quinta-feira, 24 de junho de 2010

Lição 13 — Apoio Social: Laços de Amor, por Andi Hunsaker

A primeira linha do livro de Desejado de Todas as Nações é retirado de Mateus 1:23, "Chamá-Lo-ão pelo nome de Emanuel .... Deus conosco." Isto é apropriado para Aquele que seria o Desejado de todas as nações, porque nessas palavras, encontramos o maior de todos os apoios sociais, porque tem sua base no amor auto-sacrificante — Ágape. Mas antes de olharmos para a interação de Deus conosco, faremos uma breve análise da relação entre Deus e Jesus no céu, antes de Jesus tornar-Se Emanuel — Deus conosco.

Provérbios 8:22-31 descreve a relação entre Deus e Jesus pré-encarnado. O versículo 30 é particularmente esclarecedor. Na mente de Jesus, quando Ele viu o Pai, Ele diz: "Então Eu estava com Ele, e era Seu arquiteto, era cada dia as Suas delícias, alegrando-Me perante Ele." Deus e Jesus não tinham uma estéril e robótica co-existência no céu, cada um em alguma abstração divina, olhando para o espaço. Não, Eles estavam relacionados Um ao Outro com prazer e alegria. Eles eram amigos. Isso vemos claramente em Zacarias 13:7, quando no limite de Seu sacrifício final, por você e por mim, Deus diz de Jesus: “Ó espada, desperta-te contra o Meu pastor, contra o homem que é Meu companheiro." Outras versões traduzem a última frase de diversas maneiras; "contra o Homem que está perto de Mim" (NVI) ", que é o Meu Companheiro" (KJV), "que é o Meu parceiro" (NLT). Na atualidade, "O Meu Colega" é "o Homem da minha amizade." Deus e Jesus eram grandes amigos, com uma ligação incrível de amor entre eles. No entanto, Eles concordaram em compartilhar esse amor com nós (Zacar. 6:13) e assim Ele tornou-Se Emanuel — Deus conosco. Ao vir para habitar entre nós, Jesus veio para revelar o que era o verdadeiro tipo de apoio social.

No livro O Desejado de Todas as Nações, a irmã White diz que "... através de Cristo, completa-se o circuito da beneficência, representando o caráter do grande Doador, a lei da vida" (*págs. 20 e 21). Um dos maiores exemplos desta beneficência é visto no Velho Testamento quando Deus disse a Moisés para falar aos filhos de Israel "Deixe-os fazer um santuário para que Eu possa habitar no meio deles" (Êxodo 25:8, KJV). Em João 1:14, lemos: "E o Verbo Se fez carne e habitou entre nós. ...” Aquele que Se tornou um de nós não Se envergonha de nos chamar irmãos. Da pena inspirada, lemos: "Desde que Jesus veio habitar entre nós, sabemos que Deus está familiarizado com as nossas provações, e Se compadece de nossas dores. Todo filho e filha de Adão pode compreender que nosso Criador é o amigo dos pecadores ..." (*pág. 24). Em toda atração divina apresentada na vida do Salvador na Terra, vemos "Deus conosco." Nós temos um Sumo Sacerdote que pode compadecer-Se das nossas fraquezas. Nosso maior apoio social é Aquele que Se tornou um de nós em todos os pontos.

No ministério de Cristo aqui na terra, particularmente Seu ministério de cura, vemos o poder do apoio social. O livro de Lucas registra a história de uma mulher com um fluxo de sangue por doze longos anos que veio a Jesus para ser curada (Lucas 8:43-48). Esta mulher "gastara com os médicos todos os seus haveres, e por nenhum pudera ser curada.” Este foi um grande problema porque, de acordo com a legislação levítica (Lev. 15:19-33), ela era considerada impura e, portanto, excluída de qualquer interação social. Então, ela ouve falar de Jesus, mas está tão deprimida que não pode nem mesmo encarar o rosto de Jesus para pedir a cura. Ela toca a orla do Seu manto, e, imediatamente, o seu fluxo de sangue parou. Jesus pergunta: "Quem Me tocou?" Os discípulos acharam que essa era uma pergunta tola, porque havia uma multidão ao redor dEle (*que O comprimia). Ele insiste em que alguém tocou-Lhe, porque Ele percebeu poder sair dEle. A pobre, insegura mulher, com medo, cai a Seus pés e admite que foi ela quem O tocou. Jesus lhe diz, no versículo 48, ", tem bom ânimo filha..." Filha? Sensacional! Ela era de (*uma) família; de volta à sociedade; de volta à comunhão. Uma das razões por que Jesus insistiu em saber quem O tocou foi para ter certeza de que ela e todo mundo soubesse que ela estava totalmente curada, porque isso era importante para sua aceitação de volta à sociedade.

O próprio Jesus tinha amigos na Terra. Ele, que tinha uma amizade forte com o Pai, precisava de amigos, também. Maria, Marta e Lázaro eram alguns de Seus amigos muito próximos. Um dia, Lázaro morreu. Jesus não foi a eles de imediato, mas esperou quatro dias. Quando Ele chegou, viu Maria e os outros chorando, “moveu-Se muito em espírito e perturbou-Se" (João 11:33). Então, quando Ele viu onde Lázaro foi colocado, “chorou” (vs. 35). Estes foram, obviamente, os amigos que significavam muito para Ele e assim Ele chorou com aqueles que choravam.

Não podemos considerar Deus e apoio social, sem contemplar uma história que João registra em seu evangelho (19: 25-27). Quando Jesus estava pendurado na cruz, com total desconsideração para com Sua própria pessoa, “vendo ali Sua mãe, e que o discípulo a quem Ele amava estava presente” e, percebendo que Sua mãe estaria sozinha, lhe diz, "Eis aí o teu filho" (vs. 26), e a João, "Eis aí tua mãe. E desde aquela hora o discípulo a recebeu em sua casa" (vs. 27). Mesmo em Sua hora de total escuridão, ao Ele defrontar a segunda morte, Jesus esqueceu-Se de Si mesmo e ministrou àquele par de corações quebrantados. Ágape não procura a sua própria comodidade.(1) João entende a intensão de seu Mestre e, desinteressadamente, toma Maria como sua própria mãe(2).

Finalmente, Jesus, em Sua hora de maior necessidade, ao Ele enfrentar o sacrifício supremo por você e por mim, precisava do apoio de seus amigos, os discípulos, e, particularmente, o dos Seus amigos mais próximos, Pedro, Tiago e João. (*Marcos 14) Ele, sabendo que seu julgamento seria tenebroso, levou Seus amigos, os discípulos, a um lugar chamado Getsêmani para "sentarem-se" enquanto Ele foi orar (vs. 32). Isso é tudo — apenas "Assentai-vos aqui, enquanto Eu oro.” Ele então saiu com seus três amigos mais próximos, Pedro, Tiago e João. À medida que caminhava mais para dentro do jardim, Ele confidenciou a eles, "Minha alma está profundamente triste até à morte. Ficai aqui e vigiai" (vs. 34). Até mesmo o Filho do homem necessitava de apoio, porque o texto diz: Jesus "começou a ter pavor e a angustiar-Se" (vs. 33). Isso é óbvio, porque Ele voltou a eles três vezes para ver se estavam, de fato, vigiando e orando por Ele.

O que podemos aprender a partir da relação entre Deus e Jesus e Deus/Jesus com a gente? Em primeiro lugar, toda a interação social e de apoio é centrada em outro, Se auto-sacrifíca – (*é o autêntico e verdadeiro amor –) Ágape. Em segundo lugar, nós fomos feitos à imagem de Deus e, como tal, fomos feitos com uma profunda capacidade de amar — amor que deve ser compartilhado. É por isso que Ele foi chamado de Emanuel — Deus conosco. Em terceiro lugar, não temos de ir sozinhos enfrentar nossas provações, Jesus nos deu esse exemplo, como Ele tinha amigos e instou-os em seus trabalhos. Última e mais importante, temos um amigo em Deus/Jesus que nos acolheu em Sua família. "Filho, tem bom ânimo" (*Mat. 9:2).

Andi Hunsaker



A irmã Andi Hunsaker, bem como seu marido Roberto, são médicos adventistas, ambos formados na Universidade Adventista de Loma Linda. Eles são muito ativos em sua igreja local no estado de Massachusetts, nos EUA. Andi é professorra da sua unidade da Escola sabatina.

Tradução e acréscimos, marcados com asteriscos, de João Soares da Silveira.

Notas do tradutor:

Nota 1) Ágape não procura Seus próprios interesses (1ª Cor. 13: 5).. O amor humano baseia-se no senso de necessidade, e é, portanto, centralizado em si mesmo, Ágape de nada necessita. É difícil entendermos a idéia de um amor que “não busca os seus interesses.” Nós amamos o que nos interessa. Ágape não depende do valor do Seu objeto, Ele cria valores no Seu objeto. O amor humano vai em busca de Deus. Ágape demonstra ser o oposto. Não são humanos procurando Deus, mas Deus procurando o homem: “Porque o Filho do homem veio buscar e salvar o que se havia perdido” (Luc. 19: 10). O pastor deixou as 99 ovelhas que estavam seguras e arriscou sua vida para achar a que estava perdida; a mulher acende uma candeia e procura em sua casa até achar a moeda perdida; o Espírito de Deus procura pelo coração do filho pródigo e o traz de volta à casa. Não há, em toda a Bíblia, nenhuma história de uma ovelha perdida, da qual se exige que vá a busca do pastor. O Bom Pastor está sempre em safári nos “caçando”. Nós só queremos subir. Ágape, voluntariamente, submeteu-Se à torturante e lacerante morte de um criminoso. A passagem favorita de Paulo, Fil. 2:5-8, nos mostra sete distintos passos descendentes que Cristo tomou mostrando-nos o que é Ágape até a morte de cruz. Apocalipse a chama de “a segunda morte” (*Apoc. 20:6 e 21:8). Foi um humano descartado, abandonado para ser zombado, abusado em horror inexprimível.
Esta foi a morte a que Jesus tornou-Se “obediente”. No Seu desespero Ele clamou, “Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?” (Mat. 27: 46). Fique parado e reverente enquanto você pensa nisto. Você e eu somos os que teríamos que passar por aquilo se Ele não tivesse tomado o nosso lugar. Que outra idéia pode mais nos despertar o sentimento de interação social e apoio aos nossos semelhantes? Cristo foi ao túmulo por nós, não porque Ele o merecia, mas porque nós o merecíamos. Naquelas últimas poucas horas ao Ele estar pendurado lá nas trevas, Cristo sorveu as derradeiras fezes da taça da miséria humana ( O Desejado de Todas as Nações, pág. 756); Deus é Ágape, e Cristo é Deus, e lá está Ele — padecendo a morte que nós merecemos.


Nota 2) Nós pecadores, mortais centralizados em nós mesmos, podemos aprender a amar com Ágape, pois João diz: “o amor [Ágape] é de Deus; e qualquer que ama [com Ágape] é nascido de Deus e conhece a Deus. Aquele que não ama [com Ágape] não conhece a Deus; porque Deus é amor [Ágape]” (1ª João 4: 7 e 8). Moisés é um primordial exemplo de alguém que aprendeu isto.
Um dia o Senhor deu a ele um teste. Israel quebrara o concerto ao adorar o bezerro de ouro, e Ele propôs a Moisés que Ele os exterminaria com uma “bomba-H” divina, e começaria de novo com um novo povo—os descendentes de Moisés. Moisés teve a idéia de que o pecado de Israel era tão grande desta vez para ser perdoado. A tentação de tomar o lugar de Abraão, Isaque, Jacó era muito real. Ele viu-se como em face de um Deus irado que gostava dele, mas que já estava saturado com Israel. Pareceu ser vão para Moisés implorar o perdão para Israel. Assim o que ele fez? Aceitaria a honrosa oferta e deixaria Israel perecer eternamente?
Moisés estava profundamente deprimido. Ele nunca chorou tanto em sua vida. Ouça, ao, em quebrados soluços, este mortal como nós, tentar mudar a mente de Deus:
“Ora, este povo cometeu grande pecado fazendo para si deuses de ouro. Agora, pois, perdoa o seu pecado—” Aqui Moisés para; ele não pode finalizar a sentença (Este é o único travessão em toda a versão King James!) Ele vislumbra o horror de um eterno inferno (*ou, de uma morte eterna, a segunda morte) se ele partilha a sorte de Israel. Mas ele está decidido. Ele escolhe estar perdido com eles: “... e se não, risca-me, peço-Te, do Teu livro, que tens escrito” (Êxodo 32:31 e 32).
Moisés passara no teste. Eu posso imaginar o Senhor lançando seus braços de amor em volta de Seu pesaroso servo—Ele havia achado um homem de acordo com o Seu coração.
Paulo encontrou o mesmo Ágape em Seu coração, pois ele também desejou ser amaldiçoado de Cristo por causa de seu perdido povo (Romanos 9:1-3). Cada qual que vê a cruz como ela verdadeiramente é, e crê, encontra o milagre de Ágape reproduzido em seu próprio coração. Assim é como o mundo vai ser alvoroçado novamente, “Porque o amor [Ágape] de Cristo nos constrange,” que nós “não mais vivamos para [nós mesmos] mas para Aquele que morreu e ressuscitou [por nós]” (2ª Cor.5:14 e 15).
Nós perdemos a essência do Novo Testamento se não enxergarmos Ágape nele. Nós também permanecemos nas trevas sobre o que fé é, pois a fé no Novo Testamento é uma apreciação humana de coração da “largura, e comprimento, e altura, e profundidade do Ágape de Cristo” (Ef. 3:18 e 19). Não pode haver Justificação pela fé, nem interação social autêntica, sem uma verdadeira apreciação de coração de Ágape!

Observação: Estas duas notas o tradutor adaptou do artigo “Ágape — A Palavra que Alvoroçou o Mundo,” do pastor Roberto J. Wieland.
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