sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Lição 3 -- O Fruto do Espírito é Alegria

Por Jerry Finneman

Nos primeiros tempos de minha experiência como adventista do sétimo dia eu li matérias de Ellet J. Waggoner acerca da experiência da alegria de Deus quando um pecador se arrepende. Isto foi um pensamento inteiramente novo para mim por causa de minhas idéias distorcidas sobre Deus. Como muitos deaJudea, nos dias de Cristo, e mesmo muitos cristãos hoje, eu cria que Deus era mais tirano do que Salvador. Pensar que Deus cantaria por um pecador perdido, mesmo que resgatado, estava além de minha compreensão.

Waggoner uniu três pensamentos e pintou um quadro verbal de Deus que eu nunca me esquecerei. Esse quadro era de Deus alegrando-se com cântico por pecadores salvados pela Sua maravilhosa graça. O primeiro texto que Waggoner usou foi da trilogia de Lucas 15 que contém três ilustrações nítidas do interesse do Deus pelos pecadores. Aqui refletimos no quadro da canção divina de alegrar-Se ao um pecador arrepender-se (Lucas 15:7, 10, 24). A dúvida era Neemias 8:10, que diz que "a alegria do Senhor é a vossa força”. O terceiro pensamento era Sofonias 3:17, acerca da canção de alegria de Deus.

Relativamente a Lucas 15, o Pastor Waggoner diz: "As pessoas lêm (*n vs. 10) que ‘há alegria diante dos anjos de Deus por um pecador que se arrepende.’ Isso sem dúvida nenhuma é verdade; porque se 'todos os filhos de Deus jubilavam’ (*Jó 38:7) quando o mundo foi primeiro criado, podemos estar seguros de que eles não têm menos alegria quando uma nova criação aparece; mas o que o texto diz é que ‘há alegria diante dos anjos de Deus por um pecador que se arrepende.’ Isso indica que é o próprio Deus que Se manifesta e conduz à alegria. Ele é tão genuinamente feliz no coração como foram o homem que recuperou a ovelha perdida e a mulher, a moeda perdida.

"Que pensamento glorioso, que, mesmo aqui e agora, podemos acrescer à alegria do céu, e isto, ainda que não possamos cantar uma nota, podemos aumentar a música do céu! Cada pecador salvo adiciona às harmonias do céu uma nota que nenhum anjo jamais poderia produzir. Assim é que, 'pela igreja, a multiforme sabedoria de Deus seja conhecida dos principados e potestades nos céus, segundo o eterno propósito que fez em Cristo Jesus nosso Senhor.' Efésios 3: 10, 11. Quem gostaria de preceder no prazer de fazer o coração de Deus feliz, e de ouvi-Lo cantar de alegria?”

No próximo parágrafo Waggoner refere-se a duas passagens acerca da alegria do Senhor: "A alegria do Senhor é a vossa força,’ Neemias 8: 10. (*ver também Salmo 21:1) está no meio de ti, Ele salvará; Ele se deleitará em ti com alegria; calar-Se-á por Seu amor, regozijar-Se-á em ti com júbilo,’ Sofonias 3: 17. Esta é a alegria da Sua salvação. Sua alegria é a alegria de um Poderoso em Sua própria força, a alegre contemplação de Seu próprio trabalho, assim como quando no sétimo dia Ele descansou de todo Seu trabalho, e encantou-Se com a visão da perfeição do trabalho que as Suas mãos tinham feito. Descansa no Seu amor, e nEle nós também podemos descansar, e alegrar-nos, e ser felizes, para sempre, com o que Ele cria"1.

Nunca chama o Senhor homens e mulheres (*para serem) instrumentos de tortura, quer física ou mental. Ser continuamente saudoso por algo, e estar lutando contra aquele desejo, é tortura. Então, a última coisa que nós mesmo devemos pensar em fazer, é privar qualquer um de qualquer prazer real ou alegria. Somos apontados à fonte de toda alegria. Devemos trazer "novas de grande alegria que será para todo o povo” (Lucas 2:10). Devemos estender às pessoas o evangelho como um modo de vida que é cheio da alegria do Senhor. Na presença de Deus há plenitude de alegria. A pessoa que ama o Senhor acha a vida uma alegria; não um peso. A "alegria do Senhor" é sua força.

Conquanto seja verdade em 2ª Cor 11:24-33 que Paulo tenha catalogado seus extraordinários perigos e experiências de dificuldade, em outro lugar ele chama estas coisas senão uma "leve e momentânea tribulação" (2ª Cor 4:17). As cartas de Paulo estão cheias de coragem e de alegria, apesar de dificuldades e provações. Algumas das suas cartas mais poderosas de incentivo foram escritas enquanto ele estava na masmorra da prisão de Roma. Ele sabia pessoalmente que a força da sua vida era a alegria da presença do Senhor.

Então, quando problemas ameaçam, não é o tempo de ser alegre? Jesus frequentemente disse a Seus discípulos, "tende bom ânimo” quando a vida deles estavam em perigo ou estavam em problemas de um tipo ou outro. A alegria, e regozijo em Deus, são mais necessários em tempos de aflição. Não há nada mais glorioso neste mundo do que testemunhar para Jesus, mesmo que em prisões. Os apóstolos, depois que tinham sido lançados na prisão, e açoitados, saíram do conselho "regozijando-se de terem sido julgados dignos de padecer afronta pelo nome de Jesus" (*Atos 5:41).

Não há nenhum problema que nos afugenta de Cristo. Estamos dispostos para que Sua presença permaneça em nós? Se sim, não há nenhum problema, nenhum perigo, nenhuma dificuldade em que nós não possamos nos alegrar “com gozo inefável e glorioso” (*1ª Pedro 1:8).

Consequentemente podemos dizer, com Cristo: "O Senhor Deus me ajuda, assim não me confundo; por isso pus o meu rosto como um seixo, porque eu sei que não serei envergonhado. Perto está o que me justifica" (Isa 50. 7, 8). E outra vez nós podemos dizer, "ó inimiga minha, não te alegres a meu respeito; ainda que eu tenha caído, levantar-me-ei; se morar nas trevas, o Senhor será a minha luz" (Miquéias 7:8).

A alegria do Senhor é a força de nossa vida (Neemias 8:10). Não deixemos que nossos amigos e vizinhos vejam, em nosso semblante nem em nossas palavras, que a vida cristã é lúgubre. No entanto, não faz nenhum sentido em dizermos que é uma vida boa, se a alegria e paz não são vistos na narração dela, e não são manifestados na vida.

Considere, também, como deve magoar o coração de Deus ouvir tanta murmuração e queixa, pelo Seu povo, onde há tanto motivo para louvor e ação de graças. Que nenhum de nós tenha qualquer parte em tal coro de amargor, e assim trazer dor ao coração de nosso Pai celestial. Em vez disso, arrependamo-nos e contemplemos a canção de nosso Salvador: "O Senhor teu Deus, o Poderoso, está no meio de ti; Ele salvará; Ele se deleitará em ti com alegria; calar-se-á por Seu amor, regozijar-se-á em ti com júbilo" (Sofonias 3:17). E então um dia no futuro, não tão distante, nós havemos de, no céu, "unir-nos na canção de alegria do Pai " (Parábolas de Jesus, pág. 207).



Nota do autor,

1) Ellet J. Waggoner, "English Present Truth," 11 de Outubro de 1900. (Veja semelhantes pensamentos em "The Signs of the Times," de 21 de Julho de 1890).

Tradução e acréscimos, marcados com asteriscos, de João Soares da Silveira