sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Lição 7: Vida Santa, por Roberto Wieland

Para 11 a 18 de agosto de 2012
 http://agape-edicoes.blogspot.com

Qualquer estudo contemporâneo de um "viver santo" deve incluir o contexto da exclusiva doutrina Adventista do Sétimo Dia da purificação do santuário celestial. Os versículos na Epístola de Paulo aos tessalonicenses, na qual ele discute "santificação" e "santidade", podem ser projetados no tempo para 1888, quando a "mui preciosa mensagem" foi apresentada na Assembléia da Conferência Geral. Esta mensagem mudou da idéia de que o povo (*antes de 1844) estava se preparando para morrer (*por Cristo), para uma nova dinâmica — (*viver por Cristo) a preparação para a trasladação na vinda do Senhor.
Ellen White reconheceu que essa mensagem da justiça de Cristo restaurou no coração dos crentes o "poder que ali domina" da mensagem do santuário"1.  Ela viu que a junção da verdade adventista da purificação do santuário com uma visão mais completa da justificação pela fé era como a confluência de dois rios que haviam corrido separadamente, mas agora se uniram para produzir uma onda que poderia conduzir o navio com segurança ao porto. Ela viu na mensagem de 1888 os meios gloriosos da graça divina fornecida para tornar um povo pronto para a vinda do Senhor. Ela reconheceu que "a união com Cristo" significava a união com Ele em Sua obra final da expiação. Ela viu a clara distinção da Sua obra no primeiro apartamento do santuário celestial, onde a "porta" foi agora "fechada"2.  
A mensagem de 1888 tornou o assunto da purificação do santuário um assunto prático. Eis como os dois grandes rios — a verdade do santuário e a justificação pela fé, se juntaram. A mensagem não só apelava para uma vida santa, mas também fornecia os meios para tal. A purificação do santuário celeste é um trabalho que inclui as pessoas e se estende até elas. Provê a perfeição do caráter delas em Cristo, por um lado, e por outro lado, a destruição final do pecado e dos pecadores (*impenitentes) e a purificação do universo de toda a mancha do pecado. É Cristo plenamente formado em cada crente. O santuário em si não pode ser purificado enquanto o povo de Deus continua a derramar nele um fluxo constante de pecado. O fluxo será interrompido em sua origem — os corações e vidas do povo de Deus. O ministério de Cristo no santíssimo (*do Santuário celestial) “pode aperfeiçoar os que a eles (*aos cultos) se chegam" (Hebreus 10:1) e “aperfeiçoou para sempre os que são santificados” (vs. 14).
O pecador não é "feito justo" por uma infusão de mérito que elimina a natureza pecaminosa3. Ele ainda a tem, mas não é mais um escravo dela. Ele não tem méritos próprios, como não tem boas obras próprias; mas ser reconciliado significa que ele “é tornado obediente”. Esta é a idéia de 1888 de ser “feito justo”. Rom. 5:1-11 nos mostra que o pecador "recebeu a reconciliação" (vs. 11, ú.p.) e sua inimizade profunda contra a lei foi removida pelo "poderoso argumento da cruz"4.  Na justificação pela fé "o amor de Cristo nos constrange" e torna-se a nova motivação para um viver santo (2ª Cor. 5:14 e 15) (*“Ele morreu por todos, para que os que vivem não vivam mais para si”, vs. 15). A graça, sendo mais forte que o pecado, elimina a mornidão para sempre. Alonso T. Jones e Ellet J. Waggoner, os mensageiros de 1888, compreenderam a surpreendente ideia de que é fácil se salvar e difícil de se perder se a pessoa entende e crê "na verdade do evangelho" (cf. Gál. 2:5 e 14).
Ellen White ficou muito feliz quando ouviu os dois mensageiros (*de 1888) dizerem isso. Ela claramente disse que a mensagem foi além do que ela chamou de "as doutrinas dos bons velhos tempos", pois era "nova luz". Essa "justificação pela fé" será “nova” para nós e para o mundo evangélico porque é a "mensagem do terceiro anjo em verdade"5.
Veja como ela se expressou: "Cada fibra do meu coração disse amém"6, porque esta, finalmente, foi a única distinta idéia Adventista do Sétimo Dia do evangelho eterno, “que se manifesta na obediência a todos os mandamentos de Deus"7, incluindo o sétimo. Assim, esta mensagem tinha que ir além do que (*ensinavam) as populares igrejas guardadoras do domingo.
"O tema que atrai o coração do pecador é ‘Cristo, e este crucificado’ (*1ª Cor. 2:2). Na cruz do Calvário, Jesus Se revela ao mundo no amor incomparável. Apresente-O, assim, às multidões famintas, e a luz do seu amor vai conquistar os homens das trevas para a luz, da transgressão à obediência e verdadeira santidade. Contemplar Jesus na cruz do Calvário desperta a consciência para o caráter hediondo do pecado como nada mais o pode fazer. Foi o pecado que causou a morte do amado Filho de Deus, e o pecado é a transgressão da lei. “O Senhor fez cair sobre Ele as iniquidades de nós todos’ (*Isa. 53:6). O pecador, então consente em seguir a lei, o que é bom, porque ele percebe que ela condena suas más obras, enquanto ele louva o incomparável amor de Deus em prover para ele salvação através da justiça imputada dAquele que não conheceu pecado, e em cuja boca não se achou engano (*Apoc. 14:5 e 1ª Pedro 2:22)”8
"Que Deus tem um santuário no céu, e que Cristo é sacerdote lá, não pode ser posto em dúvida por ninguém que lê as Escrituras. ... Portanto, conclui-se que a purificação do santuário, uma obra que é apresentada nas Escrituras como imediatamente anterior à vinda do Senhor, é coincidente com a completa purificação do povo de Deus nesta terra, e preparação deles para a trasladação, quando o Senhor vier. ... A vida [caráter] de Jesus é para se reproduzir perfeitamente em seus seguidores, não por um dia apenas, mas por todos os tempos e por toda a eternidade"9.
Em todas as épocas passadas "a esposa do Cordeiro" nunca ainda se aprontara. Como pode o Esposo celestial chamar a atenção de Sua igreja? Pode Ele prender a atenção do seu povo por uma exigência motivada por medo sem precedentes para uma vida santa? A resposta tem de estar no texto: "E foi-lhe dado [à Sua futura esposa] que se vestisse de linho fino, puro e resplandecente; porque o linho fino são as justiças dos santos" (Apoc. 19: 8).
Não, o meio que o Senhor vai empregar não será um trovão do céu ou um terremoto, mas uma amável, quieta mensagem comovente da “justiça dos santos." Uma mensagem que corteja o coração — "justificação pela fé", o Noivo chegando perto em um apelo, um suave toque de verdade.


Compilado dos escritos de
Robert J. Wieland


O irmão Roberto J. Wieland foi um pastor adventista, a vida inteira, missionário na África, em Nairobe e Kenia. É autor de inúmeros livros. Foi consultor editorial adventista do Sétimo Dia para a África. Ele deu sua vida pela África. Desde que foi jubilado, até sua morte, em julho de 2011, aos 95 anos, viveu na Califórnia, EUA, onde ainda era atuante na sua igreja local.
Em 1950 ele e o pastor Donald K. Short, também missionário na África, em uma das férias deles nos Estados Unidos, fizeram dois pedidos à Conferência Geral:
1º) que fossem publicadas todas as matérias de Ellen G. White sobre 1888, e
2º) que fosse publicada uma antologia dos escritos de Waggoner e Jones.
38 anos depois, em 1988, a Conferência Geral atendeu o primeiro pedido, o que resultou na publicação de 4 volumes com um total de 1821 páginas tamanho A4. Quanto ao segundo pedido até hoje não foi o mesmo ainda atendido, a despeito de inúmeras recomendações da serva do senhor à mensagem e às pessoas deles.

Notas (de Ellen G. White, salvo indicação em contrário):

1) Evangelismo, páginas 224, 225. (*Originalmente em “Special Testimonies”, Série B, nº 7, pág. 17, de 1905);
2) Mensagens Escolhidas, livro 1, págs. 374; 62, 63;
3) "Pode alguém viver uma vida sem pecado?" Tenho sido perguntado. Não, mas Cristo pode. "Estou crucificado com Cristo; e vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim" (*Gal. 2:20). Tenho demonstrado que não posso fazer nada. “O salário do pecado é a morte” (*Rom 6:23), e por isso devo morrer, e deixar que o Senhor assuma o controle. O primeiro homem mostrou sua impotência, e agora o segundo homem, Adão, entra em sena, e nEle o poder de Deus se revela plenamente. Há apenas um homem, que é o Senhor Jesus Cristo, pois há apenas uma semente. Por meio da obediência de Um muitos são feitos justos. Tornamo-nos homens de fato, homens perfeitos, só ao estarmos nEle (Ellet J. Waggoner, citado em Robert J. Wieland, em “A Brief Look at 1888,” Um Breve Olhar sobre 1888", pág. 15);
4) Ver Testemunhos para a Igreja, vol. 4, pág. 375, 2º§ (onde lemos: “O poderoso argumento da cruz convencerá do pecado”);
5) Mensagens Escolhidas, vol. 1, pág. 372. Originalmente publicado na Review and Herald, de 1º de abril de 1890;
6) Materiais de Ellen G. White sobre 1888, vol. 1, pág. 349;
7) Testemunhos Para Ministros e Obreiros Evangélicos, pág. 92;
8) Materiais de Ellen G. White sobre 1888, pág. 1074;
9) Ellet J. Waggoner, “O Concerto Eterno”, págs. 365-367.

Asteriscos indicam acréscimos do tradutor.

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