quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Lição 4 - A salvação - A Única Solução, por Paulo Penno

Para 20 de outubro a 3 de novembro de 2012


Os desafios e as oportunidades diante dos jovens hoje não têm precedentes. No futuro imediato está situado o ponto culminante do grande conflito. Cada um de nós é chamado a ter uma parte na proclamação da mensagem de que a Divindade "restaurou toda a raça humana, ao favor de Deus,"1 "em Cristo". Ele fez todos os homens "aceitos no Amado" (*Efé. 1: 6)
Será que é possível introduzir uma cunha divisória entre Ellen White e os claros conceitos da mensagem de 1888? Qualquer tentativa de fazer isso é desastroso para a integridade da "terceira mensagem angélica em verdade."2 Neste processo há uma maneira que as pessoas sinceras podem inconscientemente engasgar com a verdade do adventismo.
O problema surge quando eles insistem que a Boa Nova não pode ser tão boa quanto os mensageiros de 1888, disseram que é. Eles dizem que quando Cristo morreu na cruz, Ele não poderia ter conseguido uma justificação legal para "todo o mundo", "todos os homens",. O melhor que Ele poderia ter feito era fazer uma provisão segundo a qual a justificação pudesse vir àqueles que primeiro fizessem algo para ativá-la. Eles temem que a mensagem de 1888 vá levar ao universalismo.
Eles não percebem que estão alimentando o fogo em que as visões dos evangélicos se abastecem, adicionando ao seu ímpeto e levando muitos adventistas do sétimo dia ao campo que eles dizem que abominam, o da "teologia da reforma." O fato é que os pontos de vista de justificação pela fé de 1888 e os da "teologia da Reforma" são tão diferentes como o dia e a noite.
Resumidamente, a visão de 1888 diz que o sacrifício de Cristo na cruz garantiu a "todos os homens", a "todo o mundo", uma justificação legal, e esta é a razão pela qual "todos os homens" podem apreciar o dom da vida. Em cada pedaço de pão está estampada a cruz do Calvário, e ninguém, santo ou pecador, toma seu alimento diário, que não seja nutrido pelo corpo e o sangue de Cristo (Veja O Desejado de Todas as Nações, pág. 660). "Todos os homens" devem tudo a Ele, porque o Pai imputou suas "ofensas" a Ele ao Ele estar pendurado na cruz (2ª Coríntios. 5:19). Nenhum pecador jamais suportou ainda todo o peso de sua culpa. Cristo "pela graça de Deus" já provou "a morte por todos" (Heb. 2:9). É por isso que "todo homem" pode viver aqui e agora.
Portanto segue-se que quando o pecador ouve e aprecia e, portanto, crê nesta Boa Nova, ele experimenta a justificação pela fé, que é uma mudança de coração, que imediatamente o faz obediente a todos os mandamentos de Deus (Leia Testemunhos para Ministros e Obreiros Evangélicos, págs. 91 a 93).
A chamada "teologia da reforma" nega isso, dizendo que a justificação pela fé é, em si, apenas uma declaração legal de absolvição. Assim, quando o pecador "aceita a Cristo", (*eles dizem) sua ação ativa o computador celeste, que, em seguida, proclama o pronunciamento legal de que Deus agora considera este pecador como um ser justo, quando, na verdade, ele não é e nunca será verdadeiramente assim até à ressurreição ou à trasladação na vinda de Cristo. Qualquer mudança de coração não ocorre na justificação pela fé, mas num processo posterior conhecido como santificação; e, porque santificação nunca é completa, o pecador está condenado a nunca se tornar totalmente obediente à lei de Deus. Assim, a verdadeira obediência, no que concerne ao crente, sempre permanece um pressuposto legal "em Cristo," nunca uma realidade. O pecado é coberto.
A visão reformacionista nunca poderia ter feito progresso eficaz entre nós se o adventismo "histórico," através do século passado, tivesse compreendido e aceito a visão de 1888.
Justificação é um termo que ninguém pode negar, honestamente, ter um significado legal. O pecador transgrediu a lei de Deus, e, assim, merece a condenação jurídica de morte daí decorrente. Portanto, para ele ser coberto, mesmo por um momento, para viver, exige uma justificação legal. Quando isso ocorre?
O reformacionista e o adventista "histórico" ambos concordam, erroneamente, em uma resposta superficial: “não até o pecador ‘aceitar a Cristo.’" Mas, se uma justificação jurídica (legal) só ocorre quando o pecador aceita a Cristo, a justificação pela fé tem que ser apenas um pronunciamento legal. Em um momento o pecador supostamente carrega a culpa total de todos os seus pecados; no momento seguinte, depois que ele "aceita a Cristo", ele é considerado totalmente inocente. E o adventista "histórico" não percebe que a sua posição tem sido manuseada pela teologia reformacionista.
A razão é que ambos os pontos de vista ainda estão atolados na essência do legalismo. O pecador fez algo, realizou um trabalho, o que torna possível sua justificação legal. Sua decisão de "aceitar a Cristo" ativou o mecanismo celeste, que, tanto quanto ele está preocupado, ficou inativo até este momento. Sua justificação é, portanto, a consequência de sua própria iniciativa.
A verdade é que a justificação vem por iniciativa de Deus, não do homem. Quando o Salvador estava pendurado na cruz, "Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não lhes imputando os seus pecados; e pôs em nós a palavra [notícia, *a boa nova] da reconciliação" (2ª Coríntios 5:19). "A palavra" não é uma mera promessa de provisão "possível" ou, "talvez," dependente de iniciativa do pecador. É uma boa nova de uma reconciliação consumada.
 “Cristo ... é a propiciação pelos nossos pecados, e não somente pelos nossos, mas também pelos pecados de todo o mundo" (1ª João 2:2). O texto não diz que provisoriamente ou possivelmente, talvez, quem sabe, Cristo será a propiciação pelos pecados de todo o mundo, se e quando, e não até o pecador "aceitar". Cristo já é aquela propiciação. "Nosso Salvador Jesus Cristo... aboliu a morte, e trouxe à luz a vida e incorrupção, (imortalidade) através do evangelho" (2ª Tim. 1:10). Para todos os homens Ele trouxe a "vida", para aqueles que creem, Ele trouxe também "imortalidade".
Os mensageiros de 1888 perceberam que a cruz realiza muito mais do que fazer uma mera provisão dependente da iniciativa do pecador, a fim de ser eficaz. Aqui é onde a justificação pela fé do Novo Testamento expõe à luz a sutileza do legalismo. Nosso ponto de vista "histórico" deixou uma abertura fatal para ele se intrometer. Na pura justificação pela fé do Novo Testamento "a jactância ... é excluída" (Rom. 3:27), mas no ponto de vista popular o fator chave é a iniciativa do pecador. Ele pode dizer: "—Eu aproveitei a oferta, eu aceitei a provisão, eu tomei a decisão que me leva para o céu—." Assim, uma mentalidade egocêntrica é trancada dentro (*da mente do ”crente”).
Nossa lição da Escola Sabatina, disse que o sacrifício de Cristo é apenas provisional, é em vão, ele não faz a ninguém bem algum a menos que o pecador tome a iniciativa de crer e obedecer.3 Mas nós vemos o sacrifício divino como incondicional, e não provisório. A graça é dada a todos, totalmente imerecida. Cristo realmente, de fato, morreu por "todos os homens."
Qual é a mensagem da justificação pela fé, que "o Senhor, em Sua grande misericórdia, enviou" para os adventistas do sétimo dia? A fé do pecador não é o que inicia sua justificação. Deus a iniciou no sacrifício de Seu Filho. Ele "restaurou toda a raça humana ao favor de Deus", "em Cristo". Ele fez todos os homens "aceitos no Amado" (*Efé. 1:6, KJV. A Alm. Fiel diz, “nos fez agradáveis a Si no Amado.” Veja também Rom. 3:24 e Mat. 17:5).
Tão certo como um veredicto de condenação veio sobre todos os homens "em Adão", assim um veredicto de absolvição veio a todos os homens "em Cristo". Considerando que a justificação legal ocorreu pelo sacrifício de Cristo como nosso segundo Adão, a justificação pela fé, portanto, tem de ser muito mais do que uma declaração legal: ela realmente reconcilia o coração do crente a Deus, e ele não pode ser reconciliado com Deus e ao mesmo tempo não ser reconciliado com a Sua santa lei. Portanto justificação pela fé genuína, neste Dia antitípico da Expiação torna o crente obediente a todos os mandamentos de Deus e o prepara para a trasladação. Somos salvos por Cristo, pela graça, mediante a fé, não por obras, Efé. 2:8, 9. Assim, em vez de ser motivada por qualquer medo do inferno ou esperança de recompensa, o crente é motivado pelo amor de Cristo para viver não para si, mas para Ele.
Nesta luz, a justificação pela fé é a única cura para a nossa doença espiritual de mornidão no mundo, o único meio de preparar um povo para a vinda de Cristo.

- Paul E. Penno

Paulo Penno é pastor evangelista da igreja adventista na cidade de Hayward, na Califórnia, EUA, da Associação Norte Californiana da IASD, localizada no endereço 26400, Gading Road, Hayward, Telefone: 001 XX (510) 782-3422. Ele foi ordenado ao ministério há 38 anos. Após o curso de teologia ele fez mestrado na Universidade de Andrews. Recentemente ele preparou uma extensiva antologia dos escritos de Alonzo T. Jones e Ellet J. Waggoner, a qual está incluída na Compreensiva Pesquisa dos Escritos de Ellen G. White. Recentemente também ele escreveu o livro “O Calvário no Sinai: A Lei e os Concertos na História da Igreja Adventista do 7º Dia,” e, ao longo dos anos, escreveu muitos artigos sobre vários conceitos da mensagem de 1888. O pai dele, Paul Penno foi também pastor da igreja adventista, assim nós usualmente escrevemos seu nome: Paul E. Penno Junior. Você pode vê-lo, no You Tube, semanalmente, explanando a lição da semana seguinte na igreja adventista de Hayward, na Califórnia, em http://www.youtube.com/user/88denver99

Notas:
1) Mensagens Escolhidas, Livro 1, pág. 343;  
2) Ibidem, pág. 372,
3) Veja a lição de quinta-feira (25 de outubro de 2012): "... quando você se entrega a Cristo, pela fé, e aceita Sua vida perfeita em lugar do seu "trapo da imundícia" (Isa. 64:6 ), você é coberto com a justiça de Cristo. A vida perfeita dEle é creditada a você como se fosse sua."
Mas essa justificação o limpa dos pecados passados apenas legalmente, e não é, em si mesma, uma mudança de coração — a mudança de coração vem na santificação (que eles acreditam nunca é completa nesta vida). Portanto justificação pela fé cobre (*o ato de) pecar continuamente. "A morte de Cristo cobre todos os pecados..." "Quando você se entrega" "você está" "coberto com a justiça de Cristo" (lição de quinta-feira, 25 de outubro de 2012). Na verdade, devido a não entender a mensagem completa da justiça de Cristo, eles veem como uma impossibilidade não continuar a pecar enquanto estamos na carne mortal com uma natureza pecaminosa.
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