sexta-feira, 14 de maio de 2010

Lição 7 — Descanso e Restauração, por Dr. Todd Guthrie

"E ele disse: “Irá a minha presença contigo, para te fazer descansar" (Ex. 33:14). O fundamento de todo o verdadeiro repouso é a presença de Deus. Em termos mais pessoais, o descanso é um sentimento da presença de Deus, porque Deus está, por meio de Seu Espírito, presente em toda parte. Como o salmista canta: "Para onde me irei do teu espírito? ou para onde fugirei da tua face?" (Sal. 139:7) A razão que os judeus antigos, e hoje a maioria dos humanos, não conseguem entrar nesse repouso é a incredulidade (Hebreus 4:6). A fonte dessa descrença é a auto-confiança e justiça própria que a serpente introduziu no Jardim do Éden. Seguindo seu plano levou a um estado contínuo de agitação.

O pecado nos separa da fonte da vida e repouso. Cristo foi "feito semelhante a seus irmãos" a fim de que "livrasse todos os que, com medo da morte, estavam toda a vida sujeitos à servidão" (Hebreus 2:15). Para ser verdadeiramente restaurados, precisamos de uma conexão constante com Deus - uma reconexão. Sem isso, vamos sempre sentir que a morte está chegando, e temos medo de ficar sem tempo. Acreditando nAquele que "aboliu a morte, e trouxe à luz a vida e incorrupção pelo evangelho" (2ª Tim. 1:10), entramos no Seu repouso. Como o repouso semanal do sábado, o repouso do pecado sempre esteve ali, pronto para ser experimentado. Os judeus poderiam ter entrado nele. Depois de Cristo tornar-Se nosso segundo Adão, e revelar as verdadeiras consequências da separação da vivificante presença do Pai (como visto na Cruz), não há desculpa para nós, se não entrarmos em Seu descanso. A cruz é apenas um pálido reflexo da dor que o pecado causou ao coração de Deus desde o início. Sempre que o pecado provoca dor, ali está Deus, suportando esta dor em nosso favor, dando-nos oportunidade de entrarmos no Seu descanso. "Jesus lhes respondeu: Meu Pai trabalha até agora e Eu trabalho também" (João 5:17). Emanuel, Deus conosco, já é o “EU SOU” para todos que abrirem os ouvidos ao apelo do evangelho. Em Isaías 43:5 e 6, lemos: "Não temas, porque eu estou contigo; trarei a tua descendência desde o oriente, e te ajuntarei desde o ocidente. Direi ao norte: Dá; e ao sul, não retenhas; trazei meus filhos de longe e minhas filhas das extremidades da terra."

O verdadeiro evangelismo é a boa nova de que Deus está próximo de cada ser humano para salvação. Todos são chamados para descansar em sua salvação, ao eles tomarem conhecimento do descanso sabático. Para apreciarem o repouso semanal, o descanso diário e descanso contínuo que Deus tem em mente, devemos esquecer a nossa autoconfiança, e aprender sobre a santidade e o poder de Deus, experimentando sua presença em maneiras práticas.

“Quando os servos de Cristo tiverem uma percepção do sentido da presença dAquele que é poderoso para salvar, serão cheios de gratidão a Deus pelo poder da Sua graça, e eles vão
fazer progresso na vida divina. O obreiro de Deus terá humilde visão de si próprio ao pensar nas oportunidades que foram desperdiçadas, e ele se tornará mais consagrado em seu serviço ao Mestre. Aqueles que dedicam o seu melhor a Cristo vão aprender a ganhar almas, pois eles terão uma íntima relação com o Redentor do mundo” (EGW, Review and Herald, de 08 de abril de 1890, par. 2).

Tendo a Cristo, temos tudo. Isso é verdade, e ninguém vai negá-lo, ainda que muito raramente ajamos como se crêssemos. E isso mostra o quão raro o real cristianismo é, para o próprio princípio fundamental do cristianismo é a presença contínua do Senhor, e que Ele é tudo. Aquele que não crê que Deus está sempre presente, sempre amando, e sempre todo-poderoso para realizar seus desígnios de amor, não crê em Deus. Mas qualquer que creia que deva ser feliz, porque sabe que com o Senhor ele tem todas as coisas, Rom. 8:32, concluirá que a ansiedade e a preocupação são as marcas do paganismo. "Não andeis, pois, inquietos, dizendo: Que comeremos? ou: que beberemos, ou com que nos vestiremos? Porque todas estas coisas os gentios procuram. Decerto vosso Pai celeste bem sabe que necessitais de todas estas coisas. Mas, buscai primeiro o reino de Deus e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas” (Mat. 6:31-33). (16 de novembro de 1899, Ellet J.Waggoner, PTUK 722,11)

Dois exemplos marcantes nos mostram esse princípio em ação. A primeira é a história dos hebreus ilustres, que vemos em uma crise aguda: Você já pensou que nada mais ouvimos sobre a forma do quarto, depois dos três homens terem sido retirados da fornalha de fogo ardente? Ele foi visto claramente por alguns instantes, caminhando para a lá e para cá com eles, em meio as chamas, em seguida, as portas foram abertas e os homens foram chamados para fora, e seu companheiro desapareceu. Ele os esqueceu? De modo algum; Ele estava tão perto quando eles não puderam vê-Lo como quando Ele apareceu. Na verdade, não há nada que mostre que os três homens no fogo O viram. Seu aparecimento era mais para o benefício do rei e sua corte idólatra, do que para os três homens propriamente. Eles sabiam que Ele esteve presente sem vê-Lo. Foi a consciência da Sua presença que os fez capazes de suportar impassíveis, na presença do castigo ameaçador. Deus não muda. Jesus Cristo é o mesmo ontem, e para sempre, portanto, Ele está tão perto quando invisível, como está quando é visto. Aqueles que crêm e confiam em Sua presença quando não podem vê-Lo vão ter, finalmente, o privilégio de ver Seu rosto, e O contempla para sempre. (16 de novembro de 1899, Ellet J.Waggoner, PTUK 723,2)

A segunda é a história de José, que deve descansar em um senso da presença de Deus por um tempo muito maior: Talvez o caso mais instrutivo de todos, que ilustra a presença de Deus com um homem, é o de José. "E os patriarcas, movidos de inveja, venderam José para o Egito; mas Deus era com ele, e o livrou de todas as suas tribulações, e lhe deu graça e sabedoria ante Faraó" (Atos 7:9 e 10). Note isto, que “Deus estava com ele” quando ele foi para o Egito, embora ele tenha ido como um escravo. Não foi apenas na prosperidade que Deus estava com ele, mas em sua aflição. Na verdade, foi Deus quem enviou José ao Egito. Quando José chegou ao Egito, ele foi vendido novamente, mas o Senhor não o abandonou. "O Senhor estava com José, e foi homem próspero; e ele estava na casa de seu senhor egípcio” (Gên. 39:1 e 2). Mas nem tudo foi fácil para ele, muito embora Deus estivesse com ele. José foi acusado falsamente, e, sem lhe ser dada qualquer chance de se defender, ele foi lançado na prisão. Mas certamente o Senhor não tinha Se esquecido dele de modo algum. "O Senhor, porém, estava com José, e estendeu sobre ele a Sua benignidade, e deu-lhe graça aos olhos do carcereiro-mor. E o carcereiro-mor entregou na mão de José todos os presos que estavam na casa do cárcere, e ele ordenava tudo o que se fazia ali. E o carcereiro-mor não teve cuidado de nenhuma coisa que estava na mão dele, porquanto o Senhor estava com ele, e tudo o que fazia o Senhor prosperava” (Gen. 39: 21 a 23). O Senhor não tem medo ou vergonha de ir para a prisão, de modo que o fato de que um homem estar na prisão não prova que o Senhor o deixou. Na verdade o Senhor está na prisão. Ver Mat. 25:36 e 43.

Depois de um longo tempo, canseira e espera, José foi tirado da prisão, e colocado sobre a terra do Egito. Ele se tornou, praticamente, o rei do Egito. Ele era governador de toda a terra, e tudo o que lhe faltava era assentar-se no trono. José não sabia o por quê de ele ter ido para a prisão até que faraó mandou chamá-lo, e então ele descobriu que esse era o caminho para o lugar do poder. Mas José não gastou o seu tempo com lamentação, embora não pudesse ver o caminho para sair da prisão. Podemos olhar para trás para aquele tempo, e vendo o fim, ao mesmo tempo que vemos a experiência pela qual ele passou, parece-nos uma questão que, obviamente, José deveria agir como ele agiu. Mas devemos lembrar que as coisas para José pareciam sombrias e sem esperança, durante esses anos de prisão, como elas seriam para nós. Se pudéssemos ver nosso caminho claramente, nunca deveríamos murmurar, nem duvidar da presença e da bondade de Deus. José não podia ver à frente, mas ele não se importava com isto, Deus estava com ele todo tempo, e isto era suficiente, ele não precisa ver à frente. Se nós, apenas nos lembrássemos que Ele conhece o caminho que tomamos, e pode ver o fim desde o princípio, nos pouparia muito tempo e desânimo inútil. Deus está conosco na escuridão, assim como na luz, no fogo, e na água, e na prisão, bem como em momentos de tranqüilidade e prosperidade. (16 de novembro de 1899 Ellet J.Waggoner, PTUK 724)

A restauração final de todas as coisas nos obriga a ser pessoas que estão continuamente repousando em Cristo, confiando nEle em todas as coisas, e vivendo em Sua presença, como Ele vive em nós

—Todd Guthrie


O irmão Todd Guthrie, é um médico adventista, membro da Mesa administrativa do Comitê de Estudos de Mensagem de 1888. Ele é ancião na sua igreja adventista local, e constantemente está envolvido em organizar e executar programas musicais para acontecimentos importantes da Igreja Adventista nos EUA e em outros países. Ele e sua família sempre aparecem no canal de televisão adventista Three Angels Broadcasting Network [Canal de Televisão Três Anjos] com música tanto vocal quanto instrumental