Para 26 de
julho a 2 de agosto de 2014
A lição desta semana ensina que há "passos simples e práticos para
a salvação" (Última frase da parte de sábado à tarde. O Original da lição
em inglês tem a mais a palavra "necessários" (“needed,” pág. 38). Em outras palavras: "como ser salvo."
No entanto, a Bíblia e a mensagem de 1888 ensinam que Cristo salvou o mundo.
"É um fato, claramente afirmado na Bíblia, que o dom da justiça e vida em
Cristo veio para todos os homens na terra. ... Você pergunta ‘—o que então pode
impedir que todos os homens sejam salvos?’ A resposta é: Nada, exceto o fato de
que todos os homens não guardarão a fé. Se todos retivessem tudo o que Deus lhes
dá, todos seriam salvos."1
Ao longo da história está gravado profundamente no pensamento humano que
a salvação é dependente de iniciativa humana. Nada acontece até que como o filho
pródigo, digamos: "Eu me levantarei
e irei. ..." Mas, Jesus ensinou
que a salvação do filho pródigo foi devido a sua iniciativa pessoal? Se sim na
eternidade, ele vai poder se vangloriar: "—Eu estou aqui porque eu voltei
para casa" ? Ou ele vai agradecer a
Deus pelo amor de seu pai, que falou da esperança em seu coração, mesmo quando
ele estava sentado no chiqueiro? Foi a sua própria iniciativa que o levou a
"levantar-se e ir" ou foi o quadro daquele amor paternal?
Parece que o ensino de Jesus foi claro que "Eu, quando for levantado da terra, todos atrairei a Mim" (João
12:32). Cristo não ensinou que aqueles que finalmente se salvarão serão aqueles
que estão sob seu próprio poder de iniciativa.
A vida eterna é prometida a todos os que "creem" em Jesus: "Se alguém guardar a Minha palavra,
nunca verá a morte", Ele disse (João 8:51). "Quem ouve a Minha palavra, e crê nAquele que Me enviou tem a vida
eterna" (5:24). Mas, o que significa "crer" nEle?
A Bíblia nos adverte de uma colossal falsificação do "crer"
nestes últimos dias (por exemplo: Mateus 24:23, 24,). O crer genuíno tem a ver
com a dádiva do Pai do Seu Filho ao mundo ("Deus
amou o mundo de tal maneira que deu ...", João 3:16). Ele deu, não lhe emprestou. Isso significa uma dádiva total e uma eternidade em sua
duração. Isso nos leva a uma apreciação de Sua morte por nós, porque a única
maneira pela qual podemos "crer" é por vê-Lo "levantado" “como Moisés levantou a serpente [em um poste] no deserto, para que todo aquele que nEle crê não pereça, mas tenha a
vida eterna" (vs. 14 e 15). Isso nos direciona para o tipo de morte
que Jesus morreu — em uma cruz (*“—Eu, quando for levantado da terra, todos
atrairei a mim. E dizia isto,
significando de que morte havia de morrer") (12:32 e 33).
Portanto, "crer" em Jesus significa uma apreciação de coração pela
dádiva do Pai ao dar Seu Filho, e Ele, Cristo, dando-Se a Si mesmo ao morrer
por nós a nossa "segunda morte"
(cf. Heb. 2:9, Apoc. 2:11). Tal "crer" transforma o crente. É um
verdadeiro novo nascimento, porque o amor de si mesmo é "crucificado com Cristo" (Gál. 2:20). Há um poço de "rios de água viva" surgindo
de dentro das profundezas do coração de cada verdadeiro "crente" nEle
(João 7:37 e 38). Isso é o que significa crer em Jesus! Você é um canal através
do qual a "água da vida"
flui para as pessoas sedentas (*cf. João 4:10 a 14).
O amor é o único caminho
O nosso
problema de grande importância é como alcançar o amor ativo e poderoso (*da
igreja) como um corpo, de modo que
todos os recursos e coesão da igreja possam ser perfeitamente utilizados para
demonstrar isso ao mundo. A verdade deve ser o veículo, porque só a verdade
pode penetrar nos recessos secretos do coração humano. O Senhor tem em reserva
um meio de motivação que será verdadeiramente eficaz. Não haverá necessidade de
discurso pomposo ou violento para o povo de Deus responder, não há necessidade
de fornecer estimulação artificial para induzi-los a se esforçar, mais do que
os apóstolos precisaram no começo (*da era cristã). Algo aconteceu no dia de
Pentecostes que supriu a igreja primitiva com uma motivação verdadeiramente
fenomenal.
Essa motivação foi fornecida por uma experiência de completo
arrependimento, uma doutrina que permeia tanto o Antigo quanto o Novo
Testamentos. Um conceito vago, indistinto de arrependimento pode resultar
apenas em um estado de mornidão. Como o remédio que deve ser tomado em uma
quantidade suficiente para fornecer uma concentração adequada na corrente
sanguínea, o arrependimento bíblico deve ser completo e exaustivo, ou um amor
verdadeiramente cristão nunca poderá operar de forma eficaz na igreja. Este é o
tipo de arrependimento que Cristo exige de Laodicéia.
O "fim" poderia ter vindo muitas décadas atrás, se o "anjo da igreja que está em
Laodicéia" (*Apoc. 3:14) estivesse disposto a receber a mensagem do
Senhor, quando Ele diz: "Eu
repreendo e castigo a todos quantos amo: sê pois zeloso, e arrepende-te" (vs.19).
Nós ainda estamos neste mundo de confusão e rebelião, lutando ainda com os maus
espíritos e constantemente lutando com agravamento dos problemas, por uma razão
simples: nós nunca realmente fizemos o que o nosso Senhor nos disse para fazer.
Arrependimento é tristeza pelo pecado e afastamento do mesmo. Mas se a
nossa visão do pecado é superficial, nosso arrependimento será igualmente
superficial. A não ser que realmente entendamos a profundidade do nosso pecado,
apenas um arrependimento superficial torna-se possível; e é isso que produz
sempre novas gerações de membros mornos na igreja.
A grande final da obra do Espírito Santo será uma obra de extraordinária
beleza e simplicidade, como Ellen G. White descreveu: "Os que aguardam a
vinda do Esposo devem dizer ao povo: 'Eis aqui está o vosso Deus.’ Os últimos
raios de luz misericordiosa, a última mensagem de graça a ser dada ao mundo, é
uma revelação do caráter do amor divino. Os filhos de Deus devem manifestar Sua
glória. (*Revelarão em sua vida e caráter o que a graça de Deus por eles tem
feito. A luz do Sol da Justiça deve irradiar em boas obras — em palavras de
verdade e atos de santidade)"2
Uma vez que este amor cristão venha a permear a igreja como um corpo, a
mensagem realmente iluminará a terra em um tempo incrivelmente curto. A
natureza humana é a mesma em todo o mundo. Raspe a superfície entre todas as
nações, raças ou tribos, e você encontrará, no fundo, a mesma fome humana pela
verdade. O amor de Cristo manifestado em carne humana é a linguagem universal
que evocará uma resposta em todos os lugares.
Quanto mais perto chegamos do que a Bíblia chama de "o fim do mundo" (Mat. 24:3), mais íntimo se tornará o
povo de Deus com Jesus Cristo, o Filho de Deus. Seu conhecimento será como o de
um casal que se encontra, se conhece um pouco, em seguida se apaixonam, ficam noivos
e, finalmente, se casam; nenhuma mulher na terra vai se tornar a "noiva de
Cristo", mas há um corpo de pessoas conhecidas como "igreja",
que vai "se aprontar" para este notável "casamento" (cf. Apoc.
19:7, 8; Efé. 5:23-27).
A "mudança de paradigma" na compreensão é um termo suave para
descrever a revolução que ocorrerá na experiência espiritual do povo de Deus ao
eles se aproximarem do tempo quando Cristo encerrar Seu ministério sumo sacerdotal
no Santíssimo do Santuário celestial. O grande Dia antitípico da Expiação será
uma reconciliação com Ele, que só pode ser descrita como uma noiva finalmente rendendo-se
alegremente a seu longamente amado noivo,
mas nunca até então "conhecido"
como tal.
Essa tremenda convulsão espiritual será uma nova motivação suplantando o
nosso velho egocentrismo. Nós sempre respondemos ao desejo de ser salvos — uma
forma muito saudável, de fato; mil vezes melhor do que a aquisição de riqueza material.
Mas, ainda assim, é o desejo de uma recompensa; nós temos cantado: “Na coroa preciosas estrelas terei”3 e temos
amplamente ensinado que "garantir a nossa própria salvação é o mais alto
dever de vida". Mais uma vez, maravilhosamente verdadeiro; mas ainda assim
infantil.
No encerramento do Dia da Expiação, que começou em 1844, uma nova
motivação prevalece: a preocupação com Cristo, que Ele receba sua recompensa,
para que Ele seja coroado Rei dos reis e Senhor dos senhores; nossa preocupação
com Ele
eclipsa aquela velha preocupação egocêntrica.
(*O amor de
si mesmo é a fonte das nossas tentativas legalísticas para nos salvarmos,
motivadas pelo medo do inferno e a esperança de recompensa da vida eterna. Mas Satanás
inventou o amor de si mesmo, que nada mais é que o paganismo. Mas a verdadeira superior
motivação
do cristão é o vivo desejo de honrar e vindicar
a Cristo,
para que Ele receba Seu galardão afinal).
Esta não será a justiça pelas obras; será um novo capítulo na
justificação pela fé. Enfim, "O
perfeito ágape lança fora o medo" (1ª João 4:18). Uma
nova apreciação vinda do fundo do coração pelo que custou ao Filho de Deus
morrer por nós ainda será apreendida.
Esta será a nossa comunicação com o mundo de "Cristo e este
crucificado" como o mundo nunca antes ouviu falar disto em tal clareza
desde o Pentecostes.
Robert J. Wieland
A partir dos seus escritos.
Notas (a 3ª é do tradutor):
[1] Ellet J. Waggoner, Waggoner sobre Romanos, págs. 101 e 69.
[2] Parábolas de Jesus, pags. 415, 416.
3) “Na coroa preciosas estrelas
terei, quando o sol não aqui mais raiar? quando Deus me levar para o reino dos
céus, na coroa estrelas terei,” Hino 435 do “Hinário Adventista,” antigamente era o hino 394 no “Cantai ao Senhor”; temos vivido na
expectativa de trocar "a cruz por
uma coroa," (“Hinário
Adventista,” final do coro do hino
211). Há também um corinho que as professoras ensinam aos infantis: “Eu terei coroa quando for ao céu ... que
prazer será.” E
ainda outro: “minha glória será Receber a coroa a brilhar.”
O irmão
Roberto J. Wieland foi um pastor adventista, a vida inteira, missionário na
África, em Nairobe e Kenia. É autor de inúmeros livros. Foi consultor editorial
adventista do Sétimo Dia para a África. Ele deu sua vida por Cristo na África. Desde
que foi jubilado, até sua morte, em julho de 2011, aos 95 anos, viveu na
Califórnia, EUA, onde ainda era atuante na sua igreja local. Ele é autor de
dezenas de livros. Em 1950 ele e o
pastor Donald K. Short, também missionário na África, em uma das férias deles
nos Estados Unidos, fizeram dois pedidos à Conferência Geral: 1º) que
fossem publicadas todas as matérias de Ellen G. White sobre 1888, e 2º) que fosse publicada uma antologia dos escritos de
Waggoner e Jones. Eles e sua mensagem receberam mais de 200 recomendações de
Ellen G. White. 38 anos depois, em 1988, a Conferência
Geral atendeu o primeiro pedido, o que resultou na publicação de 4 volumes
com um total de 1821 páginas tamanho A4, com o título Materiais de Ellen G. White sobre 1888. Quanto ao segundo pedido
até hoje não foi o mesmo ainda atendido.
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