terça-feira, 5 de maio de 2009

O PECADO ORIGINAL

O primeiro ato de desobediência de Adão foi a causa de todos herdarmos a natureza pecaminosa que temos, pelo simples fato de ser ele o pai e cabeça da nossa raça. Ao ser vencido pelo inimigo transferiu Adão a ele o controle temporário deste mundo, e deveria morrer ato contínuo, juntamente com sua companheira por quem o pecado entrou no mundo.

Isto só não ocorreu porque houve Alguém que “havia sido morto desde a fundação do mundo.” A pulsação seguinte dos corações daqueles nossos primeiros ancestrais foi possível unicamente pelo poder redentor e restaurador de Cristo, que passou a ser o novo cabeça da raça humana, o 2º Adão e seu 2º Pai, a própria humanidade, que é o que, em verdade, o nome Adão significa1.

Ele interceptou as conseqüências do pecado (Gen. 3:15), dando a cada um, individualmente, uma nova oportunidade de decidir se serviria à lei de Deus ou à lei do egoísmo, a nova natureza que passamos a ter. Paulo entendeu este dilema—lhe competia escolher: crer no poder redentor do Messias ou rejeitá-Lo (Rom. Cap. 7).

Veja o artigo “O Que é o Pecado” postado antes deste, e que, na sequência deste blog, vem a seguir.

A primeira frase da lição de hoje, 05/05/09, diz: “Frequentemente os teólogos fazem diferença ente os atos pecaminosos que cometemos e a natureza pecaminosa que temos.” Nos parece que o nosso guia de estudos deveria firmar bem qual é a posição da nossa igreja concernente ao “Pecado Original”, mas pelo estudo da Bíblia, do Esp. de Profecia e da mensagem da justiça de Cristo, que nos foi outorgada em 1888, temos aprendido sobejamente que com o pecado de Adão herdamos a natureza pecaminosa, não a culpa dele. Eu não sou responsável pelo pecado de Adão, somente pelos meus. Pecado é escolha, não “estado.” Eu não peco porque sou descendente dele mas quando escolho repetir seu ato de rebelião.

O título de nossa lição de hoje, terça-feira, 05/05/09, é uma expressão cunhada por Santo Agostinho. Embora não adotemos todos os pontos de vista, nem a ênfase em alguns pontos dos irmãos Standish, o que eles dizem sobre o pecado original é esclarecedor. Está no livro Deceptions of the New Theology (Decepções da Nova Teologia), págs. 12 e seguintes:

“Agostinho (*não conseguia vencer o indomável libido e) repetidamente transgredia o 7º mandamento, tendo mesmo tido um filho ilegítimo, passando então a procurar uma desculpa para seu fracasso. Ele declarou que o homem é culpado não somente por seus próprios pecados mas, principalmente, culpado pelo próprio pecado de Adão. Assim o pecado era um status do ser humano, não dependente da profanação do decálogo.

“Foi devido a este conceito que Agostinho viu o homem retratado em Romanos 7: 24-27 como um homem completamente convertido. Diferente de anteriores entendimentos que viam o homem de Romanos 7 como um sincero indivíduo lutando e falhando na fraqueza humana, Agostinho o viu como salvo em um relacionamento com Deus. Ele ignorou o testemunho pleno de Paulo em relação a esta passagem:

“Porque bem sabemos que a lei é espiritual; mas eu sou carnal, vendido sob o pecado. Porque o que faço não o aprovo; pois o que quero isso não faço, mas o que aborreço isso faço” (vs. 14 e 15).

“De maneira que agora já não sou eu que faço isto, mas o pecado que habita em mim. Porque eu sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita bem algum; e com efeito o querer está em mim, mas não consigo realizar o bem” (vs. 17 e 18).

“Miserável homem que eu sou! quem me livrará do corpo desta morte?” (vs. 24).

ERROS DECORRENTES DO CONCEITO AGOSTINIANO:

A) “Agostinho entendeu que a carne e o espírito estavam em uma tensão cósmica. Ele nunca viu o triunfo do espírito sobre a carne. Ele não entendeu os fracassos legalísticos deste homem (*de Rom. 7), nem a completa vitória dele quando se rendeu ao amor e poder de Jesus Cristo.

“Dou graças a Deus por Jesus Cristo nosso Senhor. Assim que eu mesmo com o entendimento sirvo à lei de Deus, mas com a carne à lei do pecado” (vs. 25).

“Em verdade, em existente literatura, vemos que Agostinho foi o primeiro a ter proposto o conceito de que Romanos 7: 14 a 24 como descrevendo um cristão salvo. O tormento deste homem está em flagrante contraste com a paz e segurança dos filhos de Deus que é tão freqüente nas Escrituras.

B) Pág. 13: “O ponto de vista de Agostinho do pecado original criou um dilema quando ele considerou o Cristo encarnado. Se nós somos pecadores simplesmente porque nascemos, então isto nos levaria a conjeturar que Cristo, também, foi um pecador, pois Ele, também, nasceu como nós nascemos. Sem dúvida, este era um pensamento intolerável. A Bíblia plenamente descreve Cristo como ‘o Santo’ (Lucas 1:35), que haveria de nascer de Maria. Cristo nunca poderia ser descrito como pecador. Portanto Agostinho foi forçado a concluir, logicamente, que Cristo possuía uma natureza diferente da do homem. Assim ele pressupôs que Cristo possuía a natureza do homem não caído. Nisto ele ignorou a plena evidência contrária da Escritura” (Págs. 12 – 14). A inteira diferença entre Cristo e o homem não era uma mquestão de natureza mas de caráter. ... Isto nos leva e entender como Jesus é capaz de socorrer aos que são tentados, Hebreus 2:17, e porque Ele está desejoso de que ninguém se perca, mas que todos venham a se arrepender, 2ª Pedro 3: 9. Começamos a entender como Ele é capaz de salvar completamente todos que vêm a Deus através dEle, Hebreus 7: 25.” (pág. 56).

C) Voltando à pág. 14: “Considerando que Cristo declarou não ter pecado, isto levou a igreja Católica a esposar a blasfema doutrina da Imaculada Concepção, que foi completamente incorporada ao dogma da igreja no século XIX. Esta doutrina declara que Maria nasceu do Espírito Santo a fim de poder gerar um filho que possuísse uma natureza não caída. Assim passo a lógico passo, a falsa teologia de Agostinho levou à incorporação de numerosas doutrinas em desacordo como as Escrituras, recebendo aceitação da igreja Católica.

D) “Outro dilema surgiu. Cristo foi agora removido para longe do homem. Ao colocar a natureza de Cristo acima da nossa, foi difícil aceita-Lo como nosso Mediador, desde que, de acordo com a visão de Agostinho, Ele não foi tentado no mesmo modo que o homem caído foi tentado e testado. Também não poderia haver qualquer expectativa de que, mesmo no poder de Deus, os humanos pudessem ganhar vitória sobre o pecado. Certamente, se o homem tinha uma natureza inferior à de Cristo, como Agostinho postulava, não seria possível para o homem experimentar constante vitória sobre o pecado como Jesus teve quando na terra. A

E) dedução de Agostinho foi de que a vida sem pecado de Cristo foi conseguida porque Ele possuía uma grande vantagem sobre nós, desde que Ele possuía uma natureza não caída, enquanto os homens estavam amaldiçoados com uma natureza caída. Jesus deixou assim de ser verdadeiramente nosso Exemplo.

“Jesus, assim, não estava na posição de socorrer os que são tentados. A igreja foi compelida a propor outros mediadores além de Jesus, homens e mulheres que mais seguramente experimentaram e sofreram (e cederam a) iguais tentações que nós. Maria, mãe de Jesus, foi proclamada ser uma mediadora. Muitos santos foram criados pela igreja. Estes, também, vieram a ser reconhecidos como mediadores. Aos sacerdotes ... foi outorgado o papel de mediador ente Deus e o homem.

“Um passo de cada vez, a igreja, aceitando estes conceitos pagãos, foi forçada, por dedução lógica ,a adicionar erro a erro, a fim de apoiar as falsas premissas de Agostinho. Em breve tornou-se um ditado da igreja que o pecado original separa o homem da vida eterna. Pelo próprio ato de ser concebido, o homem estava condenado ao tormento eterno.

G) “Estas conclusões levaram a outra indagação. Como poderia a culpa do pecado original ser removida? A solução à qual os pais da igreja chegaram foi pelo ato do batismo. Então imediatamente surgiu a questão quanto ao destino eterno dos não batizados.

H) A resposta suprida foi aterrorizante. Eles estavam condenados ao eterno flamejante inferno.

Não é difícil imaginar o impacto de tal conceito sobre os pais de crianças que não tinham sido batizadas. A mortalidade infantil naquela época era altíssima. A angústia de pais cristãos sinceros daquela geração, imaginando que seus filhos eram atormentados em fogo eterno, não tem expectativa.

I) “A igreja rapidamente reconheceu que tinha que suprir uma solução para esta ansiedade. O limbo foi inventado. O Limbo certamente não era o céu, mas também não era o inferno. Era algum lugar intermediário

J) Mas mesmo esta visão não aplacou a angústia dos pais. Eles nunca mais veriam seus pequeninos novamente. Assim o sacramento do batismo infantil foi introduzido no dogma católico.

K) Há muitos relatos existentes de sacerdotes espargindo água sobre o abdômen de mães agonizantes, morrendo no parto, e, então, declarando confidencialmente que a ambos, mãe e filho, estava garantido o céu.

“Embora algumas das doutrinas de Agostinho tenham sido abandonadas por Tomás de Aquino e Abelardo, dois teólogos da Idade Média, a maioria dos conceitos teológicos estavam ainda profundamente enraizados na teologia católica quando da reforma protestante.” (idem págs. 15 e 16)

No Comentário Bíblico Adventista, vol. 9, pág. 608 nos é dito “A doutrina católica ensina que a Bendita Virgem Maria não só foi concebida imaculada, isto é, sem a mínima mancha do pecado original, mas era sem o menor pecado atual durante toda a sua vida. ... Ela não era somente sem pecado, original ou atual, mas ela era, também, em certo sentido incapaz de pecar devido a um privilégio especial” (SDABC, vol. 9. Livro de Pesquisa Bíblica dos Estudantes, pág. 608, apud “Impeccability and Predestination of Mary.

A doutrina da imaculada concepção da virgem Maria, em outras palavras nos diz que ela não teria o nosso DNA, a nossa natureza caída, a fim de poder transferir a Cristo uma natureza santa, estando pois, em certo sentido, separado dos homens, não sendo pois, “Deus Conosco”, no pleno sentido desta declaração do anjo. De onde o catolicismo colheu esta idéia? Isto foi herança babilônica do entendimento de que seus deuses não tinham morada com os homens, Daniel 2:11. A mensagem da justiça de Cristo é uma declaração ampla de que o nosso Deus é “Deus conosco”, tendo assim descido ao fundo do poço onde estamos, nos conhecendo, nos entendendo.

Ora, que Maria era uma pecadora se vê das próprias palavras dela ao chamar seu filho de meu Salvador. Ela sentia pois, a necessidade de um salvador, pelo simples fato de considerar-se uma pecadora.

É curioso notar-se que nem a Bíblia nem o Esp. de Profecia fazem uso daquela expressão Pecado Original, que é o título da nossa lição de hoje, 05/05/09, talvez nem tanto porque seja o mesmo uma afirmação errônea em si, mas bem provável pela previsão divina do risco que seu uso significaria para a cristandade, uma vez que negar que Cristo veio em carne (pecaminosa, como é seu uso em todo Novo Testamento) era fazer a obra do anticristo (1ª João 4: 3 ).

Entre nós um dos primeiros, senão o primeiro a pregar idéias que levam à aceitação do entendimento católico-romano desta expressão foi o Pr. Albion Fox Ballanger2 (1861-1921), (Enciclopédia Adventista, pág. 121) que declarou:

“Todos os homens foram corrompidos sem sua vontade ou cooperação, e, portanto, todos os homens poderiam ser resgatados sem sua vontade ou cooperação. Que! Salvar um homem sem sua vontade? Sim.” The Proclamation of Liberty and the Unpardonable Sin, pág. 64.

Isto é o pecado original e está interligado: com a doutrina do Santuário—o ministério do Cristo no lugar santíssimo; a natureza de Cristo; a expiação; a natureza do homem; a natureza do pecado.

O pastor Albion Fox Ballanger foi desligado da igreja por adotar tal entendimento quanto ao pecado original

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Notas:

1) Deus criou corporativamente todos os homens em Adão, tornando-o o cabeça da humanidade. Todas as vidas humanas são uma multiplicação da vida de Adão: 'de um só fez toda raça humana.' (Atos 17.26).

O Dicionário Webster, edição de 1957, pág. 21, diz que “a palavra Adão significa, em cinco línguas antigas (hebraico, caldeu, siríaco, etíope e árabe), o nome da espécie humana, a humanidade; especialmente na Bíblia, o progenitor da raça humana;

Eis porque Jesus pôde viver e morrer por nós, pelo fato de Ele ser nós, a HUMANIDADE, ser o 2º Adão, nós todos; a humanidade toda estava 'nEle'.

Ele tornou-Se representante da raça humana assumindo a nossa natureza, tornando-Se o novo Pai e Representante da raça humana, a própria Humanidade. O que o 1º Adão perdeu, o 2º reconquistou e reverteu.

Ao unir a Divindade com a humanidade pecaminosa Jesus tornou-Se nós, a humanidade toda —e nós nos tornamos coletivamente um 'nEle', conforme Gálatas 3.28, ú.p.: '...porque todos vós sois um em Cristo Jesus'. Somos, legalmente, um só corpo 'nEle'.

Dessa forma, Jesus, sendo nós todos, adquiriu o direito legal de viver e agir por nós. Todos os Seus atos afetariam todos os humanos, porque todos estavam 'nEle'.


2). Localize na coluna direita deste Blog o mês de março deste ano, e sob este a lição 12 do trimestre passado, intitulada As Bênçãos do Dom Profético. Na nota de roda-pé de nº 2 há muitas outras informações referentes ao pr. Ballanger, como defendeu a idéia do “pecado original”, e como, por isto, foi despedido da organização e da igreja onde congregava.

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