Para 24 a 31 de janeiro de 2015
Como a justiça
livra da morte? O tema da mensagem de 1888 é: “O Senhor, justiça nossa”. Lemos
sobre esta bênção em Provérbios: “Tesouros
da impiedade de nada aproveitam, mas a justiça livra da morte” (Prov. 10:
2).
O que se segue
é a ideia de 1888. A justiça é consistente com a purificação do santuário. Os
livros do Céu são meros reflexos fiéis de nossos corações. A nossa
“purificação” no santuário celeste não pode ser feita até que primeiro os
nossos corações aqui embaixo sejam purificados.1 Isto é claramente estabelecido nos livros de
Jones e Waggoner, The Consacrated Way
[O Caminho Consagrado] e Christ and His
Righteousness (Cristo e Sua Justiça], respectivamente. A santificação não é
a obra da purificação; de acordo com a mensagem de 1888, a purificação é
realizada por meio da verdadeira justificação pela fé.2
Justificação
pela fé é algo experiencial, não apenas algo que satisfaz a lei. Ellen White
não diz apenas que as boas obras seguem a justificação pela fé; ela diz: “Deus
requer a completa entrega do coração, antes que a justificação possa ter lugar.”2 Apesar de
uma justificativa legal ter sido dado pela “culpa de todo o mundo”, aqueles que
creem experimentam uma libertação do pecado “através
da fé”, não seguindo-se à fé.
“Tendo-nos feitos justos através da justiça imputada de Cristo, Deus nos
pronuncia justos.”3
Por meio da fé
“o pecador percebe o que o amor redentor de Cristo significa”, e é isso que
“reconciliação” significa. Na justificação pela fé, “o coração do pecador” é alcançado. É impossível crer enquanto
continuando no pecado; portanto, crer verdadeiramente é de fato a cessação do
pecado. A fé é uma apreciação de coração, da justiça de Cristo, e, nesse
sentido, a fé é “contada por justiça”
(Rom. 4: 3-5).
Como a boca de
um homem justo é uma fonte da vida? “A
boca do justo é manancial de vida, mas a violência cobre a boca dos ímpios” (Prov.
10:11). Isto é o que Jesus citou quando “no
último dia, o grande dia da festa [dos tabernáculos], Ele levantou-Se e clamou, dizendo: ... ‘Aquele que crê em Mim, como diz a Escritura, do seu interior
[coração] fluirão rios de água viva’
(João 7: 37, 38). Você poderia encontrar em qualquer parte definição mais
emocionante do que significa “crer” em Jesus? O “aquele que crê” é você! Está
esse “rio de água viva” fluindo para
fora a partir do seu coração e boca ante todos os que encontra? Você tem uma
palavra de boas novas da verdade para todos? “Vive” ela em você?
Como a
expiação de Deus lida com nossos pecados? “A
ira excita contendas; mas o amor cobre todas as transgressões” (Prov.
10:12). Nossa raiva está constantemente arranjando briga com Deus, mas Seu amor
supera o nosso pecado. A mensagem de 1888 aponta à maneira de como o Ágape de Deus efetua a reconciliação com
os nossos corações alienados.
É na cruz que
Ele Se identifica plenamente com você. Lá, Ele sofreu a depressão culminante. A
escuridão que envolvia a cruz foi o véu misericordioso de Deus de Sua agonia
facial ante o escárnio e ridicularia de demônios humanos. Mas a escuridão
também envolveu a Sua alma. Ele estava aterrorizado com a segunda morte que
enfrentava. “Por que me abandonaste?”
foi o Seu grito desesperado. E Ele esperou na escuridão pela resposta.
Jesus não nos
diz para fazer o que fez; Ele apenas diz-nos para crer no que Ele fez, ou seja,
apreciar o fato. E o que Ele fez? Construiu uma ponte sobre a escuridão total
de desespero, uma ponte sobre o abismo da perdição humana, uma ponte que
chamamos de “expiação”. O Pai não reconciliou o Filho consigo mesmo; o Filho
reconciliou-Se com o Pai. Em todo esse horror Jesus escolhe acreditar nas boas
novas. Assim, “o amor [Ágape] nunca falha” (1ª Cor. 13: 8).
O seu
“trabalho” não é fazer isso ou aquilo, realizar obras quando está “sem força”,
mas o seu trabalho é “olhar” para Ele na cruz. Ali é o lugar onde Ele foi feito
“pecado por nós, Aquele que não conheceu
pecado,” tudo por nós; e ali é onde a graça muito mais abundante de Deus é
revelada (2ª Cor. 5: 13-21).
Muitos
perguntam: “O que é essa coisa chamada justiça? É uma palavra sobrecarregada;
está sobre a minha cabeça; me ajude”. “A
justiça dos retos os livrará, mas os transgressores serão tomados em suas
próprias cobiças”! (Prov. 11: 6).
O pecado fez
com que o mundo se tornasse “torto”, “ruim”, “errado”, “injusto”. A justiça é
fazer tudo direito novamente. O que tem causado todo esse mal é o pecado. A
justiça é, portanto, o oposto do pecado. Ela inverte o mal que o pecado tem
causado, desfaz o que o pecado operou, desembaraça o nó que o pecado tem
amarrado no universo de Deus, especialmente neste planeta.
A justificação
é o que realizou Aquele a quem a Bíblia chama de “o Salvador do mundo” (João 4:42). Desatou o nó, inverteu o mal,
trouxe o bom no lugar do mau, reconciliou inimigos tornando-os amigos de Deus,
fez tudo quanto era torto ficar em linha reta, e fez todo errado se tornar
direito.
O que é
justificação pela fé? É quando o nosso coração pecador, alienado, aprecia a
justificação que Ele realizou por nós; e isso é um coração e vida totalmente
mudados. Você agora é um novo você.
Existe uma
recompensa para viver a vida justa? Provérbios responde, Sim. “Os ímpios trabalham por um salário
ilusório; mas o que semeia justiça recebe galardão seguro” (Prov. 11:18.).
Sim, mas neste dia da expiação todo o desejo egoísta de recompensa é eliminado.
Paramos de pensar nos nossos pobres e pequenos seres e nos tornamos totalmente
focados numa recompensa para Jesus.
Sua obra final
de ministrar a expiação é o fruto prático de crer no evangelho. Significa
preparar-se para o encontro do Senhor quando Ele voltar, pronto para a
transladação. E a motivação não é autocentrada: não é para que possamos obter
uma recompensa, mas para que Ele possa ser “satisfeito” ao receber a Sua
recompensa. Se Ele retorna e descobre que não estamos prontos, imagine a Sua
decepção!
A boa notícia
que apresentamos é centrada nEle, porque a nossa maneira de viver, a maneira
como nos vestimos, o que fazemos com a nossa vida e os nossos talentos, e como
gastamos o nosso dinheiro, tudo é para a glória dAquele que morreu por nós e ressuscitou . Ele merece de
nós vidas de total consagração. Seu sacrifício nos livra da escravidão virtual
da obsessão mundana com o ego. Este mundo escuro merece ver um povo que não
teme ser diferente—para Sua honra e glória.
Mas é hora de
uma mudança de paradigma do pensamento: a questão não é o medo egocêntrico pela
nossa própria salvação (que em grande parte permeia a lição deste trimestre),
mas uma nova preocupação de que Cristo receba a Sua recompensa—não a de que
“vamos usar uma coroa na casa de nosso Pai”, mas que, finalmente, ele receba a
Sua Noiva.
-Paul E. Penno
Notas
finais (a primeira é do tradutor):
1)
“Deixando Cristo o santuário, as trevas cobrem os
habitantes da Terra. Naquele tempo terrível os justos devem viver à vista de um
Deus santo, sem intercessor” (O Grande
Conflito, pág. 614). Entretanto, naturalmente que continuarão a ter um
Salvador. É lógico que isto não se trata de legalismo, eis que
“Cristo vive” no crente, “não mais” ele (Gal. 2:20), além de estarem vivendo
pela fé em Cristo. “É Deus que nos dá poder para vencer” (Comentário Bíblico Adventista, vol. 7, pág. 943); “Aqueles que
somente através da fé em Cristo obedecem aos mandamentos de Deus alcançarão a
condição de impecabilidade na qual Adão viveu antes de sua transgressão” (MS
122, 1901; Comentário Bíblico Adventista,
vol. VI, pág. 1118). “A cada um que se render completamente a Deus, é dado o
privilégio de viver sem pecado” (Review and Herald, Sept. 27, 1906);
“É nosso privilégio ser ‘participantes da
natureza divina, havendo escapado da corrupção, que pela concupiscência há no
mundo.’ Então estamos purificados de todo pecado, todos defeitos de
caráter. Não temos que reter nenhuma propensão pecadora” (Review and Herald de 24 de Abril de 1900, e Comentário Bíblico Adventista, vol. 7, pág. 943), e Ellen G. White
citou, nesta ocasião, Efésios 2: 1-6; “Cristo morreu para tornar possível a
você viver sem pecado” (Testemunhos para
a Igreja, vol. 1, pág. 144); “Ser redimido significa cessar de pecar” (Review & Herald, 25 de Setembro de,
1900); “Os que estiverem vivendo sobre a Terra, quando a intercessão de Cristo
cessar no santuário celestial, deverão, sem mediador, estar em pé na presença
do Deus santo. Suas vestes devem estar imaculadas, o caráter liberto de pecado,
pelo sangue da aspersão. Mediante a graça de Deus e seu esforço diligente,
devem eles ser vencedores na batalha contra o mal” (O Grande Conflito, pág. 425); ver diversas outras citações do Espírito
de profecia no site: http://exaltandoaverdade.blogspot.com.br/2011/03/por-que-devemos-estudar-humanidade-de.html
2]
A oposição original para a mensagem de 1888 afirmava que a justificação pela fé
é meramente perdão por “pecados do passado”, como é o atual entendimento de
muitos adventistas do sétimo dia. Quando a justificação pela fé é entendida
como mero perdão pelos pecados do passado, de modo que a verdadeira mudança de
coração ocorre apenas em santificação, há uma inevitável recaída ao legalismo. Quando
Waggoner viu que “só existe uma coisa neste mundo de que um homem precisa, e
isso é justificação” (General Conference
Daily Bulletin [Boletim Diário da Conferência Geral de 1891], pág. 74, de 11
de março de 1891), ele não estava ecoando a doutrina da “nova teologia” de que
a justificação pela fé é apenas uma declaração legal, e que a obediência não é
necessária. Ele viu o glorioso poder da justificação pela fé, uma verdade que nos
levou mais de um século para entender.
3] Mensagens Escolhidas, vol. 1, pág. 366;
4] Idem, pág.
394.
Paulo Penno é
pastor evangelista da igreja adventista na cidade de Hayward, na Califórnia,
EUA, da Associação Norte Californiana da IASD, localizada no endereço 26400,
Gading Road, Hayward, Telefone: 001 XX (510) 782-3422. Ele foi ordenado ao
ministério há 38 anos. Após o curso de teologia ele fez mestrado na
Universidade de Andrews. Recentemente ele preparou uma extensiva antologia dos
escritos de Alonzo T. Jones e Ellet J. Waggoner, a qual está incluída na
Compreensiva Pesquisa dos Escritos de Ellen G. White. Recentemente também ele
escreveu o livro “O Calvário no Sinai: A Lei e os Concertos na História da
Igreja Adventista do 7º Dia,” e, ao longo dos anos, escreveu muitos artigos
sobre vários conceitos da mensagem de 1888. O pai dele, Paul Penno foi também
pastor da igreja adventista, assim nós usualmente escrevemos seu nome: Paul E.
Penno Junior. Você pode vê-lo, no You Tube, semanalmente, explanando a lição da
semana seguinte na igreja adventista de Hayward, na Califórnia, em http://www.youtube.com/user/88denver99
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