sexta-feira, 14 de maio de 2010

Lição 7 — "Descanso e Restauração, por Ann Walper

"Vinde a Mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e Eu vos aliviarei" (Mateus 11:28). A grande questão é, "descanso de quê?" E junto com isso: "como podemos descansar?" Na sociedade apressada de hoje a maioria das pessoas também pondera, "por quê?" Por que deveria eu descansar quando há tanta coisa para fazer e tantas coisas para ver e tantas pessoas para interagir com (e tantas maneiras diferentes de interagir). Descansar não entra na equação.

Nos últimos dez anos, das penas de uma ampla variedade de indivíduos, a discussão a respeito de um descanso sabático tem sido cada vez mais cogitados como uma necessidade humana social indispensável. A sociedade está sofrendo a sua falta. Foi reconhecido que a sociedade ocidental, nos últimos cento e cinquenta anos, passou (*do regime) de uma semana de trabalho de seis dias, para uma de cinco dias. No século XX, o conceito de um fim de semana de lazer veio à existência, mas depois, foi esquecido pela nossa paixão por realizações em cada aspecto de nossas vidas. Pais viciados em trabalho,1 impulsionados pelo desejo de status, obtido através da posição financeira ou social, estão criando filhos que não têm nenhum conceito da palavra "descanso". Repouso (a cessação de atividades de rotina) quer a partir de uma boa noite de sono ou umas férias longe de casa, faz-nos sentir fora de controle e ansiosos sobre o que estamos perdendo, enquanto nós estamos desconectados da sociedade. Correndo de atividade para atividade — futebol, aulas de música, acampamentos de verão, a pressão por boas notas na escola, Facebook, Twitter, e-mail, telefones celulares, videogames interativos, e uma miríade de outras relações sociais - nos engole, consumindo qualquer "tempo livre" que possamos ter para buscar o respouso que Jesus nos deseja dar. Nós simplesmente não temos mais tempo para descansar ".

Esta sede por sucesso criou uma sociedade doente. A idéia de um período organizado, institucionalizado, sem produtividade, é o tema das pessoas atenciosas que estão preocupados com a deterioração da unidade familiar e a condição cada vez mais neurótica da sociedade em geral. João Paulo II escreveu na sua carta apostólica de 1998 intitulada Dies Domini, que "mesmo em nosso próprio dia de trabalho é muito opressivo para muitas pessoas, quer devido às condições de trabalho miseráveis e as longas horas, quer por causa da persistência em sociedades mais desenvolvidas economicamente, e também muitos casos de injustiça e de exploração do homem pelo homem". Ele afirma que a opressão do excesso de trabalho é a razão pela qual a Igreja Católica Romana, "através dos séculos, fez leis sobre o descanso dominical" (*como o dia do Senhor). Colocando a Tonica na necessidade humana básica, João Paulo afirmou ainda: "No nosso próprio contexto histórico permanece a obrigação de garantir que todos possam desfrutar da liberdade, descanso e recreação que a dignidade humana exige, juntamente com o religioso associado, familia, necessidades culturais e interpessoais que são difíceis de encontrar, se não houver garantia de, pelo menos, um dia da semana em que as pessoas possam descansar e alegrar-se"(par. 66).

Em um recente artigo no (*jornal) The New York Times, a escritora Judith Shulevitz concordou com esta noção de uma necessidade universal de repouso semanal. "O sábado israelita institucionalizou uma, até então inimaginável e surpreendente noção: a de que toda criatura tem direito ao repouso, e não apenas os ricos e privilegiados. O quarto mandamento abrange mulheres, escravos, estrangeiros e, surpreendentemente, até mesmo os animais. ... Os judeus foram preordenados para observarem o sábado não só como uma forma de honrar a Deus, mas também como veículo central de sua teologia da libertação, um lembrete semanal de sua fuga de sua servidão no Egito." (*A senhora) Judite Shulevitz acertadamente afirma que "a história do sábado é a mesma da criação: repousamos porque Deus descansou no sétimo dia." No entanto, sua conclusão resultante parece falha: "Em outras palavras, descansamos, a fim de homenagear o divino em nós, para nos lembrar que há mais para nós do que apenas aquilo que fazemos durante a semana" ("Bring Back the Sabbath," The New York Times, de 2 de março de 2003). O que começa como um foco no Deus Criador acaba sendo centrada em nós próprios, e Deus, como Criador, Mestre, e dono do universo, está perdido na transição. O anseio magnânimo tanto de João Paulo bem como de Judite Shulevitz para um alívio da pressão para realização de todas as atividades, pode ser alcançado por deixar de trabalhar em qualquer dos sete dias da semana.

É isso que o sábado significa — um (*simples) tempo de folga social? É a observância do sábado somente um período de 24 horas, observado uma vez por semana (não importando se é o sétimo dia ou o primeiro), durante o qual nós nos esforçamos para reduzir a nossa obsessão com o mundo? Ou há uma dimensão maior do que esta que devemos considerar?

Jesus não só nos chama para encontrar descanso "nEle" através da fé em Sua justiça, mas Ele nos diz que só Ele é o Senhor do sábado (o sétimo dia, o verdadeiro "dia do Senhor"). Ele é o Senhor, em razão do fato de que Ele é o Criador de todas as coisas, e santificador do sétimo dia como um tempo especial para a comunhão entre Ele e Suas criaturas. Comunhão, ou seja, uma comunicação significativa e companheirismo entre duas partes, é um elemento-chave da verdadeira observância do sábado. Perversão até mesmo deste conceito tão simples tem sido uma área privilegiada de ataque de Satanás. Embora pareça que estejamos quase continuamente "ligados" ao mundo que nos rodeia, quantas vezes nós conversamos cara-a-cara com a família e amigos — sem interferência eletrônica alguma como e-mail, telefones celulares ou mensagens de texto? Satanás usa todos os meios possíveis para alcançar seus objetivos sobre o nosso tempo e atenção, mesmo usando modernas "conveniências", como um gancho para nos prender. Nossa obsessão com a persistente conveniência dos dispositivos eletrônicos nos impede de encontrar descanso dos clamores do mundo. Constantemente "ligados" ao mundo material, temos dificuldade de ouvir a voz mansa e delicada do Espírito Santo de Deus.

Porque nós não permitimos que Deus tenha Seu lugar legítimo em nossas vidas sofremos fadiga - mental, física e espiritual - a partir de constantes lutas decorrentes da interatividade no dia-a-dia com o mundo. Excluir Deus de Seu legítimo lugar em nossos corações é a raiz do nosso problema. Ambição e auto-absorção rege o mundo dos estratos mais baixos para o mais alto pináculo de conquista. Jesus está nos chamando a partir desta corrida desenfreada para repouso e liberdade nEle.

A verdadeira liberdade religiosa é incorporada no sábado do sétimo dia, não só porque ele aponta a Deus como Criador do mundo, mas porque ele simboliza o nosso direito inalienável à liberdade de escolha dotada a nós por nosso Deus Criador. O sábado do sétimo dia, está, portanto, no cerne das três mensagens angélicas de Apocalipse 14. Após o tempo dos apóstolos, os líderes da igreja primitiva procuraram estabelecer o reino de Deus na Terra, através de legislação coercitiva e cooperação com os poderes do Estado. Constantino, o Grande, argumentou que a legislação dominical traria unidade religiosa, nacional e internacional, a seu império, assegurando seu lugar como senhor supremo (Pontífice Maximus) sobre o seu povo. União entre Igreja e Estado faz a aliança com o estado tão sagrada como a fidelidade a Deus. Mas tais idéias autocráticas deixam de defender a verdade do sábado do sétimo dia, o que é entrega total, e total fidelidade a Deus. Apelar para, e fazer uso do, poder coercitivo do Estado para a persecução dos objetivos da igreja, resulta em uma conivência político-eclesiástica, e intriga, que é a própria essência da antiga Babilônia pagã e sua sucessora, Roma (ver Daniel capítulos 3 e 6 e Apocalipse 13).

Se guardar o sábado, como descrito por João Paulo e Judite Shulevitz — "cessação" do trabalho e das atividades materiais que nos absorvem — é o principal objetivo por trás do movimento para legislar um dia em sete como dia de descanso universal, então qualquer dia da semana seria tão razoável quanto qualquer outro. O primeiro dia não teria preeminência sobre o sétimo dia, ou vice-versa. O cerne da questão de que dia é o dia do repouso depende de quem tem autoridade sobre a mente do homem. Deus criou todos (*os seres) inteligentes totalmente livres. Liberdade de escolha é essencial para um mundo moral, em que o exercício desta liberdade de escolha permite que o indivíduo, utilizando-se das faculdades e poderes conferidos a ele por seu Criador, possa decidir livremente onde residirá sua lealdade. O governo Divino, no que se refere tanto ao governador bem como ao governado, está devidamente demonstrado quando o serviço, adoração e fidelidade da criatura torna-se inteiramente rendida a Deus através da escolha do próprio homem livre.

Nossa escravatura involuntária ao materialismo e auto-realização, deve ceder à rendição completa à vontade de Deus para nossa vida. Mas é uma coisa terrível entregar todo o controle para alguém que você não conhece e confia. As duas instituições dadas à humanidade na criação (casamento e sábado) envolvem estes dois conceitos - a entrega e a confiança incondicional no outro. Deus nos diz que Ele é o nosso Esposo divino, portanto, devemos livremente desejar nos submeter a Sua vontade, confiando plenamente que Ele tem os nossos interesses em bom lugar em Sua mente. E isto, em verdade, é também tudo o de que a observância do sábado consiste. Nenhum outro dia pode substituí-lo. A fé no poder de Deus sobre o mundo, em Seu envolvimento benévolo em nossas vidas; confiança em Seu pedido de controle sobre nossas mentes e corpos, resulta na vontade de permitir que Ele nos enlace em Seus braços de amor.

O Sábado simboliza a escolha inteligente de nossa parte para devolver ao nosso Criador o que é seu por direito. Seu objetivo é honra e glória para Aquele que nos redimiu com Seu sangue, que nos santifica por meio de Seu Espírito Santo, e recria em nós o Seu caráter justo, capacitando-nos para a comunhão com os seres celestiais.

--Ann Walper


A irmã Ana Walper é uma enfermeira padrão, ávida estudante da Bíblia, e é ativa na igreja adventista que freqüenta; na última vez que ouvi diretamente dela, em 2008, exercia as funções de diretora da Escola sabatina; instrutora de uma de suas unidades, e líder do dep. de Liberdade Religiosa. Durante os meses de verão ela trabalha como enfermeira voluntária em acampamentos da juventude adventista nos estados de Kentucky e Tenneesse nos EUA. Ela escreve, já por 16 anos, artigos no jornal de sua cidade sobre as Boas Novas de Cristo e Sua Justiça.


Nota do tradutor:

1) Workaholic = trabalhadores compulsivos