quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

O que é Inspiração, para a lição 5

O Pr. Julius Gilbert White (1878-1955) escreveu um interessante livro intitulado “A Experiência do Cristão na Conquista do Pecado”1, e à pág. 70 ele aborda muito sobre a inspiração da Bíblia

O texto chave para este tema é Salmo 119:11, Escondi a tua palavra no meu coração, para eu não pecar contra ti.”

Ele começa citando um texto de Ellen White, que aparece em Fundamentos da Educação Cristã, pág. 189: “A razão por que muitos professos cristãos não têm uma experiência clara e bem definida, é que não julgam ser seu privilégio entender o que Deus declarou mediante a Sua Palavra.”

A Bíblia é um Guia para uma crença correta.

“A Palavra contém a revelação de Deus como Criador e Redentor, e todos os Seus planos e pensamentos nos quais estamos envolvidos—os pensamentos de Deus a respeito de tudo quanto nos preocupa. Revela os Seus ideais aos quais devemos nos conformar. Nos comunica a Sua definição de pecado—todo pecado e nosso pecado em particular. Faz a distinção e traça os limites entre tudo quanto é certo e errado. O único problema de Deus com os homens é o pecado—o pecado deles. O problema do pastor, no que concerne às pessoas é leva-las a verem seus próprios pecados à luz da Palavra de Deus.”

Assim, como vê, essas idéias aqui apresentadas torna-nos claro que a inspiração é a direção divina no desdobrar da vontade de Deus na mente humana. Ele faz isso primeiramente mediante seres humanos que são inspirados a escrever as palavras que Ele os leva a registrar. Daí, essa palavra é comunicada a nós ao lermos tais palavras e assimila-las, tornando-as parte de nosso próprio ser.

Mais adiante esse pastor nos diz:

“A Palavra é o padrão pelo qual todos os indivíduos e todas as suas idéias devem ser medidas, e quando há um conflito com nossas próprias idéias e a Palavra, nossas idéias e opiniões devem ser renunciadas. Sempre devemos recorrer ao estudo da Palavra com nova submissão, buscando luz nova que conflitará com nossas idéias, à qual devemos nos submeter. Esta é a única maneira pela qual devemos ser mudados. Se não o fizermos neste espírito, Ele não nos pode ensinar.

“Temos que estudar a Palavra não meramente para aprender fatos, mas para instrução concernente à nossa própria experiência” (Idem, Pág. 71).

No dia-a-dia, logicamente, defrontamos muitos objetos, armadilhas, fontes de encorajamento, e assim por diante. Há uma lista infindável de coisas com que deparamos no decurso de apenas um dia de nossa vida. Agora, ao aplicar-nos na assimilação das verdades que nos foram dadas por inspiração, podemos encontrar-nos fortificados diante dos ardis e operações do inimigo. Podemos ser fortalecidos para a hora antes do momento da tentação. Podemos receber guia e sabedoria ao buscarmos solução aos problemas do mundo. Assim nos é dito:

“Após revelar nossos pecados, a Palavra explica a penalidade para o pecado,—as conseqüências de pecar; e quem pode conhecer essas conseqüências e não se arrepender dos seus pecados? Assim a Palavra inspira o arrependimento. ... Após o arrependimento a Palavra revela o remédio,—perdão, pois revela Jesus e Seu terno amor pelo pecador, e que Ele está esperando para dar perdão, e, então, poder para obedecer. Quem pode saber que Jesus está esperando para perdoar e não entristecer-se por seus pecados? Então, juntamente com o conhecimento do perdão, a Palavra revela o maravilhoso preço que o amor pagou para propiciar o perdão—a vida do cordeiro imaculado de Deus foi requerida para propiciar perdão para o menor pecado. Quão terrível! Quem poderia entender isso e não ser levado ao arrependimento profundo e sincero? Em todas estas coisas a Palavra nos está mostrando nosso dever para com Deus e o homem, como sumariado na Lei de Deus. A mesma palavra revela o perfeito Padrão (*O Verbo) que viveu como um Homem entre os homens para mostrar uma tradução da lei de Deus em conduta humana, para que possamos contemplar a sua aparência e também a possibilidade de prestar tal obediência.

“Por todas estas razões, a Palavra devia ser estudada diariamente para manter nossa visão clara e para torná-la ainda mais clara. Da Palavra recebemos sabedoria, guia e instrução para todo dever e experiência,—coragem para a batalha, alento para o desânimo e conforto no sofrimento. Dela obtemos amor pelo certo, amor por Deus e o homem; amor pelo perdido, pelo mais baixo pecador e mesmo por nossos inimigos. Dela aprendemos como trabalhar pelas almas. Dela adquirimos esperança para o futuro, pois nossa eterna recompensa é ali descrita” (ibidem).

Isto é o que vem a ser inspiração: O grande, maravilhoso guia para os seres humanos perdidos em pecado, de modo que possamos encontrar o caminho de volta a esse precioso redil onde os eleitos de Deus são reunidos, especialmente aqueles que foram resgatados do grande fosso da iniqüidade no qual a raça humana caiu.

Falando da Fonte da Fé o pr. Júlio White, na mesma pág. 71, nos diz:

“A Palavra é a fonte da fé e a base da fé,—fé deriva de sua leitura e também revela aquilo sobre que repousa a nossa fé.

Ele então cita de Educação, págs. 253 e 254:

A fé que nos habilita a receber os dons de Deus é em si mesma um dom, do qual certa medida é comunicada a todo ser humano. Ela cresce quando exercitada no apropriar-se da Palavra de Deus. A fim de fortalecer a fé devemos freqüentemente trazê-la em contato com a Palavra.”

E o Pr. Julio White continua: “Quanto mais estudarmos a palavra mais fé teremos e mais forte a nossa fé será. Ninguém necessita ter falta dela, porque é dada em toda a sua abundância que poderíamos desejar.”

É por isso que podemos entender, por exemplo, a fé em seu sentido neotestamentário, é uma apreciação de coração do amor de Deus como revelado na cruz. Nosso alimentar-nos da Palavra de Deus nos traz, como nada mais pode, a demonstração do amor de Deus na entrega de Seu Filho para morrer na cruz do Calvário.

Também encontramos desse autor estas palavras com respeito à Bíblia como Veículo do Poder de Deus. Se a Bíblia é inspirada, como temos buscado destacar, a inspiração, logicamente, se torna o veículo de Seu poder.

“Todos quantos querem ser cristãos são fracos, e essa fraqueza é a fonte de muitas falhas porque as pessoas não entendem como apegar-se ao poder divino que nos é oferecido. É contido nas palavras de Deus. Isto é verdade, e veremos agora como este poder opera na vida dos homens. Em João 6: 48-50, 53, 58 e 63 encontramos pensamentos que ressaltam essa idéia: “as palavras que eu vos disse são espírito e vida” (idem, págs. 71 e 72).

Que é inspiração?: é Espírito e Vida, porque a inspiração nos dá a Palavra de Deus. Do livro Atos dos Apóstolos, ò Pr. Júlio nos cita da pág. 520: “A Palavra de Deus—a verdade—é o conduto pelo qual o Senhor manifesta o Seu espírito e poder.”

“Poder da Palavra”—é o próximo tópico na página 72. Leia antes Mat. 13: 16-23 e Lucas 8: 11, a parábola do semeador.

A Palavra de Deus, que nos vem por inspiração, é para nós a preciosa semente lançada em nosso solo. Nós somos capazes de determinar se esse solo será do tipo que nos é descrito aqui como bom terreno, e aquele que ouve a Palavra, a atende, e produz frutos, multiplicando-o alguns cem vezes, outros sessenta, outros trinta. Agora ouça alguns pensamentos do pr. Júlio White:

“Cada grão de trigo tem em si mesmo poder para produzir sua própria espécie até 100 vezes mais. Essa multiplicação do grão é ato de Deus, e está inteiramente além do poder do homem praticar. Após relatar a parábola, Jesus declarou: ‘A semente é a Palavra de Deus que é semeada na mente dos homens, contendo, essa semente, o mesmo poder miraculoso da multiplicação. Assim a pessoa recebe em sua mente um dos pensamentos divinos e ali o mantém. Como o solo conserva a semente ele produzirá mais pensamentos divinos na mente—começará uma série de pensamentos, todos sendo divinos como o primeiro recebido. Se homens e mulheres, meninos e meninas receberem somente bons pensamentos em suas mentes, no tempo devido suas mentes estarão cheias de pensamentos divinos e o mal será vencido pelo poder de Deus que está em Sua Palavra” (Idem, pág. 72).

Podemos obter disso a verdadeira natureza da inspiração. É o soprar do próprio Deus, por assim dizer, na vida de homens e mulheres que compreendem a humanidade caída em pecado. O grande plano de Deus é resgatar homens e mulheres, meninos e meninas, desse pântano de iniqüidade no redil do Seu Reino. E Ele faz isto mediante essa questão da inspiração. É o meio pelo qual a Sua Palavra nos vem e se revela a nós como o caminho que conduz ao Reino dos Céus automaticamente. Outro parágrafo nos diz:

“A multiplicação de pensamentos divinos é tanto um milagre além do poder do homem realizar, como a multiplicação das sementes lançadas sobre o solo. E Jesus quer que aprendamos a lição do poder contido na Palavra de Deus, do poder que sabemos estar na semente. Esse é o divino ministério que à Palavra de Deus é dado operar nos corações humanos. Mas nossa dificuldade é que freqüentemente semeamos o bem com o mal. Fixamos nossos olhos sobre o mal e pensamos a seu respeito. Muitas pessoas, jovens e velhos, lêem literatura falsa, irreal, um lixo sem sentido, o que seria como empregar ‘madeira, palha e feno’ (*1ª Cor. 3:12), para construir um edifício que esperamos vá durar para sempre. Muitas pessoas ouvem coisas sem proveito no rádio (*e poderíamos acrescentar hoje, vêem coisas na televisão e na intenet), para fofocar, e de muitos modos enchem a mente com pensamentos que conduzem para baixo.

“Deve ser claramente entendido que os pensamentos são as sementes da qual crescem palavras e atos que constituem a vida, e que a vida, ações, e palavras não podem ser renovadas enquanto pensamentos maus são continuamente recebidos pelo uso errado dos cinco sentidos. Pensamos sobre o que vemos, ouvimos, tocamos, provamos e cheiramos. Esses sentidos são as fontes do pensamento. Seja o que entre na mente mediante esses portais, mais tarde surgirão como palavras ou ações. A única maneira de controlar o sai é controlar o que entra’ (Ibidem).

Como você vê, a inspiração torna possível a Palavra de Deus ser levada à mente humana. Essa palavra tem um poder transformador. Isso é inspiração. Esta obra de produzir o tipo de multiplicação de pensamento que se desenvolve em palavras e atos—inspiração, é o meio pelo qual Deus é capaz de imbuir-nos de Seu poder, encher-nos de Seu Espírito, Seu caráter, transformar-nos à Sua semelhança, e então fazer-nos caminhar de modo como Ele escolhe. É o caminho pelo qual nós nos tornamos o sal da terra e a luz do mundo, é o caminho que conduzirá finalmente aos portais de pérola da cidade eterna e do Reino de Deus.

“O uso que fazemos de nossos cinco sentidos determina o caráter e destino. Esse uso determina se nos valemos da Palavra de Deus que é o veículo de Seu poder.”

Henry Varnum, no livro Caráter, à pág. 44, nos diz que “a fim de que seus pensamentos sejam como queira que sejam você deve cuidadosamente escolher o seu alimento mental.”

E de Educação, pág. 126 e 127: “A mente e a alma são constituídas por aquilo de que se alimentam; fica a nosso cargo decidir com que se alimentem. Está dentro das possibilidades de qualquer pessoa escolher os tópicos que ocuparão os pensamentos e moldarão o caráter.”

E de Testimonies, vol. 5, pág. 544: “Os pensamentos serão do mesmo caráter que o alimento que provemos para a mente.”

O que a inspiração fez? Nos deu um desdobramento dos planos de Deus para nós. O que fazemos com ela é nossa responsabilidade. Deus não forçará nossa liberdade de escolha. Não nos obriga a assimilar o que Ele nos deu. Se a inspiração proveu para nós a Palavra de Deus, nós fazemos a escolha se esta Palavra se tornará parte de nossas mentes e do nosso ser.

Notem esta bela citação de Caminho a Cristo, pág. 93 do original, (pág. 75 da edição de bolso, mas em outras edições está à pág. 88, 3º §):

Enchei o coração todo com as palavras de Deus. São elas a água viva, a mitigar vossa sede ardente. São o pão vivo do Céu. Jesus declara: ‘Se não comerdes a carne do Filho do Homem e não beberdes o Seu sangue, não tereis vida em vós mesmos’ (João 6:53). E Ele mesmo explica essa declaração, dizendo: ‘As palavras que Eu vos disse são espírito e vida’ (João 6: 53 e 63). Nosso corpo é formado pelo que comemos e bebemos; e como se dá na economia natural, assim também na espiritual; é aquilo em que meditamos, que dará força e vigor à nossa natureza espiritual.”

Tenha um feliz sábado,

Lhe deseja o irmão em Cristo,

João Soares da Silveira.


Fiz inclusões em alguns textos, mas estão entre parênteses e precedidas de asteriscos.

Nota: 1) Este livro “The Christian's Experience in the Conquest of Sin! (A Experiência do Cristão na Conquista do Pecado) foi reeditado pelo Pr Ronald Spear, através da igreja Adventista de Amarilo, Texas, de onde pode ser encomendado escrevendo-se para a caixa postal ("BOX")_nº 3125, Amarilo, TX. 79106. Ele o reeditou com um título diferente: The Christian Expedience of the Medical Missionary in the Remnant Church (A Experiência Cristã na obra Médico-Missionária [*leiga] na Igreja Remanescente), entretanto tudo mais é igual ao original: paginação, títulos dos capítulos, sub-títulos, e, logicamente, o texto. Ele escreveu no topo da capa: Cada adventista do sétimo dia deveria ler este livro. Outro endosso a esta obra nos vem de H.K.Christman, ex-gerente de circulação da Casa Publicadora Adventista do Pacífico, nos EUA, por 19 anos, e que em 28/9/1942 escreveu um prefácio para este livro.

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