quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Lição 11: Liberdade em Cristo, por Paulo Penno


Para 3 a 10 de dezembro de 2011


Uma canga (jugo) era usada nos tempos antigos para controlar um escravo. As mãos e pescoço eram colocados em um tronco (cepo) apoiado sobre os ombros. Assim controlado, o pobre prisioneiro era levado pelo senhor.
O "jugo da servidão" é o velho concerto. "A liberdade com que Cristo nos libertou" é o novo concerto (Gál. 5:1). Os dois concertos são dois entendimentos diferentes do povo de Deus através dos tempos, duas percepções opostas do plano de salvação de Deus.
Os gálatas estavam sendo enganados pelos defensores de um método de falsificação da salvação. Você deve ser "circuncidado" a fim de ser salvo. Um "devedor" deve "guardar toda a lei" (v. 3). O erro dos gálatas foi o velho concerto. Você prometeu obedecer e viver.
Os gálatas se auto-expulsaram da escola de Cristo. Tendo sido inicialmente motivados pelo "dom inefável" da "graça" de Deus, eles entraram agora num programa de “faça você mesmo” de ser "justificados pela lei" (v. 4). O problema não é a lei. O problema é o seu falho entendimento doutrinário.
O chefe gastronômico pode servir uma refeição de sete pratos, sempre muito apetitosa. Mas se houver uma gota de arsênico na comida, se ela não lhe matar, ela certamente vai paralisá-lo. Se há uma pitada de fermento na massa, ela irá permear o pão (vs. 9). Em outras palavras, se há uma gota de legalístico egocentrismo na nossa compreensão do evangelho, então há uma queda da graça de Deus e uma perda do primeiro amor.
O problema da mornidão na última das sete igrejas do Apocalipse é que Laodicéia tenha perdido seu primeiro amor. Ela arrastou-se no erro do galacianismo. Seu velho concerto de prometer fazer tudo certo é uma queda da graça.
Quando ela ensina seus filhos histórias que eles devem obedecer para ser salvos, ou sua juventude é levada a fazer promessas de obedecer, o seu fracasso faz com que pensem que Deus não os pode aceitar. Eles deixam a igreja. Seus pais choram perguntando o que deu errado. É porque eles foram ensinados a "confiar e obedecer" a Deus e a si mesmos.
Não é diferente em princípio (exceto para a reencarnação) do que a doutrina do karma1 no hinduísmo. Se você se sair bem nesta vida, você vai voltar em vida após a morte exaltado. O velho concerto é o princípio pagão de que se pode ganhar a salvação e a vida eterna por meio de suas obras com a ajuda de Deus. É a fonte da apatia espiritual.
Não é de admirar que o livro de Gálatas foi a vela de ignição para a mensagem de 1888. É a mensagem a Laodicéia. "A mui preciosa mensagem"2 honra e enaltece o grandioso sacrifício de Jesus com a verdade da purificação do santuário. O mesmo fez Paulo no livro de Gálatas.
Paulo percebeu que a única cura para o egocentrismo do galacianismo era "a verdade do evangelho" (Gál. 2: 5 e 14). Paulo ensinou-os a "obedecer ["ouvir" hupokeo] a verdade" (Gál. 3:1, 5:7). Quando Paulo estava no meio deles, os gálatas inclinaram-se para ouvir, ao ele proclamar Cristo e este crucificado. Seus "ouvidos" se tornaram "olhos", por assim dizer, de modo que eles "viram" Cristo "evidenciado, crucificado, entre” eles (Gál. 3:1).
Os gálatas esqueceram quem Paulo era, quem eles eram, onde eles estavam. Seus corações endurecidos foram derretidos pelo amor reconciliador do sacrifício de Jesus que pagou por eles. Uma coisa para os judeus é crucificar um deles. Mas para você matar o Filho de Deus é outra. Cristo toma o seu túmulo no inferno que você merece e em troca lhe dá a Sua vida eterna que Ele merece.
Esta verdade de coração humilde é "o escândalo da cruz" (Gál. 5:11). Não há ofensa na boa pregação de sermões legalistas. Ninguém vai ser perseguido por dizer às pessoas que elas devem obedecer. Entretanto, apelando para os pecadores virem ao pé da cruz defrontando o orgulho sufocado na poeira vai expor o pregador a “sofrer perseguição" (vs. 11).
Pedro e os discípulos amavam a Jesus, e assim declararam sua devoção a um homem. Jesus lhes disse que havia uma cruz no futuro deles. Pedro prometeu que nunca iria abandonar Jesus. Mas Pedro nunca calculou "o escândalo da cruz", e quando o medo tomou conta dele e dos outros, todos eles abandonaram e fugiram. Não houve sequer um discípulo que honrou seu Salvador, declarando aos Romanos: "Se vocês O crucificam, então vocês me crucificam também!"
A única cura para tal medo de preservar o eu a todo custo é a "fé que opera pelo amor" (Gál. 5:6). "Equilíbrio" entre fé e obras não é a equação. Estritamente falando, não somos salvos pela nossa fé, muito menos por nossas obras. Se esse fosse o caso, teríamos algo de que nos gloriarmos, que éramos tão inteligentes a ponto de ver uma boa barganha para a salvação.
Somos salvos pela "fé de Jesus"3 (Apoc. 14:12;. Gál. 2:16). "Deus repartiu a cada homem a medida da fé" (Rom. 12: 3). É um pecado para alguém dizer que não tem fé. Se ele der um minúsculo passo e colocar o dedo na tomada elétrica, o que ele vai encontrar lá é uma faísca. Se escolhe crer que Jesus é seu Salvador, este pequeno passo de aprender a crer vai crescer. E não há fim para a quantidade de "boas obras" que "a fé que opera pelo amor [Ágape]" pode produzir.
Há apenas um lugar em toda a Bíblia onde esta "fé que opera pelo amor" é chamada de "justificação pela fé", e é em Gálatas 5:5. "A justiça pela fé" é dom de Deus para cada homem. Ela está esperando para ser reconhecida. É "ver" o amor reconciliador do sacrifício de Jesus que move a alma para escolher dizer "não" à impiedade, e "Sim" para o poderoso Espírito Santo.
Justiça é o poder de Jesus Cristo vencendo a tentação do pecado e endireitando o que está torto. Cristo é a única fonte da "justiça de Deus." Justiça de Cristo é a preparação que é necessária para obter "a esperança" da herança eterna da terra prometida a Abraão (2ª Pedro 3: 13; Atos 26: 6, 7, e Heb. 11: 9, 10).
Paulo expressa palavras positivas em relação à lei: "Ame o teu próximo como você acha natural amar a si mesmo" (Gál. 5:14). É ilógico ensinar, assim como o evangelho da auto-estima o faz, que você só pode amar o próximo ao você aprende a amar a si mesmo. Se você se considera o mais importante, você nunca mais vai amar alguém da mesma forma — este é o evangelho segundo Lúcifer.
Em vez disso, o evangelho do Cordeiro crucificado ensina que Cristo ama você. Ele pagou um preço infinito por tomar a sua sepultura. Você, assim, aprende a apreciar o seu valor em vista desta moeda Divino-humana. Cristo concede a você o dom do auto-respeito. Verdadeiramente torna o coração humilde!


- Paul E. Penno


Paulo Penno é pastor evangelista da igreja adventista na cidade de Hayward, na Califórnia, EUA, da Associação Norte Californiana da IASD, localizada no endereço 26400, Gading Road, Hayward, Telefone: 001 XX (510) 782-3422. Ele foi ordenado ao ministério há 38 anos. Após o curso de teologia ele fez mestrado na Universidade de Andrews. Recentemente ele preparou uma extensiva antologia dos escritos de Alonzo T. Jones e Ellet J. Waggoner, a qual está incluída na Compreensiva Pesquisa dos Escritos de Ellen G. White. Recentemente também ele escreveu o livro “O Calvário no Sinai: A Lei e os Concertos na História da Igreja Adventista do 7º Dia,” e, ao longo dos anos, escreveu muitos artigos sobre vários conceitos da mensagem de 1888. O pai dele, Paul Penno foi também pastor da igreja adventista, assim nós usualmente escrevemos seu nome: Paul E. Penno Junior. Você pode vê-lo, no You Tube, semanalmente, explanando a lição da semana seguinte na igreja adventista de Hayward, na Califórnia, em http://www.youtube.com/user/88denver99


Nota do tradutor:
1) Carma ou karma é uma das crenças hinduístas, e é um termo de uso religioso dentro das doutrinas budista, hinduista e jainista, adotado posteriormente também pela Teosofia, pelo espiritismo, e por um subgrupo significativo do movimento da Nova Era, para expressar um conjunto de ações dos homens e suas consequências. Este termo, na física, é equivalente a lei: "Para toda ação existe uma reação de força equivalente em sentido contrário". Neste caso, para toda ação tomada pelo homem ele pode esperar uma reação. Se praticou o mal então receberá de volta um mal em intensidade equivalente ao mal causado. Se praticou o bem então receberá de volta um bem em intensidade equivalente ao bem causado. Dependendo da doutrina e dos dogmas da religião discutida, este termo pode parecer diferente, porém sua essência sempre foca as ações e suas consequências.
2) Testemunhos para Ministros, pág. 91, sic;

3) Veja o artigo que publicamos neste blog em 19 de outubro, a propósito da lição 4 deste trimestre, Fé DE Jesus e Fé EM Jesus, por Alonso T. Jones. Originalmente havíamos intitulado tal artigo como Justificação pela Fé, mas o mudamos hoje para DE Jesus e Fé EM Jesus a fim de tornar mais evidente tal importante contraste.

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