quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Lição 10, O Homem de Deus, a Obediência não é Opcional, por Paul E. Penno

Para a semana de 27 de novembro a 4 de dezembro de 2010

Não há melhor epígrafe para esta lição do que as palavras da inspiração. "Crede no Senhor vosso Deus, e estareis seguros; crede nos Seus profetas, e prosperareis" (2º Crônicas 20:20).. O profeta Aías; o rei Jeroboão; o homem de Deus, e o falso profeta, todos aprenderam essa verdade.

No fim do decadente reinado de Salomão, com projetos de construção extravagantes, à custa de pesados impostos sobre seus súditos, o país estava entrando em idolatria (1º Reis 11:33). Seu filho, Roboão, anunciou a mesma mão pesada de políticas opressivas na sua ascensão ao trono.

Deus deu a Jeroboão um mandato divino para o trono que lhe foi entregue pelo profeta Aías, que rasgou uma roupa nova em doze pedaços e deu dez pedaços, a Jeroboão, dizendo: "a ti darei as dez tribos" (1º Reis 11:29-31;. cf. 12:15). Assim, motivado pelo Espírito de profecia, através de Aías, Jeroboão, estabeleceu a sua capital em Siquém (1º Reis 12:25).

Em uma impressionante reviravolta na adoração a Jeová, Jeroboão instituiu dois touros de ouro para os lugares de culto: um no norte, em Dan, e outro no sul, em Bethel. A razão aparente alegada para isso foi tornar a adoração mais convenientemente localizada a seus súditos, para que eles não tivessem que fazer peregrinações por todo o caminho para o sul, até Jerusalém. A assimilação de símbolos de fertilidade pagãos, como representações de Jeová, foi uma rejeição do segundo mandamento.

Jeroboão, começou com uma motivação de zelo pelo Senhor, mas ele "mudou" por causa de seu medo. "O maior temor de Jeroboão era que em algum momento no futuro o coração de seus súditos se deixasse cativar pelo ocupante do trono de Davi" (Profetas e Reis, p. 99). Ele rejeitou o mandato divino do Espírito de profecia através de Aías.

Jeroboão reuniu o povo para o culto em Betel, ele mesmo oficiando no altar em uma festa instituída por ele mesmo, com a nomeação de sacerdotes entre as pessoas comuns (1º Reis 12:31, 32). Novamente, o Senhor enviou a Jeroboão um inspirado "homem de Deus" para confrontá-lo diretamente, amaldiçoando o altar (1º Reis 13:1)

O profeta prevê que um filho de David, chamado Josias, iria profanar este mesmo altar, com os ossos dos sacerdotes dos lugares altos, que agora fazem oferendas aqui (veja 2º Reis 23:15-18). "Eis que o altar se fenderá, e a cinza que nele está se derramará" (1º Reis 13:3).

Em desafio ao Espírito de profecia, através do homem de Deus, o rei estende a mão para que o profeta fosse preso. Sua mão encolhe, e ele perde o domínio sobre ela. Em seguida, o altar se dividiu, e suas cinzas se derramaram, de acordo com o sinal do homem de Deus, pela palavra do Senhor. Jeroboão pede ao profeta para interceder por ele, para que a mão lhe fosse restaurada, o que o homem de Deus fez. Demonstrando o poder do profeta, a mão do rei é restaurada e volta a ser como era antes.

Em resposta, o rei convida o homem de Deus para a sua casa para uma refeição e lhe oferece um presente. O profeta de Judá recusa, e diz, "ainda que me desses metade da tua casa, não iria contigo, nem comeria pão nem beberia água neste lugar. Porque assim me ordenou o Senhor, pela Sua palavra, dizendo: Não comerás pão, nem beberás água; e não voltarás pelo caminho por onde vieste" (*1º Reis 13:8 e 9). O Senhor enviou o homem de Deus com uma mensagem para desviar o rei errante dos seus maus caminhos, e não para congratular-se com ele em confirmação de sua flagrante idolatria.

Um velho profeta de Betel tinha filhos que assistiram à dedicação e testemunharam do que o homem de Deus de Judá fizera, e do que ele havia dito ao rei. O profeta pergunta: "Por que caminho se foi?" Eles lhe mostraram o caminho que ele tomou, e ele cavalgou em direção a ele e o encontrou sentado sob uma árvore.

O velho profeta, falso, mentiroso (Profetas e Reis, pág. 106) disse ao homem de Deus que a palavra do Senhor lhe falou “faze-o voltar contigo à tua casa, para que coma pão e beba água” (*vs. 18). Portanto, o verdadeiro profeta de Judá, de repente abandona a fé no mandamento original dado por Deus, e tolamente segue para a casa do enganador, para partilhar de sua hospitalidade. Quando à mesa, o falso profeta, no calor do momento, entrega uma maldição, que logo é cumprida ao cair presa de um leão. Ele então é pego pelo pretenso profeta para o enterrar em sua tumba familiar.

Assim, pela sua vida, o verdadeiro profeta rejeitou o Espírito de profecia transmitido por ele, e, por sua morte, cumpriu o Espírito de profecia que, finalmente, falou através do impostor. Ele deu motivos para Jeroboão arrazoar que a maldição originalmente dada no altar era falsa, e confirmou o seu mau caminho de liderar Israel na idolatria, e, por fim, no espiritismo.

Podemos gabar-nos hoje de que nunca seriamos tão tolos a ponto de cair em adoração idólatra. No entanto, a contrafação hoje é extremamente sutil. A religião do eu está disfarçada como adoração a Cristo. Toda a fé auto motivada tem suas origens na adoração de um falso Cristo — o ego. O que Paulo chama de estar "sob a lei," é uma fé egocêntrica, que é motivada pela esperança de recompensa (*da vida eterna), (ganância), e medo (ansiedade) do inferno.

Aquilo que acompanha a religião do eu é uma rejeição do Espírito de profecia, pois o verdadeiro profeta sempre aponta para a cruz para condenação do pecado e a fonte da verdadeira justiça, acompanhada pelo discernimento do Espírito Santo. Em 1888, Deus enviou dois mensageiros, Alonzo T. Jones e Ellet J. Waggoner, apoiados por Ellen G. White (O Espírito de profecia), com uma mensagem de Cristo, seu amante divino-humano. O propósito de Deus era para afastá-los da devoção do eu, em troca de Sua cruz, que revelou a plenitude do amor de Deus por Seu povo.

A profunda verdade foi que este tipo de devoção a Cristo, esta intimidade com Ele, foi mal recebida. "... Se alguma coisa há na Terra, que deva inspirar os homens com santificado zelo, essa é a verdade como é em Jesus. ... Se algo há em nosso mundo que deva inspirar entusiasmo é a cruz do Calvário" (Testemunhos Para Ministros e Obreiros Evangélicos, págs. 80 e 81, escrito em 1895). Assim, somos levados ao pé da cruz de Cristo.

Ellen White não considerava as apresentações de Jones ou Waggoner extremistas ou radicais, mas tentou argumentar com os irmãos que achavam que eram. "O comentário passado a mim, e a obra que Deus me tem dado para fazer, não é nada animador. O nome (*do meu filho), Willie White, foi tratado de forma leviana, e foi ridicularizado e denunciado, bem como os nomes dos pastores Jones e Waggoner" (Materiais de Ellen G. White sobre 1888, vol. 1, pág. 310, 1889).

Ela diz que o Senhor queria que este inspirado trio permanecesse juntos na América e para lutar a batalha até à vitória. Seus próprios escritos indicam que os irmãos dirigentes queriam a ela e Waggoner fora do caminho. "O Senhor não estava na nossa saída da América. ... O Senhor queria que Wiliam C White, sua mãe, e seus trabalhadores permanecessem nos Estados Unidos." "Lá deveríamos ter ficado, lado a lado, criando um ambiente saudável para ser sentido em todas as nossas Associações. Não foi o Senhor quem planejou essa questão. Eu não recebi nenhum um raio de luz para deixar a América" (Idem, vol. 4, págs. 1622, 1623, Carta ao presidente da Associação Geral, Pr. Ole A. Olsen, 1896).

Ellet J. Waggoner sofreu um exílio semelhante ao ser enviado para a Inglaterra na primavera de 1892. Há evidências de que semelhantes tentativas foram feitas em 1890 para enviar Alonzo T. Jones para a Europa, para uma estadia prolongada.

Descrença no Espírito de profecia foi sutil e ainda sustentada ao longo de nossa história sobre muitos assuntos que ela abordou, mas nada mais do que com as 1821 páginas que têm a ver com a Conferência de Minneapolis de 1888. Nosso "opróbrio entre os gentios" (Joel 2:19) não vai ser curado até que "creiamos em Seus profetas."

—Paul E. Penno

Paulo Penno é pastor evangelista da igreja adventista da cidade de Hayward, na Califórnia, EUA, da Associação Norte Californiana da IASD, localizada no endereço 26400, Gading Road, Hayward, Telefone: 001 XX (510) 782-3422. Ele foi ordenado ao ministério há 38 anos. Após o curso de teologia ele fez mestrado na Universidade de Andrews. Recentemente ele preparou uma extensiva antologia dos escritos de A.T. Jones e E. J. Waggoner, a qual está incluída na Compreensiva Pesquisa dos Escritos de Ellen G. White. Recentemente também ele escreveu o livro “O Calvário no Sinai: A Lei e os Concertos na História da Ig. Adventista do 7º Dia,” e, ao longo dos anos, escreveu muitos artigos sobre vários conceitos da mensagem de 1888. O pai dele, Paul Penno foi também pastor da igreja adventista, assim nós usualmente escrevemos seu nome: Paul E. Penno Junior.