quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Lição 9 - Reforma, consequência do reavivamento, por Paulo Penno



Para 24 a 31 de agosto de 2013

Após oito semanas de estudo de reavivamento e reforma, nós podemos ficar com a impressão de que nós somos os que temos que reviver a nós mesmos.1 Se fossemos apenas mais consagrados, seriamos reformados. Se realmente ficarmos mais sérios e mantivermos nosso tempo devocional, então Deus pode nos abençoar. Mais importante ainda, se fôssemos mais obedientes à vontade de Deus, então poderíamos experimentar as bênçãos do Espírito. O título da nossa lição desta semana, "Reforma: consequência do reavivamento," tende a nos fazer pensar que a nossa reforma vai produzir a renovação do pensamento e da vida, que é tão desesperadamente necessária.
Ao invés de especular sobre o que vamos fazer com a igreja, vamos perguntar o que o Senhor diz que Ele vai fazer. Ele é a cabeça da igreja. Nem todos os demônios do inferno podem parar o que Ele se propôs fazer: Ele vai enviar reavivamento e reforma. Tão certo como o Seu caráter é amor, Ele vai visitar o Seu povo: "venham os tempos de refrigério pela presença do Senhor" (Atos 3:19).2
Ele vai atingir esse objetivo através de uma mensagem especial. "E este evangelho do reino será pregado em todo o mundo, em testemunho a todas as nações, e então virá o fim" (Mateus 24:14).3 Tão certo como o dia segue a noite, tal mensagem virá. Arrependimento pela rejeição da mensagem de 1888 e anos que se seguiram, vai trazer uma aceitação sincera de coração ao ser novamente apresentada.
Essa mensagem será o derramamento da chuva serôdia. Ela vai trazer refrigério espiritual e preparar a igreja para o último ponto crucial da marca da besta: "E vós, filhos de Sião, regozijai-vos e alegrai-vos no Senhor vosso Deus, porque Ele vos dará em justa medida a chuva temporã, fará descer a chuva, a chuva temporã e a serôdia. ... E restituir-vos-ei os anos que comeu o gafanhoto" (Joel 2:23-25).4
A chuva serôdia será uma revelação mais clara do evangelho de justificação pela fé que nós ainda não temos discernido. O significado da frase em hebraico em Joel 2:23 é "um mestre da justiça", ligando a chuva serôdia com a mensagem da justificação pela fé.5 Aqui está a verdade fundamental que é quase totalmente negligenciada hoje — o aguaceiro inicial da chuva serôdia foi manifestado na "mui preciosa mensagem" (*Test. Para Ministros, pág. 91, sic) da justificação pela fé que o Senhor enviou a este povo em 1888.6 Adicionais águas da chuva serôdia devem incluir a recuperação da mensagem, pois a intenção do Céu nunca pode ser derrotada.
Pensa você que Deus está lhe pedindo para aderir a um contrato que contém uma série de promessas nossas tais como: "Eu vou estudar a Bíblia, orar diariamente, compartilhar com os outros, servir ao Senhor Jesus Cristo e preparar-me para Sua breve volta"? Todas estas coisas são muito boas para se fazer! Mas poderia ser possível que Deus está lhe pedindo para crer em Suas promessas, Seu concerto, ao invés de você fazer promessas para Ele? De acordo com a Bíblia, o novo concerto sempre foi promessas unilaterais de Deus para o Seu povo (veja Gên. 12:1-3), e o velho concerto foi promessas do povo a Deus para fazer tudo certo conforme Ele ordenava (veja Êxo. 19: 4-8 e *24:7).
A pergunta que está agitando milhares de mentes é a seguinte: qual é a maneira correta e eficaz para realizar todas essas quatro coisas boas (estudar a Bíblia "todos os dias", orar, compartilhar, servir ao Senhor com fidelidade)? Não apenas por uma ou duas semanas, enquanto a adrenalina emocional está nos incitando, mas sempre? Mesmo depois que voltamos da correria do trabalho diário? Será que o velho concerto efetua um "reavivamento e reforma" duradouro?
A história diz que não (veja 2º Crônicas 20). Josafá promoveu maravilhosos reavivamentos e reformas, mas o povo não se volveu para adorar a Deus de todo o coração (*vs.33), e o Senhor destruiu os navios que o rei havia construído (*vs.37). Seu filho Jorão se rebelou contra o Senhor (*31;5 e 6). Seu filho Acazias também foi mal (*22:4).
O rei Ezequias foi um alívio seguinte (*29:1-2) bem-vindo á série quase infinita de rebelião contra o Senhor, mas no final, ele também estava fora de harmonia com a bendita vontade de Deus para ele (*32:25), e ele deixou o legado mais terrível à nação — deu-lhes seu filho Manassés (*vs. 33), o mais perverso rei que Judá já teve (Jer. 15:4). O rei Josias foi o neto de Ezequias, e ele era um rei "perfeito" (*2º Crô. 34:1-2), fez tudo exatamente certo, seguido do Espírito de Profecia meticulosamente (*vs.21), mas acabou rejeitando a demonstração viva do Espírito de Profecia, porque veio a ele a partir de uma fonte improvável — da boca do rei do Egito (*35:20-22). Ele morreu na batalha que Deus disse expressamente para ele não entrar (*vs.23), e a partir de então ocorreu sua decadência (*vs.24).
O que deu errado? Por que todos esses avivamentos e reformas duraram tão pouco tempo? E por que os nossos reavivamentos hoje duram tão pouco? A resposta é: todos eles foram baseados em princípios do velho concerto. Sim, o velho concerto era bom, mas não bom o suficiente!
Qual é a diferença entre um reavivamento e reforma na igreja que é velho concerto na natureza e um que é novo concerto? Acaso não somos capazes de ver a diferença hoje? Suponha que a igreja mundial hoje experimente um grande reavivamento e reforma com base no velho concerto, iria isto apressar a vinda de Jesus, ou ainda atrasá-Lo mais?
Uma reforma do velho concerto é decididamente temporária. No caso de Josias, no momento em que ele estava morto, seus filhos começaram a liderar as pessoas de volta à rebelião contra o Senhor e o povo, de boa vontade, sem pensar, seguiu como ovelhas desgarradas. Não tinham aprendido nenhuma verdade duradoura do evangelho sob o rei Josias. Ele simplesmente tinha herdado o jugo do velho concerto que a nação de Israel tinha fixado a si mesmos no Monte Sinai (Êxo. 19:8; 24:7; Hebreus 9:1).
O apóstolo Paulo foi provavelmente o primeiro israelita a discernir claramente o significado de sua história do velho concerto, quando disse: "A lei nos serviu de aio para nos conduzir a Cristo, para que pela fé fôssemos justificados" (como Abraão foi sob o novo concerto, ver Gal 3:16-25).
Numerosos reavivamentos e reformas do velho concerto vêm e vão na igreja mundial nos últimos 150 anos. É a experiência do rei Josias sempre de novo. Eles foram muitas vezes inspirados por importados movimentos populares ecumênicos.
Um reavivamento e reforma do velho concerto é motivado por um desejo de receber as bênçãos de Deus. Um renascimento e reforma do novo concerto é motivado pelo coração grato e apreciação pelas bênçãos de Deus já realizadas e recebidas.
Um reavivamento do velho concerto, é, portanto egocêntrico por natureza, e tudo o que é egocêntrico na motivação tem que ser legalista na sua origem. Em contraste, um renascimento e reforma do novo concerto é baseado em uma experiência de identidade com Cristo que transcende o medo de se perder ou esperança de recompensa (1ª João 4:16-18).

- Paul E. Penno

Notas:
[1] Nossa lição da Escola Sabatina nos leva a esta conclusão. "Por que reavivamento e reforma são, acima de tudo, um assunto do coração? Por que isso deve começam individualmente, com uma escolha consciente de renovar nossa caminhada com o Senhor, para se aproximar dEle, e buscar mais intensamente do que nunca para fazer a Sua vontade? " ("Perguntas para reflexão, pág. 78, 2ª pergunta). (*Atenção, a parte sublinhada está apenas no original da lição da escola sabatina em inglês. Fico com a impressão de que o tradutor e/ou o redator da CPB viu que havia algo errado e cortou este final da frase. Imagine, “buscar mais intensamente do que nunca para fazer ...” (grifamos), e isto, bem como o início desta citação, claramente é uma participação do indivíduo no plano de salvação; ele torna-se um co-autor da salvação com Cristo). 
 [2] "Em visões da noite, passaram perante mim representações de um grande movimento de reforma entre o povo de Deus. ... Viu-se um espírito de intercessão, tal como se manifestou antes do grande dia de Pentecostes. ... Os corações eram convencidos pelo poder do Espírito Santo, e manifestava-se um espírito de genuína conversão. ... O mundo parecia iluminado pela influência celestial ... parecia haver uma reforma como a que testemunhamos em 1844" (Testemunhos Para a Igreja, vol. 9, pág. 126).
 [3] "Em meio aos gritos confusos, 'Eis que o Cristo está aqui, ou ali” (*ref. a  Mat.24:23) será pregado um testemunho especial, uma mensagem especial de verdade apropriada para este tempo, uma mensagem que deve ser recebida, crida, e posta em prática" ("A Obra Final", Review and Herald, 13 de outubro, 1904, e Comentário Bíblico, vol. 7 da série SDABC, pág. 984).
 [4] "Ouvi os que estavam vestidos da armadura falar sobre a verdade com grande poder. ... Fora-se todo o receio de seus parentes, e somente a verdade lhes parecia sublime. ... Perguntei o que havia operado esta grande mudança. Um anjo respondeu: ‘Foi a chuva serôdia, o refrigério pela presença do Senhor, o alto clamor do terceiro anjo’" (Primeiros Escritos, pág. 271).
 [5] Ver na KJV, "a chuva temporã moderadamente," na Almeida, “em justa medida a chuva temporã,” e, à margem da KJV: "um mestre de justiça de acordo com a justiça" (Joel 2:23).
[6] "Alguns se sentiram irritados com essa expressão, e suas disposições naturais foram manifestadas. Eles disseram, 'Isto é apenas excitamento; não é o Espírito Santo, nem água da chuva serôdia do céu.' Havia corações cheios de incredulidade, que não bebem do Espírito Santo, mas que têm amargura em suas almas.
"Em muitas ocasiões, o Espírito Santo operou, mas aqueles que resistiram ao Espírito de Deus em Minneapolis estavam esperando por uma chance de falar do mesmo assunto novamente, porque o seu espírito era o mesmo. Depois, quando eles tinham provas amontoados em evidência, alguns foram condenados, mas aqueles que não foram abrandados e subjugados pela operação do Espírito Santo, colocaram sua própria interpretação sobre cada manifestação da graça de Deus, e eles perderam muito. Eles declararam em seu coração e alma e obras que esta manifestação do Espírito Santo era fanatismo e alucinação. Ficaram como uma rocha; as ondas de misericórdia estavam fluindo sobre e em torno deles, mas foram rechaçadas por seus corações duros e maus, que resistiram a operação do Espírito Santo" (Special Testimonies, Série A, Nº. 6, págs. 19 e 20; Carta 6, de 6 de janeiro de 1896).
(*Atenção, Special Testimonies, Série “A” foi uma série de 11 panfletos que depois foram reunidos em Testemunhos para Ministros. Como se vê do rodapé da página 279 este panfleto de “nº 6” está nesta mencionada página e nas que se seguem).

Paulo Penno é pastor evangelista da igreja adventista na cidade de Hayward, na Califórnia, EUA, da Associação Norte Californiana da IASD, localizada no endereço 26400, Gading Road, Hayward, Telefone: 001 XX (510) 782-3422. Ele foi ordenado ao ministério há 38 anos. Após o curso de teologia ele fez mestrado na Universidade de Andrews. Recentemente ele preparou uma extensiva antologia dos escritos de Alonzo T. Jones e Ellet J. Waggoner, a qual está incluída na Compreensiva Pesquisa dos Escritos de Ellen G. White. Recentemente também ele escreveu o livro “O Calvário no Sinai: A Lei e os Concertos na História da Igreja Adventista do 7º Dia,” e, ao longo dos anos, escreveu muitos artigos sobre vários conceitos da mensagem de 1888. O pai dele, Paul Penno foi também pastor da igreja adventista, assim nós usualmente escrevemos seu nome: Paul E. Penno Junior. Você pode vê-lo, no You Tube, semanalmente, explanando a lição da semana seguinte na igreja adventista de Hayward, na Califórnia, em http://www.youtube.com/user/88denver99

Nota: Esta introspecção e o vídeo dessa lição do Pastor Paulo Penno estão na Internet em:
http://1888mpm.org

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