quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Lição 9 – Rituais e Cerimônias da Igreja, por Robert J. Wieland

Para 24 de novembro a 1º de dezembro de 2012


Em vez de "rituais e cerimônias," a Igreja Adventista do Sétimo Dia usa o termo "ordenança" ao comemorar o batismo de Cristo, e a Ceia do Senhor, que é precedida pela "ordenança da preparação,"1 o lava-pés. Nos escritos de Ellen G. White, casamento e dízimo também estão incluídos como ordenanças.2 (Isto será discutido mais tarde no trimestre). Várias dinâmicas da  "mui preciosa mensagem," a mensagem de 1888, são encontrados nas três ordenanças discutidas nesta lição, entre elas: o amor Ágape de Deus por nós; a verdade da piedade prática, implícita no ministério do Sumo Sacerdote celestial no santíssimo; o poder do Espírito Santo; os dois concertos; a proximidade do nosso Salvador, e o conceito de justificação pela fé. Por favor, mantenha isso em mente ao estudar não só este pequeno ensaio, mas acima de tudo, a Bíblia e os escritos do Espírito de Profecia. Que todos nós possamos receber introspecções sobre estas verdades é a nossa oração.

O Batismo: Quando Jesus veio a João pedindo pelo batismo, este recusou. Jesus teve que dar a ele um estudo bíblico lá na água, convencendo-o de que Ele era o Cordeiro antitípico do serviço diário. "Então ele o permitiu" (Mat. 3:15).
Dois cordeiros eram oferecidos "diariamente" no altar do holocausto, de manhã e à noite, em favor de todos dentro das fronteiras de Israel. "Estrangeiros" e gentios foram incluídos como beneficiários. Nenhum arrependimento era necessário, nenhuma confissão, não foram feitas perguntas; os cordeiros foram "oferecidos continuamente," quer a pessoa cresse na ordenança ou não (Êxo. 29:38-42). Tudo o que era requerido era ser um ser humano, e estar sob o guarda-chuva da graça abundante de Deus. Este foi o evangelho sob a luz do luar, Apoc. 12:1. Como chegamos à "luz do sol" do Novo Testamento, o significado é claro: "Deus estava em Cristo reconciliando consigo mesmo o mundo" (2ª Coríntios 5:19.). O serviço diário dos dois cordeiros era um ministério para o mundo inteiro.
Quando Jesus estava (*ainda dentro d’agua) gotejando de Seu batismo no rio Jordão, uma voz vinda do céu, disse: "Este é o Meu Filho amado, em quem Me comprazo" (Mat. 3:17). Então, quando o Pai colocou os braços em volta de Jesus, ao mesmo tempo, Ele colocou os braços em torno de você também. Ellen G. White escreveu: “As palavras dirigidas a Jesus no Jordão: ‘Este é o Meu Filho amado, em quem Me comprazo’, abrangem a humanidade. Deus falou a Jesus como nosso representante. Com todos os nossos pecados e fraquezas, não somos rejeitados como indignos. Deus ‘nos fez agradáveis a Si no Amado’ (Efés. 1:6). A glória que repousou sobre Cristo é um penhor do amor de Deus para conosco" (O Desejado de Todas as Nações, pág. 113).
No dia seguinte, João O apresentou, dizendo: "Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo!" (João 1:29). Não nos é dito "talvez", ou "possivelmente", ou ainda, "Ele tira o pecado de alguns." Por que este sacrifício de expiação universal? "Ele é a propiciação pelos nossos pecados, e não somente pelos nossos, mas também pelos pecados de todo o mundo" (1ª João 2:2). Essas promessas e, esta declaração é a Novo Concerto para a sua alma.
O "incenso" oferecido no altar de incenso diáriamente ou continuamente, também era um tipo de um ministério universal de intercessão. Somente o sangue de Jesus continuamente ministrado guarda este mundo perverso de ser destruído (quando Ele deixar de ministrar o Seu sangue, então virá o tempo de angústia, Apoc. 8:3-5). Graças a Deus Ele ainda ministra hoje no Santíssimo do santuário celestial! Esta é uma boa notícia!

A Ordenança de Preparação: Quando os discípulos entraram no cenáculo o jarro, a bacia e a toalha estavam lá, prontos para serem usados na cerimônia de lava-pés, mas nenhum servo estava presente, de modo que era dever dos discípulos cumpri-la. Mas cada um dos discípulos, cedendo ao orgulho ferido, determinou-se a não fazer o papel de um servo. Por seu silêncio eles se recusaram a se humilhar. Os discípulos não fizeram nenhum movimento para servir um ao outro. Jesus esperou para ver o que eles fariam. Então Ele se levantou da mesa, tomando a toalha, cingiu-Se. Com espantoso interesse os discípulos olhavam, e em silêncio esperavam para ver o que estava por vir. "Depois deitou água numa bacia e começou a lavar os pés aos discípulos, e a enxugá-los com a toalha com que estava cingido" (João 13:5). Este ato abriu os olhos dos discípulos. Amarga vergonha e humilhação encheram seus corações. Eles entenderam a repreensão tácita, e viram-se a si mesmos em uma nova luz.
Cristo manifestou o Seu amor por Seus discípulos. O espírito egoísta deles O encheu de tristeza, mas Ele não entrou em polêmica com eles sobre o problema que tinham. Em vez disso deu-lhes um exemplo que nunca iriam esquecer. Seu amor por eles não foi facilmente incomodado ou extinto. Ele pôs de lado Sua coroa real e mantos reais, e tomou a forma de servo, um dos últimos atos de Sua vida na terra.
Por este ato de nosso Senhor, esta cerimônia humilhante foi feita uma consagrada ordenança. Era para ser observada pelos discípulos, para que eles sempre mantivessem na mente as lições dEle de humildade e serviço.3

A Ceia do Senhor: Esta última refeição que Jesus comeu com os discípulos ilustra a idéia de "substituição" que o Novo Testamento ensina (sim, e o Antigo Testamento, também), uma experiência compartilhada com Ele. Jesus não disse aos seus discípulos, Eu estou comendo este Pão em vez de vocês, igualmente Ele não disse, Eu estou bebendo deste cálice em vez de vocês. Ele comeu com eles, bebeu com eles, eles comeram e beberam com Ele. Usando a mais clara ilustração possível de união íntima Ele representou Seus crentes como "bebendo o Meu sangue, comendo o Meu corpo." Ele pede: "Estai em Mim, e Eu em vós .... Eu sou a videira vós as varas” (João 15:4, 5). "Conhecereis que estou em Meu Pai, e vós em Mim, e Eu em vós" (*João 14:20). Enviando o Espírito Santo para habitar com aqueles que criam n'Ele, Jesus quer dizer de Si mesmo “não vos deixarei órfãos; voltarei para vós" (v. 18). Abra seu coração; recebendo o Seu Espírito, você O estará recebendo.
Jesus não quer que pensemos dEle como separado de nós, fazendo tudo "em vez de nós", enquanto olhamos com admiração infantil, sem compreender. Ele realmente morreu em vez de nós, Ele morreu a nossa segunda morte para que não tenhamos de morrer a própria segunda morte — que é tudo verdade, mas é apenas uma parte da verdade, que Ele, obviamente, quer que a entendamos e experimentemos. Ele quer íntima união conosco por entramos nos Seus sentimentos e Sua experiência como um ramo está integrado nos processos de vida da Videira.
E depois descendo para os últimos dias da história, pouco antes do retorno de Cristo, o Apocalipse nos apresenta uma unidade com Ele, ainda mais íntima, e ainda mais fácil para a nossa compreensão humana. Nós vemos como Ele quer que nós sintamos uma identificação ainda mais profunda com Ele mesmo — a proximidade de uma noiva para com seu marido. Aqui é uma experiência compartilhada com Ele, uma em que o orgulho humano não pode ter lugar.
Quando "Estou crucificado com Cristo" (*Gal. 2:20) toda a minha "glória" (sim, mesmo pastoral!) é colocada na poeira para sempre.
Desde a cruz, o Pai podia fazer "que o Seu sol se levante sobre maus e bons, e a chuva desça sobre justos e injustos" (Mat. 5:45). Ele estava agora livre para tratar "cada homem", como se ele não tivesse pecado. Agora, a verdade da Ceia do Senhor, poderia fazer sincero sentido: o próprio Cristo é "o pão de Deus ... que ... dá vida ao mundo" (João 6:33). "O pão que Eu der", diz Jesus, "é a Minha carne, que Eu darei pela vida do mundo .... Se não comerdes a carne do Filho do Homem, e não beberdes o Seu sangue, não tereis vida em vós mesmos" (vs. 51, 53). Isso é igualmente verdade a respeito de "todos os homens", crentes e descrentes.4 Cristo deu o dom da vida real para o mundo, para a raça humana; se apenas "todos os homens" pudessem receber o dom da fé, seria para eles o início da vida eterna.
Mas essa verdade articulada na mensagem de 1888 não significa que todos irão para o céu. Não é a heresia do universalismo. Por Seu sacrifício, Cristo deu a cada um de nós a liberdade para resistir e rejeitar o que Ele nos deu. E, infelizmente, muitos o fazem. Os perdidos pedem sua própria destruição final. Aqueles que são salvos finalmente são simplesmente aqueles que de bom grado recebem o presente.
O plano de Deus era que uma vez os adventistas do sétimo dia pudessem aprender a proclamar esta verdade — o que Cristo realizou para a raça humana — então corações honestos iriam experimentar o que a Bíblia chama de "Justificação pela fé", Isso é o que o evangelho realiza nos corações e vidas mudadas para sempre. Ao proclamar o que Cristo realizou na cruz, o coração honesto é ganho.

Robert J. Wieland


Notas:
1) Ellen G. White, Conselhos para a Igreja, pág. 298 e 300.
*Veja, rapidamente, em negrito, as diferentes ordenanças mencionadas no Espírito de Profecia: “A ordenança do lava-pés ... a cerimônia da humildade ... uma ordenança consagrada (O Cuidado de Deus, Meditação Matinal de 1995, págs. 83, 84); “a ordenança da circuncisão” (Patriarcas e Profetas, pág. 364); “a ordenança da páscoa. ... A ordenança da santa ceia ... Sua própria ordenança” (O Desejado de Todas as Nações, pág. 652 e 656; comentário de E.G.W. Comentário Bíblico Adventista, vol. 6, pág. 1090). “A ordenança do batismo” (comentário de E.G.W., Comentário Bíblico Adventista, vol. 6, pág. 1075; Maravilhosa Graça, Meditação Matinal de 1974, pág. 143; Exaltai-O, Meditação Matinal de 1992, pág. 302); “governo humano, uma ordenança de designação divina” (Minha Consagração Hoje, Meditação Matinal de 1953 e 1989); “uma nação que obrava com justiça ... pediu de Mim a ordenança da Justiça” (Sermões e Palestras de E.G.W., vol. 1, pág. 349) “eles esqueceram-se das ordenanças da igreja” (História do Protestantismo, vol. 2, pág. 419); “A ordenança da preparação designada por Cristo” (O Desejado de Todas as Nações pág. 650) etc...
2) Ver índice abrangente dos escritos de Ellen G. White, pág. 1
3) Extraído de Conselhos para a Igreja, págs. 299-301.
4) O Desejado de Todas as Nações, p. 660. Escrito nos anos pós brilho da pregação de 1888.
 
O irmão Roberto J. Wieland foi um pastor adventista, a vida inteira, missionário na África, em Nairobe e Kenia. É autor de inúmeros livros. Foi consultor editorial adventista do Sétimo Dia para a África. Ele deu sua vida pela África. Desde que foi jubilado, até sua morte, em julho de 2011, aos 95 anos, viveu na Califórnia, EUA, onde ainda era atuante na sua igreja local.
Em 1950 ele e o pastor Donald K. Short, também missionário na África, em uma das férias deles nos Estados Unidos, fizeram dois pedidos à Conferência Geral:
1º) que fossem publicadas todas as matérias de Ellen G. White sobre 1888, e
2º) que fosse publicada uma antologia dos escritos de Waggoner e Jones.
38 anos depois, em 1988, a Conferência Geral atendeu o primeiro pedido, o que resultou na publicação de 4 volumes com um total de 1821 páginas tamanho A4. Quanto ao segundo pedido até hoje não foi o mesmo ainda atendido, a despeito de inúmeras recomendações da serva do senhor à mensagem e às pessoas deles.

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