Para
7 a 14 de setembro de 2013
Sal na água. Na
adolescência me lembro de ver homens, na minha vizinhança, trabalhando em seus
carros superaquecidos. Eles apanhavam um pano, retiravam a tampa do radiador e
liberavam o vapor que tinha se acumulado. Os homens, em seguida, despejavam a
água por uma mangueira no radiador para esfriá-lo. Quem ouvir isso hoje
provavelmente achará uma loucura, pois agora se usa líquido refrigerante e
anticongelante em mistura com a água. O anticongelante foi desenvolvido para
superar as deficiências da água como um fluido de transferência de calor. A
mesma mistura funciona tanto como refrigerante quanto como anticongelante. Como
anticongelante, uma ampla gama de temperaturas pode ser tolerada pelo arrefecimento
do motor, tal como de - 37° C a 129° C,
em comparação com a água, que é de 0° C
a 100° C. Com apenas água no motor, esta irá transformar-se em
vapor de água antes que o motor atinja a sua temperatura máxima, e congela
quando a temperatura desce abaixo de 0 °C, causando danos ao motor. A ideia
central aqui é de que quando a água é misturada com outra substância, o ponto
de congelamento é menor do que seria só com água e, inversamente, o ponto de
ebulição é maior.
Este
é o princípio por trás do uso de sal para derreter o gelo ou água salgada para
fazer sorvete. Vamos começar com o derretimento do gelo. Cubos de gelo derretem
mais rápido em água salinizada do que em água não salinizada. Quando o sal toca
o gelo, é mais quente do que o gelo e assim provoca a sua fusão. Uma vez que o
gelo derrete, mistura-se com o sal, criando uma solução salina, assim
diminuindo o ponto de congelamento da água. Sendo que a temperatura fria não é
suficiente para congelar a solução salina, esta prossegue sendo líquida.
Ao
se fazer sorvete, os ingredientes são colocados num recipiente que é daí
inserido dentro de um reservatório maior cheio com sal, água e gelo. O sal
reduz a temperatura da água, tornando-a mais fria e, portanto, fazendo com que
leve mais tempo para o gelo derreter. Em outras palavras, para fazer sorvete, a
temperatura em torno da mistura deve ser inferior a 0º C para que congele. O
sal misturado com gelo cria salmoura que tem uma temperatura inferior a 0º C,
na verdade, a temperatura atinge cerca de 0º F. A solução salina é tão fria que
congela facilmente a mistura do sorvete.
Cristo
disse aos discípulos — e a nós, que devemos ser o sal do mundo (Mat. 5:39). O
que exatamente quis Ele dizer? Bem, sabemos que o sal dá sabor, preserva e
derrete. O que isso significa espiritualmente? Muitos artigos têm abordado o
aroma do cristão no mundo, e a sua preservação dos padrões de Cristo, para que
todos os contemplem, mas não se tem falado muito sobre as propriedades de fusão do sal sobre
os cristãos.
Levando
em consideração o que aprendemos a respeito do porquê do gelo derreter quando
em contato com o sal, o que realmente está acontecendo é que há uma gama de
tolerância mais ampla para condições extremas. Assim, a pessoa que possui o sal
de Cristo terá maior capacidade de suportar as provações. O que endureceria o
coração de alguém ou levaria uma pessoa ao ponto de explodir de raiva não vai
endurecer ou causar uma explosão num cristão "salgado".
Um
exemplo disso é quando os amigos de Daniel foram jogados na fornalha ardente
(Daniel cap. 3). "Este incidente revelou que a fé destes três jovens
hebreus era como o ouro provado no fogo”. (Our
High Calling, Nossa Alta Vocação, pág.312). Aqueles que jogaram os três
heróis na fornalha foram queimados até a morte porque não tinham sal ou algum
membro da Divindade com eles, enquanto os amigos de Daniel caminhavam ao redor
da fornalha como se o próprio forno não estivesse quente. Ellen White diz:
"Os três heróis suportaram a fornalha ardente porque Jesus andou com eles
em meio às chamas". (Testemunhos
Para a Igreja, vol. 3, pág. 47). Em outras palavras, eles foram
preservados.
Através
da presença de Cristo, a tolerância deles ao calor aumentou. Nesta história, há
uma lição espiritual. Não se curvar à imagem significava a morte. O rei não
tinha qualquer problema em matar quem quer que não fizesse o que ele dizia.
Mas, submeter-se ao Rei nesse caso significava pecar contra Deus. De acordo com
o registro, apenas estes três hebreus permaneceram fiéis. Todos os outros
súditos, nobres, e prisioneiros curvaram-se ante a imagem (Daniel não estava
presente). Diante dessa ameaça iminente, os hebreus valorosos escolheram a
morte ao invés de pecar.
Aparentemente,
o que levou os outros hebreus a abandonar a Deus não foi suficiente para estes
três jovens pecarem. Eles foram capazes de suportar onde seus compatriotas e
companheiros, professos crentes, falharam. Havia alguma coisa que estes três
fizeram diferente? Em Daniel 1 lemos que se recusaram a comer da mesa do rei.
Ellen White diz que eles não se atreveriam a assumir um risco sob "o
efeito enervante da luxúria e dissipação sobre o desenvolvimento físico, mental
e espiritual ... eles sabiam que a sua própria força física e mental seria
afetada negativamente pelo uso do vinho ... para chegar a esta decisão, os
jovens hebreus não agiram presunçosamente, mas com firme confiança em Deus.
Eles não escolheram ser singulares, mas assim o seriam ao invés de desonrar a
Deus. Caso se comprometessem com o erro neste incidente por ceder à pressão das
circunstâncias, o seu desvio do princípio iria enfraquecer o seu senso do
direito e da aversão ao mal. O primeiro passo errado levaria a outros, até que
a sua ligação com o Céu fosse cortada, e eles seriam varridos pela
tentação". (A Call to Stand Apart,
54).
Podemos
ler nos escritos de Ellen White quão importante é o apetite; vamos continuar a
ler: "Para cada alma Satanás vem com a tentação de muitas formas sedutoras
no ponto da condescendência com o apetite. O corpo é um meio muito importante
pelo qual a mente e a alma se desenvolvem para a edificação do caráter. Por
isso é que o adversário das almas dirige suas tentações para o enfraquecimento
e degradação das faculdades físicas. Seu sucesso aqui muitas vezes significa a
entrega de todo o ser para o mal”. (A
Call to Stand Apart, Um Chamado para Permanecer Firme, pág. 56).
Esta
passagem revela a importância de disciplinar o nosso corpo, reduzindo-o “à servidão, para que, pregando aos outros, eu
mesmo não venha de alguma maneira a ficar reprovado",
como diz Paulo (1ª Cor. 9:27). O conceito de disciplinar nosso corpo, e trazer
os seus apetites em sujeição a Cristo é o que se entende por ter a nossa mente
— o nosso entendimento, renovado para que o nosso pensamento e as práticas ou
hábitos sejam transformados (Rom. 12: 2). A mente, residindo no interior do
cérebro, é um componente essencial do corpo. Um corpo dado à indulgência
invariavelmente afeta negativamente a mente e vice-versa. Daí o prefácio de
Paulo no versículo anterior, "para
que apresenteis os vossos corpos em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus,
que é o vosso culto racional. E não vos conformeis com este mundo..." (Rom.
12:1-2). A irmã White tem a dizer: "A vida santificada, como a de Daniel e
seus amigos, será evidente nas práticas de saúde física".
Amigos,
uma vida cristã vitoriosa é aquela em que o diabo não pode ter acesso à mente e
à alma por tentar o corpo com muitas formas sedutoras de tentação no ponto de
condescendência com o apetite; Tal como se deu com Jesus, o diabo não tinha
nada sobre Daniel e seus amigos (João 14: 30). Eles eram como aqueles de que
fala Apoc. 14:4, 5 e 12.
Estes são seguidores de Deus, que em
submissão a Ele vão aonde quer que Ele vá, são imaculados, inocentes e puros,
sem culpa diante do trono de Deus; são resgatados dentre os homens, e serão as
primícias diante do Seu trono. Estes são os que entesouraram e valorizaram os
mandamentos de Deus, e possuem a fé de Jesus.
A fé de Cristo foi o que Lhe permitiu
ouvir mais atenta e ansiosamente até que o Seu ouvir culminou em Sua morte na
cruz como manifestação máxima do amor atraente de Deus pela humanidade.
Todos os mandamentos sustentam-se no
amor — Ágape — a Deus acima de tudo, com a mente, corpo e espírito, e, em
seguida, ao homem. É este amor que derrete ou endurece corações. Que possamos,
pela graça, mediante a fé, ser o sal do mundo.
-Raul Diaz
O irmão Raul Diaz é um membro da
Igreja adventista da cidade de Monte Vernon, no estado de Illinois, perto de
Chicago. Ele atua em diversos departamentos da igreja, prega em diferentes
ocasiões e locais, e ensina a lição da escola sabatina em sua unidade
evangelizadora em sua igreja local — Seventh-day Adventist church, na cidade de Mt Vernon,
Illinois, localizada no endereço: 12831 N. Norton Dr., Mount
Vernon, Il. 62864-8231, U.S.A, Tel.: 001 XX (618) 244-7064, endereço
eletrônico: www.mtvernonadventist.org