quinta-feira, 8 de agosto de 2013

Lição 6: Confissão e arrependimento - as condições do reavivamento, por Jerry Finneman



Para 3 a 10 de agosto de 2013


A confissão de fé pode preceder o arrependimento, mas a confissão do pecado se segue ao arrependimento. O que é então o arrependimento? Ele inclui tanto a dor pelo pecado e o afastar-se dele. É ao mesmo tempo um dever e um dom. O dever de se arrepender é dado nos mandamentos de Jesus. Quando Ele começou Seu ministério público, ao proclamar: "O tempo está cumprido, e o reino de Deus está próximo,” Ele deu duas ordens: 1ª) "arrepender-se" e 2ª) "crer."
 “Arrependei-vos, e crede no evangelho" (Marcos 1:15). O elemento tempo se referia à última das setenta semanas da profecia de Daniel, que resumiu o calendário da vinda do "Messias [o Ungido] o príncipe" e da Sua crucificação (Daniel 9:25-27). O elemento tempo mencionado por Jesus foi o início da septuagésima semana. Quando Ele foi batizado pelo batismo do arrependimento de João, Ele foi ungido pelo Espírito Santo como representante e chefe da raça humana caída. Falaremos mais sobre isso mais tarde.
O arrependimento é produzido em pelo menos três maneiras: 1ª) pelo poder Deus, 2ª) através da bondade de Deus, e 3ª) por julgamentos.
Deve ser sempre lembrado que "Em cada mandamento, e em cada promessa da Palavra de Deus está o poder, sim, a própria vida de Deus, pelo qual o mandamento pode ser cumprido e realizada a promessa" (*Parábolas de Jesus, pág. 38, grifamos). Assim, o mandamento para se arrepender tem em si a própria vida de Deus, pela qual ele pode ser cumprido.
Não só é o arrependimento um dever. É também um dom de Deus, Atos 5:31. O arrependimento vem de uma percepção da bondade de Deus, Rom. 2:4. Quando Cristo é visto na cruz, carregando o pecado e a culpa de uma pessoa, algo acontece dentro do coração e da mente dessa pessoa. Ele, ou ela vai se dar conta da verdadeira tristeza pelo pecado, acompanhada por um afastamento dele, ou ele vai se levantar contra o evangelho, a bondade de Deus, e arrependimento. Dois exemplos se seguem, ambos os quais envolvem a cruz. O primeiro ocorreu no dia de Pentecostes, quando Pedro pregou Cristo e Este crucificado:
"Saiba, pois, com certeza toda a casa de Israel que a esse Jesus, a quem vós crucificastes, Deus O fez Senhor e Cristo. E, ouvindo eles isto, compungiram-se em seu coração, e perguntaram a Pedro e aos demais apóstolos, ‘que faremos, homens Irmãos?’ E disse-lhes Pedro: ‘Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo para perdão dos pecados; e recebereis o dom do Espírito Santo’” (Atos 2:36-38).
"Três mil almas" responderam, se arrependeram, creram e foram batizadas (Atos 2:41). Em contrapartida, em outra ocasião, Pedro pregou a Cristo crucificado, juntamente com os dons do arrependimento e o perdão dos pecados. Mas em vez de arrependimento, houve uma recusa, resultando em uma trama assassina contra os apóstolos por parte dos que ouviram mas rejeitaram o evangelho:
"O Deus de nossos pais ressuscitou a Jesus, ao qual vós matastes, suspendendo-O no madeiro. Deus com a Sua destra O elevou a Príncipe e Salvador, para dar a Israel o arrependimento e a remissão dos pecados. E nós somos testemunhas destas palavras, nós e também o Espírito Santo, que Deus deu àqueles que Lhe obedecem. E, ouvindo eles isso, se enfureciam, e deliberaram matá-los" (Atos 5:30-33).
O arrependimento vem às vezes como resultado de julgamentos. Um exemplo disso é aquele que ocorreu no tempo de Elias. Através de julgamentos os corações endurecidos de Israel foram levados ao arrependimento. Deus comissionou Elias para falar por Ele. Elias não formulou nenhum pedido de desculpas por sua aparição abrupta diante do rei Acabe. Ele disse ao rei: "Vive o Senhor Deus de Israel, perante cuja face estou, que nestes anos nem orvalho nem chuva haverá, senão segundo a minha palavra" (1º Reis 17:1). Levou três anos e meio de seca para levar Israel ao arrependimento.
Existem dois tipos de arrependimento — a tristeza segundo Deus e a tristeza do mundo, 2ª Coríntios 7:9-11. A tristeza do mundo vem por causa das consequências de ser pego ou por causa do sofrimento, mas sem verdadeira tristeza pelo próprio pecado. Uma pessoa pode estar triste por seus pecados e, ao mesmo tempo, recusar-se a abandoná-los. Esaú é um exemplo disso. Ele vendeu seu direito de primogenitura por um prato de sopa de leguminosas. Mais tarde, ele reivindicou  aquela herança. Mas isso foi depois de já ser tarde demais. Ele "foi rejeitado, porque não achou lugar de arrependimento, ainda que com lágrimas o buscou" (Hebreus 12:16-17). Sua tristeza era por causa das consequências do seu pecado, não por causa do pecado em si. Quatro outros exemplos são Caim, Faraó, Balaão e Judas cada um deles sentiu tristeza por causa das consequências do seu pecado, mas não por causa do pecado em si.
Por outro lado, a tristeza de Davi por seu pecado é um exemplo de verdadeiro arrependimento. Ele não encobriu ou escondeu o seu pecado com desculpas e justificativas. Ele viu a enormidade de seu pecado e da contaminação que causou em sua mente e coração. Não só ele confessou o seu pecado, mas ele orou por pureza de coração. Ele orou pela remoção do pecado subjacente e não apenas pelas consequências de seu pecado. Ele ansiava a comunhão que desfrutava anteriormente com Deus, cf. Sal. 51.
Vamos voltar para o batismo de Jesus e do seu profundo significado. O batismo de João era de arrependimento. Aqueles que eram batizados deviam dar evidência de arrependimento acompanhada com a sua confissão de pecado. Como representante da raça caída, Jesus Se arrependeu, confessou os pecados do mundo, como Seus próprios, e foi batizado. O Salmo 69 profetizou os passos de conversão que Jesus tomou a fim de nos redimir. Foi dito, Eu "restitui o que não furtei” (vs. 4). Aqui está a imagem de Jesus como nosso Fiador. A fiança é uma garantia que alguém assume em favor de outrem no caso deste ser condenado em um tribunal e não puder pagar seu débito. Se o acusado se recusa a comparecer ao julgamento o fiador perde tudo o que deu em garantia em favor do acusado. O fiador torna-se responsável pelo homem acusado pelo fracasso em comparecer a sua audiência. Desta mesma forma ocorreu com Jesus. Embora inocente, Ele assumiu a nossa falha e pagou o extremo preço
No verso seguinte, ouvimos Jesus confessando o pecado. "Tu ó Deus, bem conheces a minha estultícia, e os Meus pecados não Te são encobertos" (Sal. 69:5). Aqui Ele confessa os teus pecados e os meus. Jesus não tinha pecados pessoais para confessar, pois Ele não tinha pecado no comportamento, mas Ele tomou o teu pecado e o meu. Ele tornou-Se responsável por eles. Levou-os como se Ele os houvera cometido. Arrependeu-Se por eles e os confessou. Seu arrependimento e confissão foram perfeitos. Há momentos em que você e eu, apesar de termos nos arrependido e confessado os nossos pecados, fazendo-o com o melhor de nossa capacidade, ainda podemos sentir que estes (*esforços) não são bons o suficiente. É então que precisamos reclamar a confissão perfeita de Cristo e Seu perfeito arrependimento em nosso favor. O nosso arrependimento deve vir sob a égide de seu perfeito arrependimento e confissão. Encerrando, considere as seguintes idéias:
Cristo não veio confessar Seus próprios pecados, mas a culpa foi imputada a Ele como substituto do pecador. Ele não veio a arrepender-Se por conta própria, mas em nome do pecador .... Cristo honrou a ordenança do batismo por submeter-Se a este rito. Neste ato Ele Se identificou com Seu povo como Representante e Cabeça deles. Como seu substituto, ele toma sobre Si os seus pecados, numerando-Se com os transgressores, tomando as medidas que o pecador é obrigado a tomar, e fazendo o trabalho que o pecador deve fazer. (Review and Herald, de 21 de janeiro de 1873)
Ele tomou sobre si a nossa natureza, para que pudesse nos ensinar como viver. Nos passos que o pecador deve tomar na conversão, — arrependimento, fé e batismo, — Ele mostrou o caminho. Ele não Se arrependeu por Si mesmo, pois Ele não tinha pecado, mas em favor do homem. (Signs of the Times, de 31 de julho de 1884).
E então, quando Ele saiu da água ouviu a voz de Deus dizendo: "Este é o meu Filho amado, em quem Me comprazo" (Mat. 3:17). Esta é a palavra de Deus falando com você, comigo, e com todos os indivíduos da raça caída. Deus nos fala em Jesus, nosso Representante e Cabeça.
E o que estas palavras nos dizem, a todos os membros da família humana, qualquer que seja o nosso país ou posição? Para cada um de nós elas são palavras de esperança e misericórdia. Por meio da fé na provisão que Deus fez em favor do homem, você é aceito no Amado, — aceito pelos méritos de Jesus.
Muitos que lêem este relato não conseguem compreender o seu significado. Mas ele quer dizer que, em nome da humanidade, a oração de Cristo uniu seu caminho através da sombra infernal de Satanás, e chegou até o santuário, o próprio trono de Deus. Essa oração era por nós, a resposta foi para nós, ela é testemunha de que você é aceito no Amado. (Bible Eco, de 12 de novembro de 1894 
Sim, reavivamento. Mas isso nunca virá separado de arrependimento. Quanto mais nos aproximarmos de Jesus, nosso arrependimento não vai ser cada vez menos, mas mais e mais.
Quanto mais nos aproximarmos de Jesus, e quanto mais claramente distinguirmos a pureza de Seu caráter, tanto mais claro veremos a excessiva malignidade do pecado, e tanto menos nutriremos o desejo de nos exaltar a nós mesmos. Haverá um contínuo anelo da alma em direção a Deus, uma contínua, sincera, contrita confissão de pecado e humilhação do coração perante Ele. A cada passo para a frente em nossa experiência cristã, nosso arrependimento se aprofundará. Saberemos que nossa suficiência está em Cristo unicamente, e faremos nossa própria a confissão do apóstolo: "Eu sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita bem algum" (Romanos 7:18) "Mas longe esteja de mim gloriar-me, a não ser na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo, pela qual o mundo está crucificado para mim e eu para o mundo, (Gálatas 6:14)” (Atos dos Apóstolos, pág. 561).

-Jerry Finneman




O irmão Geraldo L. Finneman é um pastor adventista, já tendo atuado nos estados de Michigan, Pensilvânia e Califórnia nos EUA. Ele prepara materiais para encontros  evangelísticos, incorporados com os conceitos das Boas-Novas da Mensagem de 1888 de Justificação pela fé. Além de pastor da IASD ele também já foi presidente do Comitê de Estudos da Mensagem de 1888. Já há alguns anos não me encontro com ele, mas me parece que, devido à idade, está para, ou, já se aposentou, mas ouvi dizer que continua trabalhando por boa parte do dia, atualmente na área de Battle Creek, a cidade que abrigava a antiga sede da igreja. Há um excelente livro escrito por ele, "Christ in the Psalms” [Cristo nos Salmos], infelizmente não está traduzido para o português.

____________________________________