quarta-feira, 20 de maio de 2009

Lição 8 — Descanso

Bem desde o principio, a criação e o descanso de Deus foram inseparavelmente ligados. Sabemos que Deus, que criou todas as coisas, foi chamado Jesus e que todas coisas foram criadas por Ele, para Ele e por Ele, "e Ele é antes de todas coisas, e todas as coisas subsistem por Ele" (Col. 1:17). "Ele estava no princípio com Deus. Todas coisas foram feitas por Ele, e sem Ele nada foi feito se fez" (João 1:2, 3).

Este mesmo Jesus prometeu a Moisés e ao povo de Israel, "Irá a Minha presença contigo para te fazer descansar" (Ex. 33:14). Esta é a mesma promessa registrada em Mateus 11:28: "Vinde a Mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e Eu vos aliviarei” (*“Vos darei repouso”, KJV).

"Mas Deus sempre esteve e está presente em toda parte; por que então nem todas as pessoas têm descanso? Pela simples razão que, em geral, os homens não reconhecem Sua presença, nem mesmo Sua existência". ... Romanos 1:20 torna isso claro que é como Criador que Deus Se revela; o fato de que Ele cria O marca como o Deus auto-existente, e O distingue de todos os deuses falsos1.

"O nosso socorro está no nome do Senhor, que fez céu e terra" (Salmo 124:8). Agora, desde que descanso é achado só na presença de Deus, e Sua presença é, verdadeiramente, conhecida e apreciada somente pelas Suas obras, é evidente que o descanso prometido deve ser muito proximamente ligado com a criação2.

O descanso e a herança sempre são juntamente associados na promessa (Deut. 12:8-16). Eles sempre associaram-se porque são a mesma coisa. Nossa herança é descanso (3:18, 20). David corretamente amplia nosso entendimento em Salmo 16:5, 6: "O Senhor é a porção da minha herança e do meu cálice; Tu sustentas a minha sorte. As linhas3 caem-me em lugares deliciosos; sim, coube-me uma formosa herança". Ele é tanto nosso descanso como nossa herança; tendo-O, nós temos tudo. Ele é também "O SENHOR, JUSTIÇA NOSSA" (Jer. 23:6, 7; 33:16). O Senhor, nosso descanso do pecado.

Ainda com todo o poder do universo à sua disposição, o povo de Israel não entrou no descanso de Deus. Hebreus 4:1-11 expõe a história deles, e, o que fizeram, estamos em alto risco de o fazer também. “Vemos que não puderam entrar por causa da sua incredulidade”4. Eles não creram no evangelho que foi pregado a eles porque não associaram o que eles ouviram com a fé. Eles não acreditaram nele—eles não o aceitaram—eles não entraram no descanso de Deus.

Aqui vemos um paralelo com a nossa própria recente história em 1888. O Senhor, na Sua grande misericórdia trouxe uma mui clara apresentação do evangelho ao Seu povo5—Eles não aceitaram a mensagem—eles não creram nela. Como vimos, incredulidade previne a pessoa de entrar no descanso de Deus—exatamente como o antigo povo de Israel. É um princípio.

O fato de que eles "não puderam entrar por causa da sua incredulidade" mostra que teriam entrado (*no descanso, isto é, na terra prometida) se tivessem crido; e o fato de que aquele perfeito descanso estava pronto para eles, é demonstrado mais adiante pela declaração (*de que), "as obras estavam acabadas desde a fundação do mundo"6.

O descanso que é prometido é o descanso de Deus. “Este descanso incomparável é o que Deus deu ao homem no começo. "E tomou o Senhor Deus o homem e o pôs no jardim de Éden para o lavrar e o guardar" (Gen. 2:15). ‘Éden’ significa delícia, prazer; o jardim de Éden é o jardim de prazer; a palavra hebraica que neste lugar é traduzida como "pôs" é uma palavra que significa descanso; ... portanto Gênesis 2:15 pode ser assim traduzido: "E o Senhor Deus tomou o homem, e o fez repousar no jardim de prazer para o lavrar e o guardar"7.

Adão entrou no descanso, porque entrou na perfeita obra de Deus acabada. Ele foi a obra prima de Deus, criado em Cristo Jesus para as boas obras, as quais Deus preparou, para que andasse nelas, Efésios 2:10. "A obra de Deus é esta: que creiais" (João 6:29), e era unicamente pela fé que Adão podia gozar a obra de Deus e compartilhar Seu descanso; pois tão logo Adão descreu de Deus, acatando a palavra de Satanás, ele perdeu tudo. "Porque nós os que temos crido, entramos no repouso,” porque “Esta é a obra de Deus, que creiais". As duas declarações são idênticas em significado, porque a obra de Deus, que é nossa pela fé, é uma obra acabada (*completada), e, portanto, entrar nessa obra é entrar no descanso.

Deus fez a obra (*da criação da terra) e colocou Adão em posse dela, com instruções para guardá-la—isto ele fez enquanto manteve a fé.

É impossível para o homem guardar o sábado do Senhor sem fé porque o "justo viverá por fé". O descanso sabático é um descanso espiritual, de modo que descanso físico à parte de descanso espiritual não é guarda do sábado de modo algum. O descanso sabático é muito mais que uma soneca.

Mantenha isto em mente que, conquanto o dia de sábado seja o sétimo dia da semana, o descanso, que o dia de sábado traz à compreensão, é contínuo8. Quando Jesus clamou, "está consumado," anunciou que, pela Sua cruz podiam ser obtidas as perfeitas obras de Deus, que foram acabadas desde a fundação do mundo.

"E ouvi outra voz do céu dizendo, 'Sai dela, povo Meu’” (Apoc. 18:4); e "Vide a Mim,... e Eu vos aliviarei (Mat. 11:28) (*“e vos darei descanso," KJV e NVI). "Aqui estão os que entraram no descanso de Deus pela Sua fé—os que creram nEle quando disse, 'está consumado’" (paráfrase de Apoc. 14:12).

E no dia sétimo Jesus descansou de toda Sua obra.

Daniel Peters

Tradução e acréscimos, marcados com asteriscos, de João Soares da Silveira.

Notas 3, 4 e 5 são do tradutor:

1) Ellet J. Waggoner, O Concerto Eterno, capítulo 38, páginas 283 e 284;

2) Idem, pág. 284;

3) O termo hebraico para “linha” é Chabalim, “Trena (*fita métrica) usada para medição de terreno” (Comentário Bíblico, vol. 3 da série SDABC, pág. 665); Com ela as terras, na divisão, foram medidas

4) Hebreus 3:19. E no cap. 4, vs. 6 e 11, esta incredulidade sinônimo de desobediência. Leia o cap. 4: 1-11, indicado pelo pastor Daniel na frase anterior; “A falta de fé deles, demonstrada pela desobediência, tornou impossível que entrassem (*na terra prometida). ... O fracasso da parte de alguns cristãos para entrarem noprometido ‘descanso’ da alma (veja 4:11). Esta é a lição delineada pelo autor (*Paulo) da experiência do antigo Israel (Veja 4:1)” Comentário Bíblico, vol. 7 da série SDABC, pág. 416.

“A história do antigo Israel é um exemplo frisante da passada experiência dos adventistas. Deus guiou Seu povo no movimento adventista, assim como guiara os filhos de Israel ao saírem do Egito. No grande desapontamento fora provada a sua fé, como o foi a dos hebreus no Mar Vermelho. Houvessem ainda confiado na mão guiadora que com eles estivera em idos na obra em 1844, tivessem recebido a mensagem do terceiro anjo, proclamando-a no poder do Espírito Santo, o Senhor teria poderosamente operado por seus esforços. Caudais de luz ter-se-iam derramado sobre o mundo. Haveria anos que os habitantes da Terra teriam sido avisados, a obra final estaria consumada, e Cristo teria vindo para a redenção de Seu povo.

"Não foi a vontade de Deus que os filhos de Israel vagueassem durante quarenta anos no deserto: desejava Ele levá-los diretamente à terra de Canaã e ali os estabelecer como um povo santo, feliz. Mas "não puderam entrar por causa da sua incredulidade". Heb. 3:19. Por sua reincidência e apostasia, pereceram os impenitentes no deserto, e levantaram-se outros para entrarem na Terra Prometida. Semelhantemente, não era a vontade de Deus que a vinda de Cristo fosse tão demorada, e que Seu povo permanecesse tantos anos neste mundo de pecado e tristeza. A incredulidade, porém, os separou de Deus. Como se recusassem a fazer a obra que lhes havia designado, outros se levantaram para proclamar a mensagem. Usando de misericórdia para com o mundo, Jesus retarda a Sua vinda, para que pecadores possam ter oportunidade de ouvir a advertência, e encontrar nEle refúgio antes que a ira de Deus seja derramada.” O Grande Conflito, págs. 457 e 458.

Sobre a recepção da mensagem do terceiro anjo, que acima sublinhamos, é bom salientar que refere-se à rejeição da mensagem de 1888. “Várias pessoas me escreveram perguntando se a mensagem da justificação pela fé é a mensagem do terceiro anjo, e respondi-lhes: "É verdadeiramente a mensagem do terceiro anjo." Review and Herald, 1º de abril de 1890. Evangelismo, pág. 190, 7º §.

5) Veja Testemunhos Para Ministros, pág. 91 em diante: Em Sua grande misericórdia, enviou o Senhor uma mui preciosa mensagem a Seu povo por intermédio dos Pastores Waggoner e Jones. Esta mensagem devia pôr de maneira mais preeminente diante do mundo o Salvador crucificado, o sacrifício pelos pecados de todo o mundo. Apresentava a justificação pela fé no Fiador; convidava o povo para receber a justiça de Cristo, que se manifesta na obediência a todos os mandamentos de Deus. ...” Leia até o final do capítulo;

6) Ellet J. Waggoner, O Concerto Eterno, capítulo 40, pág. 305. Heb. 4:3, ú. p.

7) Idem, pág. 306;

8) Op. cit., capítulo 41, pág. 312;

Em inglês você pode ler os capítulos de O Concerto Eterno on-line:

O capítulo 38 - http://1888mpm.org/book/38-promises-israel-promised-rest-part-1-2;

O cap. 39 em http://1888mpm.org/book/39-promises-israel-promised-rest-part-2-2;

O capítulo 40, part-1-2 em http://1888mpm.org/book/40-promises-israel-another-day

O cap. 41 em http://1888mpm.org/book/41-promises-israel-another-day -part-2-2

(*Em breve teremos este livro, O Concerto Eterno, de Waggoner, um dos mensageiros de 1888, traduzido e impresso em português. Já estamos na fase final de tradução do mesmo. Mantenha contato conosco).