sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Lição 9 – Metáforas da Salvação

Nos lampejos desta semana vamos inverter a ordem dos tópicos diários. Este método segue uma série de passos numa ordem definida, indo do amor motivador de Deus (lição de quinta-feira) até o resultado final que é a reconciliação (lição de segunda-feira). A redenção (lição de domingo) finalizará com uma ilustração das duas fases da emancipação.

Lição de quinta-feira—A Demonstração do Amor de Deus: Há um significado especial com respeito à declaração do amor de Deus nas primeiras três palavras do primeiro capítulo de Patriarcas e Profetas, e as três últimas palavras do último capítulo de O Grande Conflito. As três palavras são “Deus é amor”. Este é o principal tema no conflito dos séculos entre Cristo e Satanás. Pelo fim do conflito, como declarado nas últimas (*tres) palavras de O Grande Conflito, um coro de vozes vindo de “todas as coisas, animadas e inanimadas, em sua serena beleza e perfeito gozo, declaram que Deus é amor”. (GC 678).

A cruz do Calvário é a eterna declaração do céu do imutável e incondicional amor de Deus. Paulo claramente apresenta o amor de Deus como revelado na morte de Cristo: "Deus prova o Seu amor para conosco, em que Cristo morreu por nós, sendo nós ainda pecadores". Isto foi enquanto éramos "fracos,... ímpios,... inimigos” (Rom. 5: 8, 6, 11. O centro de atração não só da Terra, mas também do céu, é a cruz onde Cristo crucificado é revelado no meio do trono como um “Cordeiro que havia sido morto” (Apo. 5:6).

Por meio da cruz aprendemos sobre a iniciativa e amor motivador de Deus. “Considerai a cruz do Calvário. É uma fiança que se ergue assinalando o ilimitado amor, a imensurável misericórdia do Pai celestial” (MS 154, 1897; Mensagens Escolhidas, vol. 1, pág. 156). Esse amor é fundamental na dádiva de Cristo como o sacrifício expiatório para a nossa salvação.

Quarta-feira—Sacrifício Expiatório: O termo expiatório está envolvido no ato de Cristo de fazer expiação pelo sacrifício de Sua morte. Um sacrifício expiatório significa o ponto em que termina. Por Sua morte no Calvário, Jesus suspendeu legalmente a condenação e culpa em que incorreu Adão e a raça caída pelo pecado. O último respirar de Cristo (“nas Tuas mãos entrego o Meu espírito1”) foi um testemunho de Sua fé em Deus de que uma fase da expiação se tinha completado.

A morte de Jesus propiciou a base legal para a salvação. Em Romanos três ocorre o mais concentrado pensamento nas Escrituras tratando da obra de Deus de libertação do poder e efeitos do pecado. Consideremos três metáforas da salvação como alistadas nesse capítulo. Essas três—propiciação, redenção e justificação—procedem do santuário, do mercado e do tribunal.

A propiciação é o “enfoque sobre os meios pelos quais os pecados são perdoados, tendo poder expiatório, operando a reconciliação”. Esta figura de linguagem é também o enfoque “sobre o lugar onde os pecados são perdoados por meio do sangue de um sacrifício expiatório colocado ali (o) local do perdão, lugar onde Deus perdoa os pecados, geralmente (*em português) traduzido como propiciatório2 (Hebreus 9:5). Friberg, T., Friberg, B., & Miller, N. F. (2000). Vol. 4: Analytical Lexicon of the Greek New Testament (destaques do original).

O propiciatório2 era a peça mais importante do mobiliário dentro do lugar santíssimo do tabernáculo e, mais tarde, do Templo. Era uma cobertura de ouro colocada sobre a arca da aliança. Ali ficava no local onde a expiação coletiva (corporativa) era feita por Israel no Dia do Juízo, ou Dia da Expiação. Era por meio do sangue do sacrifício expiatório que a expiação era cumprida. Aqueles dois tipos vinham juntos no santuário—o sangue do sacrifício e o propiciatório simbolizavam ambos a Cristo. Jesus é tanto nosso Sacrifício como nossa Propiciação, nossa cobertura expiatória. Foram necessários os dois símbolos para ilustrar a obra expiatória de Cristo. Essa obra consiste de justificação e purificação. Em Romanos 3:25 a palavra original para reconciliação é empregada com relação aos meios da justificação expiatória, enquanto em Hebreus 9:5 o termo é empregado como o lugar da expiação. Esses dois versos assumem o escopo da expiação como o serviço típico ilustrava.

Terça-feira—Justificação, Segunda-feira—Reconciliação: A justificação é um termo legal. Em Romanos 3:24 Paulo apresenta a justificação divina pela graça como um dom a todos. A atividade justificadora de Deus é universal em escopo, como apresentada ali em relação ao “todo” do verso anterior, ou seja, todos quantos “pecaram e destituídos estão da glória de Deus”. Essa é uma justificação legal e coletiva em natureza nestes versos. Aqueles que são justificados no vs. 24 são “todos” que pecaram no vs. 23.

No plano de salvação há somente uma justificação, mas com duas fases. A primeira foi a obra de Deus em Cristo sobre a cruz pela qual Ele legalmente suspendeu a merecida condenação da raça caída (Rom. 5: 9,18). (Compare isto com o pensamento de que Cristo é o “Salvador do mundo”, João 4:42; 1 João 4:14. Contudo, isso não significa que todos serão salvos incondicionalmente. O Salvador do mundo deve ter permissão de morar dentro de uma pessoa que então experimenta pessoalmente a salvação). A segunda fase da justificação é cumprida quando as condições de fé e arrependimento são exercidas pelos indivíduos que ouvem as boas novas do evangelho juntamente com as reivindicações da lei que sonda o coração (Rom. 5:1; 2:4; 10:16,17)

A genuína fé e arrependimento sempre conduzem à obediência a todos os mandamentos de Deus (1 João 5:3; 2 João 6). É verdade que a lei não pode justificar (Rom 8:2). Ela convence do pecado e aponta a Cristo como nossa justiça justificadora. A lei testifica da justiça de Deus (Rom 3:21). Essa justiça, em Cristo, nos vem de Deus por meio da fé em Cristo—“a fé de Jesus” (Rom. 3:22). Mediante a fé do Representante da raça humana, a justiça de Deus alcança a todos do primeiro “todos” de Rom. 3:23, bem como o do segundo “todos”. (O manuscrito empregado pela Versão King James está correto aqui ao designar duas categorias de pessoas pelo duplo emprego de “todos”). É em razão de que a justiça justificadora de Deus alcança a cada um que “todos” vivem. Sem ela ninguém poderia possivelmente existir. Mas há muito mais. Deus não deseja que a Sua justiça se limite a propiciar mera proteção e vida temporárias. Ele deseja que todos sejam não meramente protegidos por Sua justiça justificadora. Assim, Ele a coloca dentro do “todos” quantos crêem. A justiça de Deus é uma justiça objetiva que deve ser experimentada subjetivamente por aqueles que crêem.

Como na justificação, há dois aspectos de reconciliação. O primeiro ocorreu na morte de Cristo, o segundo envolve o receber essa reconciliação. A primeira parte da fórmula é “Deus estava em Cristo reconciliando o mundo consigo mesmo”, ou seja, “quando éramos inimigos”. A segunda é receber essa reconciliação, como Paulo escreveu, “ser reconciliados com Deus” (2ª Cor. 5:19; Rom. 5:9; 2ª Cor. 5:20).

Justificação e reconciliação são a mesma coisa. Ambas ocorreram quando Cristo morreu (Rom. 5:9, 10; 2ª Cor. 5:19-21), mas em nosso pensamento, a justificação precede a reconciliação. A razão é: a condenação legal, por causa de nossa culpa a condenação legal tinha que ser suspensa antes que pudesse ocorrer reconciliação. O pecado que separou Deus do homem primeiro teve que ser confrontado antes que a reconciliação tivesse lugar. O fato de que Deus “não enviou o Seu filho ao mundo” para o condenar (João 3:17), é revelado por Paulo em suas palavras derradeiras de Romanos 5:18: “Pois assim como por uma só ofensa veio o juízo sobre todos os homens para condenação, assim também por um só ato de justiça veio a graça sobre todos os homens para justificação e vida”. (ou, como em outra versão, “... justificação que concede vida”, ou ainda “... que transmite vida”).

Domingo-Redenção: Em conclusão, como a justificação e a reconciliação, a redenção tem dois aspectos. O primeiro é o ato legal de redimir ou adquirir (1ª Cor. 6:20; 1ª Pedro 1:18, 19); o segundo é a resposta de crer no primeiro aspecto. Assim como o Presidente Lincoln inicialmente fez vigorar a Proclamação de Emancipação, destarte colocando legalmente os escravos em liberdade, o escravo tinha que crer nas boas novas da determinação legal e devia agir em conformidade com o fato, a fim de experimentar liberdade pessoalmente3.

Gerald L. Finneman

Tradução de Azenilto Guimarães Brito.

Edição e acréscimos, marcados com asteriscos, de João Soares da Silveira

Notas do editor:

Notas do editor:

1) Lucas 23: 46, é também a profecia de Salmo 31: 5 cumprida;

2) Propiciatório, (“mercy seat” em inglês, literalmente, assento, ou, lugar de misericórdia), “em heb. kapporeth; em Gr hilastérion, ‘um meio (ou lugar) de reconciliação, a tampa, ou cobertura da arca do concerto, embaixo da qual estavam depositadas as taboas da lei, Exodo 25:17, e Deut. 10:2. A lei e o evangelho— justiça e misericórdia—eram assim intimamente associados no antigo serviço do santuário” (Dicionário Bíblico, Vol. 8 da série SDABC, pág. 729, 2ª coluna. Grifos do original).

3) Igualmente no Brasil, a princesa Isabel assinou, em 13 de maio de 1888, a lei que pôs em liberdade todos os escravos, mas tanto nos EUA bem como no Brasil, os escravos tinham que crer nesta boa nova e caminhar para fora das fazendas destemidamente para que efetivamente desfrutassem a liberdade.

A seguir um resumo do artigo Redenção em Cristo, do pr. Geraldo Finneman, publicado na Newsletter de julho-agosto de 1996,