quinta-feira, 15 de agosto de 2013

Lição 7, Unidade — o Vínculo do Reavivamento, por Paulo Penno



Para 10 a 17 de agosto de 2013

O movimento de 1844 foi o que mais perto chegou de ser completo e generoso amor que qualquer outro grupo de pessoas desde a igreja primitiva dos apóstolos, que deram os seus bens materiais em uma efusão de amor (Ágape) para ajudar as pessoas em necessidade, inspirados pela então recente demonstração do amor de Deus em Cristo. Essas pessoas de 1844, membros de muitas denominações diferentes, foram o verdadeiro "ecumenismo" de todos os tempos. Eles seriamente procuraram cumprir a oração de Cristo, para que seus seguidores "todos sejam um" (João 17:21). Foi a verdade bíblica que trouxe essas pessoas de muitas convicções e culturas diferentes em unidade. Não houve fanatismo, apenas uma doce harmonia em sua crença comum no amor de Cristo.
Como podem milhões de cristãos em todo o mundo serem unificados? É importante, porque Jesus disse que a única maneira que o mundo pode ser levado a crer nEle é quando Seus seguidores "todos sejam um ... para que o mundo creia que Tu Me enviaste" (João 17:21, *grifamos). Algo que ele chama de "Tua verdade" é a única coisa que vai uni-los (João 17:17). Paulo a chama de "a verdade do evangelho" (Gál. 2: 5, 14). O sucesso ou fracasso da missão de Cristo para o mundo, portanto, depende daquela "verdade", trazer em união o Seu povo que professa que "guardam os Seus mandamentos e a fé de Jesus" (Apocalipse 14:12).
Pode Qualquer pessoa seguir a Cristo verdadeiramente e não estar envolvido em batalha? O próprio Jesus está fortemente engajado numa guerra conhecida como "o grande conflito entre Cristo e Satanás." Por que há tanta oposição quando a verdade é proclamada, às vezes até na igreja?
Por exemplo, o ensino da Bíblia é claro como a luz solar que o novo concerto são as "melhores promessas" de Deus (*Heb. 8: 6), e o velho concerto são as promessas inúteis do povo (Hebreus 8:8-10): entretanto as idéias do velho concerto continuam surgindo, e há tensão e desconfiança onde deveria haver agradável companheirismo e harmonia entre o povo de Deus.
Ele nos disse para não sermos surpreendidos pela oposição dolorosa chegando às vezes a partir do verdadeiro povo de Deus nos últimos dias. Ele nos diz: "Não é o discípulo mais do que o mestre ... Não cuideis que vim trazer paz à terra; não vim trazer paz, mas espada ...." (Mat. 10: 24 e 34). Como Jesus orou: "Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem" (Lucas 23:34), e assim Ele ora hoje.
E a oração será respondida: Deus perdoará o Seu povo por se opor e rejeitar o início da chuva serôdia e do alto clamor, mas Ele também será muito severo. Ele dá a cada geração chance de aceitar ou rejeitar "o princípio" daquele dom raro e mui precioso da chuva serôdia.
Unidade é essencial. Mas a unidade não pode ser verdadeiramente alcançada por uma negação ou supressão da verdade. Jesus orou por Seus discípulos: "Que todos sejam um" (João 17:21). Pouco antes, Ele dissera: "Santifica-os na verdade: a Tua palavra é a verdade" (João 17:17). E Ele lhes tinha dado a promessa: "Quando vier aquele Espírito de Verdade, Ele vos guiará em toda a verdade" (João 16:13). Ellen White escreve: "Devemos receber a santificação através da obediência à Palavra e ao Espírito de verdade. Não podemos renunciar a verdade, a fim de realizar a união, pois os exatos meios pelos quais ela deve ser adquirida é a santificação através da verdade. A sabedoria humana mudaria tudo isso, pensando que esta base de união é muito estreita. Os homens efetuariam uma união através de conformidade com opiniões populares, através de um compromisso com o mundo. Mas a verdade é a base de Deus para a unidade do seu povo."1
A ilusão temporária de unidade pode se seguir depois de ameaças e medo, mas somente o Espírito Santo, que é o "Espírito de verdade", pode trazer-nos todos à unidade pela qual Cristo orou. Aparentemente, controvérsias ou agitações nem sempre são necessariamente um mal absoluto".2 O Espírito Santo nos guia à unidade por meio de união em submissão à Palavra. Aqueles que se afastam da verdade são responsáveis por qualquer falta de unidade que possa resultar, e a única forma de garantir a unidade novamente é renunciar ao erro e crer na verdade.
Uma área de conflito que tem se intensificado nas mentes e corações por centenas de anos, é a "justificação pela fé". A batalha já se arrasta por mais de dois mil anos desde Cristo. Um livro inteiro do Novo Testamento é dedicado ao conflito — o Livro de Gálatas. Não havia nenhuma maneira pela qual alguém pudesse ser um cristão àquela época e, em seguida, não tomar partido, ou ao lado do que Paulo declarou ser "a verdade do evangelho", ou dos falsos mestres que vieram de "Jerusalém" para se opor a ele. E a batalha não cessou até hoje!
Quando Jesus, na noite anterior a Sua morte, fez Sua última oração ao Pai celestial em João 17, na presença de seus poucos discípulos, Ele claramente estabeleceu a questão da "justificação pela fé".3 Ele distinguiu entre duas classes de pessoas: 1ª) A expressão "toda a carne", é a mesma que “todos quantos” (*ou, todas as pessoas) mencionadas no verso 2. Ele diz que o Pai O enviou ao mundo para que “dê a vida eterna." "Assim como Lhe deste poder sobre toda a carne, para que dê a vida eterna a todos quantos Lhe deste." 2ª) O segundo grupo é o povo a quem o Pai O deu que estão "fora do mundo" (vs. 6, KJV). "Manifestei o Teu nome aos homens que do mundo Me deste (Almeida, grifamos): eram Teus, e Tu mos deste, e guardaram a Tua palavra." Para eles, Ele diz que Ele "manifestou o Seu nome, e eles receberam ... e creram que saí de Ti” (*vs. 6 e 8, isto é,) creram na bênção que o Pai deu ao mundo "em Cristo".
O fato de que muitos "no mundo" não querem receber o dom que Deus lhes deu, não significa que este presente não foi dado a eles. Se uma pessoa se recusa a crer em Cristo, isso não significa que Cristo não morreu por ele. "Deus amou o mundo de tal maneira que deu o Seu Filho unigênito" muito antes de você ou eu escolhermos crer ou não! Paulo diz que nossa incredulidade não pode anular a fidelidade de Deus, Romanos 3:3. No julgamento final, diante do Grande Trono Branco, no final do milênio bíblico (Apoc. 20:11-15) o perdido vai reconhecer que a sua incredulidade ao longo da vida foi uma rejeição da "vida eterna" que o Pai lhes dera "em Cristo".
Jesus tinha uma aflição em Seu coração naquela última noite — a desunião que tem atormentado os Seus seguidores através dos tempos. Poderia ser que a raiz daquela desunião, tragicamente persistente, fosse a recusa inconsciente de corações "cristãos" em entender que o presente foi dado ao mundo? Será que em nossos corações "mornos" queremos restringir ou limitar o amor de Cristo e reduzir a salvação a uma mera oferta? Queremos nos gloriar em nossa própria iniciativa de aceitá-la? Quando entrarmos na Nova Jerusalém poderemos dizer: "Eu estou aqui porque eu acreditei! Peguei a oferta! Tomei a iniciativa de minha salvação!" (*Grifos nossos).
Parece muito provável que quem entrar vai bater em seu peito e dizer: "Eu sou indigno! Estou aqui só por causa da graça de Deus, não por causa de eu ter tomado a iniciativa de crer. Somente a Ele será toda a glória!" Oh, que o entendimento do presente que nos foi dado mova os nossos corações de nossa mornidão coletiva hoje!

- Paul E. Penno



Notas do autor:


[1] Obreiros Evangélicos, pág. 391 (edição de 1892). Nas publicações posteriores esta declaração foi omitida; assim ocorreu igualmente na publicação da CPB. Originalmente publicado na nossa revista Review and Herald de 12 de abril de 1892.
[2] "O fato de que não há controvérsia ou agitação entre o povo de Deus, não deve ser considerado como evidência conclusiva de que eles estão unidos firmemente na sã doutrina. Há razão para temer que eles não podem claramente discriminar entre a verdade e o erro. Quando nenhuma nova indagação é esclarecida, pela investigação das Escrituras, quando nenhuma diferença de opinião surge que vá provocar os homens a examinar a Bíblia por si mesmos, para se certificar de que eles têm a verdade, haverá muitos agora, como nos tempos antigos, que irão se apoiar na tradição, e eles adoram o que não conhecem.
"Tem-me sido mostrado que muitos dos que professam a verdade presente, não sabem no que creem. Não compreendem as provas de sua fé. Não apreciam devidamente a obra para este tempo. Quando chegar o tempo de angústia, e ao examinarem a posição em que se encontram, homens que agora pregam a outros, verificarão que há muitas coisas para as quais não podem dar uma razão satisfatória. Até serem assim provados, desconheciam sua grande ignorância" (Obreiros Evangélicos, pág. 298; edição de 1.915).
[3] "Grandes verdades que não foram ouvidas e contempladas desde o dia de Pentecostes, resplandecerão da Palavra de Deus em sua pureza original. Aos que realmente amam a Deus, o Espírito Santo revelará verdades que desapareceram da mente, e também lhes revelará verdades inteiramente novas" (Fundamentos da Educação Cristã, pág. 473).

Nota final: A lição desta semana e o vídeo do Pastor Paul Penno estão na Internet em:
http://1888mpm.org e no site 88denver99




Paulo Penno é pastor evangelista da igreja adventista na cidade de Hayward, na Califórnia, EUA, da Associação Norte Californiana da IASD, localizada no endereço 26400, Gading Road, Hayward, Telefone: 001 XX (510) 782-3422. Ele foi ordenado ao ministério há 38 anos. Após o curso de teologia ele fez mestrado na Universidade de Andrews. Recentemente ele preparou uma extensiva antologia dos escritos de Alonzo T. Jones e Ellet J. Waggoner, a qual está incluída na Compreensiva Pesquisa dos Escritos de Ellen G. White. Recentemente também ele escreveu o livro “O Calvário no Sinai: A Lei e os Concertos na História da Igreja Adventista do 7º Dia,” e, ao longo dos anos, escreveu muitos artigos sobre vários conceitos da mensagem de 1888. O pai dele, Paul Penno foi também pastor da igreja adventista, assim nós usualmente escrevemos seu nome: Paul E. Penno Junior. Você pode vê-lo, no You Tube, semanalmente, explanando a lição da semana seguinte na igreja adventista de Hayward, na Califórnia, em http://www.youtube.com/user/88denver99