quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Lição 3 – Homem: Criatura de Deus, por Michael Horton

Para 13 a 20 de outubro de 2012

Enfrentando o Desafio Secular: A humanidade como obra de Deus
A questão da identidade humana tem inúmeras facetas: Quem somos nós? Como viemos a existir? Qual é a nossa natureza? E assim, qual é o nosso propósito? Para onde estamos indo? Nós temos uma escolha ou é inevitável? Qual é a nossa relação de uns para com os outros? Será que Deus realmente nos fez “de um só sangue” em Adão? (Atos 17: 26). Qual é o nosso relacionamento com aqueles que já se foram e estão na sepultura? As respostas refletem o nosso sentido ou de que a humanidade é a criação de um Deus Soberano com um propósito, ou de que são consequência de processos aleatórios, históricos, materiais (evolução).
Todas estas questões têm sido fundamentais para a filosofia, psicologia, sociologia, ciência política e muitas das disciplinas acadêmicas que moldaram o mundo ocidental. Elas são fundamentais para a nossa busca por significado. Estas disciplinas acadêmicas e pensadores têm informado e influenciado abordagens ocidentais à sociedade, aos valores, ao governo de moralidade, e à política, bem como à ciência. Elas são, muitas vezes, as lentes que focalizam a nossa visão, nossa compreensão e resolução das estruturas econômicas e dos mercados, e instituições, e nossa mais ampla visão das possibilidades e relações humanas.
Infelizmente, essas opiniões foram construídas sobre o ceticismo do pensamento grego aos gostos de Sócrates, Platão e Aristóteles, e, mais tarde, o racionalismo do Iluminismo. Pensadores como René Descartes propôs, (*cogito ergo sum) “eu penso, logo existo", como um princípio indubitável e a base para todo um sistema de raciocínio sobre o mundo. Suas teorias, e as de tantos outros, têm sido largamente desprovidas da base fundamental de um entendimento biblicamente revelado do homem e do seu Criador. "Eu penso, por isso, eu existo?" Certamente nós não somos a criação de nossos próprios pensamentos, mas, em um sentido, nós nos tornamos o produto deles. Assim, em grande medida, essas disciplinas acadêmicas são "ciência e educação, assim falsamente chamadas" (*veja 1ª Tim. 6:20). O homem, de fato, "fez duas maldades: a Mim Me deixaram, o manancial de águas vivas, e cavaram cisternas — cisternas rotas, que não retêm águas" (Jeremias 2:13). Eduardo Alexandre Sutherland, (*1865-1955) educador pioneiro (*Enciclopédia Adventista, 2ª ed. R&H, 1976, pág. 1442) viu que isso era indispensável e fundamental para a compreensão do processo salvífico, para a restauração da imagem de Deus no homem. Na verdade, o propósito da educação é esta restauração. Salvação e educação são um. Este é o verdadeiro objetivo do evangelho de Jesus Cristo, como E. G. White disse: "O pecado desfigurou e quase apagou a imagem de Deus no homem. Foi para restaurar essa imagem que se concebeu o plano da salvação" (Patriarcas e Profetas, pág. 595, apud Guia de Estudo desta lição 3, último § de sexta-feira)
Portanto, as perguntas: de quem somos, quem nos fez, e como chegamos aqui? são de longo alcance, com implicações profundas para a vida. A maioria dos ocidentais rejeitaram a reivindicação direta bíblica em Gênesis da criação do homem à imagem de Deus. A queda no Éden, que é tão fundamental para a compreensão bíblica e espiritual, então é considerada como mera mitologia. Consequentemente, eles são cepticos sobre vitais visões bíblicas da natureza caída do homem, o problema do pecado, o plano da redenção, e o conflito entre o bem e o mal. Até mesmo os cristãos, às vezes lutam ao (*tentar) conciliar relatos bíblicos com a ciência. A palavra fala de modo simples, claro e autorizadamente. "Pela fé entendemos que os mundos pela palavra de Deus foram criados; de maneira que aquilo que se vê não foi feito do que é aparente" (Hebreus 11: 3).
A pergunta, "O que é o homem?" Trouxe uma série de respostas e teorias rivais que tentam explicar a origem, condição e possibilidades do homem. Eles formam o currículo de educação superior na maioria das universidades. Desde a visão dualista de Platão do corpo e "alma eterna" do homem; à alienação social de Karl Marx do homem; à idéia do comportamentalista B. F. Skinner, para quem somente a ciência pode nos dizer a verdade sobre a natureza e a natureza humana; às idéias do existencialista Sartre para quem o homem deve fazer sua própria racionalização; ao determinismo mental de Sigismundo Freud, que parece negar a vontade humana completamente — as teorias abundam e para analisá-las necessitamos mais do que o nosso tempo de vida inteiro. No entanto, na arena secular, elas são profundamente respeitadas, estudadas e absorvidas, e consideradas como as produções mentais dos grandes pensadores ao longo da história. Mas um Ser maior Se revela na Bíblia como a fonte de toda sabedoria, entendimento e conhecimento. Ele é aquele que não teoriza, mas que “anuncia o fim desde o princípio” (Isa. 46:10), porque Ele, é, literalmente, o início (o Iniciante) e o fim (A resolução) da existência humana e da história.
Aqueles que não são ateus, mas agnóstico, ainda creem que "se existe um Deus, eles podem descobrir pela razão." Nesta visão, a mente do homem tornou-se o padrão de todas as coisas. Assim, temos a evolução, o casamento do mesmo sexo, e "qualquer dia é santo," abordagens vitais para as questões de origem humana, relações, e adoração. A Bíblia lhes diz: "Podes tu, procurando, encontrar a Deus?" (Jó 11:7, KJV)1. A Almeida diz: “Porventura alcançarás os caminhos de Deus?” Nós não podemos. Mas em dar o salto de fé e aceitar a idéia de que a Bíblia é a revelação inspirada de Deus para nós, toda uma nova visão compreensiva se abre para nós, um sistema de revelação e visão de Deus que é consistente e comprovado por aqueles que se atrevem a testá-Lo, e crer que Ele existe (*Veja Heb. 11:6). É a Sua própria declaração de Sua identidade, propósito e Seu amor pela família humana, como mostrado na história e culminado na cruz de Cristo, que nos libertou através do evangelho eterno. É a Sua intimidade, como Criador, que permite a razoabilidade da intimidade do arrependimento e confissão, em vez de rebelião e conflito. Como uma moeda, cada indivíduo tem um valor sagrado evidenciado pelo sangue derramado em abundância por todos; ainda somos parte de uma comunidade que o Pai Criador considera uma família.
Mais importante, a revelação divina na Bíblia coloca a história humana no contexto da queda e da obra de Deus em Cristo (a semente da mulher, Gênesis 3, 15). Ele revela que, por causa da escolha do homem, algo deu fundamentalmente errado, ferindo gravemente a capacidade do homem de se relacionar com o seu Criador no amor e numa vida de santidade. O pecado manchou a imagem de Deus na humanidade. Em um tempo em que se fala muito sobre "relacionamento" com Cristo, e os relacionamentos como mais importante do que a religião, devemos ser rápidos para dizer, sucintamente, que a relação do homem com Deus, com Cristo, nosso Criador e Redentor é simples e poderosa, uma (*interação) de amor. Na verdade, Ele é amor (*Ágape), e nossa maior alegria é amar a Deus de todo o nosso coração, força, alma, mente, e, e amar o nosso próximo como a nós (*amamos a nós) mesmos, Mateus 22: 37-39. É a restauração desse amor em nossos corações, por meio do preenchimento com o Espírito Santo, que é a promessa da aliança de Deus de abençoar-nos e fazer-nos uma bênção, Ezequiel 36: 25 -28.2
Enquanto a visão intelectual competitiva do mundo é abundante, a Palavra de Deus nos apresenta uma visão espiritual clara. Ela diz que nós somos de fato Sua obra na criação, e mais uma vez, agora por causa da queda e do pecado, a Sua obra na redenção. Ela (*a visão espiritual clara) promete que através de Sua obra como nosso Sumo Sacerdote, no verdadeiro tabernáculo que o Senhor erigiu, que deve ser feita como Ele, tendo Sua imagem em sua plenitude novamente (1ª João 3: 1-3).. Nós finalmente seremos a Sua obra prima, terminada e glorificada, no Reino feito novo.

Pós escrito,
O próximo ano será 2013. Não um ano de significado especial na mente da maioria. Serão 125 anos depois de 1888. Foi então que algumas das mais claras apresentações bíblicas do evangelho, a obra de Cristo, a verdadeira natureza do homem e do amor de Deus, foram apresentadas. O propósito de Deus para a humanidade em Adão foi estabelecido. O que se perdeu foi apresentado. O exaltado papel de Cristo em restaurar o que em Adão todos perderam — a imagem de Deus na humanidade — foi apresentado. O papel glorioso do evangelho em exaltar a humanidade além de seu propósito inicial e preparar a noiva de Cristo para subsistir no juízo, foi proclamada pelos mensageiros. A mensagem do amor de Deus e da justiça nos três anjos de Apocalipse 14 começou como o Alto Clamor. Cento e vinte e cinco anos mais tarde, como a violência nas nações de nosso mundo e nas ruas de nossas cidades nos dizem, ao proliferar a dor, e confusão distorce as mentes, agora é o momento para que a imagem mais clara do Cordeiro de Deus, o Salvador do mundo, deva ser novamente apresentada. Que o anjo de Apocalipse 18, o quarto anjo da série, novamente desça com grande poder para iluminar o mundo com a glória da justiça de Cristo.

Michael Horton

O irmão Michael Horton é o pastor da igreja adventista do sétimo dia de Shalem, localizada na 1105 Pine Street, Waukeghan, Ilinois,  60085-2727, em Chicago, estado de Illinois. Fone (847) 244-0350.

Nota do tradutor:
1)       Encontrei as seguintes passagens paralelas sobre quão insondável é Deus e Suas obras:
“Ele faz coisas grandes e inescrutáveis, e maravilhas sem número” (Jô 5:9);
“Tudo fez formoso em seu tempo; também pôs o mundo no coração do homem, sem que este possa descobrir a obra que Deus fez desde o princípio até o fim” ( Eclesiastes 3:11);
“Não sabes, não ouviste que o eterno Deus, o Senhor, o Criador dos fins da terra, nem Se cansa nem Se fatiga? É inescrutável o Seu entendimento” (Isaias 40:28);
“Todas as coisas Me foram entregues por Meu Pai, e ninguém conhece o Filho senão o Pai; e ninguém conhece o Pai, senão o Filho, e aquele a quem o Filho quiser revelar” (Mat. 11:27);
“Ó profundidade das riquezas, tanto da sabedoria, como da ciência de Deus! Quão insondável são os Seus juízos, e quão inescrutáveis os Seus Caminhos!” (Rom. 11:33), e
“A mim, o mínimo de todos os santos, me foi dada esta graça de anunciar entre os gentios, por meio do evangelho, as riquezas incompreensíveis de Cristo” (Efé. 3:8).

2) “Então aspergirei água pura sobre vós, e ficareis purificados; de todas as vossas imundícias e de todos os vossos ídolos vos purificarei. E dar-vos-ei um coração novo, e porei dentro de vós um espírito novo; e tirarei da vossa carne o coração de pedra, e vos darei um coração de carne. E porei dentro de vós o meu Espírito, e farei que andeis nos Meus estatutos, e guardeis os Meus juízos, e os observeis. E habitareis na terra que Eu dei a vossos pais e vós sereis o Meu povo, e Eu serei o vosso Deus” (Ezequiel 36:25-28).
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