Para14 a 21 de setembro
de 2013
A Grande Necessidade da Igreja.
Um reavivamento da verdadeira
piedade entre nós, eis a maior e a mais urgente de todas as nossas
necessidades. Buscá-lo, deve ser nossa primeira ocupação. Importa haver
diligente esforço para obter a bênção do Senhor, não porque Deus não esteja
disposto a outorgá-la, mas porque nos encontramos carecidos de preparo para
recebê-la. Nosso Pai celeste está mais disposto a dar Seu Espírito Santo
àqueles que Lho peçam, do que pais terrenos o estão a dar boas dádivas a seus
filhos. Cumpre-nos, porém, mediante confissão, humilhação, arrependimento e
fervorosa oração, cumprir as condições estipuladas por Deus em Sua promessa
para conceder-nos Sua bênção. Só podemos esperar um reavivamento em resposta à
oração. Enquanto o povo se acha tão destituído do Espírito Santo de Deus, não pode
apreciar a pregação da Palavra; mas quando o poder do Espírito lhes toca o
coração, então os sermões não ficarão sem efeito. Guiados pelos ensinos da
Palavra de Deus, com a manifestação de Seu Espírito, no exercício de sã
discrição, os que assistem a nossas reuniões adquirirão preciosa experiência e,
voltando ao lar, acham-se preparados para exercer saudável influência.
Os
antigos porta-bandeiras sabiam o que significava lutar com Deus em oração, e
fruir o derramamento de Seu Espírito. Estes, porém, estão se retirando do
cenário; e quem está surgindo para preencher-lhes o lugar? Como é com a geração
que surge? Estão eles convertidos a Deus? Estamos nós alerta quanto à obra que
se está desenvolvendo no santuário celeste, ou estamos à espera de algum poder
impelente que venha sobre a igreja antes de despertarmos? Temos esperança de
ver toda a igreja reavivada? Tal tempo nunca há de vir.
Há na igreja pessoas não convertidas, e que não se unirão
em fervorosa, prevalecente oração. Precisamos entrar na obra individualmente.
Precisamos orar mais, e falar menos. Abundante é a iniqüidade, e o povo deve
ser ensinado a não se satisfazer com uma forma de piedade sem o espírito e o
poder. Se intentarmos esquadrinhar o próprio coração, afastando nossos pecados,
corrigindo nossas más tendências, nossa alma não se inchará em vaidade;
desconfiaremos de nós mesmos, possuindo permanente senso de que nossa
suficiência é de Deus.
Temos muito mais a temer de dentro
do que de fora. Os obstáculos à força e ao êxito são muito maiores da parte da
própria igreja do que do mundo. Os incrédulos têm direito de esperar que os que
professam observar os mandamentos de Deus e ter a fé de Jesus, façam muito mais
que qualquer outra classe para promover e honrar mediante sua vida coerente,
seu exemplo piedoso, sua influência ativa, a causa que representam. Mas quantas
vezes se têm os professos defensores da verdade demonstrado o maior entrave ao
seu progresso! A incredulidade com que se contemporiza, as dúvidas expressas,
as sombras acariciadas, animam a presença dos anjos maus, e abrem o caminho
para a execução dos ardis de Satanás.
Abrindo a Porta ao Adversário
O adversário das almas não tem permissão de
ler os pensamentos dos homens; é, porém, perspicaz observador, e nota as
palavras; registra-as e adapta habilmente suas tentações de modo a se ajustarem
ao caso dos que se colocam em seu poder.
Caso trabalhássemos para reprimir os
pensamentos e sentimentos pecaminosos não lhes dando expressão em palavras ou
ações, Satanás seria derrotado; pois ele não poderia preparar suas especiosas
tentações para adaptar ao caso.
Mas quantas vezes, por sua falta de domínio próprio,
professos cristãos abrem a porta ao adversário das almas! Divisões, e até
amargas dissensões que infelicitariam qualquer comunidade mundana, são comuns
nas igrejas, porque há tão pouco esforço para controlar os sentimentos
errôneos, e reprimir toda palavra de que Satanás se possa aproveitar. Assim que
surge uma separação de sentimentos, a questão é exposta diante de Satanás para
sua inspeção, sendo-lhe oferecida oportunidade de usar sua sabedoria e habilidade
de serpente para dividir e destruir a igreja. Grande prejuízo há em toda
dissensão. Os amigos pessoais de ambos os lados, tomam partido ao lado de seus
respectivos amigos, e assim abre-se mais a brecha. Uma casa dividida contra si
mesma não pode subsistir. Engendram-se e multiplicam-se incriminações e
recriminações. Satanás e seus anjos operam ativamente para obter uma colheita
da semente assim semeada.
Os mundanos contemplam isto, e exclamam zombeteiramente:
"Como esses cristãos se aborrecem uns aos outros! Se isto é religião, não
a queremos!" E olham a si mesmos e a seu caráter irreligioso com grande
satisfação. Assim são confirmados na impenitência, e Satanás exulta ante seu
êxito.
O grande enganador tem preparado seus ardis
para toda alma não protegida para a provação nem guardada por oração constante
e uma fé viva. Como pastores, como cristãos, cumpre-nos trabalhar para remover
do caminho todas as pedras de tropeço. Temos de remover todos os obstáculos.
Confessemos e abandonemos todo pecado, para que o caminho do Senhor seja
preparado, para que Ele venha a nossas reuniões e comunique Sua preciosa graça.
O mundo, a carne e o diabo precisam ser vencidos.
Não podemos preparar o caminho conquistando a amizade do
mundo, que é inimizade contra Deus; com Seu auxílio, porém, podemos romper com
sua sedutora influência sobre nós mesmos e os outros. Não podemos, como
indivíduos ou como corporação garantir-nos das constantes tentações de um
implacável e resoluto inimigo; mas, no poder de Jesus, podemos resistir-lhes.
De todo membro da igreja pode irradiar firme luz para o mundo,
de modo que eles não sejam levados a indagar: Que faz esse povo mais que os
outros? Pode e deve haver uma retração da conformidade com o mundo, um recuo de
toda aparência do mal, de maneira que não seja dada nenhuma ocasião aos
contraditores. Não podemos escapar ao vitupério; ele virá; devemos, porém, ser
muito cautelosos para não sermos acusados por nossos próprios pecados ou
loucuras, mas por amor de Cristo.
Não há coisa alguma que Satanás tema tanto como que o
povo de Deus desimpeça o caminho mediante a remoção de todo impedimento, de
modo que o Senhor possa derramar Seu Espírito sobre uma enfraquecida igreja e
uma congregação impenitente. Se Satanás pudesse fazer o que ele queria, nunca
haveria outro despertamento, grande ou pequeno, até ao fim do tempo. Não somos,
porém, ignorantes de seus ardis. É possível resistir-lhe ao poder. Quando o
caminho estiver preparado para o Espírito de Deus, a bênção virá. Satanás não
pode impedir uma chuva de bênção de cair sobre o povo de Deus, mais do que
fechar as janelas do Céu para que a chuva não caia sobre a Terra. Homens ímpios
e demônios não podem impedir a obra de Deus ou excluir Sua presença das
reuniões de Seu povo, caso eles, de coração rendido e contrito, confessem e
afastem de si os seus pecados, reclamando com fé Suas promessas. Toda tentação,
toda influência contrária seja ela franca ou oculta, será resistida com êxito,
"não por força nem por violência, mas pelo Meu Espírito, diz o Senhor dos
exércitos". Zac. 4:6.
Estamos no Dia de Expiação
Achamo-nos no grande dia de
expiação, quando nossos pecados devem, pela confissão e o arrependimento, ir de
antemão ao juízo. Deus não aceita agora um testemunho frouxo, sem vigor da
parte de Seus ministros. Tal testemunho não seria verdade presente. A mensagem
para estes dias precisa ser alimento a seu tempo para nutrir a igreja de Deus.
Mas Satanás tem procurado gradualmente roubar o poder desta mensagem, para que
o povo não esteja preparado para subsistir no dia do Senhor.
Em 1844 nosso grande Sumo Sacerdote entrou no lugar
santíssimo do santuário celeste, para iniciar a obra do juízo investigativo. Os
casos dos justos mortos têm estado a passar em revista diante de Deus. Quando
esta obra se completar, o juízo deve ser pronunciado sobre os vivos. Quão
preciosos, quão importantes são estes solenes momentos! Cada um de nós tem um
caso impendente no tribunal celeste. Temos, individualmente, de ser julgados
pelos atos praticados no corpo. No serviço simbólico, quando era efetuada a
obra da expiação pelo sumo sacerdote no lugar santíssimo do santuário
terrestre, requeria-se do povo que afligisse sua alma diante de Deus, e
confessasse seus pecados, para que fossem expiados e apagados. Será exigido
menos de nós neste dia antitípico de expiação, quando Cristo está intercedendo
por Seu povo no santuário celeste, e deverá ser proferida a decisão final,
irrevogável sobre cada caso?
Qual é nosso estado neste terrível e solene tempo? Ai,
que orgulho prevalece na igreja, que hipocrisia, que engano, que amor ao
vestuário, à frivolidade e ao divertimento, que desejo de supremacia! Todos
esses pecados têm obscurecido a mente, de modo que as coisas eternas não têm
sido discernidas. Não pesquisaremos as Escrituras, para sabermos onde nos
encontramos na história deste mundo? Não nos tornaremos esclarecidos quanto à
obra que se está efetuando por nós neste tempo, e a atitude que nós como
pecadores devemos ter enquanto esta obra de expiação está em andamento? Se
temos qualquer consideração pela salvação de nossa alma, precisamos fazer
decidida mudança. Precisamos buscar ao Senhor com genuíno arrependimento;
importa que, com profunda contrição de alma, confessemos nossos pecados, para
que sejam apagados.
É preciso não ficarmos por mais tempo no terreno
encantado. Aproximamo-nos rapidamente do fim do nosso tempo de graça. Indague
cada alma: Como estou eu perante Deus? Não sabemos quão breve nosso nome pode
ser tomado nos lábios de Cristo, e nosso caso ser finalmente decidido. Quais,
oh! quais serão essas decisões! Seremos nós contados entre os justos, ou
numerados entre os ímpios?
A Igreja Desperta e Arrependida
Levante-se a igreja e
arrependa-se de suas prevaricações diante de Deus. Levantem-se os vigias, e
dêem à trombeta sonido certo. É uma advertência definida que temos de
proclamar. Deus ordena a Seus servos: "Clama em alta voz, não te detenhas,
levanta a tua voz como a trombeta e anuncia ao Meu povo a sua transgressão, e à
casa de Jacó os seus pecados." Isa. 58:1. A atenção do povo precisa ser
atraída; a menos que se possa fazer isto, todos os esforços serão nulos; ainda
que viesse um anjo do Céu e lhes falasse, suas palavras não operariam mais
benefício do que se ele estivesse falando ao frio ouvido de um morto.
A igreja precisa despertar para a ação. O Espírito
de Deus nunca poderá vir enquanto ela não preparar o caminho. Deve haver
diligente exame de coração. Deve haver oração unida e perseverante, e o
reclamar, pela fé, as promessas de Deus. Deve haver, não o cobrir o corpo de
saco, à semelhança da antiguidade, mas profunda humilhação de alma. Não temos a
mínima razão para congratulação e exaltação própria. Devemos humilhar-nos sob a
potente mão de Deus. Ele aparecerá para confortar e dar bênçãos aos que deveras
buscam.
A obra está diante de nós; empenhar-nos-emos nela?
Precisamos trabalhar depressa, precisamos avançar constantemente. Temos de
preparar-nos para o grande dia do Senhor. Não temos tempo a perder, tempo para
empenhar-nos em desígnios egoístas. O mundo deve ser advertido. Que estamos
fazendo, como indivíduos, para levar a luz a outros? Deus deixou a cada homem
sua obra; cada um tem sua parte a desempenhar, e não podemos negligenciar essa
obra senão com risco para nossa alma.
Ó meus irmãos, entristecereis o Espírito Santo, e dareis
lugar a que Ele Se afaste? Deixareis fora o bendito Salvador, por não estardes
preparados para Sua presença? Deixareis almas perecer sem o conhecimento da
verdade, porque amais demasiado vossa comodidade para levardes o fardo que
Jesus carregou por vós? Despertemos do sono. "Sede sóbrios;
vigiai; porque o diabo, vosso adversário, anda em derredor, bramando como leão,
buscando a quem possa tragar." I Ped. 5:8.
Review and Herald, 22 de março de 1887.
Mensagens
Escolhidas, Vol. 1, Capítulo 16, págs.
121 a 127,
Originalmente publicado na R&H, em 22 de
março de 1887.
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