Para 18 a 25 de junho de 2011
"Mas revesti-vos do Senhor Jesus Cristo e não tenhais cuidado da carne, e suas concupiscências" (Rom. 13:14)
O que está por trás desse imperativo de Paulo, perto do final da sua carta aos romanos? O que ele apresenta na sua mensagem do evangelho que daria a seus leitores razão para desejarem "revestir-se" de Cristo, em contraste com o que já tinham, sem qualquer mudança — para prosseguir com os desejos carnais?
A linha de imagens que esse verbo "vestir" traça no Novo Testamento é fascinante e esclarecedora. A partir de objetos que ilustram as realidades espirituais, o trajar das vestes e armaduras (Mateus 22:11;. Rom 13:12), para as próprias realidades (Col. 3:12); da roupa da divindade que atenda às nossas carências mais profundas no presente (Lucas 23:49; Gal 3:27.), para a nova humanidade que será o ato de coroação da recriação de Deus da raça humana (1ª Cor 15:53;.. 2 Cor 5:3), começamos a ver uma imagem do tecido da salvação que lembra a túnica inconsútil (sem costura) de Jesus (João 19:23), lançada sobre a humanidade.
O agasalhar de uma roupa ecoa outros quadros de como Deus nos abraça, e como devemos desejar e aceitar o Seu envolvimento, "mergulhar" nele (como Thayer1 define o verbo), para fins de salvação. O "colocar" deste dom é claramente não apenas um contato externo ou experiência. Considere a seguinte descrição daquele "desinteressado amor, que é a própria atmosfera do Universo não caído" (Caminho a Cristo, pág. 30):
"No dom incomparável de Seu Filho, Deus envolveu o mundo todo com uma atmosfera de graça tão real como o ar que circula ao redor do globo. Todos os que respirarem esta atmosfera vivificante hão de viver e crescer até à estatura completa de homens e mulheres em Cristo Jesus" (Caminho a Cristo, pág, 68, §1)
Observe o espectro do processo, a partir da universal, atmosfera que dá vida (como um manto que nos "cerca"), para a escolha de internalizar este presente (com a implícita escolha em curso), para o objetivo final de restauração de toda a imagem de Deus em Jesus.
O comentário de Paulo aos Gálatas, de que eles tinham "se revestido de Cristo" (Gál. 3:27) é no contexto desses mesmos pontos no processo. Para começar, todos foram encerrados debaixo do pecado, 3:22, "debaixo da lei" (3:23 e 4:5). Nós éramos "meninos" (bebês, 4: 1 e 3), "servos" (escravos, 4: 1 e 7), "reduzidos à servidão" (4:3). Para iniciar o processo de maturidade e liberdade, Deus deu "a promessa pela fé em Jesus Cristo" (3: 22), por, finalmente, enviar “Seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a lei, para remir os que estavam debaixo da lei" (4: 4 e 5). A resposta humana intentada a esta iniciativa divina da fé que opera pelo amor, é para nascer como "filhos de Deus pela fé em Jesus Cristo" (3:26), para "receber a adoção de filhos" (4:5). É então que Paulo afirma que "vos revestistes de Cristo" (3:27), e "já não és mais servo, mas filho" (4:7). Em outra parte Paulo descreve o processo contínuo de amadurecimento "para que não sejamos mais meninos" (bebês, Efé. 4:14), mas crescer "à medida da estatura completa de Cristo" (Efé. 4:13).
O evangelho de Jesus, o que Deus fez pela raça humana através do nascimento, vida, morte e ressurreição de Jesus, mostrado em promessa e tipo por milênios, e expressa, na realidade há 2000 anos, é a base para todo o processo. Este evangelho tem uma vital mensagem e propósito para o fim dos tempos. Nossa lição (de terça-feira) observa: "Na verdade, nossa maneira de reagir à primeira vinda de Cristo decidirá o que nos acontecerá na Sua segunda vinda!" (Final do primeiro parágrafo). E como nós respondemos é proporcional à nossa apreciação das dimensões do que Ele realizou naquela primeira vinda.
Toda a idéia de "revestir-se" de Cristo deve ser vista em sua plenitude, como uma resposta ao que Ele vestiu por nós. Esta roupa Ele providenciou a um custo infinito para Si mesmo. (*A frase) "Para ser revestido de Cristo" descreve a túnica inconsútil, sem costura, que Ele lançou sobre nós — toda a raça humana — tecida no tear do céu, (*sendo) cada fio de origem divina. Somos Seus! Seu perfeito processo de cobrir-nos não deve ser rasgado. A fé que conserva a sua integridade deve ser perseguida com cuidado, em espírito de oração, do autor para o destinatário, do começo ao fim, "de fé em fé" (Rom. 1:17). Nosso tema “Revestidos de Cristo” é real em todas as fases. Embora às vezes falemos de "revestir-se" como um ato de hipocrisia, comédia, ou falsidade, o “revestir-se” de salvação é tão real a cada passo que o outro no irreal.
Considere estas realidades à luz das quatro etapas, começando com a própria vida, e à luz do que é necessário nesse ponto no processo de salvação. Não se esqueça do pano de fundo de Gênesis 1 e 2. O homem foi criado à imagem de Deus, recebendo a vida da mão e da respiração do Criador, com a unidade entre homem e mulher, com domínio sobre a terra inteira. E por sua decisão inexplicável de crer, de seguir a mentira que Satanás ofereceu, tudo foi perdido.
(1º) Precisamos de vida e de fé devido à natureza do pecado e suas consequências, e no início de nossa necessidade Deus colocou a humanidade nas mãos do pré-encarnado Jesus Cristo. Este ato de fé foi a primeira cobertura que nos manteve vivos, e ao nos transmitir fé nos deu liberdade de escolha.
(2º) Precisamos de união com Deus porque o pecado nos separou (*dEle), e Deus reuniu a humanidade com a divindade ao Ele vestir seu Filho com a humanidade. Então, Deus quer para nós (*o livre arbítrio) para escolher sermos livres, e para unir a nossa humanidade com a natureza divina que Jesus trouxe.
(3º) Nós precisamos do Espírito Santo em nossa batalha em curso contra a carne, e Deus revelou um manto de justiça em Seu Filho na semelhança da carne do pecado, que demonstrou o poder da "lei do Espírito de vida" (Rom. 8: 2) todo o caminho para "a morte de cruz" (Fil. 2:8). Então, Deus quer que sejamos livres para viver no Espírito, e não a carne.
(4º) Precisamos de um novo corpo livre da "lei do pecado e da morte" que nos mantém miseráveis em nós mesmos (Rom. 7:23 e 8:2), e Deus ressuscitou Seu Filho vestido com um corpo glorioso, confirmando sua vitória de trazer uma cobertura justificadora para a humanidade, Rom. 4:25. Então, Deus quer a restauração completa do homem para vivermos livres da carne do pecado. Aqueles que têm, ansiosamente, abraçado Sua veste a cada passo da jornada serão todos transformados "num momento, num abrir e fechar de olhos, ante a última trombeta" quando formos revestidos de incorruptibilidade (1ª Cor. 15:52, 53 ). Vamos "ser revestidos da nossa habitação do céu" (2ª Coríntios. 5:2) que é "para ser conforme Seu corpo glorioso" (Fil. 3:21).
Paulo em Efé. 4:20 a 25 aborda essa imagem da cobertura de Cristo. Temos nós "aprendido de Cristo ... O ouvido ... sendo ensinados nEle, como a verdade está em Jesus"? Se assim for, veremos "o novo homem, que segundo Deus é criado em verdadeira justiça e santidade" (literal). Veremos a verdade do amor abnegado, de Deus entregando-Se (*como) uma cobertura para a raça humana na fé e no amor.
Vamos rasgar a veste com a nossa incredulidade? Vamos tomar o Seu dom da vida e rejeitar a lei da vida? Será que vamos aceitar qualquer benefício legal que temos recebido nesse tipo de tecido, caro, comunicativo e nos contentarmos com uma religião legal sem coração? Será que vamos receber o Seu Dom dado a um custo infinito, e não nos tornaremos doadores, insistindo em viver na pequenez de nosso egoísmo? Ou vamos seguir os fios de seu vestuário a partir de sua origem em Seu coração de amor infinito à sua finalidade gloriosa da nossa restauração à Sua imagem — "em verdadeira justiça e santidade"? (*Efé. 4:24).
- Fred Bischoff
O irmão Fred Bischoff é um médico no sul da Califórnia, onde ele pratica medicina preventiva. Ele é um membro do corpo docente das Clínicas da Faculdade de Medicina e da Escola de Saúde Pública da Universidade de Loma Linda. Nos últimos cinco anos trabalhou junto ao Patrimônio dos escritos Ellen G. White atualizando uma coleção de CD-ROM dos antigos escritos dela. Ele faz parte do conselho de três organizações sem fins lucrativos que trabalham em colaboração com a Igreja Adventista do Sétimo dia. Ele é o secretário da Fundação do Ministério da Saúde que é patrocinadora de saúde, educação, publicação e trabalho evangelístico nos EUA e outros países. Em seus pequenos grupos ele estuda da Bíblia: Daniel e Apocalipse; a fé de Jesus, "a simplicidade que há em Cristo" em relação à história e profecia, que culminaram na missão adventista; e mais: a história da igreja adventista, as verdades bíblicas com foco central no evangelho, no contexto histórico do movimento do Advento, e a relação da história adventista com a profecia bíblica.
Nota do tradutor:
1) Joseph Henry Thayer (1828-1901), escolástico bíblico americano, autor do Greek-English Lexicon of the New Testament, [Dicionário Grego / Inglês do Novo Testamento] no qual trabalhou por 25 anos, publicando-o em 1886 e revisado-o em 1889. Ele define o verbo para batismo como “imersão”
______________________________