sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Lição 10 — Redenção para judeus e gentios," por Arlene Hill

Para a semana de 29 de agosto - 04 de setembro de 2010

Quem é Israel?

"E, se sois de Cristo, então sois descendência de Abraão e herdeiros conforme a promessa" (Gal. 3:29, KJV). Aqui, Paulo define o verdadeiro Israel espiritual. Mais tarde, ele declara: "A circuncisão é nada; incircuncisão nada é, a única coisa que conta é a nova criação! Todos os que tomam esse princípio por seu guia, paz e misericórdia sejam sobre eles, o Israel de Deus" (Gal 6:15, 16, REB)1.

Depois do sublime "Coro de Aleluia" de Romanos 8, a mudança de Paulo de humor parece negro e de mau presságio. Como um estudante das escrituras, especialmente da profecia das 70 semanas em Daniel 9, ele deve ter percebido a importância do apedrejamento de Estêvão. Ele acaba de declarar que nada pode nos separar do amor de Deus, mas sua mente está lembrando de que há uma coisa que pode separar mesmo os que tenham sido especialmente escolhidos por Deus. Persistentes, deliberadas escolhas para desacreditar das Suas promessas irão, eventualmente, ser honradas. Paulo percebe que Deus trabalhou muito tempo com Israel, Seu povo escolhido. Houve provas de fé no deserto depois de deixar o Egito, a incredulidade à beira da entrada, então cativeiro para curar a idolatria, os anos de apostasia e, finalmente, Israel corporativamente assassinou Seu Filho. Mesmo assim, Deus envia um mensageiro mais, Estevão; mesmo a cruz não atinge os seus corações. Através de sua liderança, Israel rejeita e apedreja Estevão. Assim o evangelho é, oficialmente, direcionado para os gentios.

Paulo, motivado pelo Espírito Santo, sente a angústia pela perda de seus irmãos. Ele declara que está disposto a ser amaldiçoado ou separado de Cristo por causa de seus parentes.2 Em outras circunstâncias, isto seria um exagero de auto-serviço. Para que isso seja verdadeiro, ele só pode ser um dom do Espírito.

Paulo, então, analisa porque a separação de Israel não foi culpa de Deus. Ele começa por explicar que, como Deus define Israel, Ele manteve as suas promessas. Deus não define o verdadeiro Israel de raça, língua ou até mesmo linhagem de Abraão. As promessas não foram repetidas a Esaú ou a Ismael, mas vez após vez, lembra-lhes que Ele é o Deus de Abraão, Isaac e Jacob.

Quem dispõe de Israel? "Nós aprendemos também quem é Israel. O nome foi dado a ele em sinal da vitória que obteve pela fé. Não concede nenhuma graça a ele, mas era um símbolo da graça já possuída ... Não é o nome que traz a bênção, mas a bênção é que traz o nome. Como Jacob não possuía o nome por natureza, assim ninguém também pode. O verdadeiro israelita é aquele em quem não há dolo. ... Então o israelita é apenas aquele que tem fé pessoal no Senhor. ...

“Que todos quantos professam ser israelitas considerem como Jacó recebeu o nome, e percebam que somente assim pode este ser dignamente atribuído a alguém. Cristo, como a prometida Semente, teve que passar pela mesma luta. Ele lutou e venceu, mediante a Sua confiança na palavra do Pai, e, assim, tem direito de ser o Rei de Israel. Somente os israelitas compartilharão o reino com Ele; pois os israelitas são vencedores, e a promessa é: ‘Ao que vencer Eu lhe concederei que se assente Comigo no Meu trono; assim como Eu venci, e Me assentei com Meu Pai no Seu trono.’” (Apo. 3:21).3

O que Jacob venceu? Foi pela entrega de si mesmo e por uma fé tranquilizadora que Jacó alcançou o que não conseguira ganhar com o conflito em sua própria força. Deus assim ensinou a Seu servo que o poder e a graça divina unicamente lhe poderiam dar a bênção que ele desejava com ardor. De modo semelhante será com aqueles que vivem nos últimos dias. Ao rodearem-nos os perigos, e ao apoderar-se da alma o desespero, devem confiar unicamente nos méritos da obra expiatória. Nada podemos fazer de nós mesmos." (Patriarcas e Profetas, pág. 203).

Qual foi a bênção pela qual Jacó ansiava? Ao longo de sua vida, ele tramou obter o que Deus havia prometido seria dele. Seu pai, Isaac, de fato, havia concedido o direito de primogenitura a ele, mas ele lutou com um desconhecido para garantir de que ele a teria. Por que a insegurança? Ele vinha sendo dependente de sua própria trama, ações e força para assegurar-se do direito de primogenitura que já era dele. Jacó "prevaleceu", renunciando toda a fé em sua própria habilidade para vencer. Ele lançou mão da força do Anjo com quem ele vinha lutando e foi-lhe dada a vitória. Só então ele poderia receber o dom da vitória.

No versículo 16 de Romanos 9, Paulo lembra a Israel que a misericórdia de Deus não é criada ou gerada pelas ações dos seres humanos. Deus é misericordioso, porque Ele é amor e é misericordioso para com os objetos do Seu amor. O pedaço de barro não pode questionar o que o oleiro faz dele, do mesmo modo o homem não pode ditar as ações de Deus. Se Jacó tivesse bastante força inerente para vencer o Anjo, ele poderia pedir a bênção de seu direito, mas ele ganhou a vitória só admitindo que estava sem forças.

Paulo continua seu argumento de que Deus não tem culpa pela separação dos judeus, usando o triste exemplo de Gomer infiel que persistira na procura de apoio e conforto em seus amantes ilícitos. O fiél Oséias cortejava o amor dela, apesar de sua falhas; um retrato vivo de Cristo tentando alcançar o amor da noiva indiferente.

Aqui é onde o exemplo Paulo de desobediência de Israel entra no nosso tempo na história. Nunca a Igreja esteve tão distraída que ela não soubesse da sua real condição. A experiência da Noiva de Cristo será diferente da experiência de qualquer geração anterior. A verdade sobre o caráter de Deus deve estar revelada na final Glória que ilumina a terra.

"O supremo interesse de Jesus, nosso Sumo Sacerdote, é conquistar o coração de Sua noiva, para que ela permita que a expiação se complete nela. Sua reticência em aceitar seu divino amante é o resultado de sua imaturidade. Sua inconstância e seu relacionamento com os príncipes de Babilônia foi fruto de sua infantil apreciação do que seu real Amante deu e passou (*no Getsêmane e no Calvário) para ganhar a mão dela. ... Ele está esperando por sua noiva crescer e deixar sua paixão louca com a honra dos homens que vem uns dos outros, mas que destrói a fé, João 5:44. ... Sua consumada beleza não é apenas porque ela abandonou as suas prostituições e cessou de pecar, mas porque ela conhece e aprecia o esforço que seu Amante enfrentou para obter a vitória; e ela, como um exército em batalha, passou pela mesma luta. Ela foi à cruz com ele. Ela cresceu nesta conquista e sua alma anseia por estar ao lado de seu Amante. ... Sua união com o Noivo provê muito mais do que o perdão dos pecados. Seu pecado não é apenas tirado, mas o vazio é preenchido com o Espírito Santo" (Donald K. Short, em Então o Santuário Será Purificado, pág. 91).

Hoje, nós, os indivíduos que compõem a igreja, estamos adormecidos com as dez virgens. Continuamos obcecados com a vitória sobre o pecado como se isto fosse a única coisa necessária para a salvação. Como o Israel antigo, mergulhado no pensamento do velho concerto, persistimos em crer que "nascer de novo", significa se esforçar mais e mais em obedecer. A verdadeira obediência flui de um coração completamente integrado com Cristo, pela habitação do Espírito Santo. Na cruz, os crentes se recusam a ser garantidos por sua própria força, mas com Cristo, submetem seu espírito a Ele na fé de que Ele cumprirá Suas promessas ao verdadeiro Israel.

Arlene Hill

A irmã Arlene Hill é uma advogada aposentada da Califórnia, EUA. Ela agora mora na cidade de Reno, estado de Nevada, onde é professora da Escola Sabatina na igreja adventista local. Ela foi um dos oradores no seminário “É a Justiça Pela Fé, Relevante Hoje?”, que se realizou em maio de 2010, na Igreja Adventista do Sétimo Dia, localizada no endereço 7125 Weest 4th Street , Reno, Nevada, USA.,

Telefone 001 XX (775) 327-4545.

Notas do tradutor:

1) REB, Revised Enlish Bible (Versão Revisada da Bíblia inglesa), 1898. Na segunda metade do século XX foram produzidas muitas versões da Bíblia. Comparativamente podem ser usadas como análises de determinados textos. Entretanto deve-se ser cauteloso pois grande foi a influência da Nova Era.

Se você desejar podemos lhe enviar artigos diversos sobre este assunto.

Peça-os pelo e-mail agapeed2001@yahoo.com.br que lhos enviaremos.

Veja a nota 1 do Cap. 44 de O Concerto Eterno, que postamos no nosso Blog nesta mesma data:

Isaias 14:12, nas versões Almeida Fiel, e King James, corretamente usam o termo Lúcifer, aplicável a Satanás, ao invés de Estrela da Manhã, como em outras versões. A “Estrela da Manhã” é Cristo. Em verdade é Ele próprio que assim Se designa: “Eu, Jesus, ... Sou ... a resplandecente Estrela da Manhã” (Apoc. 22:16). Satanás odeia o nome Lúcifer, porque “reflete o pensamento da alta posição que ele uma vez ocupou no céu ... a alta posição da qual Lúcifer caiu” (Comentário Bíblico, vol. 4 da série SDABC, pág. 170). Forte evidência existe, portanto, de que ele tenha influenciado tradutores para usar o termo “Estrela da Manhã,” a fim de poder ser confundido com Cristo. Assim, esta é uma das maiores evidências da correição das versões KJV e Almeida Fiel (da sociedade Bíblica Trinitariana).

2) Esta angústia, pela perda dos seus irmãos, é uma demonstração do verdadeiro amor, o amor de Deus—Ágape, com que Paulo aprendeu a amá-los. Os pecadores, mortais, centralizados em si mesmos, podem aprender a amar com Ágape, pois João diz: “o amor [Ágape] é de Deus; e qualquer que ama [com Ágape] é nascido de Deus e conhece a Deus. Aquele que não ama [com Ágape] não conhece a Deus; porque Deus é amor [Ágape] (1ª João 4: 7 e 8).

Paulo é um excelente exemplo de alguém que aprendeu isto. Ele encontrou o mesmo Ágape em Seu coração, pois ele também desejou ser amaldiçoado de Cristo por causa de seu perdido povo (Romanos 9:1-3). Veja o vs. 3, “Porque eu mesmo poderia desejar ser anátema de Cristo, por amor de meus irmãos, que são meus parentes segundo a carne” Cada qual que vê a cruz como ela verdadeiramente é, e crê, encontra o milagre de Ágape reproduzido em seu próprio coração. Assim é como o mundo vai ser alvoroçado novamente, Porque o amor [Ágape] de Cristo nos constrange,” que nós “não mais vivamos para [nós mesmos] mas para Aquele que morreu e ressuscitou [por nós]” (2ª Cor.5:14 e 15).

3) O citado texto é o último § do cap. 13, de O Concerto Eterno, postado neste blog em 1º de agosto de 2010;