sexta-feira, 4 de março de 2011

Lição 10, Inveja, por Jerry Finneman


Para a semana de 27 de fevereiro a 05 de março de 2011



Muitos termos bíblicos são usados em mais de uma maneira. Indignação, por exemplo, é usado de duas maneiras: como justa e como injusta. Assim é com inveja1, (*ou o sinônimo ciúme). Há uma inveja que é certa, e outra que é má. A má inveja é motivada pelo egoísmo, a boa inveja (*ou zelo) é motivada pelo amor. Considere primeiro um exemplo de justa inveja. “O nome do Senhor é Zeloso. [Ele] é um Deus zeloso” (Êxodo 34: 14, Alm. Fiel e KJV). Seu nome é o que Ele é. Na Bíblia, o termo "inveja" é usado também em referência a Deus. No segundo mandamento. O ciúme de Deus se manifesta de duas maneiras. Na primeira, ele adverte: "visito a iniquidade dos pais nos filhos até à terceira e quarta geração daqueles que Me odeiam" (Êxodo 20:5). Na segunda Deus diz, “faço misericórdia a milhares [de gerações] dos que Me amam e aos que guardam os Meus mandamentos” (v. 6).

Alguns acham que Deus é injusto. Eles pensam que Ele pune arbitrariamente filhos pelos pecados de seus pais. Este conceito é baseado na ignorância do verdadeiro significado do mandamento. Deus diz que se um pai "gerar um filho que veja todos os pecados que seu pai fez e, vendo-os, não cometer coisas semelhantes ... o tal não morrerá pela iniquidade de seu pai; certamente viverá ... não levará o filho a iniquidade [a culpa] do pai" (Ezequiel 18:14, 17 e 19).

A "visitação" pelos pecados não inclui punição, senão apenas sobre aqueles que cometem os mesmos pecados que seus pais. Aqueles que receberem a graça de Deus serão libertados, mesmo nesta vida presente, de tendências pecaminosas herdadas de seus pais. A pergunta que devemos fazer é esta: Por que o segundo mandamento abrange apenas um número limitado, terceira e quarta geração, daqueles que odeiam a Deus? É porque o pecado é auto-destrutivo. Os que odeiam a Deus, no sentido mais amplo do termo, seriam inteiramente eliminados em três ou quatro gerações. Deus diz: "Todos aqueles que Me odeiam amam a morte" (Provérbios 8:36). Nosso mundo pode muito bem estar se aproximando dessa condição.

A geração perversa que estiver viva quando Jesus voltar será tão violenta como foi a última geração dos antediluvianos dos dias de Noé, "toda a imaginação dos pensamentos do seu coração era só má continuamente" (Gênesis 6:5). Estes foram os descendentes de Caim que, em seu ciúme pecaminoso para com seu irmão Abel, o matou por causa de sua justiça baseada na fé (Hebreus 11:4; 1ª João 3:12). A inveja de Caim foi a que recebeu daquele no qual a forma do mal da inveja surgiu - a antiga serpente, o diabo.

O espírito mal do ciúme e da inveja, juntamente com o orgulho e o desejo de buscar grandes coisas para si mesmo, veio de dentro do coração de Lúcifer. Ele gabou-se orgulhosamente, "acima das estrelas de Deus exaltarei o meu trono" (Isaías 14:13). Ele cobiçava um lugar mais alto do que qualquer outra pessoa, incluindo Deus. Lúcifer desejava governar os anjos de Deus. Seu ciúme e inveja o levaram a cobiçar o que não era seu. Ele foi expulso do céu, mas sua inveja só aumentou.

Quando Deus disse a Seu Filho, ‘Façamos o homem à Nossa imagem’ (Gên. 1:26), Satanás teve ciúmes de Jesus. Ele desejava ser consultado sobre a formação do homem, e porque não o foi, encheu-se de inveja, ciúmes e ódio. Ele desejou receber no céu a mais alta honra depois de Deus" (Ellen G. White, Primeiros Escritos, pág. 145).

Através dos séculos, o diabo tem inspirado sua própria inveja e ciúme insano nos corações humanos. Essas emoções causaram os principais sacerdotes a entregar Jesus a Pilatos até a morte (Mateus 27:18). A inveja e o ciúme são também assassinos. As mulheres podem olhar para outras mulheres com raiva e ódio por inveja de casas melhores, roupas na moda, ou habilidades culinárias superiores. Um homem pode elogiar o carro novo de um companheiro enquanto pensa: "Vou lhe mostrar. Vou comprar um melhor." Mesmo as crianças pequenas se tornam invejosas de brinquedos e jogos de coleguinhas.

Saul tinha ciúmes de Davi. Os irmãos de José tinham inveja dele. José nasceu em uma família onde a inveja e a discórdia "perturbação e toda obra perversa" (Tiago 3: 16) prevaleceram. As duas esposas de Jacó eram naturalmente invejosas uma da outra. As duas concubinas não contribuíam para a felicidade da família. Os filhos das uniões antinaturais e desiguais eram ciumentos, egoístas, invejosos, briguentos, cruéis, vingativos e brutais uns com os outros. José, desde cedo privado do carinho de sua mãe, poderia, naturalmente, ter esperado crescer como seus irmãos. Em vez disso, sua vida do início ao fim apresenta um contraste direto com a deles em quase todos os particulares. Os irmãos de José cresciam cada vez mais ciumentos e zangados com ele, até que estiveram prontos para tirar sua vida. Por que os irmãos de José o odiavam assim? Foi porque eles ficaram com inveja do favor que lhe fora mostrado por seu pai. Além disso, sua vida pura foi uma repreensão aos seus maus caminhos. Seu ciúme para com José levou primeiro a conspirarem para matá-lo, em seguida, para se livrarem dele, vendendo-o como escravo.

Cerca de vinte anos depois de José ser vendido como escravo, houve uma grande fome em Canaã. Os irmãos de José foram obrigados a viajar duas vezes para o Egito, onde José era agora administrador-chefe, para se obter alimento. Na primeira viagem, José, a quem não reconheceram, ordenou-lhes que trouxessem Benjamim com eles em seu retorno. Depois de evitarem um retorno pelo maior tempo possível, os irmãos foram forçados a fazer uma segunda viagem. Chegando ao Egito, eles foram enviados por José para um banquete. Quando a comida foi servida, Benjamin recebeu cinco vezes mais do que qualquer um dos outros irmãos (Gênesis 43:34). José esperou observando para ver se eles ainda estavam motivados pela inveja, porque eles achavam que ninguém entendia a língua que eles falavam livremente entre si. A conversa não mostrou nenhum sinal de inveja ou ciúme. José estava satisfeito. Tomado pela emoção, ele chorou, ao que se seguiu uma reunião de família!

Durante anos, os irmãos mais velhos de José passaram por momentos difíceis, sobretudo porque viam seu pai sofrer profundamente com a perda de seu filho José. Em seus momentos de desespero, escuridão e depressão, Deus operou em seus corações ciumentos. Eles se renderam a Ele, e Ele os livrou das suas tendências herdadas e cultivadas para a inveja e o ciúme.

Deus estava com zelo também, mas era para a salvação dos irmãos de José. Na verdade, este Seu ciúme foi a salvação deles. E é a nossa também. Paulo escreveu sobre esse zelo de Deus: "Estou zeloso de vós com zelo de Deus; porque vos tenho preparado para vos apresentar como uma virgem pura a um marido, a saber, a Cristo” (2ª Coríntios 11:2). Deus é zeloso para a glória e felicidade de Seu povo. Ele deseja que suas mentes sejam claras, suas almas purificadas, e suas vidas prolongadas eternamente. O ciúme de Deus é um amor intenso que odeia tudo o que prejudica ou destrói o Seu povo. Ele tem ciúmes de você!


Jerry Finneman

O irmão Geraldo L. Finneman é um pastor adventista, já tendo atuado nos estados de Michigan, Pensilvânia e Califórnia nos EUA. Ele prepara materiais para encontros evangelísticos, incorporados com os conceitos das Boas-Novas da Mensagem de 1888 de Justificação pela fé. Além de pastor da IASD ele também já foi presidente do Comitê de Estudos da Mensagem de 1888. Já há alguns anos não me encontro com ele mas me parece que, devido à idade, está para, ou, já se aposentou, mas ouvi dizer que continua trabalhando por boa parte do dia, atualmente na área de Battle Creek, a cidade que abrigava a antiga sede da igreja. Há um excelente livro escrito por ele, "Christ in the Psalms” [Cristo nos Salmos], infelizmente não está traduzido para o português.

Nota do tradutor:

1) Segundo Caldas Aulete, Inveja e ciúme são sinônimos. Igualmente zelar é ter ciúmes de alguém, ou mostrar ciúmes por alguém.