quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Lição 8, Cuidado com a Criação, por Patti Guthrie

Para 18 a 25 de fevereiro de 2012
"Cuidado com a criação," ou, consciência ambiental — o tema da lição desta semana da Escola Sabatina — originado no Jardim do Éden durante a semana da criação. Cuidar da criação foi a descrição do primeiro trabalho dado ao homem por Deus, Gênesis 1:26, 28. Mesmo no mundo recém-criado, animais, pássaros e peixes deviam ser subjugados e treinados, e a terra com a sua abundante produção de plantas e árvores requeria sábia gestão e supervisão.
Mas com a entrada do pecado veio uma mudança de foco. Em vez de usar as coisas que Deus havia criado para abençoar os outros, o homem perverteu os nobres usos das plantas, seres humanos e vida animal para fins egoístas. Tragicamente, ao violência e corrupção rapidamente se espalharem na terra, Deus viu apenas uma maneira de salvar o mundo — e que era destruí-la com um dilúvio. Criaturas que nunca pecaram sofreram por conta do egoísmo do homem. Quase toda a criação pereceu no dilúvio.
Depois do dilúvio, Deus prometeu: "Não tornarei mais a amaldiçoar a terra por causa do homem; porque a imaginação do coração do homem é má desde a sua meninice, nem tornarei mais a ferir todo vivente, como fiz. Enquanto a terra durar, sementeira e sega, frio e calor, verão e inverno, e dia e noite, não cessarão" Gênesis 8:21, 22.
Devido a esta promessa, ainda estamos vivos na terra hoje, apesar do fato de que a imaginação do coração do homem cresce mais maldosamente a cada dia que passa. Não até que o Senhor retorne pela segunda vez nas nuvens do céu, a terra será destruída, mas ela continuará a envelhecer como uma roupa por causa do pecado do homem. Implícito no movimento secular ambiental de hoje é o reconhecimento que nós mesmos, através de nossas próprias práticas egoístas, temos feito muito para estragar o nosso mundo.
É fascinante notar a observação de Ellen White, de que em lugares onde o pecado era mais grave antes do dilúvio, vê-se que os efeitos sobre a Terra, foram mais fortemente sentidos, enquanto os locais mais intocados do planeta hoje, marcam onde o pecado não era tão grande. Subjacente aos problemas ambientais que enfrentamos hoje é um problema espiritual que não pode ser resolvido apenas através da reciclagem de garrafas de plástico ou utilizando sacos de pano nas compras, conquanto boas sejam estas coisas.
Ser ambientalmente consciente ou "verde" já alcançou o status de "excelente" em nossa sociedade com mania de consumo, e refeições rápidas. Mas mesmo ser "verde" tem seus limites politicamente corretos. Você já ouviu um ambientalista montando uma campanha nacional para incentivar o vegetarianismo em nossa sociedade? Nunca aconteceu. Além de eliminar o consumo de carne iria liberar milhões de acres de terra, seria muito mais eficiente utilizá-los para plantar alimentos para as pessoas do que os animais.1 Deus nos chamou para ter domínio sobre a criação animal, mas temos explorado, e continuamos a explorar, essas pobres criaturas para fins egoístas.
Na citação para a lição de sexta-feira, Ellen White explica: "Não há nada, a não ser o coração egoísta do homem, que viva para si. . . . Folha alguma da floresta, nem humilde haste de erva é sem utilidade" (O Desejado de Todas as Nações, págs. 20 e 21). Fundamentalmente, a questão ambiental é espiritual.
A razão pela qual nosso planeta está em perigo hoje é porque a humanidade tem vivido contra a lei do Ágape, ou amor abnegado. Todas as criaturas, plantas, flores e árvores vivem para dar. Só o homem vive para receber sem dar nada em retorno. Estamos colhendo as consequências de um experimento de 6.000 anos de vida auto-centralizada. Até mesmo descrentes reconhecem que esse modo de vida é insustentável.
Em sua breve estada de 33 anos neste mundo, Jesus exemplificou o princípio do amor abnegado em tudo que Ele fez. Isso significa que Jesus nunca viveu para Si mesmo. Ao rastrear através das páginas da história sagrada, encontramos os princípios que nos orientam como mordomos da Terra e de todas as Suas bênçãos para nós.
Depois de alimentar as multidões de 4.000 e 5.000 (*pessoas) na encosta da montanha, Jesus," disse aos seus discípulos: "Recolhei os pedaços que sobejaram, para que nada se perca" (João 6:12).
Esse princípio sozinho — fielmente praticado na vida cotidiana — incentiva um senso de responsabilidade para compartilhar as bênçãos que recebemos de Deus com os outros. Reunir os pedaços significa não desperdiçar recursos enviados dos céus.
Em termos práticos, isso significa que não vamos permitir acumulo de lixo em nossas garagens. Vamos repassar as coisas de que não precisamos aos necessitados. Vamos viver dentro de nossas possibilidades. Não joguemos lixo pela janela do nosso carro. Vamos reciclar o que pudermos, porque isso é parte da vida para abençoar outras pessoas. Vamos manter os nossos quintais e jardins bonitos como uma parte do domínio que Deus nos tem dado. Faremos tudo que pudermos para tratar da criação animal com amor e bondade. Seremos conhecidos no mundo como um povo que valoriza os preciosos recursos do céu. E vamos apontar as pessoas para Jesus que está voltando, o único que pode mudar os nossos corações frios, egoístas, em amantes quentes, mais atentos, e que vivem para dar.
Algumas semanas atrás tivemos uma aula de culinária em nossa igreja. Após a aula, serviu-se alimentos em patos descartáveis ​​e utilizou-se talheres de plástico. Uma conhecida minha, que é uma ativista em nossa cidade para todos os tipos de causas, questionou-me depois da aula: "—Eu realmente aprecio a ênfase adventista sobre cozinha vegetariana e uma vida saudável, mas eu não entendo por que vocês usam pratos e talheres descartáveis . Como é isto coerente com sua fé?"
A pergunta dela foi honesta. Eu expliquei que estamos em transição na nossa cozinha da igreja com planos de comprar mais pratos, mas no momento não tínhamos o suficiente para servir um grupo grande como esse.
No entanto, no próximo evento, tenho a certeza que pegaremos emprestado pratos suficientes de amigos para que todos possam comer em um prato de vidro com talheres normais. Minha amiga sorriu com aprovação. No grande esquema das coisas, pratos descartáveis ​​ podem não ser o grande problema, mas é preocupante perceber que os outros estão observando para ver se estamos vivendo uma vida coerente com a mensagem que pregamos.
- Patti Guthrie


Nota do tradutor:
1) E tem mais. Por volta de 80% dos grãos produzidos no planeta são destinados a alimentar o gado e aves para consumo de carne. O vegetarianismo seria, assim, a solução para acabar com a fome no planeta, além de poder-se reduzir, consideravelmente, a produção de grãos. Ademais, a carne, como alimento, tem trazido doenças as mais variadas e em quantidade inimaginável, sobrecarregando os hospitais e os sistemas de saúde.


Patti Guthrie é uma adventista de berço. É esposa, mãe e professora dos próprios filhos. Ela é estudante da Bíblia, escritora e musicista. Faz parte do comitê de música para leigos adventistas. A família de Guthrie aparece no canal de televisão adventista Three Angels Broadcasting Network [Canal de Televisão Três Anjos] com música tanto vocal quanto instrumental. O marido de Patti, Todd Guthrie, é médico e membro da Mesa administrativa do Comitê de Estudos de Mensagem de 1888. Ele também é ancião na sua igreja adventista local, e constantemente está envolvido em organizar e executar programas musicais para acontecimentos importantes da Igreja Adventista nos EUA e em outros países.
___________________________