quarta-feira, 16 de junho de 2010

Lição 12 — Nutrição na Bíblia, por Roberto J. Wieland

Tem a Bíblia algo a dizer sobre nutrição, os alimentos que comemos, nossa dieta? Deus Se importa com a nossa alimentação? Alguma vez você já conheceu um cozinheiro que preparou uma refeição especial para você, como um convidado, e que ficou te olhando por cima enquanto você comia, esperando, ansiosamente, que você gostasse do que ele preparou, indignado e decepcionado se você não expressasse uma apreciação genuína? Seria Deus assim?

Claro, sabemos que a Bíblia diz que Deus criou todos os alimentos de que gostamos, e diz que Ele "farta a tua boca de bens" (Salmo 103:5). Por exemplo, não há nenhuma outra razão pela qual Ele tenha criado os morangos — Criou-os simplesmente porque são saborosos (esta é uma pequena ilustração do seu amor)!

Parte da felicidade que o Senhor quer que nós tenhamos é que a nossa "boca [seja] satisfeita com coisas boas, de modo que a (nossa) mocidade se renove como a da águia" (Salmo 103:5). É este prazer alimentar indução à saúde? É o que Ele diz. É re-educar nosso gosto para ser "reconciliados" ("at-one-ment")1 para apreciar os alimentos que Deus criou para serem "recebidos com ações de graças" (1ª Tim. 4:4). Viver no dia da Expiação inclui re-educar nossa dieta.2

Listar todos os alimentos deliciosos é impossível. Como pode você duvidar que existe um Criador amoroso que criou tudo em seis dias, quando simplesmente considera a progressão anual de frutos ao longo do ano, desde os primeiros morangos na primavera, passando por pêssegos, depois pêras no verão, em seguida, os deliciosos caquis no final do Outono, apenas para citar um pequeno exemplo da bondade do Senhor?3

O primeiro capítulo de Daniel inclui uma poderosa força do evangelho: aqui estão quatro jovens em formação universitária, e suas bolsas de estudo lhes dando acesso aos finos restaurantes ou cafeterias. A eles serão servidos o mesmo cardápio das cozinhas que servem a própria realeza.

As iguarias colocadas diante deles despertam a inveja dos ricos babilônios. As carnes vêm dos legendários rincões do império, e as sobremesas são super deliciosas. Mas a boa nova salvou-os de um desastre de saúde.

Estes quatro jovens servos do Deus de Israel pediram às autoridades por uma dieta vegetariana simples, com baixo teor de gordura, pouco açúcar. Com o saudável apetite de todos os adolescentes, estes quatro "propuseram" (*vs. 8) em seus corações negar seus desejos naturais de alimento rico e escolher a dieta simples. Seu objetivo não é apenas viver sete anos a mais e ter (*a oportunidade de) mais viagens de férias; querem manter a mente clara para compreender o ensino do Espírito Santo, em uma era de significado solene.

Em escala mundial, estamos em tempo semelhante hoje. É uma grande boa nova que o mesmo Salvador do mundo que abençoou Daniel, Sadraque, Mesaque e Abednego dará (e não apenas oferecerá), a você e a mim a vitória sobre o apetite descontrolado. O Espírito Santo será seu professor, Ele não te deixará em dúvida, se você transgredir estará afrontando a verdade. Proponha “em seu coração" (*vs. 8) seguir o Salvador neste grande Dia da Expiação.

Há um detalhe íntimo na Bíblia sobre a nossa alimentação: Jesus ensina que os alimentos temporais, diários, que ingerimos são nossos somente por causa de Seu grande sacrifício, dando-Se por todo o mundo. Aqui está: "Eu Sou o pão da vida. ... Eu Sou o pão vivo que desceu do céu ... e o pão que Eu der é a Minha carne, que Eu darei pela vida do mundo. ... Se não comerdes a carne do Filho do homem e não beberdes o Seu sangue, não tereis vida em vós mesmos" (João 6:35, 51-53).

As pessoas não O compreenderam então, e muitos ficaram tão ofendidos por isso que eles "voltaram, e já não andavam com Ele" (vs. 66). O que Ele quis dizer? Apenas isto: Ele diz que o alimento que você come no dia a dia é "Meu corpo, que é partido por vós" (1ª Cor. 11:24). Isso é algo surpreendente! Todas as refeições, se tivermos fé, tornam-se um sacramento, a Ceia do Senhor!

A maioria de nós deve ter lido a famosa citação de Ellen G. White de que "a cruz do Calvário acha-se estampada em cada pão" (O Desejado de Todas as Nações, pág. 660). Mas o que isso significa? Aqui estão apenas alguns textos da Bíblia que dão a resposta:
João 6:33 por seu sacrifício, Cristo "dá vida ao mundo;"
Versículo 51: Ele tem dado “a Sua carne ... pela vida do mundo;"
1ª Timóteo 4:10: Ele já é "o Salvador de todos os homen;"
João 4:42: O nome dele é "o Salvador do mundo;"
Isaías 53:5, 6: Ele morreu pelo pecado de cada pessoa, pagou o preço completo, porque "o Senhor fez cair sobre Ele a iniquidade de todos nós;"
Hebreus 2:9: "Para que provasse a morte por todos;"

Romanos 5:16-18: como o nosso segundo Adão, Cristo tomou o lugar do primeiro Adão. Toda a raça humana estava "nele" (*no primeiro Adão), quando ele pecou no Éden, e agora, porque Cristo tomou o Seu lugar como o nosso segundo Adão, toda a raça humana está "nEle", no mesmo sentido legal ou corporativo. Ele reverteu a “condenação", que veio sobre "todos os homens” em Adão, e Deus deu-nos ao invés "um veredicto de absolvição" em Cristo (versão REB). Apocalipse 13:8: Se Cristo não tivesse se tornado "o Cordeiro que foi morto desde a fundação do mundo", toda a raça humana teria perecido no Éden, a raça humana "vive" por causa dEle, o sol brilha, a chuva cai, por causa dEle, somos todos infinita e eternamente em dívida para com Ele, quer saibamos ou não, quer creiamos ou não;

2ª Coríntios 5:19: Quando Jesus estava na cruz, Deus Lhe imputou os pecados do mundo, não apenas de alguns. Conclusão: João 6:51-53 se aplica tanto à nossa vida física presente, bem como à nossa vida espiritual. Ninguém pode se escusar da obrigação de render tudo a Cristo, pois Ele comprou a todos, portanto a Sua cruz é estampada em cada pão, e cada refeição se torna um sacramento — pela fé. O crente "come e bebe" para “a glória de Deus" (1ª Cor. 10:31).

--Robert J. Wieland

O irmão Roberto J. Wieland é um pastor adventista que foi a vida inteira missionário na África, em Nairobe e Kênia. É autor de inúmeros livros. Foi consultor editorial adventista do Sétimo Dia para a África. Ele deu sua vida pela África. Hoje, jubilado, vive na Califórnia, EUA, e é ancião de sua igreja local.

Tradução e acréscimos, marcados com asteriscos, de João Soares da Silveira.


Nota do tradutor:

1) Etimologicamente “atonement,” expiação, em inglês, tinha o significado original de “at-one-ment”, ter a mesma mente. Estar “at one” no sentido de estar “em harmonia”, ou “em concordância.” Recuando ao século 13, o verbo “to at-one,” como um verbo transitivo, significava “alcançar um estado de unidade, ou reconciliação entre duas partes.
Mas quando William Tyndale traduziu a Bíblia, na década de 1530, ele traduziu yom kippur (em hebraico) “day of atonement,” como “o dia da expiação”. O termo singuçlar yom kippur não aparece na bíblia, mas sim o seu plural, yom ha-kippurim, talvez devido à série de sacrifícios que o sumo-sacerdote realizava neste dia, primeiro por si mesmo e sua casa, depois outro sacrifício pelo povo, etc...

2) “Hoje vivemos no grande dia da Expiação,” (EGW, Eventos Finais, pág. 81). “Deus está procurando levar-nos de volta, passo a passo, a Seu designo original — que o homem subsista com os produtos naturais da terra" (Ibidem).

3)Esta seguência de produção de frutas é no hemisfério norte, de onde nos escreve o Pr. Roberto Wieland. No Brasil somos ricos em frutas o ano inteiro, algumas até por todo o ano. Que Deus maravilhoso. Isto é prova do Seu amor.


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