quinta-feira, 2 de julho de 2009

Lição 1 – Jesus e as Epístolas de João

O amor pastoral de João pelos crentes não é um amor sentimental e egoísta, mas um interesse sincero pelos filhos de Deus, aos quais ele considera como seus próprios. O amor de João é demonstrado no seu interesse em corrigir erros que sobrevieram à igreja1.


A Heresia do Docetismo

Os professores desta heresia deixaram a igreja, mas sua influência permaneceu. O docetismo nega a realidade da encarnação e ensina que Cristo apenas pareceu ter um corpo humano2. João, provavelmente o último discípulo vivo, está numa posição peculiar para refutar esta idéia. Ele não desperdiça nenhum tempo, mas já no primeiro verso da sua primeira carta ele declara, "ouvimos," "vimos" e "as nossas mãos manipularam". Ele declara que é uma testemunha competente à realidade de Jesus Cristo. Ellen White nos diz que ele viveu até ter quase cem anos (Mensagens Escolhidas, vol. 2, pág. 223). Podemos ganhar alento (*ao entendermos) que Deus ama Seus fieis servos a vida inteira, e os usa para compartilharem um testemunho especial mesmo quando são de idade avançada. Nós não devemos ignorá-los nem seu testemunho.

A Heresia de alguém pensar que “está livre de cometer pecado”

João usa três vezes (*as expressões) hipotéticas "Se dizemos" para amenizar suas advertências contra o que deve ter sido popular na igreja reivindicando que tinham parado de pecar. João os chama de mentirosos, mas não diz que eles estão pecando. Virá um tempo quando haverá um povo que estarão plenamente limpos e selados, mas essa não é sua mensagem. Eles não conhecem sua verdadeira condição, mas são usados por Deus para demonstrar ao universo que Satanás é um mentiroso quando reivindica que Deus não pode morar no Seu povo para lhes dar caráteres justos.


Aquele que diz: Eu O conheço, e não guarda os Seus mandamentos, é mentiroso, e nele não está a verdade.” Esta declaração em 1ª João 2:4 é semelhante à (*do evangelho de) João 14:15: "Se me amardes, guardareis os Meus mandamentos.” Em ambas, João realça que as ações se originam de amor de um coração contrito. Não diz que se guardarmos exteriormente os Seus mandamentos, sem render o coração, que resultará em conhecê-Lo e amá-Lo.


A advertência do Anticristo

A palavra "anticristo" é usada só quatro vezes, em todas as epistolas de João.

Paulo e Pedro aludem à apostasia ou hipocrisia interior, que nós entendemos referir-se ao anticristo (Atos 20:30; 2ª Pedro 2:1, 2; 1ª Tim. 4:1-3; 2ª Tim. 3:1-8; 2ª Tess. 2:3-4) Paul descreve o "homem do pecado," como ele "se opõe, e se levanta contra tudo o que se chama Deus, ...” (2ª Tess. 2:3-4). Na sua carta João adiciona que o anticristo nega que Cristo veio na carne (2ª João 7).


Conquanto usemos o termo anticristo para descrever indivíduos e organizações que são dignos do termo, é também possível que evitemos responsabilidade pessoal em assim fazendo. Se dependemos do nossos próprios esforços antes que crendo na justiça de Deus para ter garantida a salvação, nós nunca teremos a confiança para manter o sinal de lealdade a Deus, Seu Sábado, venha o que vier. Quem nega que Cristo veio na carne quando esteve na terra, também pode negar que Ele pode vir em carne humana hoje. Se insistimos que podemos contribuir para a nossa própria justiça, nós tentamos nos apropriar do papel que somente Deus pode preencher pelo Seu Filho. É somente deixando que Ele coloque em nós a mente de Cristo3 que recebemos esse manto "sem nenhum fio de feitura humana". Como é isto feito?


"... Para ter a justiça de Deus -- que é a última chuva, que é a preparação para o alto clamor -- devemos ter a mente de Cristo somente;... Este é precisamente o conselho que é dado a nós nas Escrituras: 'Deixa esta mente estar em você que também estava em Cristo Jesus'. Fil. 2:5, 6. ... Agora, que mente está em nós para começar? A mente do eu (*do egoísmo). O que esta mente faz? Exalta se. ... Portanto como nós temos uma mente centralizada em si mesma, e devemos ter outra que não aquela, enquanto que esta outra esvazia do eu a aquele em quem está, não segue inevitavelmente que essa mente que nós temos de início, é uma mente só de egoísmo? (A. T. Jones, Boletim da Conferência Geral de 1893, sermão de nº 12, pág. 257).


A dificuldade de Satanás começou quando ele olhou para si mesmo e permitiu o orgulhou trabalhar seu processo destrutivo.


"... Começou a dar credito pelo que ele era... Estaria no lugar de Cristo; e qualquer um que se põe no lugar de Cristo, põe-se no lugar de Deus, porque Deus está em Cristo" (ibid.).

Se nós não podemos ter a justiça de Deus sem ter a mente de Cristo, nós devemos substituir a mente centrada em si mesma, que nós temos naturalmente, pela mente de Cristo. Como podemos realizar isto?


"A palavra de Deus deve ser interligada com o caráter vivo dos que creem nela. A única fé vital é a que recebe e assimila a verdade até que seja uma parte do ser, e o poder motivador da vida e ação. ... Os seguidores de Cristo devem ser participantes da Sua experiência. Devem assimilar a palavra de Deus. Devem ser transformados à Sua semelhança pelo poder de Cristo, e refletir os atributos divinos. ... Isto é santificação genuína" (Signs of the Times, de 13 de abril de 1888).


"Por Sua obediência perfeita tornou possível a todo homem obedecer aos mandamentos de Deus. Ao nos sujeitarmos a Cristo, nosso coração se une ao Seu, nossa vontade imerge em Sua vontade, nosso espírito torna-se um com Seu espírito, nossos pensamentos serão levados cativos a Ele; vivemos Sua vida. Isto é o que significa estar trajado com as vestes de Sua justiça. Quando então o Senhor nos contemplar, verá não o vestido de folhas de figueira, não a nudez e deformidade do pecado, mas Suas próprias vestes de justiça que são a obediência perfeita à lei de Jeová” (Parábolas de Jesus, pág. 312).


Ao estudarmos esta lições baseadas nas epístolas de João, que possamos todos, como os nobres bereanos, investigar as escrituras por nós mesmos, para que possamos assimilar a verdade até que seja parte de nosso ser. Só quando negarmos qualquer confiança em nós mesmos iremos ter a garantia de que ninguém pode tirar nossa fé.

--Arlene Hill

Notas do tradutor:

1) “O Erro Tira sua Vida da Verdade.

“Satanás tem operado com poder enganador, introduzindo uma multiplicidade de erros que obscurecem a verdade. O erro não pode subsistir por si mesmo, e se extinguiria de pronto, não se apegasse como parasita à árvore da verdade. O erro tira sua vida da verdade de Deus. As tradições dos homens, como microrganismos que pairam no ar, agarram-se à verdade de Deus, e os homens as consideram como parte da verdade. Mediante falsas doutrinas, Satanás consegue terreno onde firmar-se, e cativa a mente dos homens, fazendo com que se apeguem a teorias que não têm fundamento na verdade. Eles ensinam ousadamente, como doutrinas, mandamentos de homens; e à medida que a tradição caminha de século para século, vai adquirindo poder sobre o espírito humano. O tempo, todavia, não torna o erro verdade, tampouco seu peso opressivo faz com que a planta da verdade se mude em parasita. A árvore da verdade dá seu genuíno fruto, mostrando sua verdadeira origem e natureza. A parasita do erro também produz seu fruto, e torna manifesto que seu caráter é diverso da planta de origem celeste.

É pelas falsas teorias e as tradições, que Satanás obtém poder sobre a mente do homem. Podemos ver a que ponto ele exerce seu poder, pela deslealdade que prevalece no mundo. Mesmo as igrejas que professam cristianismo, têm-se desviado da lei de Jeová, e erguido uma falsa norma. Satanás tem posto a mão em tudo isto; pois dirigindo os homens por normas falsas, deturpa o caráter, e faz com que a humanidade o reconheça como supremo. Ele trabalha contra a Santa lei de Deus, e nega a jurisdição divina. Toda má obra tem sua origem no trono dele, e é ali que encontra apoio” (Evangelismo pág. 589 e 590; originariamente publicado na Review and Herald, de 22 de outubro de 1895).

2) Ele era como que uma assombração.

3) "Deixa estar em você a mesma mente que estava também em Cristo Jesus" (Fil.2:5, KJV) uma versão que não nos leva a raciocinar em termos do velho concerto como é o caso das versões em português, que dizem: “De Sorte que haja em vós...” o que nos leva a esforçarmos-nos a atingirmos tal ideal, sendo que é Deus que quer fazer isto em nós. “Quando formos nascidos de cima, encontrar-se-á em nós o mesmo espírito (*a mesma mente, sic) que havia em Jesus, o espírito que O levou a humilhar-Se a Si mesmo para que nos pudesse salvar” (O Desejado de Todas as Nações, pág. 330 e 331).