quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Lição 5, Crescendo em Cristo, por Paulo E. Penno

Para 27 de outubro a 3 de novembro de 2012

Nós nos vendemos a nós mesmos à servidão do pecado e estamos sob "a maldição da lei" (Gál. 3:13). Vivemos "com medo da morte,” estavamos "por toda a vida sujeitos à servidão" (Heb. 2:15). Como escravos do pecado estamos diariamente submetidos aos "principados e potestades” deste mundo (Col. 2:15). Devemos uma insuportável dívida jurídica à lei universal da justiça, como pecadores compulsivos. Estamos literalmente enterrados em dívidas. Mas, como o "credor que tinha dois devedores" e "livremente perdoou a ambos," Deus nos perdoou "muito" (Lucas 7:41, 42). Nós cantamos: "Redimido, como eu amo proclamá-lo!" (*Hino 337 do Hnário Adventista americano, 209 do brasileiro “Jesus me Remiu!” ). A mensagem de 1888 nos ajuda a apreciar o que a nossa redenção custou ao Salvador.1
"Fostes comprados por bom preço" (1ª Coríntios. 6:20). "A redenção que há em Cristo Jesus é o mérito ou o poder de compra de Cristo"2 Qual é o poder de compra de Cristo? Ele é o primeiro e único "filho" do Pai. “Em Cristo há vida original, não emprestada, não derivada"3. Ele é o Criador. Mas o Redentor também deve ser um com os redimidos. Ele "esvaziou-Se a Si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-Se semelhante aos homens" (Fil. 2:7). O infinito Filho de Deus é um conosco. Temos sido "comprados" "a custo infinito".4
Primeiro, Cristo comprou todo o mundo dos pecadores, pagando sua dívida do pecado. "A graça de Deus se há manifestado, trazendo salvação a todos os homens" (Tito 2:11). Cristo “Se deu a Si mesmo em preço de redenção por todos" (1ª Tim. 2:6). A palavra resgate usada aqui é uma palavra composta "resgate substitutivo" e indica que uma troca realmente aconteceu. Waggoner escreve que Cristo "não comprou uma certa classe, mas todo o mundo dos pecadores".5
Segundo, Cristo pagou nossa dívida real da morte eterna pelo sofrimento do abandono de Deus na cruz. "Cristo nos resgatou da maldição da lei [a desobediência à lei], fazendo-Se maldição por nós" (Gálatas 3:13). O pecado ganha o salário da morte — a coisa real — o efetivo adeus à vida. Foi a Torá, que ensinou que qualquer um enforcado em uma árvore era "maldito de Deus" (Deut. 21:23).
Como a cabeça corporativa da raça humana, Cristo satisfez a lei universal de justiça por Sua morte, em favor dos pecadores. "Cristo exauriu a pena e proveu o perdão"6. "A raça caída" está "redimida da maldição do pecado"7. "Porque todos pecaram, ... sendo justificados gratuitamente por Sua graça, por meio da redenção que há em Cristo Jesus" (Rom. 3:23, 24, KJV). Com Seu sangue, como o nosso "segundo Adão", Ele redimiu, comprou, recuperou, restaurou ao favor, emancipou, libertou da morte, liberou, a inteira raça humana corporativa.
Terceiro, "principados e potestades" antigamente enraizados em nossa natureza pecaminosa, maus hábitos, e as trevas da alma que nos tornam incapazes de obedecer, foram "estragados", “libertados", derrotados, Col. 2:15. Escravos de maus apetites, drogas e escuridão da alma são libertados a partir desses poderes demoníacos que os mantinham em cativeiro. Paulo diz, você está livre de todos esses "principados", que o arrastaram para baixo! Como cativos conquistados em uma guerra romana eles são exibidos "abertamente" como em uma procissão triunfal de vitória.
O que era a cédula "contrária a nós", que foi tomada e tirada “do meio de nós, cravando-a na cruz" (Colossenses 2:14)? "Há uma lei que foi abolida, a qual Cristo "tirou do caminho, cravando-a na Sua cruz" (KJV). Paulo chama isso de "a lei dos mandamentos na forma de ordenanças". Esta lei cerimonial, dada por Deus através de Moisés, com os seus sacrifícios e ordenanças, devia ser obrigatória para os hebreus até que o tipo encontrasse o antítipo na morte de Cristo, como o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo"8.
Em outra passagem, Ellen White vai mais fundo no significado espiritual da idéia de Paulo. É mais do que a alienação judeu-gentio que era um problema local de dois mil anos atrás. Ellen White vê que Paulo está falando do problema espiritual em nossos corações hoje:
"O propiciatório, sobre o qual a Glória de Deus descansou no santíssimo, é aberto a todos os que aceitam Cristo como a propiciação pelo pecado, e através de seu meio são levados em comunhão com Deus. O véu é rasgado, as paredes divisórias quebradas, as inscrições das ordenanças canceladas. Em virtude de Seu sangue a inimizade é abolida. Através da fé em Cristo, judeus e gentios podem partilhar do pão vivo"9.
Embora seja verdade que a lei cerimonial com as suas disposições sobre "carne," "bebida" e "lua nova" foram abolidas pelo sacrifício de Cristo, obviamente, ela viu que não é tudo o que Paulo pretendia dizer. Por que foi que a abolição da lei cerimonial despojou os "principados e potestades,... e deles triunfou em si mesmo" (Colossenses 2:15)? Dizer que a lei cerimonial foi pregada na cruz é correto, mas o que se encontra abaixo da superfície aqui?
Quais foram os maus "principados e potestades" que "triunfaram" na cruz? O problema era "inimizade" nos corações humanos, que Ellen White reconhece em sua frase: "A inimizade é abolida", para que "sejam levados em comunhão com Deus." Essa inimizade de fato era "contra nós"! A palavra grega traduzida como "escrita" é cheirographon, que significa "um documento escrito à mão." Nos dias de Paulo, a palavra se refere a um documento legal ou vínculo assinado por um devedor — uma  hipoteca, em nosso idioma. O "apagamento" foi a lavagem da tinta solúvel em água, assim apagando a evidência manuscrita da dívida. Talvez o mais claro equivalente moderno para nós seria a queima de uma hipoteca com o sentido resultante de exultação por não mais dívida pairar sobre nós.
Será que Cristo realizar algo assim para nós na Sua cruz? O Pensamento vigoroso de Paulo diz, sim. Seu contexto imediato é o seu exultante louvor a Deus "perdoando-vos todas as ofensas" (v. 13). Em seguida, na mesma frase, ele explica como Cristo nos perdoou todos os nossos pecados — “havendo riscado a cédula [caligrafia] que era contra nós nas Suas ordenanças, a qual nos era contrária, e a tirou do meio de nós, cravando-a na cruz" (v. 14). Sabendo como Paulo gosta de se gloriar na cruz de Cristo, torna-se claro que ele está falando do registro de nossos pecados sendo apagados. Foi um documento legal que era, de fato, verdadeiramente "contra nós, ... contrário a nós ", e que foi apagado e “tirado do meio de nós” na cruz.
O que foi "abolido" na cruz foi a inimizade carregada de medo e culpa e gerada pela incredulidade. Assim, a circuncisão e a "lei de Moisés" chegaram a um fim na cruz; mas, em princípio, algo mais fundamental também chegou ao fim lá, diz Paulo — o próprio pecado foi conquistado, com a sua resultante alienação de Deus.
Cristo de fato redimiu toda a raça humana por seu sacrifício, “aboliu [a segunda] a morte", arrancou o medo que assombra a humanidade, "tirou o espinho de todos os poderes que eram contra nós", acorrentou Satanás e seu maus "principados" à Sua triunfal carruagem em Sua procissão de vitória, cancelou o registro, "escrito à mão," dos pecados que nós mesmos tinhamos assinado, como nosso endividamento a ser pago por nossa própria segunda morte, e reverteu a "condenação" que veio a "todos os homens" em Adão , pronunciando sobre "todos os homens" um Glorioso "veredicto de absolvição".
Há libertação de todo vestígio de tirania de Satanás sobre nossas almas. Essa é a idéia que está no coração da "terceira mensagem angélica em verdade" a-libertação do jugo do pecado irritante. É possível para um povo se preparar para a segunda vinda de Cristo!10
-Paul E. Penno
 com base nos escritos de Roberto Wieland


Paulo Penno é pastor evangelista da igreja adventista na cidade de Hayward, na Califórnia, EUA, da Associação Norte Californiana da IASD, localizada no endereço 26400, Gading Road, Hayward, Telefone: 001 XX (510) 782-3422. Ele foi ordenado ao ministério há 38 anos. Após o curso de teologia ele fez mestrado na Universidade de Andrews. Recentemente ele preparou uma extensiva antologia dos escritos de Alonzo T. Jones e Ellet J. Waggoner, a qual está incluída na Compreensiva Pesquisa dos Escritos de Ellen G. White. Recentemente também ele escreveu o livro “O Calvário no Sinai: A Lei e os Concertos na História da Igreja Adventista do 7º Dia,” e, ao longo dos anos, escreveu muitos artigos sobre vários conceitos da mensagem de 1888. O pai dele, Paul Penno foi também pastor da igreja adventista, assim nós usualmente escrevemos seu nome: Paul E. Penno Junior. Você pode vê-lo, no You Tube, semanalmente, explanando a lição da semana seguinte na igreja adventista de Hayward, na Califórnia, em http://www.youtube.com/user/88denver99

Notas:
                 [1] "Você pode dizer que crê em Jesus, quando tem uma apreciação do custo da salvação. Você pode fazer essa afirmação, quando sente que Jesus morreu por você na cruel cruz do Calvário; quando você tem uma inteligente fé que compreende que a Sua morte torna possível a você
cessar de pecar, e, para aperfeiçoar um caráter justo através da graça de Deus, outorgada a você como a aquisição do sangue de Cristo” (Ellen G. White, Como estamos? "Advent Review e Sabbath Herald” de 24 de julho de 1888).
 [2] Ellet J. Waggoner, "Sendo Justificados," A Verdade Presente 8, 21 (20 de out. de 1892), pág. 324.
 [3] Ellen G. White, O Desejado de Todas as Nações, pág.530.
 [4] Ellen G. White, Comentario Bíblico Adventista, vol. 1, pág.1095.
 [5] Ellet J. Waggoner, Cristo e Sua Justiça, pág. 80 (ed. Boas Novas).
 [6] Ellen G. White, Maravilhosa Graça (Med. Matinal de 1974), pág.139.
 [7] Ellen G. White, O Maior Discurso de Cristo, pág.104.
 [8] Ellen G. White, "A Lei do Perpétuo Deus", publicado na revista Bíblia Eco (em 16 de abril de 1894).
 [9] Ellen G. White, Comentário Bíblico Adventista, vol. 5, pág.1109 (Carta 230, 1907).
 [10] "Na perfeição de caráter de Cristo, foi encontrado o resgate para o pecador, a maneira em que o rebelde contra Deus pode ser reconciliado com Deus. Aqueles que se submeterem ao poder de atração de Cristo, podem ser justificados por um Deus justo. (Ellen G. White, A Verdade Revelada aos humildes, "Signs of the Times” (de 11 de dezembro de 1893).

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