sexta-feira, 6 de maio de 2011

Lição 6, O Manto de Elias e Eliseu, por Jerry Finneman

Para o período de 30 de abril a 7 de maio de 2011

Nos tempos bíblicos, um manto era uma peça solta sem mangas, usado sobre as outras roupas. Acredita-se que ele provavelmente era de couro, feita de pele de carneiro (ver Eaton’s Bible Dictionary, Dicionário Bíblico de Eaton). Ao dar o seu manto a Eliseu, Elias simbolizava a passagem da autoridade da liderança profética dele para Eliseu. O importante é que Eliseu estaria vestido com o divino Espírito de profecia como sucessor nomeado por Elias. Elias "jogou" o manto sobre Eliseu, quando o chamou para servir (1º Reis 19:19). Então, mais tarde, ao Elias ser levado para o céu, o manto caiu no chão e Eliseu o tomou como sua. Ele a escolheu como sua própria (2º Reis 2:13).

Elias foi embora. Apenas o seu manto ficou. Este manto significava o poder de Deus na vida de Elias, que profetizou que haveria declarou a seca; que pediu a Deus que enviasse fogo do céu, quando no Monte Carmelo; que fez tremer as nações, com suas mensagens, e que ressuscitou mortos. Foi agora retomada por Eliseu que a levou de volta para o rio Jordão e perguntou. "Onde está Deus de Elias”? (2º Reis 2:14) Em seguida, ele bateu na água com o manto, do modo como Elias havia feito anteriormente (v. 8).

Vamos voltar à primeira parte da narrativa. Ao Elias e Eliseu caminharem e conversarem, um carro de fogo do céu apareceu entre eles e levou Elias para o céu junto com um vento terrível, v.11. Isto ocorreu em um instante. Eliseu não pode senão gritar em espantada homenagem ao seu mestre que partia, “Meu pai, meu pai, carros de Israel e seus cavaleiros” (v.12). Elias se foi. A época em que viveu terminara, outra começou.

Assim, quando Eliseu bateu na água com a capa, ele descobriu que, apesar de Elias se ter ido, o Senhor não partira, porque a água se separou na frente de Eliseu tal como tinha feito anteriormente quando Elias bateu com o seu manto. Os filhos dos profetas que presenciaram essa cena entenderam que o Espírito de Deus repousou sobre Eliseu, agora em zelo e com grande poder.

A lição de domingo toca no que aconteceu com Elias, depois de seu confronto com os profetas de Baal, que tinham enganado o povo de Deus e o levou a se perder em uma falsa religião. Logo após o grande triunfo de Elias sobre os falsos profetas, ele foi ameaçado por uma rainha possessa de demônio. Elias, exausto, ao ponto de desânimo e medo, correu para salvar sua vida.

Mas note o cuidado de Deus para com ele em sua profunda depressão. Depois de um dia de fulga, Elias sentou-se sob uma árvore e pediu a Deus para tirar-lhe a vida (1º Reis 19:4) e, em seguida, caiu em um sono profundo. Um anjo enviado por Deus cuidava dele com compaixão. O bolo cozido do anjo para Elias era um verdadeiro bolo de alimento de anjo (v. 6). Depois de beber a água fornecida por ele, Elias, novamente caiu em um sono profundo. Quando o profeta tinha começado o seu merecido descanso, o anjo mais uma vez o despertou do sono e disse-lhe para comer, e depois partir (v. 7,8).

Séculos antes, outro lider entrou em profunda depressão e pediu a Deus para matá-lo. Seu nome? Moisés. Você pode ler sobre ele em Números 11:11-15. É significativo que foram esses dois homens — Moisés e Elias — que tinham experimentado tão terrível depressão e desânimo, foram enviados do céu para o conforto de Jesus pouco antes de Ele experimentar o terrível desânimo e depressão do peso da culpa da humanidade.

Lucas registra este encontro de Cristo com Moisés e Elias: "E eis que estavam falando com Ele dois homens, que eram Moisés e Elias, os quais apareceram com glória, e falavam da Sua morte, a qual havia de cumprir-se em Jerusalém" (Luc. 9: 30, 31 ). Sem dúvida, a luta que Cristo iria entrar do Getsêmani ao Calvário foi discutida.

Mateus descreve a depressão profunda que se abateu sobre Jesus enquanto no Getsêmani: "E, levando consigo Pedro e os dois filhos de Zebedeu, começou a entristecer-Se e a angustiar-Se muito. Então Ele lhes disse: 'A Minha alma está cheia de tristeza até à morte" (Mateus 26:37, 38).

Mateus escolheu fortes palavras para comunicar a extrema angústia emocional que Jesus experimentou. Literalmente, se traduz: "profundamente deprimido." As próprias palavras de Jesus expressam Seu estado emocional: “A minha alma está excessivamente pesarosa a ponto de morte” (v. 38, KJV). Esta é uma descrição de depressão tão profunda que Jesus se desesperou da própria vida. Ele estava à beira da morte, tão extremo foi o seu sofrimento emocional. Todo o Seu poder parece ter desaparecido, e Ele é esmagado e vencido. É aqui que Ele provou "a morte por todos" os homens (Hebreus 2:9). Ele tem apenas uma alternativa: orar ao Seu Pai. E enquanto Ele estava no processo de morrer, no último momento, um anjo foi enviado do céu para fortalecê-Lo, Lucas 22:42-44.

Há uma diferença no resultado da depressão de Jesus e de Elias. Jesus nunca desistiu. Sua fé foi mantida. Jesus não acreditava só na ausência de sentimentos, mas contra eles. Esta é "a fé de Jesus", pela qual somos justificados (Gálatas 2:16). Esta é "a fé em Jesus", que Seu povo vai "guardar" e agarrar-se nas cenas de encerramento da terra (Apocalipse 14:12). Jesus foi vitorioso mesmo em depressão profunda e Ele dá aos que sofrem de depressão incentivo para continuar. Ele sabe tudo sobre sua situação. Ele sofreu de depressão em seu nível mais profundo. Ele não só conforta aqueles em depressão, ele irá conduzí-los triunfalmente ao exercerem a fé nEle. E aqueles que sofrem de depressão terão uma percepção mais profunda da depressão e da agonia que Ele passou no Getsêmani e no Calvário.

Voltando a Elias. Depois de se esconder em uma caverna no Monte Sinai, ele finalmente ouviu a "voz mansa e delicada" (1° Reis19:12) de Deus. Isto é o que uma pessoa deprimida precisa de ouvir. Deus o levou para fora de sua depressão e o levou para o céu sem ver a morte. Antes de Deus trasladar Elias, instruiu-o a ungir três homens para tomar o seu lugar para terminar a reforma começada com ele no Monte Carmelo. Estes três foram um rei pagão, um homem selvagem, e um profeta gentil — Hazael, Jeú e Eliseu (1º Reis 19:15-17). Todos os três trabalharam para mudar Israel. Os dois reis (Hazael e Jeú) usaram métodos de reformas nunca aprovados por Deus. Os únicos métodos aprovados por Deus foram os utilizados por aquele sobre quem o manto de Elias foi colocado.

Quanto aos outros métodos: "Os homens são lentos para aprender a lição de que o espírito manifestado por Jeú nunca vai unir corações. Não é seguro para nós, vincularmos os nossos interesses a uma religião de Jeú, pois isso vai resultar em trazer tristeza ao coração dos verdadeiro trabalhadores de Deus. Deus não deu a nenhum dos seus servos, o trabalho de punir aqueles que não cumprem as Suas advertências e repreensões. Quando o Espírito Santo habitar no coração, ele irá levar o agente humano a ver seus próprios defeitos de caráter, a piedade da fraqueza dos outros, a perdoar como ele deseja ser perdoado. Ele será piedoso, cortês, à semelhança de Cristo.” "Gentileza é muito mais poderosa do que um espírito de Jeú" (Ellen White, Review and Herald, de 10 de fevereiro de 1885).

O manto que Eliseu vestiu representa a bondade de Jesus — a Sua justiça. Como esse manto era feito de pele de ovelha, assim também Cristo, "o Cordeiro de Deus" tem um manto de justiça pronto no tear do céu. Este manto foi colocado sobre Jones e Waggoner, a fim de apresentar a mensagem de Cristo e Sua justiça. E como você e eu somos chamados para o serviço, pelo Espírito de Deus, esse manto de justiça é dado a nós para revestir-nos interior e exteriormente. Isso vai nos preparar para levar a mensagem de Deus ao mundo. Nós não podemos ser chamados para ser um profeta, no sentido de Elias e Eliseu, nem como mensageiros como Jones e Waggoner, mas somos chamados a entregar a palavra de Deus em nosso círculo de influência como eles fizeram na deles.

- Jerry Finneman

O irmão Geraldo L. Finneman é um pastor adventista, já tendo atuado nos estados de Michigan, Pensilvânia e Califórnia nos EUA. Ele prepara materiais para encontros evangelísticos, incorporados com os conceitos das Boas-Novas da Mensagem de 1888 de Justificação pela fé. Além de pastor da IASD ele também já foi presidente do Comitê de Estudos da Mensagem de 1888. Já há alguns anos não me encontro com ele mas me parece que, devido à idade, está para, ou, já se aposentou, mas ouvi dizer que continua trabalhando por boa parte do dia, atualmente na área de Battle Creek, a cidade que abrigava a antiga sede da igreja. Há um excelente livro escrito por ele, "Christ in the Psalms” [Cristo nos Salmos], infelizmente não está traduzido para o português.