quinta-feira, 24 de junho de 2010

Lição 13 — Apoio Social: Laços de Amor, por Paul E. Penno.

Em um vôo para Israel há alguns anos, um presidente de uma Associação (*da igreja Adventista) me viu lendo o livro Arrependimento Corporativo.(1) Ele perguntou: O que é arrependimento corporativo? Naquele momento a melhor resposta que eu poderia oferecer era: eu não sei, é por isso que eu estou lendo o livro. Eu pouco imaginava que, o conceito bíblico de arrependimento corporativo era a chave para a autêntica interação entre os diversos diferentes grupos de pessoas dentro da igreja.

Há um anseio nos círculos evangélicos para tal autenticidade na vida da igreja. Deus quis que os adventistas do sétimo dia fossem lideres nisto. Agora parece que os estudiosos, como Mark J. Boda, estão escrevendo sobre a doutrina bíblica do arrependimento, a fim de estabelecer uma base para uma experiência dentro da igreja cristã.(2)

Jesus quer que a igreja de Laodicéia seja a líder que demonstre a interação social real no mundo. É a consequência de prestar atenção ao Seu apelo, "sê pois zeloso, e arrepende-te" (Apoc. 3:19).

Justiça que é motivada:
a) pelo medo pessoal do inferno, e/ou,
b) pela esperança de recompensa celestial,
produz divisão na igreja. Seu fruto é um espírito crítico, a tendência de julgar os outros, e elitismo. Por exemplo, uma mulher mundana adornada ia à igreja no sábado pela manhã e as recepcionistas imediatamente a anunciaram como uma "visitante" de modo que todos os membros sabiam que ela não era um deles.

A. T Jones, um dos (*dois) "mensageiros do Senhor ", (*em 1888, com “credenciais divinas”) sentiu a auto-inspirado mola do trabalho, quando ele disse: "Por que não devemos honrá-Lo, em vez de nós mesmos? Não devo honrá-Lo, em vez de a mim? Não é uma confissão individual que é desejada tanto como uma confissão da Conferência Geral. É uma clarificação deste tema a nós pela Conferência Geral é que é necessária."(3)

Uma preocupação individual por nossa salvação é bom. Se alguém está se preparando para morrer, por todos os meios, fará a confissão dos pecados pessoais; mas nunca irá produzir um corpo de crentes que estão unidos e enfrentam o final juízo antes da trasladação na segunda vinda de Cristo. Jesus diz que o que é necessário é que "o anjo, [a liderança] da igreja de Laodicéia "seja zelosa e se arrependa”. Jones captou a idéia com sua expressão, "a confissão da Conferência Geral."

Todos nós nascemos neste mundo com um inato, natural amor-próprio. É essa natureza pecaminosa que tem o potencial de produção de todo o pecado, de A a Z, que existe no mundo. Se não fosse pelo poder neutralizante da graça de Deus, qualquer individuo, dentro das mesas circunstâncias, e tendo a oportunidade correta, comete os mesmos crimes que outra.(4) No Dia da Expiação cósmica, é a obra do Espírito Santo trazer isso para a nossa atenção para que possamos, inteligentemente, confessar os pecados desconhecidos, apreciando quanto custou o Filho de Deus morrer para o pecado na Sua cruz.

Ninguém é feito de material melhor do que qualquer outro. Quando esse reconhecimento varrer em toda a Igreja, a nível mundial, a “compassiva igreja” será uma realidade. Relacionamentos serão genuínos. Amigos serão abertos e vulneráveis um ao outro. Aceitação dos de fora será espontânea. Haverá uma súbita pressa de recém-chegados que o Senhor Jesus pode confiar ao seu povo.(5) Tal arrependimento do corpo (*da igreja) será o maior incentivo para a evangelização que o mundo já viu.

Foi o próprio Jesus, que deu origem a este tipo de interação social e evangelização. Seu arrependimento não foi nenhum ato simulado nas margens do Jordão, quando Ele pediu o batismo de arrependimento a João Batista. A encarnação de Jesus exigiu que Ele tomasse um "eu" como todos nós temos (João 5:30). Isso significa que Ele era, verdadeiramente como nós somos, e "em tudo foi tentado, mas sem pecado" (Heb. 4:15). Ele poderia ter pecado. Por esta razão, Ele Se humilhou em oração, jejum e arrependimento a fim de manter o "eu" sob o princípio da abnegação da cruz — auto-renúncia.

Jesus “bem sabia o que havia no homem” (João 2:25), porque Ele foi um de nós. Ele não precisa de ninguém para dizer-Lhe o potencial existente na auto-motivação da humanidade, porque Ele tomou um "eu" como nós temos, e, continuamente, Se arrependeu em nome dos pecadores. Ele sentiu a necessidade de arrependimento pessoal, a fim de guardar-Se de pecar, que Ele pôde dizer, "não seja como Eu quero [desejos egoístas], mas como Tu queres" (Mat. 26:39). Isso fez com que Ele Se simpatizasse com as pessoas para que pudesse dar-lhes ajuda nos momentos de necessidade. As pessoas eram atraídas para Jesus porque Ele era "real".

Foi no dia de Pentecostes que onze discípulos totalmente apreciaram a cruz. Eles viram o que, na sua ignorância, não tinham percebido antes. O amor de Cristo revelado na cruz produziu um arrependimento espontâneo por causa do pecado, que resultou na unidade da Igreja. Um autêntico corpo curado de sua doença tornou-se a agência por meio da qual o Espírito Santo se manifestou na chuva temporã. Um corpo socialmente unido foi um vaso pronto para receber os frutos da evangelização de diversos conversos.

A metáfora da igreja, divinamente inspirada do Apóstolo Paulo, como um corpo, em 1ª Coríntios 12, totalmente expressa a interação harmoniosa de seus membros sob uma Cabeça, que é Cristo. Há:
(1º) unidade corporativa de "um corpo" (vs. 13),
(2º) a diversidade corporativa de vários "membros" (vs. 15-18),
(3º) necessidade corporativa (vs. 21, 22);
(4º) equilíbrio corporativo (vs. 23, 24),
(5º) cuidado corporativo (vs. 25); e, finalmente,
(6º) padecimento e regozijo corporativo (vs. 26).

O Senhor Jesus veio para o Seu povo, na mensagem de 1888, como um Amante e não um Legislador, a fim de apresentar as reivindicações da cruz. A mensagem a Laodicéia é uma de aquecimento do coração, e de apelo ao coração para conciliar a fim de regressar ao seu primeiro amor. O sentido vital da cruz é a purificação do santuário. Jesus mostra a cruz como o caminho para sermos unidos de coração com Deus. Quando corações, uma vez alienados, se voltarem para Deus, haverá interação harmoniosa e unida dentro do corpo. Em outras palavras, a fé, que é motivada pelo amor altruísta de Deus, é a verdadeira justiça. A justiça é 100% dEle.

A cura e a saúde da igreja só podem acontecer pelo poder restaurador da cruz. A integridade da igreja encontra-se na vereda do dom de Cristo de arrependimento corporativo.

—Paul E. Penno.


Paulo Penno é pastor evangelista da igreja adventista da cidade de Hayward, na Califórnia, EUA, da Associação Norte Californiana da IASD. Ele foi ordenado ao ministério há 38 anos. Após o curso de teologia ele fez mestrado na Universidade de Andrews. Recentemente ele preparou uma extensiva antologia dos escritos de A.T. Jones e E. J. Waggoner, a qual está incluída na Compreensiva Pesquisa dos Escritos de Ellen G. White. Recentemente também ele escreveu o livro “O Calvário no Sinai: A Lei e os Concertos na História da Ig. Adventista do 7º Dia,” e, ao longo dos anos, escreveu muitos artigos sobre vários conceitos da mensagem de 1888. O pai dele, Paul Penno foi também pastor da igreja adventista, assim nós usualmente escrevemos seu nome: Paul E. Penno Junior.


Notas do autor:

1) Robert J. Wieland, Arrependimento Corporativo (Editora Glad Tidings: Berrien Springs, MI, 2002).

2) Arrependimento na Teologia Cristã (Editora Liturgical Press: MN, Collegeville, 2006). Mark Boda é professor na McMaster Divinity College, em Hamilton, Ontário, Canadá.

3) AT Jones, nos "Anais da Conferência Geral", Boletim Diário da Conferência Geral (Worcester, MA, 24 de fevereiro de 1899, pág. 3).

[4] "A lei de Deus atinge os sentimentos e motivações, bem como os atos exteriores. Ela revela os segredos do coração, refletindo luz sobre as coisas antes enterradas na escuridão. Deus conhece cada pensamento, cada propósito, cada plano, cada motivo. Os livros do céu registram os pecados que teriam sido cometidos se tivesse havido uma oportunidade. Deus trará todas as obras a juízo, com toda coisa secreta. ... Ele revela ao homem os defeitos que anuviam a sua vida, e o convida a arrepender-se e abandonar o pecado (Ellen G. White, Signs of the Times, 31 de julho de 1901; Comentário Bíblico Adventista, vol. 5, pág. 1085).

5) "Se as igrejas esperam ter poder, terão de pôr em prática a verdade que Deus lhes deu. Se os membros de nossas igrejas desprezam a luz sobre esse assunto, colherão os resultados na forma de degeneração espiritual e física. E a influência desses membros mais idosos contagiará os novos na fé. O Senhor não trabalha agora, para trazer muitas pessoas para a verdade, por cauda dos membros da igreja que nunca foram convertidos, e dos que, uma vez convertidos, voltaram atrás. Que influência teriam esses membros não consagrados sobre os novos conversos? Não tornariam sem efeito a mensagem dada por Deus, a qual Seu povo deve apresentar? " (Ellen G. White, Testemunhos Para a Igreja, vol. 6, págs. 370 e 371).

Tradução e acréscimos, marcados com asteriscos, de João Soares da Silveira.

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