sexta-feira, 28 de maio de 2010

Lição 9 – Temperança, por Helena Tomás

Temperança veio a ser associada com algum tipo de moderação ou de abstinência do uso de álcool. Esta associação, por si só, diminui muito a intenção original desta palavra. Temperança é definida no Dicionário Webster, edição de 1828, como "moderação habitual no que diz respeito à satisfação dos apetites e paixões naturais." Particularmente interessante no que diz respeito a este estudo é a segunda definição do Webster desta palavra, temperança. Webster sugere "paciência" como definição para temperança.

Sob a inspiração do Espírito Santo, Pedro coloca o degrau da temperança antes da paciência na escada que leva ao amor (Ágape), que é a definição final do caráter de Deus (cf. 2 Pedro 1). A importância da sequência de Pedro é reafirmada quando lemos que "um homem intemperante não pode ser um homem paciente" (Ellen White, Conselhos Sobre o Regime Alimentar, pág. 50).

Santos — as pessoas que estão se preparando para encontrar Jesus — são pessoas pacientes (ver Apocalipse 14:12). Eles são, portanto, as pessoas temperantes. Parece, então, que fazemos bem em entender e nos entregarmos plenamente aos princípios da temperança se estivermos prontos para se encontrar com Jesus em paz.

O verso desta semana para memorizar (Filipenses 4:5) fala de moderação. Esta palavra tem perdido muito de seu significado original nas nossas mentes por causa da propensão natural da sociedade para a intemperança. A moderação da qual Paulo fala é definida na Concordância de Strong como, entre outras coisas, paciente. Moderação é semelhante à temperança, sem a qual não há paciência, e, por extensão, sem santidade, sem Ágape.

O conceito bíblico de temperança é extremamente amplo. "Ou não sabeis que o vosso corpo é o templo do Espírito Santo que habita em vós, proveniente de Deus, e que não sois de vós mesmos?” (1ª Cor. 6:19). "Portanto, quer comais, quer bebais, ou façais outra qualquer coisa, fazei tudo para a glória de Deus” (10:31). "Isso resulta em "levando cativo todo entendimento à obediência de Cristo" (2ª Coríntios 10:5).

Mesmo o mais bravo coração poderia desmaiar diante de um padrão tão elevado como este. Tudo o que comemos, bebemos, fazemos, e até mesmo pensamos, está sob a égide da temperança, submetidos à "obediência de Cristo." Bem poderíamos clamar, "Para estas coisas quem é idôneo?" (2ª Coríntios 2:16)

Louvado seja o Senhor, o nosso motivo de esperança, nossa motivação para persistir no caminho ascendente, a nossa expectativa de que a meta pode ser alcançada — tudo é encontrado no início da escada de Pedro: "Acrescentai à vossa fé ..." (*2ª Pedro 1:5).

Fé — sua fé — a fé de Jesus. Esta fé já lhe pertence. Você não precisa ir em safari para caçá-la. Você não tem que tentar produzi-la. Os Santos são elogiados porque "guardam" a fé de Jesus (Apocalipse 14:12). Efésios 2:8 diz que a fé "é dom de Deus." Fé que temos. E, possuindo-a, estamos habilitados a adicionar o restante das coisas à lista, se quisermos.

Se nossa fé é fraca, somos informados com o que alimentá-la para que ela possa tornar-se mais forte. "A fé é pelo ouvir, e o ouvir pela Palavra de Deus" (Romanos 10:17). Nesta Palavra, encontramos as "grandíssimas e preciosas promessas, para que por elas fiqueis participantes da natureza divina, havendo escapado da corrupção que pela concupiscência há no mundo" (2ª Pedro 1:4).

Tudo o que Deus requer, Ele provê. Antes que Ele indique as alturas às quais Ele espera que subamos, Ele nos mostra onde está nossa força e orientação para a nossa viagem. Ele nos supre com fé. Esta "fé é a expectativa da própria palavra de Deus para fazer o que a palavra diz, e depender da palavra em si para fazer o que a palavra diz " (Alonzo T. Jones, Advent Review and Sabbath Herald, de 3 de janeiro de 1899).

Nada menos do que esta “fé de Jesus" poderia ter dado poder a Noé para assumir uma tarefa tão absurda como a construção de um barco gigante em terra seca. Nada menos do que a "fé de Jesus" pode capacitar-nos a controlar os nossos apetites, nossas paixões, nossos pensamentos, nossos sentimentos. Mas se mantivermos a fé que Ele nos dá, e alimentá-la com a Palavra de Deus, vamos descobrir que o “Seu jugo é suave," e Seu "fardo é leve" (Mateus 11:30).

Falhar em andar pela fé leva ao desastre em todos os níveis da experiência humana. Ao final da página de quarta-feira, o nosso Guia de Estudo da Escola Sabatina faz a seguinte pergunta: "Você pode estar sofrendo agora alguns dos efeitos negativos de práticas erradas?" Eu não sei quem poderia honestamente dizer que não sofre os maus efeitos dos erros. Se, no entanto, os efeitos nocivos da intemperança não ultrapassarem a minha própria saúde e sensação de bem-estar, então seria fácil racionalizar e dizer que um pouco de férias de estrita temperança não deveria importar tanto assim desde que eu, sozinho, sofra as consequências. Mas este raciocínio é falso. Há uma urgência sobre a temperança, que vem antes da paciência, da piedade, do amor fraternal e da caridade, (*ver 2ª Pedro 1: 6 e 7). Esta urgência está relacionada com a reputação de Deus. A urgência é relativa à falta de tempo, e as pequenas janelas de oportunidade durante as quais as almas (*as pessoas) em torno de nós estão ganhando, ou não as informações que precisam sobre o Deus a quem servimos. Falhar em andar pela fé significa não deixar brilhar a luz de Deus, através de nós, na vida de alguma alma (*pessoa) que precisa conhecê-Lo agora.

“E a própria essência de toda a fé perfeita consiste em agir bem, no devido tempo. Deus é o grande obreiro por excelência, e por Sua providência prepara o caminho para que Sua obra se cumpra. Ele provê oportunidades, estabelece esferas de influência e canais para as atividades. Se Seu povo estiver atento às indicações de Sua providência, e se dispuser a cooperar com Ele, verá cumprido um grande trabalho. Seus esforços, dirigidos convenientemente, produzirão resultados cem vezes maiores do que se poderiam cumprir com os mesmos meios e facilidades por outro instrumento em que Deus não estivesse tão manifestamente atuando. Nossa obra é reformadora, e é o propósito de Deus que a excelência da obra em todos os ramos seja uma lição objetiva para o povo ... Em todos os nossos planos de atividades missionárias esses princípios deverão ser tidos em vista” (Ellen White, Testemunhos para a Igreja, volume 6, pág. 24 e 25).

A verdadeira temperança nos ensina a dispensar inteiramente todas as coisas nocivas, e usar judiciosamente aquilo que é saudável. (Ellen White, Patriarcas e Profetas, pág. 562)

"Hoje, se ouvirdes a sua voz, não endureçais os vossos corações." Todas as manhãs, ao nos levantarmos renovemos nossa fé de novo em Cristo, como nosso Salvador; depois, mostremos a força, o valor da nossa fé, confessando-Lhe diante dos homens, tanto em nossas palavras como em nossas vidas, então, estudemos a palavra de Deus para conhecimento para nos guiar durante o dia; então pratiquemos a temperança — o autocontrole — que é ordenada em todos os lugares, e em todas as parábolas na palavra de Deus; em seguida, adicionemos a paciência em todos os contatos do dia; adicionemos piedade por exemplificar a vida de Cristo entre os homens ao fazer o bem; adicionemos bondade fraternal, em todas as nossas associações com o nosso vizinho; e todos coroados pela adição da doce caridade, o vínculo da perfeição, o amor de Deus derramado no coração; amando-O com todo o coração, e amando o nosso próximo como a nós mesmos, completando assim o dia com um caráter completamente cristão. Pode isto ser feito num dia? Pode ser feito hoje? É tudo o que o Senhor pede de nós. Faça "estas coisas" hoje, "no tempo chamado hoje", e assim hoje, cada dia, Deus nos dá a oportunidade de fazê-lo. E então nunca devemos cair, mas para todos tal abundante entrada será ministrada no reino de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. (A. T. Jones, Signs of the Times de 11 de junho de 1885)

—Hélène Thomas



A irmã Helena Tomás é esposa de um obreiro bíblico adventista. Eles vivem no estado de Michigan, nos EUA. Além de exercer as funções do lar, como esposa, mãe e avó, ela é escritora, e produz artigos literários de dentro da própria casa. Desde Janeiro de 2010 ela é a nova editora do Comitê de Estudos da Mensagem de 1888. O endereço eletrônico dela é jhthomasal@gmail.com


Traduçao e acréscimos, marcados com asteriscos de João Soares da Silveira

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