sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Lição 8 - A igreja a Serviço da Humanidade, por Roberto Wieland

Para 17 a 24 de novembro de 2012


Muitos dizem que gostam de Jesus e gostam da Bíblia, mas não querem se filiar a nenhuma “organização religiosa”. Estamos diante de uma versão "vegetariana" (*por assim dizer) destes indivíduos dentro da Igreja Adventista do Sétimo Dia — pessoas que gostam da Bíblia e do Espírito de Profecia, mas têm certa resistência à "igreja organizada". É a verdadeira igreja apenas uma dispersão, desorganizada, não-coesa, de "almas fiéis"?
Os descendentes de Abraão foram eleitos por Deus para serem o então equivalente da igreja organizada hoje. "Far-te-ei uma grande nação" (Gên. 12:2). Eles deviam, publicamente, compartilhar e exemplificar sua fé. Essa nação se tornou conhecida como Israel. Sua história registra uma série de altos e baixos, com muitos episódios sombrios de fracasso da nação. As "recaídas" foram o resultado direto da idéia do velho concerto que haviam abraçado por conta própria. Mas suas graves apostasias, como nos dias de Elias e Jeremias, não cancelaram a eleição original de Deus. Apesar de terem sido severamente punidos por suas apostasias, nem Israel nem Judá nunca tornaram-se Babilônia. Mesmo enquanto eles estavam presos em Babilônia continuaram sendo Israel. A adoração a Baal era uma doença que afligiu a todos os membros, mas não transformou (*a corporação, a nação espiritual) em Babilônia.
Quem é "Israel" hoje? Desde o início, a verdadeira "semente" de Abraão nunca eram descendentes meramente naturais. Não em Ismael, mas "em Isaque será chamada a tua descendência" (Rom. 9:7). Justificação pela fé foi tão verdadeira na época de Abraão como no tempo de Paulo.
Isaías viu, de antemão, o que iria acontecer no teste final de Israel:

"E naquele dia
Será diminuída a glória de Israel,
E a gordura da sua carne ficará emagrecida. ...
Porém ainda ficarão nele alguns rabiscos,
Como no sacudir (*na sacudidura) da oliveira,
Duas ou três azeitonas na mais alta ponta dos ramos,
E quatro ou cinco nos seus ramos mais frutíferos"
(Isa. 17:4-6).

Temos frequentemente ouvido um ditado popular (*entre nós adventistas) que a igreja nunca vai experimentar arrependimento e reforma até a perseguição nos atingir. Mas o teste para o antigo Israel não foi provocado por força externa do Império Romano, mas pelo evangelho. O que levou a nação a sua crise final foi a vida e morte de Cristo e o claro testemunho dos apóstolos no Pentecostes do que a história dEle significou.
Em 34 d.C., a nação física de Israel foi rejeitada, mas o verdadeiro Israel se arrependeu no dia de Pentecostes por causa da fé em Cristo, pois "se sois de Cristo, então sois descendência de Abraão, e herdeiros conforme a promessa" (Gálatas 3:29). É assim que esses crentes contritos tornaram-se o novo Israel, a Igreja, a verdadeira "nação tendo os frutos." A igreja não era um apêndice ou ramo de Israel, eram os verdadeiros descendentes de Abraão (Daniel 9:24; Mat. 21:42-45;. Lucas 20:16, Atos 13:46, Rom. 9:7-8; 11:17, 25-27).
Da mesma forma, será uma revelação da verdade da justificação pela fé que apressará a sacudidura final de hoje, não a perseguição do mundo. Cristo vai fazer esta obra, não Satanás. A perseguição virá, mas é impossível que uma igreja morna possa ser perseguida por Satanás. Ele quer manter essa igreja morna! Somente “os que piamente querem viver em Cristo Jesus padecerão perseguições” (*2ª Tim. 3:12).
É natural que alguns temam que a Igreja e as suas instituições estejam agora muito grandes e complexas para serem bem sucedidas. Mas a Bíblia não faz nenhuma insinuação de que o crescimento do corpo torne a obra do Espírito Santo difícil ou impossível. No geral, o que vai unificar a Igreja é a verdade pura, inadulterada, anunciada oficial e sinceramente do fundo do coração e sem reservas da parte de sua liderança.
Considerando que a verdadeira Cabeça da Igreja Adventista do Sétimo Dia é o próprio Cristo, a Sua honra e vindicação estão envolvidas. Ele sabe o caminho para trazer cura e unidade ao seu "corpo". Ellen White identifica claramente os adventistas do sétimo dia como o "remanescente": "Em sentido especial foram os adventistas do sétimo dia postos no mundo como vigias e portadores de luz. A eles foi confiada a última mensagem de advertência a um mundo a perecer. ... [a] proclamação da primeira, segunda e terceira mensagens angélicas. ...As mais solenes verdades já confiadas a mortais nos foram dadas para as proclamarmos ao mundo” (Testemunhos para a Igreja, vol. 9, pág. 19).
"A igreja talvez pareça como prestes a cair, mas não cairá. Ela permanece, ao passo que os pecadores de Sião serão lançados fora no joeiramento — a palha separada do trigo precioso. É esse um transe terrível, não obstante importa que tenha lugar" (Mensagens Escolhidas, livro 2, pág. 380).
Como é que Cristo considerou esta igreja organizada? Como Ele chamou Abraão e seus descendentes para testemunharem a Sua verdade em um mundo de paganismo, assim Ele chamou adventistas do sétimo dia para testemunharem às igrejas cristãs apóstatas e ao mundo inteiro, incluindo o judaísmo, islamismo, hinduísmo, budismo e paganismo.
Mas, se temos uma fé inabalável de que o Senhor Jesus é o verdadeiro líder desta igreja, então podemos ter confiança de que Ele vai lavá-la e purificá-la, como Ele prometeu fazer. Se foi o Senhor Jesus que iniciou a missão desta igreja, podemos ter certeza de que Ele sabe como vê-la acontecer.
A profecia de Apocalipse 3:19 chama um povo para ser levantado nos últimos dias que cumpre a vontade de Deus e traz honra e glória ao Cordeiro. Eles vão dar uma resposta convincente à oração do Senhor há muito adiada, "Seja feita a Tua vontade, assim na terra como no céu” (Mat. 6:10). Eles compartilham o poder executivo com Cristo no final do grande conflito. A lealdade deles a Cristo de modo algum tem méritos na salvação, mas dá prova convincente de que o evangelho tem o poder que Cristo reivindica para ele (*para o evangelho).
O Senhor precisa de agentes humanos através dos quais Ele possa trabalhar para "pôr tudo em ordem." Não é Seu plano trabalhar independentemente deles. Não é apropriado para nós orarmos, "Senhor, por favor, faça alguma coisa", e, em seguida, sentarmo-nos e não fazermos nada. Aqueles que cooperam com Cristo nesta obra não são feitos de matéria mais rígida ou melhor do que os outros, eles têm simplesmente visto algo que os outros não viram — a realidade da cruz de Cristo. Esta é fé verdadeira, e tem dado forças a eles para estarem firmes pelo direito onde quer que estejam, mesmo que caiam os céus. Eles são o verdadeiro Israel que exerce a fé de Abraão.
Em uma palavra, é genuína justiça pela fé que tem transformado essas naturalmente tímidas, introvertidas pessoas em cristãos corajosos, servos da verdade. (Nos dias de Elias, havia "sete mil homens que não dobraram os joelhos diante de Baal”, 1º Reis 19:18). Eles podem parecer estarem escondidos, mas aguardam apenas a revelação de toda a verdade da justificação pela fé para apoiarem plenamente e sem medo a sua regeneradora obra vivificante. O Senhor precisa de milhões de "Elias" que, amorosa, porém firmemente, se posicionam ao lado do direito, que recebem e apreciam aquele Ágape que “lança fora o temor” (*1ª João 4:18).
O texto básico da Igreja Adventista do Sétimo Dia declara que pela primeira vez na história, a história não se repetirá: "Até dois mil e trezentos dias [anos], e o santuário será purificado" (Daniel 8:14). Aquela purificação, ou fazer direito, ainda não aconteceu para o corpo da igreja. A fim de que o santuário celestial possa ser purificado, o santuário do Senhor na terra (*os nossos corações) deve primeiro ser purificado. Os livros do Céu nunca podem gravar o "apagamento dos pecados" até que esta obra seja primeiro realizado no coração de Seu povo na terra.
Vamos gastar energias da nossa vida e tudo o que temos em trabalhar com Ele. "Estamos no dia da expiação, e devemos trabalhar em harmonia com a obra de Cristo da purificação do santuário dos pecados do povo. Que nenhum homem que deseje ser encontrado com a veste de casamento, resista nosso Senhor em Sua obra" (Review and Herald, 21 de janeiro de 1890). Queira Deus que nunca, em nenhuma circunstância, ou sob qualquer pressão, deixemo-nos trabalhar com propósitos contrários a Ele.

—Robert J. Wieland
Trechos do capítulo intitulado,
"Será que a Igreja Adventista do Sétimo Dia
 nunca vai se tornar Babilônia?"
do livro Grace on Trial.



O irmão Roberto J. Wieland foi um pastor adventista, a vida inteira, missionário na África, em Nairobe e Kenia. É autor de inúmeros livros. Foi consultor editorial adventista do Sétimo Dia para a África. Ele deu sua vida pela África. Desde que foi jubilado, até sua morte, em julho de 2011, aos 95 anos, viveu na Califórnia, EUA, onde ainda era atuante na sua igreja local.
Em 1950 ele e o pastor Donald K. Short, também missionário na África, em uma das férias deles nos Estados Unidos, fizeram dois pedidos à Conferência Geral:
1º) que fossem publicadas todas as matérias de Ellen G. White sobre 1888, e
2º) que fosse publicada uma antologia dos escritos de Waggoner e Jones.
38 anos depois, em 1988, a Conferência Geral atendeu o primeiro pedido, o que resultou na publicação de 4 volumes com um total de 1821 páginas tamanho A4. Quanto ao segundo pedido até hoje não foi o mesmo ainda atendido, a despeito de inúmeras recomendações da serva do senhor à mensagem e às pessoas deles.