quinta-feira, 12 de abril de 2012

Lição 2 — O Ministério de Cada Cristão, por Roberto Wieland


Para 7 a 14 de abril de 2012

Nós trabalhamos árdua e energicamente para proclamar o evangelho. Mas será que existe algum método ainda não experimentado de ganhar almas? Não apenas apertando botões eletrônicos, mas que tenha um bloco de poder interno que, as pessoas comuns que creem na mensagem, possam assistir conversões ocorrerem?
Se você frequenta a igreja, você já ouviu os apelos: "Faça mais, trabalhe mais, ganhe almas! Veja como as Testemunhas de Jeová e os Mórmons vão de porta em porta, por que não nos esforçarmos mais?"
Em uma grande conferência na América do Norte, o custo de cada batismo no Net-96 foi estimado em 18.000 reais1. Claro, a salvação eterna de uma alma não pode ser calculada em moeda sonante. Mas será isso o que Jesus tinha em mente quando disse: "Ide ..."? Existe uma maneira mais eficaz para terminar a "grande comissão evangélica"?
Quem não almeja ver uma eficiência bem maior na conquista de almas?
Quando se lê as cartas dos apóstolos no Novo Testamento, parece haver pouca pressão colocada sobre os primeiros cristãos. Paulo recomenda ao invés de estimular os cristãos de Tessalônica: "Por vós soou a palavra do Senhor, não somente na Macedônia e Acaia, mas também em todos os lugares a vossa fé para com Deus se espalhou, de tal maneira que já dela não temos necessidade de falar coisa alguma" (1ª Tessalonicenses 1:8, grifo nosso). Um sonho de um evangelista ou de um administrador da igreja! Não há necessidade de promoção com alta pressão.

Era o Evangelho aos tessalonicenses auto propagável?
Parece que ele tinha seu próprio pacote de poder embutido nele. Motivava as pessoas até mesmo a ponto de serem extravagantemente zelosos: "Se enlouquecemos ... [ou] se conservamos o juízo ... o amor de Cristo [Ágape] nos constrange, julgando nós assim: que se Um morreu por todos, logo todos morreram. E Ele morreu por todos, para que os que vivem não vivam mais para si" (2ª Coríntios. 5:13-15).
Em outras palavras, eles sentiram uma motivação alimentada por algo especial que viram no sacrifício de Cristo. Uma vez que você compreendeu o que tinha acontecido, você simplesmente não podia ficar parado. A língua presa tinha que falar, e os tímidos tinham que ficar ousados, Isa. 32:4; Zac. 12:8. Você viu o Messias tornar-Se o segundo Adão, Ele morreu "por todos". Isso significa que se Ele não tivesse morrido, você estaria morto. Desde que Se tornou Um, corporativamente, com a raça humana, "todos morreram" nEle, a partir de agora ninguém pode "viver para si mesmo." Você não podia mais pensar que pertencia a si mesmo, ou que tudo o que possuía era seu. Com um golpe de espada divina, a principal dificuldade da preocupação egoística humana foi cortada. A cruz fez isto.
Um novo propósito para viver assumiu: se você crê neste evangelho de auto-propagação, você só tinha que viver "por Aquele que morreu" por você, e não era medo ou esperança de recompensa, que moveria você. O materialismo, a sensualidade, todas as motivações centradas em você mesmo, foram transcendidas por esta nova razão fenomenal para viver. Você viu-se eternamente em dívida para com o Filho de Deus. E a idéia pegou, porque havia corações sinceros em todos os lugares. Judeus e gentios surgiram do nada, prontos para responder.
Esse entendimento do que a cruz significava primeiro estourou na mente das pessoas no dia de Pentecostes. "Vós negastes o Santo e o Justo", exclamou Pedro. "matastes o Príncipe da vida, ao qual Deus ressuscitou dentre os mortos, do que nós somos testemunhas .... Arrependei-vos pois, e convertei-vos" (Atos 3:14, 15, 19). E eles se arrependeram, e foram convertidos. "A verdade em Ágape" compeliu multidões para responder — 3000 em um dia.
Esta foi "a chuva temporã." Hoje aguardamos "a chuva serôdia." Esse evangelho de auto-propagação no Pentecostes acompanhou o começo da obra de Cristo no Céu como Sumo Sacerdote. Agora Seu trabalho de encerramento no Dia cósmico da Expiação será acompanhado por um plenamente desenvolvido "evangelho eterno" que vai "iluminar a terra com glória." A mesma motivação de exaltação da cruz, vai alimentar a explosão final de ganhar almas.
Diz João em Apocalipse: "Vi descer do céu outro anjo, que tinha grande poder, e a terra foi iluminada com a sua glória. E clamou fortemente com grande voz, dizendo: 'Caiu, caiu a grande Babilônia’ ... E ouvi outra voz do céu, que dizia: ‘Sai dela, povo Meu ...’" (18:1-4). A chamada será acompanhada por um poder, pela segunda vez na história — a primeira foi no dia de Pentecostes.
Ellen White, em visão, testemunhou o que vai acontecer nesta segunda vez: "A luz que se derramou sobre os expectantes penetrou em toda parte, e aqueles, nas igrejas, que tinham alguma luz ... obedeceram à chamada ... Um poder irresistível moveu o honesto [comparar com a palavra "constrange" acima em 2ª Coríntios 5:14.] .... Servos de Deus, dotados de poder do alto, com o rosto iluminado e resplandecendo com santa consagração, saíram para proclamar a mensagem provinda do Céu. Almas que estavam espalhadas por todas as corporações religiosas responderam à chamada, e os que eram preciosos retiraram-se apressadamente das igrejas condenadas, assim como foi Ló retirado às pressas de Sodoma antes de sua destruição" (Primeiros Escritos, págs. 278 e 279).
Em 1888 o Senhor "nos enviou o início" dessa mensagem. Ellen White a chamou de "a luz que irá iluminar a terra com sua glória." Se tivesse sido aceita, "então a luz forte e clara daquele outro anjo que desce do céu com grande poder, teria enchido a terra com sua glória .... mensageiros celestiais têm lamentado, impacientes com a demora .... Anjos do céu estavam tentando comunicar, por meio de agências humanas — a justificação pela fé, a justiça de Cristo". "O alto clamor do terceiro anjo já começou na revelação da justiça de Cristo" (Materiais de Ellen G. White sobre 1888, vol. 3, págs. 673, 1070-1073, grifamos).
Deve, porventura, a Igreja Adventista do Sétimo Dia desconsiderar o autenticado "começo" da mensagem final, que foi "em grande medida" rejeitada e "mantida afastada do mundo"? (Mensagens Escolhidas, livro 1, págs. 234, 235).
Esta mesma escritora conta como o primeiro Pentecostes se relaciona a um futuro segundo (*evento semelhante): "Uma obra deve ser realizada na terra semelhante ao que ocorreu no derramamento do Espírito Santo nos dias dos primeiros discípulos, quando eles pregaram Jesus e Este crucificado. Muitos serão convertidos em um dia, pois a mensagem vai com força. ... O tema que atrai o coração do pecador é Cristo, e Este crucificado. Na cruz do Calvário, Jesus Se revela ao mundo no amor incomparável [Ágape]. Apresentá-Lo, assim, para as multidões famintas, e a luz de Seu amor, vai conquistar os homens das trevas para a luz, da transgressão à obediência e verdadeira santidade. Jesus na cruz do Calvário desperta a consciência para o caráter hediondo do pecado como nada mais pode fazer" (Materiais de Ellen G. White sobre 1888, vol. 3, págs. 1073 e 1074).
Isto vai de encontro exatamente ao ardente desejo do coração de toda a alma honesta de coração em "Babilônia" (e são muitos!), De modo que "a verdade é vista em sua clareza, e os leais filhos de Deus cortam os liames que os têm retido. Laços de família, relações na igreja, são impotentes para os deter agora. A verdade é mais preciosa do que tudo mais. Apesar das forças arregimentadas contra a verdade, um grande número [irá] se colocar ao lado do Senhor" (O Grande Conflito, pág. 612).

—Robert J. Wieland
(Compilado por Paul E. Penno)


O irmão Roberto J. Wieland foi um pastor adventista, a vida inteira, missionário na África, em Nairobe e Kenia. É autor de inúmeros livros. Foi consultor editorial adventista do Sétimo Dia para a África. Ele deu sua vida pela África. Desde que foi jubilado, até sua morte, em julho último, aos 95 anos, viveu na Califórnia, EUA, onde ainda era atuante na sua igreja local.
Em 1950 ele e o pastor Donald K. Short, também missionário na África, em uma das férias deles nos Estados Unidos, fizeram dois pedidos à Conferência Geral:
1º) que fossem publicadas todas as matérias de Ellen G. White sobre 1888, e
2º) que fosse publicada uma antologia dos escritos de Waggoner e Jones.
38 anos depois, em 1988, a Conferência Geral atendeu o primeiro pedido, o que resultou na publicação de 4 volumes com um total de 1821 páginas tamanho A4. Quanto ao segundo pedido até hoje não foi o mesmo ainda atendido, a despeito de inúmeras recomendações da serva do senhor à mensagem e às pessoas deles.

Nota do tradutor: 1) 10.000 dólares ao câmbio atual de 1.8 = R$ 18.000,00
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