sexta-feira, 1 de agosto de 2014

Lição 5 - Como ser salvo, por Roberto Wieland




Para 26 de julho a 2 de agosto de 2014
  
A lição desta semana ensina que há "passos simples e práticos para a salvação" (Última frase da parte de sábado à tarde. O Original da lição em inglês tem a mais a palavra "necessários" (“needed,” pág. 38). Em outras palavras: "como ser salvo." No entanto, a Bíblia e a mensagem de 1888 ensinam que Cristo salvou o mundo. "É um fato, claramente afirmado na Bíblia, que o dom da justiça e vida em Cristo veio para todos os homens na terra. ... Você pergunta ‘—o que então pode impedir que todos os homens sejam salvos?’ A resposta é: Nada, exceto o fato de que todos os homens não guardarão a fé. Se todos retivessem tudo o que Deus lhes dá, todos seriam salvos."1  
Ao longo da história está gravado profundamente no pensamento humano que a salvação é dependente de iniciativa humana. Nada acontece até que como o filho pródigo, digamos: "Eu me levantarei e irei. ..." Mas,  Jesus ensinou que a salvação do filho pródigo foi devido a sua iniciativa pessoal? Se sim na eternidade, ele vai poder se vangloriar: "—Eu estou aqui porque eu voltei para casa" ?  Ou ele vai agradecer a Deus pelo amor de seu pai, que falou da esperança em seu coração, mesmo quando ele estava sentado no chiqueiro? Foi a sua própria iniciativa que o levou a "levantar-se e ir" ou foi o quadro daquele amor paternal?
Parece que o ensino de Jesus foi claro que "Eu, quando for levantado da terra, todos atrairei a Mim" (João 12:32). Cristo não ensinou que aqueles que finalmente se salvarão serão aqueles que estão sob seu próprio poder de iniciativa.
A vida eterna é prometida a todos os que "creem" em Jesus: "Se alguém guardar a Minha palavra, nunca verá a morte", Ele disse (João 8:51). "Quem ouve a Minha palavra, e crê nAquele que Me enviou tem a vida eterna" (5:24). Mas, o que significa "crer" nEle?
A Bíblia nos adverte de uma colossal falsificação do "crer" nestes últimos dias (por exemplo: Mateus 24:23, 24,). O crer genuíno tem a ver com a dádiva do Pai do Seu Filho ao mundo ("Deus amou o mundo de tal maneira que deu ...", João 3:16). Ele deu, não lhe emprestou. Isso significa uma dádiva total e uma eternidade em sua duração. Isso nos leva a uma apreciação de Sua morte por nós, porque a única maneira pela qual podemos "crer" é por vê-Lo "levantado" “como Moisés levantou a serpente [em um poste] no deserto, para que todo aquele que nEle crê não pereça, mas tenha a vida eterna" (vs. 14 e 15). Isso nos direciona para o tipo de morte que Jesus morreu — em uma cruz  (*“—Eu, quando for levantado da terra, todos atrairei a mim. E dizia isto, significando de que morte havia de morrer") (12:32 e 33).
Portanto, "crer" em Jesus significa uma apreciação de coração pela dádiva do Pai ao dar Seu Filho, e Ele, Cristo, dando-Se a Si mesmo ao morrer por nós a nossa "segunda morte" (cf. Heb. 2:9, Apoc. 2:11). Tal "crer" transforma o crente. É um verdadeiro novo nascimento, porque o amor de si mesmo é "crucificado com Cristo" (Gál. 2:20). Há um poço de "rios de água viva" surgindo de dentro das profundezas do coração de cada verdadeiro "crente" nEle (João 7:37 e 38). Isso é o que significa crer em Jesus! Você é um canal através do qual a "água da vida" flui para as pessoas sedentas (*cf. João 4:10 a 14).
O amor é o único caminho
O nosso problema de grande importância é como alcançar o amor ativo e poderoso (*da igreja) como um corpo, de modo que todos os recursos e coesão da igreja possam ser perfeitamente utilizados para demonstrar isso ao mundo. A verdade deve ser o veículo, porque só a verdade pode penetrar nos recessos secretos do coração humano. O Senhor tem em reserva um meio de motivação que será verdadeiramente eficaz. Não haverá necessidade de discurso pomposo ou violento para o povo de Deus responder, não há necessidade de fornecer estimulação artificial para induzi-los a se esforçar, mais do que os apóstolos precisaram no começo (*da era cristã). Algo aconteceu no dia de Pentecostes que supriu a igreja primitiva com uma motivação verdadeiramente fenomenal.
Essa motivação foi fornecida por uma experiência de completo arrependimento, uma doutrina que permeia tanto o Antigo quanto o Novo Testamentos. Um conceito vago, indistinto de arrependimento pode resultar apenas em um estado de mornidão. Como o remédio que deve ser tomado em uma quantidade suficiente para fornecer uma concentração adequada na corrente sanguínea, o arrependimento bíblico deve ser completo e exaustivo, ou um amor verdadeiramente cristão nunca poderá operar de forma eficaz na igreja. Este é o tipo de arrependimento que Cristo exige de Laodicéia.
O "fim" poderia ter vindo muitas décadas atrás, se o "anjo da igreja que está em Laodicéia" (*Apoc. 3:14) estivesse disposto a receber a mensagem do Senhor, quando Ele diz: "Eu repreendo e castigo a todos quantos amo: sê pois zeloso, e arrepende-te" (vs.19). Nós ainda estamos neste mundo de confusão e rebelião, lutando ainda com os maus espíritos e constantemente lutando com agravamento dos problemas, por uma razão simples: nós nunca realmente fizemos o que o nosso Senhor nos disse para fazer.
Arrependimento é tristeza pelo pecado e afastamento do mesmo. Mas se a nossa visão do pecado é superficial, nosso arrependimento será igualmente superficial. A não ser que realmente entendamos a profundidade do nosso pecado, apenas um arrependimento superficial torna-se possível; e é isso que produz sempre novas gerações de membros mornos na igreja.
A grande final da obra do Espírito Santo será uma obra de extraordinária beleza e simplicidade, como Ellen G. White descreveu: "Os que aguardam a vinda do Esposo devem dizer ao povo: 'Eis aqui está o vosso Deus.’ Os últimos raios de luz misericordiosa, a última mensagem de graça a ser dada ao mundo, é uma revelação do caráter do amor divino. Os filhos de Deus devem manifestar Sua glória. (*Revelarão em sua vida e caráter o que a graça de Deus por eles tem feito. A luz do Sol da Justiça deve irradiar em boas obras — em palavras de verdade e atos de santidade)"2
Uma vez que este amor cristão venha a permear a igreja como um corpo, a mensagem realmente iluminará a terra em um tempo incrivelmente curto. A natureza humana é a mesma em todo o mundo. Raspe a superfície entre todas as nações, raças ou tribos, e você encontrará, no fundo, a mesma fome humana pela verdade. O amor de Cristo manifestado em carne humana é a linguagem universal que evocará uma resposta em todos os lugares.
Quanto mais perto chegamos do que a Bíblia chama de "o fim do mundo" (Mat. 24:3), mais íntimo se tornará o povo de Deus com Jesus Cristo, o Filho de Deus. Seu conhecimento será como o de um casal que se encontra, se conhece um pouco, em seguida se apaixonam, ficam noivos e, finalmente, se casam; nenhuma mulher na terra vai se tornar a "noiva de Cristo", mas há um corpo de pessoas conhecidas como "igreja", que vai "se aprontar" para este notável "casamento" (cf. Apoc. 19:7, 8; Efé. 5:23-27).
A "mudança de paradigma" na compreensão é um termo suave para descrever a revolução que ocorrerá na experiência espiritual do povo de Deus ao eles se aproximarem do tempo quando Cristo encerrar Seu ministério sumo sacerdotal no Santíssimo do Santuário celestial. O grande Dia antitípico da Expiação será uma reconciliação com Ele, que só pode ser descrita como uma noiva finalmente rendendo-se alegremente a seu longamente amado noivo, mas nunca até então "conhecido" como tal.
Essa tremenda convulsão espiritual será uma nova motivação suplantando o nosso velho egocentrismo. Nós sempre respondemos ao desejo de ser salvos — uma forma muito saudável, de fato; mil vezes melhor do que a aquisição de riqueza material. Mas, ainda assim, é o desejo de uma recompensa; nós temos cantado: “Na coroa preciosas estrelas terei”3 e temos amplamente ensinado que "garantir a nossa própria salvação é o mais alto dever de vida". Mais uma vez, maravilhosamente verdadeiro; mas ainda assim infantil.
No encerramento do Dia da Expiação, que começou em 1844, uma nova motivação prevalece: a preocupação com Cristo, que Ele receba sua recompensa, para que Ele seja coroado Rei dos reis e Senhor dos senhores; nossa preocupação com Ele eclipsa aquela velha preocupação egocêntrica.
 (*O amor de si mesmo é a fonte das nossas tentativas legalísticas para nos salvarmos, motivadas pelo medo do inferno e a esperança de recompensa da vida eterna. Mas Satanás inventou o amor de si mesmo, que nada mais é que o paganismo. Mas a verdadeira superior motivação do cristão é o vivo desejo de honrar e vindicar a Cristo, para que Ele receba Seu galardão afinal).
Esta não será a justiça pelas obras; será um novo capítulo na justificação pela fé. Enfim, "O perfeito ágape lança fora o medo" (1ª João 4:18). Uma nova apreciação vinda do fundo do coração pelo que custou ao Filho de Deus morrer por nós ainda será apreendida.
Esta será a nossa comunicação com o mundo de "Cristo e este crucificado" como o mundo nunca antes ouviu falar disto em tal clareza desde o Pentecostes.

Robert J. Wieland
A partir dos seus escritos.

Notas (a 3ª é do tradutor):
[1] Ellet J. Waggoner, Waggoner sobre Romanos, págs. 101 e 69.
[2] Parábolas de Jesus, pags. 415, 416.
3) “Na coroa preciosas estrelas terei, quando o sol não aqui mais raiar? quando Deus me levar para o reino dos céus, na coroa estrelas terei,” Hino 435 do “Hinário Adventista,” antigamente era o hino 394 no “Cantai ao Senhor”; temos vivido na expectativa de trocar "a cruz por uma coroa," (“Hinário Adventista,”  final do coro do hino 211). Há também um corinho que as professoras ensinam aos infantis: “Eu terei coroa quando for ao céu ... que prazer será.” E ainda outro: “minha glória será Receber a coroa a brilhar.”

O irmão Roberto J. Wieland foi um pastor adventista, a vida inteira, missionário na África, em Nairobe e Kenia. É autor de inúmeros livros. Foi consultor editorial adventista do Sétimo Dia para a África. Ele deu sua vida por Cristo na África. Desde que foi jubilado, até sua morte, em julho de 2011, aos 95 anos, viveu na Califórnia, EUA, onde ainda era atuante na sua igreja local. Ele é autor de dezenas de livros. Em 1950 ele e o pastor Donald K. Short, também missionário na África, em uma das férias deles nos Estados Unidos, fizeram dois pedidos à Conferência Geral: 1º) que fossem publicadas todas as matérias de Ellen G. White sobre 1888, e 2º) que fosse publicada uma antologia dos escritos de Waggoner e Jones. Eles e sua mensagem receberam mais de 200 recomendações de Ellen G. White. 38 anos depois, em 1988, a Conferência Geral atendeu o primeiro pedido, o que resultou na publicação de 4 volumes com um total de 1821 páginas tamanho A4, com o título Materiais de Ellen G. White sobre 1888. Quanto ao segundo pedido até hoje não foi o mesmo ainda atendido.

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