quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Lição 13 — Todo o Resto é Comentário, por Paul E. Penno

Para a semana de 19-25 setembro, 2010

Os livros de Daniel e Apocalipse lançaram a fagulha que acendeu o Movimento do Segundo Advento de 1844. As profecias apontavam para um "remanescente" com a “mensagem do terceiro anjo” preparando o caminho do retorno do Senhor. O Senhor prometeu enviar a este povo a "chuva serôdia" e o "alto clamor", "um mestre de justiça" (Em Joel 2:23, na Almeida Fiel e KJV, as palavras “em justa medida a chuva temporã,” em hebraico é, "o professor de justiça"), com uma mensagem ditada pelo Espírito Santo que se juntaria ao terceiro anjo (Apoc. 18:1-3, Testemunhos Para a Igreja, vol. 6, pág. 19). Os livros de Romanos, Gálatas e Efésios sobre justiça amadurecem a fé do povo de Deus. Deus cumpriu Sua promessa de dar a última chuva (*a chuva serôdia), em 1888, sem o Seu povo implorar por ela. Apesar disto, àquela época, a mensagem da cruz, justificação, e o santuário, em harmonia com a lei de Deus, foram "desprezados." A "boa nova" é que elas são recuperáveis pelo dom do arrependimento que Jesus promete a Seu povo, Apoc. 3:19.

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A verdade pura do Evangelho muda vidas. O teste, conclusivo e objetivo do valor da doutrina correta, é que ela muda as mentes e os corações e o comportamento em relação uns com os outros. A justificação pela fé aplicada a algumas das mais difíceis questões “internas” enfrentadas pela Igreja, traz a unidade de crença e prática. Este é o tema de Paulo em Romanos, capítulos 14 a 16.

A igreja é uma mistura de culturas, classes sócio-econômicas, e raças. A "implantação de igrejas" por Paulo, é a iniciação de novas congregações, a partir de novos conversos do Império Romano do Oriente e os judeus étnicos. Alguns cristãos são "fortes", outros "fracos" sobre questões éticas (Rom. 15: 1). No entanto, todos eles foram unidos por causa de Cristo. Eles entraram no curso “vida centrada na cruz,” na "Universidade do Corpo de Cristo." Eles agora aprenderão o que significa viver a cruz diariamente com Jesus. Isto irá obrigá-los a cultivar muita "humildade."

A reforma da saúde foi dada ao povo de Deus como justificação pela fé. É o jejum adequado que Deus determinou para todos aqueles que creem que estão vivendo no Dia da Expiação. A autonegação, que é uma qualidade inerente, para comer uma dieta simples, é necessária para um povo que está antecipando a saída do Sumo Sacerdote do Lugar Santíssimo. 1

Comer alimentos foi problemático para muitos dos primeiros cristãos, pois a maior parte deles tinha sido oferecida aos ídolos antes de ser posta à venda no mercado, Rom. 14:2-4, 20-23; Atos 15:20; 1 Cor. 8:4. Então, muitas consciências sensíveis volveram-se para uma dieta vegetariana.

Alguém que crê que pode comer qualquer e todas as coisas que Deus criou para a alimentação, pode ter um espírito de zombaria para com aqueles cuja consciência não lhes permite consumirem todas as coisas. A liberdade religiosa em matéria de alimentação deve ser estendida a todos. Infelizmente, por uma boa causa, muitas pessoas, que abraçam uma dieta vegan, condenam aqueles que têm um regime de base ampla, e, portanto, separam-se do Espírito de Cristo. Qualquer obra de reforma que perdeu o espírito de amor pelos outros é um desfile infrutífero da vaidade humana.

A “preferência” do homem por um dia, Rom. 14: 5, não o torna o dia de descanso de Deus. O Sábado do sétimo dia Deus tem, claramente, o selo de Deus sobre ele, Gên. 2:3; Ex. 20:11; Eze. 20:12, 20. Assim, Paulo não está tratando da questão da observância do sábado do sétimo dia, Romanos 14: 5 e 6). A igreja romana tinha um contingente de cristãos judeus que ainda se agarrava aos dias dos sábados (*cerimoniais) de observância anual, que podiam cair em qualquer dia da semana. O cristão gentio não teria essa lealdade para observar estes dias.

O fato de que Paulo conecta a preferência e respeito por dias, com o "comer," é uma ligação com os dias do festival anual da observância judaica (vs. 6). Comer desempenhou um papel fundamental nos ritos de guardar os sábados cerimoniais (Levítico 23).

Este texto não resolve, realmente, o problema de se saber se os dias santos judaicos são sábados viáveis para os cristãos observarem hoje. Em outro lugar Paulo os declara — "sombras" do "corpo de Cristo" (Col. 2: 16, 17). Seria blasfêmia continuar (*a oferecer) sacrifícios de animais, quando o corpo de Cristo já havia sido crucificado por nós. Por que estabelecer observância de "sombra" quando temos a realidade? Nenhuma quantidade de observâncias rituais vai entronizar Cristo no coração. Eles certamente não fizeram isso para o povo judeu, como um todo, nos dias de Cristo. Eles acabaram desprezando Seu Messias e crucificando-O.

O nível de julgamento interno na igreja, a que o apóstolo está se referindo, é igual às decisões de vida ou morte que Cristo faz no julgamento final. Nós não temos nenhum direito de invadir o Seu tribunal, Rom. 14:10. Deus, o Pai, tem transferido todo o julgamento ao Filho, João 5: 22 e 27. Jesus diz: "Eu vim não para julgar o mundo, mas para salvar o mundo" (João 12: 47); (*“Porque Deus enviou o Seu Filho ao mundo, não para que condenasse o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por Ele”) (João 3:17). Jesus proclamou a "palavra" que é a lei e o evangelho. "A palavra que tenho pregado, essa o há de julgar no último dia" (João 12: 48). Assim, "o tribunal de Cristo" é a lei e a cruz. (*É uma de duas recompensas: aprovação ou condenação).

Naquele dia terrível de acerto final de contas, após a ressurreição final dos ímpios, no final do milênio, a lei em tábuas de pedra (*e letras de fogo) e a cruz serão apresentadas a eles (veja O Grande Conflito, pág. 666)2. Em seguida, o registro inconsciente da vida, impressa no subconsciente, será trazida, claramente à visão de cada um. Haverá uma aclamação unânime, sem precedentes, vinda dos lábios de todos, de que Deus fez tudo que era possível para dar a salvação a todos, mas os perdidos recusaram seu dom. (*“Todo o joelho se dobrará a Mim, e toda língua confessará a Deus”)(Rom. 14:11).

O objetivo do "tribunal de Cristo" é, em última instância, para despertar em todos a responsabilidade de prestação de contas a Deus (*cada um de nós dará conta de si mesmo a Deus)(verso. 12). O propósito de Cristo no julgamento é para reivindicar quem Lhe permitirá selá-los com seu Ágape.

Muitos estão selando os seus finais julgamentos diariamente (*Quem crê nEle não é condenado; mas quem não crê já está condenado, porquanto não crê no nome do unigênito Filho de Deus)(João 3:18). Através do evangelho "nós" proclamamos, almas vão fazer a sua decisão de vida ou morte (Romanos 14: 13). Se o nosso evangelho é "pécima nova" sobre o que devemos fazer para sermos salvos, as pessoas concluem que não foram eleitas (cut out = cortadas) para a salvação. Se o nosso Evangelho é "boa nova" do dom de Cristo para a salvação a todos, independentemente das habilitações pré-existentes, então é um cheiro de vida para aqueles que não o retardam.

A dinâmica do Espírito é o meio pelo qual Paulo conseguiu tudo o que ele fez em cada área: seu discurso, suas ações, e seus sinais e prodígios. Quando Paulo, copiosamente, tendo “pregado o evangelho de Jesus Cristo,” a cruz foi uma realidade presente para aqueles que o ouviram. Esqueceram-se de todos os divertimentos presentes e ficaram paralisados ante "o Salvador do mundo". Foi essa pregação que o Espírito Santo confirmou com "sinais e prodígios" (Rom. 15:19). Milagres atestam da verdade do evangelho proclamado. Da mesma forma, na final glorificação de Deus, através da proclamação da cruz, "Servos de Deus, com o rosto iluminado e a resplandecer de santa consagração, apressar-se-ão de um lugar para outro, para proclamar a mensagem do Céu. Por milhares de vozes, em toda a extensão da terra, será dada a advertência. Operar-se-ão prodígios, os doentes serão curados, e sinais e maravilhas seguirão aos crentes "(O Grande Conflito, pág. 612).

O que é "a revelação do mistério, que desde os tempos eternos esteve oculto"? (Rom. 16:25). "O mistério” é a revelação do próprio Jesus Cristo, ao Ele Se revelar na pregação de Paulo, e ao Ele ser revelado em você e em mim ao anunciarmos o evangelho.

O evangelho foi dado a conhecer aos homens a partir de Adão, e eles tinham a medida do conhecimento do evangelho. Mas quando Cristo veio, e revelou a Deus, em Si mesmo, para os filhos dos homens — nunca foi revelado e compreendido antes, como revelado e compreendido naquele momento. Quando os apóstolos foram enviados a pregá-lo como foi revelado então, pregaram em uma plenitude e clareza de que nunca foi anunciado antes, Rom. 15:16. Agora, Cristo proclama o mistério como Sumo Sacerdote do santuário celestial. É o evangelho que é claramente compatível com o trabalho de purificação que Ele procura realizar lá. Trata-se de uma obra de juízo, que é a vindicação (*justificação) de Laodicéia. Ele lhe dá o dom de Ágape para que ela possa crescer em estatura completa de uma noiva digna de estar ao lado do Cordeiro no casamento.

O plano do evangelho se originou na mente de Deus na eternidade do passado; patriarcas, profetas e apóstolos trabalharam em conjunto para torná-lo manifesto, e, "nos séculos vindouros," será a ciência e o cântico do redimidos "de todas as eras por vir". "Ao único Deus, sábio, seja dada glória por Jesus Cristo para todo o sempre. Amém" (Rom. 16:27). Que conclusão magnífica (*da carta aos Romanos)! Ela alcança de eternidade a eternidade. O Evangelho de Deus é a sabedoria das eras!

— Paul E. Penno

Paulo Penno é pastor evangelista da igreja adventista da cidade de Hayward, na Califórnia, EUA, da Associação Norte Californiana da IASD, localizada no endereço 26400, Gading Road, Hayward, Telefone: 001 XX (510) 782-3422. Ele foi ordenado ao ministério há 38 anos. Após o curso de teologia ele fez mestrado na Universidade de Andrews. Recentemente ele preparou uma extensiva antologia dos escritos de A.T. Jones e E. J. Waggoner, a qual está incluída na Compreensiva Pesquisa dos Escritos de Ellen G. White. Recentemente também ele escreveu o livro “O Calvário no Sinai: A Lei e os Concertos na História da Ig. Adventista do 7º Dia,” e, ao longo dos anos, escreveu muitos artigos sobre vários conceitos da mensagem de 1888. O pai dele, Paul Penno foi também pastor da igreja adventista, assim nós usualmente escrevemos seu nome: Paul E. Penno Junior.

Notas do tradutor:

1) A frase diz: “a autonegação, que é uma qualidade inerente, para comer uma dieta simples, é necessária para um povo que está antecipando a saída do Sumo Sacerdote do Lugar Santíssimo”, mas a ênfase, deve ser posta na autonegação, não na dieta.

2) Quando Cristo for investido de majestade e poder supremos, ... executa justiça sobre aqueles que transgrediram Sua lei ... e abriram-se os livros; e abriu-se outro livro, que é o da vida; e os mortos foram julgados pelas coisas que estavam escritas nos livros, segundo as suas obras’ (Apoc. 20:11 e 12).

Logo que se abrem os livros de registro e o olhar de Jesus incide sobre os ímpios, eles se tornam cônscios de todo pecado cometido. Veem exatamente onde seus pés se desviaram do caminho da pureza e santidade, precisamente até onde o orgulho e rebelião os levaram na violação da lei de Deus. As sedutoras tentações que incentivaram na condescendência com o pecado, as bênçãos pervertidas, os mensageiros de Deus desprezados, as advertências rejeitadas, as ondas de misericórdia rebatidas pelo coração obstinado, impenitente - tudo aparece como que escrito com letras de fogo” (O Grande Conflito, pág. 666).


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