quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

O Propósito dos dons Espirituais ( Liç. de 11/1/09)

Ao lermos Efésios 4: 11 a 14 devemos ter em mente que a dádiva destes dons foi para o propósito específico de aperfeiçoamento dos santos para a obra do ministério e edificação do corpo de Cristo.

Este texto é, na maioria das vezes lido com a idéia de que foi dado para que todos chegassem à unidade da fé, ou dentro de uma unidade de fé. Cremos que isto oferece uma visão incorreta do que o apóstolo Paulo está tentando nos dizer.

Paulo aqui está dizendo: “...até que todos cheguemos...” [e deveria haver uma vírgula aí]1 “...até que todos cheguemos, [vírgula] à unidade da fé.” Em outras palavras, deveríamos estar unidos antes que isto aconteça; “...até que todos cheguemos, [vírgula] à unidade da fé, [vírgula] e ao conhecimento do Filho de Deus, [vírgula] a varão perfeito.

O homem perfeito é a meta derradeira, “para crescer até à medida da estatura completa de Cristo”. Esse é o nosso alvo.

E o Pr. Alonzo T. Jones pergunta: Que tipo de estatura devemos alcançar? , ou, como ele realmente fez a pergunta neste sermão de nº 10 naquela conferência: “Que altura devemos ser em caráter, antes de deixarmos este mundo?” Ele mesmo dá a resposta:

“Tão altos quanto Cristo. Qual deve ser nossa estatura? A de Cristo. Devemos ser homens perfeitos, alcançando a medida da estatura da plenitude de Cristo.” Boletim da Conferência Geral de 18932, págs. 207 e 208:

E voltando alguns parágrafos na pág. 207, vemos que ele já havia explicado como isto é possível: “Cristo deve estar em nós, exatamente como Deus estava nEle, e Seu caráter deve ser tecido em nós3, e nós devemos ser transformados através dos sofrimentos e tentações e provações que defrontamos. E Deus é o Tecelão, mas não sem nós.”

Ainda um parágrafo antes Ele pergunta: “O que era o tear? Cristo, em Sua carne humana. E o que é que foi feito neste tear? [uma voz na congregação respondeu: ‘O manto da Sua justiça’]. E é por todos nós. A justiça de Cristo—a vida que Ele viveu—por você e por mim, este é o manto, ... e Ele quer que este manto seja nosso, mas não quer que nos esqueçamos de que o Tecelão é Deus, em Cristo.”

E na pág. 208 lemos: “E nos olhos (*e mente) de quem está o padrão do manto que está sendo tecido? [Uma voz da congregação: ‘nos olhos de Deus’]. Muitas vezes irmãos, os diferentes fios parecem estar embaraçados ao olharmos para eles4; as mechas5 parecem estar todas desordenadas, e parece não haver simetria6 não vemos beleza no padrão do tecido7, mas o padrão não é obra nossa. Nós não somos o Tecelão. (*Nossas interferências no processo, ou outros motivos podem) embaraçar os fios, e parar a lançadeira8 que conduz fios no meio dos inúmeros outros. Deus comanda a lançadeira, e ela irá funcionar. (* Ele é quem opera todo o Tear). Você nunca tem que se preocupar se os fios se embaraçam, e você não vê beleza alguma na estampa. Deus é o Tecelão. Pode Ele desenroscar os fios? Certamente que Ele os desembaraçará.

“Quando você procura pela simetria do padrão e o vê todo torto, e as cores misturadas, os fios indo e vindo, num sentido e noutro, e a figura do padrão parece toda atrapalhada; afinal, quem desenhou a estamparia? Sem dúvida que foi Deus. Que tear contem o padrão e a figura do tecido pronto e acabado? E quem é o padrão? É Cristo, Ele é o modelo, e lembre-se, ‘ninguém conhece o Filho senão o Pai’ (*Mateus 11: 27; Lucas 10: 22).

“Você e eu não podemos moldar nossas vidas no padrão. Nós não O conhecemos. Nós não podemos ver suficientemente claro para discernir a figura da estamparia do tecido, nem saber como idealiza-lo corretamente, mesmo se nós o estivéssemos tecendo.

Irmão, Deus está efetuando a tecelagem. Ele vai conduzir o processo. Deus vê o padrão por inteiro, antes mesmo de estar pronto. Aos Seus olhos é perfeito, quando aos nossos não fazem o menor sentido.

“Irmão, permita que Ele o teça. Que conduza o abençoado plano de tecer por toda a nossa vida e experiência o precioso modelo de Jesus Cristo. O dia está vindo, e não está longe, quando a última lançadeira colocará o último fio, o último ponto na figura se completará, e selado com o selo do Deus vivo. Ali esperaremos por Ele, para que possamos ser como Ele, porque O veremos como Ele é.

“Amados, agora somos filhos de Deus, e ainda não é manifestado o que havemos de ser. Mas sabemos que, quando Ele Se manifestar, seremos semelhantes a Ele; porque assim como é O veremos. E qualquer que nEle tem esta esperança purifica-se a si mesmo, como também Ele é puro” (*1ª João 3:2) (ibidem).

Este é o fim do sermão de nº 10, do Pr. Alonzo T. Jones, à pág. 208.

Ellen G. White, em Parábolas de Jesus, pág. 311 diz: Este vestido fiado nos teares do Céu não tem nenhum fio de origem humana. Em Sua humanidade, Cristo formou caráter perfeito, e oferece-nos esse caráter. "Todas as nossas justiças" são "como trapo da imundícia." Isa. 64:6. Tudo que podemos fazer de nós mesmos está contaminado pelo pecado. Mas o Filho de Deus "Se manifestou para tirar os nossos pecados; e nEle não há pecado". I João 3:5.

Lembre-se, o propósito dos dons é tornar o homem perfeito, por meio de Cristo nele.

Tenha um feliz sábado, lhe deseja o irmão

João Soares da Silveira.




Notas:

1) Não havia pontuação nos textos originais bíblicos, nem mesmo espaço entre as palavras. A pontuação foi acrescida por sabedoria humana. Há naturalmente de variar de língua para língua nas diferentes traduções. Às vezes temos vírgulas onde não há pausa e falta aonde deveria existir;

2) Nas Assembléias das Conferências Gerais da Igreja Adventista do 7º Dia realizadas em 1893 e 1895 o orador oficial foi o Pastor Alonzo Trevier Jones (1850-1923), um dos dois mensageiros de 1888. Seu tema, nas duas ocasiões foi a As Três Mensagens Angélicas. O Boletim da Conferência Geral de 1893 traz 24 sermões dele, o de 1895 26;

3) E.G.White já havia declarado: “O caráter puro e imaculado dos verdadeiros seguidores de Cristo é representado pela veste nupcial da parábola da bodas” (Parábolas de Jesus, pág. 310), assim o pr. Jones une as duas idéias: Seu caráter deve ser tecido em nós.

4) Estes fios juntos levam o nome de “trama” e são lançados na urdidura (os fios que vêm no sentido do comprimento do tear). Figuradamente em português trama significa enredo, intriga, ardil, etc... Imaginemos a descrição acima como as dificuldades e provações da vida do cristão;

5) As “mechas”, com os diferentes sentidos em português, compararíamos às crises que nos abalam; às feridas físicas e sociais que não se fecham; ao ardente fogo das variadas perseguições; ao estopim da fofoca, até mesmo entre irmãos; ao ódio, importunação e incomodo nos relacionamentos familiares, etc:

6) A falta de simetria nos dá a idéia da incoerência e imprevisibilidade dos acontecimentos que nos atormentam a vida, e deixam muitos “na expectação das coisas que sobrevirão ao mundo;

7) Isto é, não entendemos o que está acontecendo, a vida às vezes parece desbotada, não tendo sabor, cor, nem beleza alguma;

8) A lançadeira é a peça do tear que voa, indo e vindo, impelindo a trama de fios por entre a urdidura.

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