Para 3 a 10
de dezembro de 2011
Uma canga (jugo) era usada nos
tempos antigos para controlar um escravo. As mãos e pescoço eram colocados em um tronco
(cepo) apoiado sobre os ombros. Assim controlado, o pobre prisioneiro
era levado pelo senhor.
O "jugo
da servidão" é o velho concerto. "A liberdade com que Cristo nos
libertou" é o novo concerto (Gál. 5:1). Os dois concertos são dois
entendimentos diferentes do povo de Deus através dos tempos, duas percepções
opostas do plano de salvação de Deus.
Os gálatas estavam sendo enganados pelos
defensores de um método de falsificação da salvação. Você deve ser "circuncidado"
a fim de ser salvo. Um
"devedor" deve "guardar
toda a lei" (v. 3). O
erro dos gálatas foi o velho concerto. Você
prometeu obedecer e viver.
Os gálatas se auto-expulsaram da escola de
Cristo. Tendo sido inicialmente
motivados pelo "dom inefável"
da "graça" de Deus, eles entraram agora num programa de “faça você mesmo” de ser "justificados pela lei" (v.
4). O problema não é a lei. O problema é o seu falho entendimento
doutrinário.
O chefe gastronômico pode servir uma
refeição de sete pratos, sempre muito apetitosa. Mas se houver uma gota de arsênico na
comida, se ela não lhe matar, ela certamente vai paralisá-lo. Se há uma pitada de fermento na massa,
ela irá permear o pão (vs. 9). Em
outras palavras, se há uma gota de legalístico egocentrismo na nossa
compreensão do evangelho, então há uma queda da graça de Deus e uma perda do
primeiro amor.
O problema da mornidão na última das sete
igrejas do Apocalipse é que Laodicéia tenha perdido seu primeiro amor. Ela arrastou-se no erro do
galacianismo. Seu velho concerto
de prometer fazer tudo certo é uma queda da graça.
Quando ela ensina seus filhos histórias que
eles devem obedecer para ser salvos, ou sua juventude é levada a fazer
promessas de obedecer, o seu fracasso faz com que pensem que Deus não os pode
aceitar. Eles deixam a igreja. Seus pais choram perguntando o que deu
errado. É porque eles foram
ensinados a "confiar e obedecer" a Deus e a si mesmos.
Não é diferente em princípio (exceto para a
reencarnação) do que a doutrina do karma1 no
hinduísmo. Se você se sair bem
nesta vida, você vai voltar em vida após a morte exaltado. O velho concerto é o princípio pagão
de que se pode ganhar a salvação e a vida eterna por meio de suas obras com a
ajuda de Deus. É a fonte da apatia espiritual.
Não é de admirar que o livro de Gálatas foi
a vela de ignição para a mensagem de 1888. É
a mensagem a Laodicéia. "A
mui preciosa mensagem"2 honra e
enaltece o grandioso sacrifício de Jesus com a verdade da purificação do
santuário. O mesmo fez Paulo no livro de Gálatas.
Paulo percebeu que a única cura para o
egocentrismo do galacianismo era "a
verdade do evangelho" (Gál. 2: 5 e 14). Paulo ensinou-os a "obedecer ["ouvir" hupokeo] a verdade" (Gál. 3:1, 5:7). Quando
Paulo estava no meio deles, os gálatas inclinaram-se para ouvir, ao ele
proclamar Cristo e este crucificado. Seus
"ouvidos" se tornaram "olhos",
por assim dizer, de modo que eles "viram" Cristo "evidenciado, crucificado, entre” eles (Gál. 3:1).
Os gálatas esqueceram quem Paulo era, quem
eles eram, onde eles estavam. Seus
corações endurecidos foram derretidos pelo amor reconciliador do sacrifício de
Jesus que pagou por eles. Uma
coisa para os judeus é crucificar um deles. Mas
para você matar o Filho de Deus é outra. Cristo
toma o seu túmulo no inferno que você merece e em troca lhe dá a Sua vida
eterna que Ele merece.
Esta verdade de coração humilde é "o escândalo da cruz" (Gál.
5:11). Não há ofensa na boa
pregação de sermões legalistas. Ninguém
vai ser perseguido por dizer às pessoas que elas devem obedecer. Entretanto, apelando para os pecadores
virem ao pé da cruz defrontando o orgulho sufocado na poeira vai expor o
pregador a “sofrer perseguição" (vs. 11).
Pedro e os discípulos amavam a Jesus, e
assim declararam sua devoção a um homem. Jesus
lhes disse que havia uma cruz no futuro deles. Pedro prometeu que nunca iria
abandonar Jesus. Mas Pedro nunca
calculou "o escândalo da cruz",
e quando o medo tomou conta dele e dos outros, todos eles abandonaram e
fugiram. Não houve sequer um discípulo que honrou seu Salvador, declarando aos
Romanos: "Se vocês O crucificam, então vocês me crucificam também!"
A única cura para tal medo de preservar o
eu a todo custo é a "fé que opera
pelo amor" (Gál. 5:6). "Equilíbrio"
entre fé e obras não é a equação. Estritamente falando, não somos salvos pela
nossa fé, muito menos por nossas obras. Se
esse fosse o caso, teríamos algo de que nos gloriarmos, que éramos tão
inteligentes a ponto de ver uma boa barganha para a salvação.
Somos salvos pela "fé de Jesus"3 (Apoc.
14:12;. Gál. 2:16). "Deus repartiu a cada homem a medida da
fé" (Rom. 12: 3). É um
pecado para alguém dizer que não tem fé. Se ele der um minúsculo passo e
colocar o dedo na tomada elétrica, o que ele vai encontrar lá é uma faísca. Se escolhe crer que Jesus é seu
Salvador, este pequeno passo de aprender a crer vai crescer. E não há fim para a quantidade de "boas obras" que "a fé que opera pelo amor [Ágape]" pode produzir.
Há apenas um lugar em toda a Bíblia onde
esta "fé que opera pelo amor"
é chamada de "justificação pela fé", e é em Gálatas 5:5. "A justiça pela fé" é dom de
Deus para cada homem. Ela está
esperando para ser reconhecida. É
"ver" o amor reconciliador do sacrifício de Jesus que move a alma
para escolher dizer "não" à impiedade, e "Sim" para o
poderoso Espírito Santo.
Justiça é o poder de Jesus Cristo vencendo
a tentação do pecado e endireitando o que está torto. Cristo é a única fonte da
"justiça de Deus." Justiça
de Cristo é a preparação que é necessária para obter "a esperança" da
herança eterna da terra prometida a Abraão (2ª Pedro 3: 13; Atos 26: 6, 7, e
Heb. 11: 9, 10).
Paulo expressa palavras positivas em
relação à lei: "Ame o teu próximo
como você acha natural amar a si mesmo" (Gál. 5:14). É ilógico ensinar, assim como o
evangelho da auto-estima o faz, que você só pode amar o próximo ao você aprende
a amar a si mesmo. Se você se
considera o mais importante, você nunca mais vai amar alguém da mesma forma —
este é o evangelho segundo Lúcifer.
Em vez disso, o evangelho do Cordeiro
crucificado ensina que Cristo ama você. Ele
pagou um preço infinito por tomar a sua sepultura. Você, assim, aprende a apreciar o seu
valor em vista desta moeda Divino-humana. Cristo
concede a você o dom do auto-respeito. Verdadeiramente
torna o coração humilde!
- Paul E. Penno
Paulo Penno é pastor evangelista da igreja adventista na
cidade de Hayward, na Califórnia, EUA, da Associação Norte Californiana da
IASD, localizada no endereço 26400, Gading Road, Hayward, Telefone: 001 XX
(510) 782-3422. Ele foi ordenado ao ministério há 38 anos. Após o curso de
teologia ele fez mestrado na Universidade de Andrews. Recentemente ele preparou
uma extensiva antologia dos escritos de Alonzo T. Jones e Ellet J. Waggoner, a
qual está incluída na Compreensiva Pesquisa dos Escritos de Ellen
G. White. Recentemente também ele escreveu o livro “O Calvário no Sinai: A Lei e os
Concertos na História da Igreja Adventista do 7º Dia,” e, ao longo dos
anos, escreveu muitos artigos sobre vários conceitos da mensagem de 1888. O pai
dele, Paul Penno foi também pastor da igreja adventista, assim nós usualmente
escrevemos seu nome: Paul E. Penno Junior. Você pode vê-lo, no You Tube, semanalmente, explanando
a lição da semana seguinte na igreja adventista de Hayward, na Califórnia, em http://www.youtube.com/user/88denver99
Nota do tradutor:
1) Carma ou karma é uma das crenças hinduístas, e é um termo de uso religioso dentro das doutrinas
budista, hinduista e jainista, adotado posteriormente também pela Teosofia,
pelo espiritismo, e por um subgrupo significativo do movimento da Nova Era,
para expressar um conjunto de ações dos homens e suas consequências. Este
termo, na física, é equivalente a lei: "Para toda ação existe uma reação
de força equivalente em sentido contrário". Neste caso, para toda ação
tomada pelo homem ele pode esperar uma reação. Se praticou o mal então receberá
de volta um mal em intensidade equivalente ao mal causado. Se praticou o bem
então receberá de volta um bem em intensidade equivalente ao bem causado.
Dependendo da doutrina e dos dogmas da religião discutida, este termo pode
parecer diferente, porém sua essência sempre foca as ações e suas
consequências.
2) Testemunhos para
Ministros,
pág. 91, sic;