quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

Lição 2 - Discipulado por meio de metáforas, por Paulo E. Penno



Para 4 a 11 de janeiro de 2014

Discipulado é crescer em Cristo, para que possamos ser providos de companheirismo com Ele, agora e por toda a eternidade. Como as parábolas e figuras de linguagem da Bíblia nos ajudam a compreender esta união com Cristo? Como é que a mensagem de 1888 nos ajuda a ver essas histórias a partir de uma nova perspectiva?
A única razão pela qual a segunda vinda tem sido adiada é porque o povo de Deus não está pronto para enfrentar a Sua presença pessoal. O pecado ainda no coração resultaria na destruição deles. O Senhor os ama demais para submetê-los a um teste a menos que eles estejam prontos. Assim, como diz Pedro, Cristo atrasa, "não querendo que alguns se percam" (2ªPedro 3:9).
Jesus Cristo é o Esposo desapontado. Corretamente entendida, a Bíblia toda se torna uma história de amor, com o clímax, perto do final, em Apocalipse 19. Um casamento ocorre porque, finalmente a noiva "se aprontou" (vs.7). Cristo há muito desejava que aquele dia viesse, porque o Seu amor por Sua igreja é semelhante ao de um noivo para com sua noiva (Efé. 5:22-32). Ele colocou Cantares de Salomão na Bíblia para um propósito — para despertar nossos corações para sentir o pleno significado do Seu amor por Sua igreja. A segunda vinda será para levar Sua noiva para Si mesmo.
O Pai, portanto, não tem pré-determinado o tempo para a segunda vinda de Cristo. Em Sua infinita sabedoria Ele conhece o tempo, mas isto não é o mesmo que pré-determinar. Por exemplo, Ele sabe quem acabará por ser salvo e quem será perdido, mas Ele não predetermina salvação ou condenação para ninguém. E mesmo Jesus diz, expressamente, que Ele não sabe a hora de Sua vinda (Marcos 13:32).
O momento da segunda vinda é diferente do que o da primeira. Confundir os dois é repetir o erro dos antigos judeus que assumiram que as profecias dos dois adventos eram as mesmas. Daniel de fato predisse exatamente quando Cristo apareceria pela primeira vez como Messias, e "como as estrelas no vasto circuito de sua indicada órbita, os desígnios de Deus não conhecem pressa e nem demora."1 Mas o amor de Deus requer que o momento para a segunda vinda seja diferente, pois que deve ser dependente de um povo se preparando.
Jesus explicou isso na parábola do agricultor que lança a semente. Quando a colheita está madura, “logo se lhe mete a foice, porque é chegada a ceifa" (Marcos 4:29). Um anjo finalmente diz a Cristo quando essa hora chegou: "Lança a Tua foice, e sega; pois a hora de segar Te é vinda" Por quê? Porque o relógio de tempo do céu disparou o predeterminado gatilho do seu alarme? NÃO!!!, mas “porque já a seara da terra está madura" (Apocalipse 14:14,15).
O povo de Deus não são como formigas em um tronco boiando no rio, sem direção para quando ou aonde ir. Eles "se sentam com [Cristo] no [Seu] trono," compartilhando com Ele a administração do clímax da história do mundo. Ele deixou aos seus cuidados o "ministério da reconciliação" (*“Ele nos deu o ministério da reconciliação”) (2ªCor.5:18 e 19), porque no tempo do fim eles compartilham o Seu trono com Ele, Apoc. 3:21. Eles estão intimamente envolvidos em Sua obra final no Santíssimo .
Mais do que isso, "o ministério da reconciliação," que lhes foi atribuído, tem uma profunda influência sobre os acontecimentos mundiais. (*Veja algo muito sério:) Se eles devem proclamar fielmente a mensagem do selamento de Apocalipse 7:1-4, (*e considerando que) Ele prometeu dizer "Espere!" aos "quatro anjos ... retendo os quatro ventos da terra, que nenhum vento soprasse" (vs.1), (*e, considerando ainda que a serva do Senhor fez diversas declarações afirmando que Cristo deveria ter voltado na década de 1890, caso Seu povo tivesse crido na mensagem de justificação pela fé de 1888) segue-se que não era necessário que (*duas) guerras mundiais e terrorismo global devessem ter causado tanta destruição e agonia (*como ocorreu no último século). Assim a nossa falha, por muitas décadas, em proclamar a mensagem do selamento tornou impossível aos "quatro anjos" "segurar" os ventos.
A segunda vinda de Cristo torna-se uma missão de resgate. Liderados pela "besta” de dois chifres de Apocalipse 13, as pessoas do mundo irão demonstrar uma rebelião final contra o Cordeiro, tentando livrar a terra de Seu povo (Apocalipse 13:11-17; 14:9, 10). Este será uma nova crucificação planejada de Cristo, desta vez na pessoa de Seus santos. "A ira do Cordeiro" é um resultado natural. Que noivo em seu juízo perfeito iria ficar de braços cruzados enquanto bandidos procuram matar sua noiva?
Na verdade, a segunda vinda de Cristo é tão "em breve", como nós realmente queremos que ela seja. Isso não significa que o desejo egoísta de alguns indivíduos de "ir para a glória" vai trazê-la. O Noivo celestial não vai se casar com uma "noiva infantil:" Ela deve crescer em maturidade "à medida da estatura completa de Cristo" (Efé. 4:13). Isso significa uma preocupação para com Ele que transcende a nossa preocupação natural para a nossa própria segurança pessoal.
Essa maturidade é inteligente, empática2  e intimamente identificando-se com os anseios de Cristo, como uma noiva entra na intimidade de seu marido. Esta é a "perfeição" bíblica. Mas temos um Esposo, cuja "decepção ... [com a demora] está além da descrição,"3 e uma futura esposa, que até agora parece satisfeita em permanecer infantil no casamento.
Nenhum indivíduo ou grupo de indivíduos pode ser a "noiva" neste casamento. Como a futura população da Cidade Santa, a Nova Jerusalém, "a igreja é a noiva," diz Ellen White.4 A igreja é um órgão complexamente padronizado de uma maneira coesa, de seus muitos "membros," como as células e órgãos de um corpo constituem uma pessoa. Nenhuma célula do corpo humano, ou mesmo órgão ou membro, amadurece por si só, para além da sua unidade corporativa com o corpo como um todo. "Assim é Cristo também," (diz Paulo em 1ªCor. 12:12) "porque também o corpo não é um só membro, mas muitos" (vs.14).
Uma preparação individual para a segunda vinda é adequada; mas tem de haver também uma preparação da igreja corporativa, ou cada indivíduo terá que ir para a sepultura , como ocorre com milhares de outros ao longo dos tempos. Se um corpo está doente , o todo deve ser curado. O povo de Deus não vai ao céu individualmente no momento da morte, como outras igrejas ensinam, eles esperam uma ressurreição corporativa, que, por sua vez, deve esperar um arrependimento coletivo por parte dos santos vivos (*Apoc. 3:19, ú.p.).
A verdade de 1888 está para sempre ligada com a "doutrina" da segunda vinda. Doutra forma é impossível compreender o "atraso." Ellen White disse, há quase um século: "O grande derramamento do Espírito de Deus, o qual ilumina a Terra toda com a sua glória, não há de ter lugar enquanto não tivermos um povo esclarecido."5 Foi na mensagem de 1888 que o Senhor enviou o "esclarecimento," e apelou a Sua futura noiva para "crescer." Esta mensagem foi divinamente destinada a amenizar a dor para sempre do nosso grande desapontamento de 1844. A mensagem foi enviada dos céus especificamente para preparar um povo para a segunda vinda. 1844 foi o nosso grande desapontamento, mas 1888 foi o dEle.
Mas há boas novas. O grande sacrifício de Cristo na Sua cruz e Seu ministério sacerdotal não vai, no final ser uma tentativa infrutífera, pois "um povo esclarecido" certamente vai entender como e por que eles adiaram Seu retorno, e irá responder ao Seu apelo de arrependimento.
Não será arrogância nossa falar sobre a segunda vinda e não dar ouvidos à mensagem que foi planejada para nos preparar para isso?


- Paul E. Penno


Notas (a 2ª é do tradutor):


[1] Daniel 9:24-27; O Desejado de Todas as Nações, pág. 32.
2) Empatia, s.f .= “projeção da própria personalidade dentro da personalidade de outro, a fim de entende-lo melhor; identificação intelectual de alguém com outra pessoa” (Dicionário Webster ); “apreciação emocional dos sentimentos de outro(s), < Grego Em (dentro) + pathos (sentimento) + ia” (Caldas Aulete).

[3] Ellen G. White, "Um Chamado para arrependimento," Review and Herald, de 15 de dez. de 1904.
E o Pr. Roberto Wieland, em seu devocional, com o título "Pão Espiritual Diário," de 14 de dezembro de 2002, nos diz:
"Jesus dá especial atenção à Sua mensagem dos últimos dias para os pastores do Seu rebanho em Laodicéia, mas ele diz algo estranho em Apoc. 3:20. Ele prende a nossa atenção - 'Eis que Eu estou à porta, e bato.' Ele está citando o Velho Testamento, mas não do texto hebraico. Ele decide usar a tradução grega. E é aí que reside uma profunda revelação.
"Jesus citou Sua Bíblia do Antigo Testamento a partir do livro Cântico dos Cânticos, capítulo 5, versículo 2. A tradução do grego antigo (conhecida como Septuaginta, LXX) tem três pequenas palavras que não estão no versão hebraica - 'à porta' (epi ten thuran, no grego). E por que essa escolha minúscula mas arquitetônica da parte deste Autor divino? Por que Ele cita a versão grega? Jesus revela-Se aqui como o amante desapontado que acaba de vi de Seu safári à Sua amada. É noite, está frio, chove, Ele está com fome, Ele está solitário, Ele a quer. Mas, aparentemente, ela não O quer. Ele está machucado (*desapontado).
"Do lado de fora, no frio, Ele diz que continua batendo, batendo 'na porta.' O objeto de Seu amor acabou de ir para a cama, está nesse ambiente de penumbra entre a vigília e o sono. Em seguida, ela O ouve. (Você não conseguirá entender isto, a menos que você  tenha vivido em uma cabana de barro com piso de esterco de vaca!) Ela está irritada, por que é que Ele a incomoda a essa hora? Ela não quer sujar seus pés naquele chão - ela está confortável na cama. Finalmente, no entanto, ela para de pensar em sua própria preguiça egoística, e pensa nEle lá fora. Tardiamente ela se levanta para ir até à porta para deixá-Lo entrar. E eis que Ele Se foi. Ele Se cansou de esperar, esperar. (Sim, há evidência de que Jesus e os anjos ficam cansados de esperar).
"Centenas de anos atrás, alguns pensativos estudiosos na Europa discerniram que a mensagem a Laodicéia está ligada ao livro 'Cântico dos Cânticos.' Será que de alguma forma isto nos iludiu? Esta é uma história de amor! Ela nos leva a Apocalípse capítulo 9, versos 7 a 9, onde o longamente desapontado Noivo fica perplexo sobre o que fazer com a sua negligente futura esposa. Ele não pode forçá-la a se casar com Ele. O próximo passo é dela." 

[4] Comentário Bíblico Adventista, vol 7, pág. 986, 

[5] Ellen G. White,"Por que o Senhor espera," Review and Herald, de 21 de julho de 1896, e Serviço Cristão, pág. 253.

]Nota: "Esta introspecção" e o vídeo da lição 2 deste trimestre, do Pastor Paulo E. Penno, estão na Internet em: http://1888mpm.org




Paulo Penno é pastor evangelista da igreja adventista na cidade de Hayward, na Califórnia, EUA, da Associação Norte Californiana da IASD, localizada no endereço 26400, Gading Road, Hayward, Telefone: 001 XX (510) 782-3422. Ele foi ordenado ao ministério há 38 anos. Após o curso de teologia ele fez mestrado na Universidade de Andrews. Recentemente ele preparou uma extensiva antologia dos escritos de Alonzo T. Jones e Ellet J. Waggoner, a qual está incluída na Compreensiva Pesquisa dos Escritos de Ellen G. White. Recentemente também ele escreveu o livro “O Calvário no Sinai: A Lei e os Concertos na História da Igreja Adventista do 7º Dia,” e, ao longo dos anos, escreveu muitos artigos sobre vários conceitos da mensagem de 1888. O pai dele, Paul Penno foi também pastor da igreja adventista, assim nós usualmente escrevemos seu nome: Paul E. Penno Junior. Você pode vê-lo, no You Tube, semanalmente, explanando a lição da semana seguinte na igreja adventista de Hayward, na Califórnia, em http://www.youtube.com/user/88denver99
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