu, pura, imaculada, mas susceptível de contaminação; entretanto, permaneceu “sem pecado”, embora Deus O tenha feito "pecado por nós" (2ª Cor. 5:21); eis aí como Ele, “pelo pecado, condenou o pecado na carne” (Rom. 8:3, ú p.);

3) “nós pregamos a Cristo crucificado”, 1ª Cor. 1: 23, “poder de Deus e sabedoria de Deus”, vs. 24);

4) “Consciência. Gr. suneidēsis, “conhecimento com,” um segundo conhecimento que um homem tem da qualidade dos seus atos, juntamente com seu conhecimento dos atos propriamente ditos. Paulo usa suneidēsis mais de 20 vezes em suas epístolas. O homem tem a faculdade que o capacita a formar juízo sobre seus pensamentos, palavras, e ações. A consciência pode ser escrupulosa (1ª Cor. 10:25) ou “cauterizada” pelo abuso (1ª Tim. 4:2). Pode ser iluminada por posterior conhecimento da verdade (1ª Cor. 8:7), e age de acordo com a luz que tem” (SDABC, vol. 6, pág. 490)

Em 1ª Coríntios 4:4, Paulo usou o verbo de que a palavra para "consciência" é derivada. Ele escreveu: "... em nada me sinto culpado". Esta frase significa "minha consciência não me acusa". E completou a sentença dizendo: "mas nem por isso me considero justificado, pois quem me julga é o Senhor". Paulo, em resumo, ensinou que uma consciência pura é valiosa, mas que Cristo é o padrão final pelo qual uma pessoa é julgada.

Embora a palavra "consciência" apareça no Velho Testamento, a palavra hebráica normalmente traduzido por "coração" refere-se à consciência num número de passagens, por exemplo, "... depois o coração doeu a David por ter cortado a orla do manto de Saul" (1º Samuel 24:5). “E pesou o coração de Davi, depois de haver numerado o povo ... muito pequei no que fiz” (2º Samuel 24:10); “À minha justiça me apegarei e não a largarei; não me reprovará o meu coração em toda a minha vida” (Jó 27:6). O Novo Testamento também usa esta referência hebraica para consciência: "Se o nosso coração nos condena, maior é Deus do que o nosso coração, e conhece todas as coisas. Amados, se o nosso coração não nos condena, temos confiança para com Deus" (1ª João 3:20-21.) A palavra para "rins" às vezes se refere à consciência. Em Salmos 16:7 o salmista louvou (agradeceu) a Deus que o aconselhou “e até os meus rins me ensinam de noite”, querendo dizer que sua consciência o reprovou. Em Salmos 73:21 temos o "coração" e os "rins" em um único verso: “Assim o meu coração se azedou, e sinto picadas nos meus rins.”