quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Lição 7 — O Sacerdote Abiatar — por Arlene-Hill

Para a semana de 6 a 13 de novembro de 2010

No sistema do santuário judaico, o sacerdote era designado intercessor entre Deus e o homem. Um dos mais claros modos de Deus manifestar a Sua orientação para Israel, através do sumo sacerdote, era pelo aparecimento de luz ou nuvem sobre uma das duas pedras no peitoral do sacerdote, geralmente chamado "éfode." Essas pedras eram chamadas Urim e Tumim. Abiatar, filho de Aimeleque foi um sacerdote durante a maior parte da vida de Davi, tanto antes como depois de se tornar rei. Ele era o sacerdote em exercício quando Davi e seus homens entraram no tabernáculo, e comeram os pães da proposição. Jesus o mencionou no Novo Testamento, quando Ele usou esse caso como um exemplo de um ato aparentemente ilegal, permitido por causa das circunstâncias extremas (Marcos 2:26).

Quando Saul foi ungido rei, Deus lhe deu orientações por intermédio do profeta Samuel e os sacerdotes do templo. A personalidade de Saul se deteriorou durante o seu reinado. Insano, com ciúmes, ele sentiu pena de si mesmo imaginando que David era seu inimigo, e que todo mundo estava envolvido na conspiração. Quando Aimeleque prestou auxílio a Davi, Saul ordenou a morte dele e de 85 sacerdotes (1ª Sam. 22:13-19). Abiatar, demonstrou sua lealdade a Davi, arriscando a sua vida para avisar-lhe do massacre. Mais tarde, Abiatar (1ª Sam. 23:6-12) trouxe o éfode a Davi que o usou para buscar orientação de Deus, depois que Saul soube da localização de Davi, e planejou atacá-lo e matá-lo.

Pelo cruel ato de Saul, matando os sacerdotes e suas famílias, ele privou-se, e a sua nação, da orientação de Deus através destes profetas e sacerdotes que a administravam. Deus usou Abiatar para salvar o éfode e se tornar um sacerdote que se simpatizou com David durante a maior parte de seu reinado.

A intriga e a traição das façanhas de Davi torna a leitura interessante, mas serão apenas meras histórias antigas, se não as aplicarmos às nossas vidas hoje. Deus não usa mais sacerdotes e Urim e Tumim para se comunicar com a Sua Igreja, porque Ele nos deu a Sua palavra escrita. No final de 1800 Deus selecionou dois jovens, Alonzo. T. Jones e Ellet J. Waggoner, que Ellen G. White descreveu como tendo "credenciais celestes." * Mais de 350 vezes, essa profetiza moderna endossou a mensagem que Deus lhes deu, mas ela e eles enfrentaram oposição onde quer que foram. Embora suas batalhas não fossem físicas como foram as de Davi, a intriga e a distorção da verdade encontram algum paralelo com a história de Davi.

Deus escolheu Jones e Waggoner para apresentar a mensagem real, mas, como Abiatar, Ele usou Ellen White para prestar apoio. Frequentemente, o apoio dela veio em forma de revelação autêntica, resolvendo questões diversas. Um caso em destaque foi a sua declaração sobre a questão de se saber se a lei, descrita como o professor (*aio), em Gálatas, é a lei cerimonial ou a moral (Gal. 3:24). "Eu fui indagada sobre a lei em Gálatas. Qual lei é o mestre para nos trazer a Cristo? Eu respondo: Tanto a cerimonial bem como o código moral dos dez mandamentos "(Materiais de Ellen G. White sobre 1888, vol. 4, pág. 1725). Significativamente, esta carta foi escrita em 1900, após os irmãos se esforçarem para estudar o assunto.

Outro exemplo da sua clarificação da mensagem de 1888: "Vários me escreveram indagando se a mensagem de justificação pela fé é a mensagem do terceiro anjo, e eu respondi: 'É a terceira mensagem angélica em verdade" (Review and Herald , de 1º de abril de 1890). A mensagem do terceiro anjo é a verdade do santuário. Assim, a mensagem de 1888 é uma compreensão da justificação pela fé, que é paralela a, e consistente com, a purificação do santuário celestial.

Se deixarmos de usar a vantagem que temos pelos ensinamentos do profeta, estamos em perigo de repetir os erros de Saul? Ao retermos seus endossos à mensagem da justificação pela fé, estamos em verdade "matando" a mensagem do profeta?

Nos anos dedeclínio de Davi, por causa de oportunismo político, Abiatar mudou sua lealdade ao seu rei para apoiar a candidatura de Adonias ao trono de seu pai. Abiatar sabia que Deus tinha tornado a Sua vontade clara de que Salomão deveria ser rei; mas, de alguma forma, ele se juntou à conspiração contra Salomão. Que tipo de distorção Abiatar inventou para aplacar a sua consciência e as consciências dos seus co-conspiradores, de que Deus tinha cometido um erro na seleção de Salomão? Ao distorcer tanto a mensagem real como os endossos (*da profetisa), vamos nos juntar àqueles que, inicialmente, se opuseram aos mensageiros divinamente credenciados e à profetisa? Não estaremos perpetuando a "conspiração"?

Um exemplo de distorcer a mensagem de 1888 é dizer que a Igreja aceitou a justificação pela fé e a está ensinando, quando, na verdade, está ensinando o conceito evangélico arminiano de justiça pela fé. Ellen White afirma que a mensagem não foi aceita (Mensagens Escolhidas, livro 1, págs. 234, 235). Insistir que a Igreja aceitou a justificação pela fé, contrário ao seu relato ocular, é participar de uma falsificação da nossa história.

A verdade nunca padece de estudo e análise por investigadores honestos e humildes. Nosso dever de lealdade para com a igreja deve ser igual ao de Cristo (João 12:20-25), mas mesmo Cristo falou da indiferença da igreja a seu Esposo em Cantares de Salomão 5:1-3. Porque Ele repreende e castiga aqueles que ama, Ele alertou Laodicéia de sua apatia no Apocalipse.

Nós podemos com confiança, analisar não só a mensagem, mas, também, a recepção da mesma na nossa história. Se devemos aprender com os erros do antigo Israel, não faz sentido que Deus também queira que a gente aprenda com as escolhas feitas pelos nossos irmãos e irmãs de um passado relativamente recente da igreja? Ao fazer isso, nunca devemos ser dirigidos por um espírito de crítica ou polêmica, mas a nossa motivação deve ser sempre o Espírito da Verdade.

Ao falhar em investigar o passado, corremos o risco de perpetuar os erros do passado. Deus tem preservado o suficiente do registro para fazer uma análise a mais aprofunda possível. Nenhuma explicação é necessária, eis que as fontes originais falam conosco a partir da pena de quem as escreveu. Quando estudarmos a fim de compreendermos, nos submetendo à orientação do Espírito Santo, não há nada a temer.

Arlene Hill

A irmã Arlene Hill é uma advogada aposentada da Califórnia, EUA. Ela agora mora na cidade de Reno, estado de Nevada, onde é professora da Escola Sabatina na igreja adventista local. Ela foi um dos principais oradores no seminário “É a Justiça Pela Fé, Relevante Hoje?”, que se realizou em maio de 2010, na Igreja Adventista do Sétimo Dia, localizada no endereço: 7125 Weest 4th Street , Reno, Nevada, USA, Telefone 001 XX (775) 327-4545.

Nota do tradutor:

1) Escrevendo sobre a oposição que se levantou contra Waggoner e Jones a serva do Senhor escreveu:

“Pastores, não desonreis ao vosso Deus nem ofendais ao Seu Santo Espírito, fazendo comentários sobre os caminhos e as maneiras dos homens que Ele quis escolher. Deus conhece o caráter. Vê o temperamento dos homens que Ele escolheu. Ele sabe que ninguém a não ser homens sinceros, firmes, determinados, de sentimentos fortes, verão nesta obra sua vital importância, e darão tal firmeza e decisão a seus testemunhos que estes abrirão brecha nas barreiras de Satanás.

“É para o seu bem que Deus dá aos homens conselhos e reprovações. Envia Sua mensagem, dizendo-lhes o que é necessário para a época - 1897. Aceitastes a mensagem? Atendestes ao apelo? Ele vos deu a oportunidade de vir armados e equipados em auxílio do Senhor. E havendo feito tudo, disse-vos Ele que ficásseis firmes. Mas vós vos preparastes? Dissestes: "Eis-me aqui, envia-me a mim"? Isa. 6:8. Sentastes-vos quietos e nada fizestes. Deixastes que a Palavra do Senhor caísse desatendida por terra; e agora o Senhor tomou homens que eram meninos quando vós estáveis na parte mais avançada da frente da batalha, e lhes dá a mensagem e a obra que não tomastes sobre vós. Sereis para eles pedras de tropeço? Criticareis? Direis: "Estão saindo do seu lugar"? No entanto não preenchestes o lugar que eles agora são chamados a ocupar” (Testemunho para Ministros, págs. 412 e 413).