terça-feira, 21 de agosto de 2012

VIDA SANTA, por Isaiah Horton

Prezado irmão, este artigo nos chegou na sexta-feira de tarde. Não me foi possível traduzi-lo a tempo. Mas é tão importante, e, ao mesmo tempo, um dos aspectos mais contestados da “mui preciosa mensagem”, que resolvi postá-lo assim mesmo para sua apreciação.
Era para 11 a 18 de agosto de 2012
Mas postado neste blog em 21/8/2012

"E o Senhor vos aumente, e faça crescer em amor uns aos outros, e para com todos, como também o fazemos para convosco; para confirmar os vossos corações, para que sejais irrepreensíveis em santidade diante de nosso Deus e Pai, na vinda de nosso Senhor Jesus Cristo com todos os seus santos" (1ª Tess. 3:12, 13).
A lição desta semana envolve um tema que está perto de meu coração, como eu imagino que acontece com a maioria dos outros cristãos. "Viver uma vida santa", como visto nos escritos de Paulo, é um tema cercado por muita confusão. A intenção deste artigo é lançar luz sobre, e criar um fundamento para, a compreensão do tema de "viver uma vida santa", em particular, tal como apresentado por Paulo aos tessalonicenses. Oro para que o Espírito Santo lance luz e verdade sobre este assunto, e que isto possa ser uma bênção para os outros em sua caminhada com Deus.
Os versos 12 e 13 de 1ª Tessalonicenses, capítulo 3, são de extrema importância. Esses dois versículos fornecem a base para o capítulo 4, que é onde a vida santa é exposta. Paulo anseia que os crentes vejam e conheçam a Deus, e que Ele possa firmar os seus corações inocentes em santidade através de Cristo. A obsessão de Paulo sobre esse desejo também é mostrada na abertura de sua carta aos Efésios:
"Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o qual nos abençoou com todas as bênçãos espirituais nos lugares celestiais em Cristo; como Ele nos elegeu nEle antes da fundação do mundo, para que fôssemos santos e irrepreensíveis diante dEle em amor; e nos predestinou para filhos de adoção por Jesus Cristo, para Si mesmo, segundo o beneplácito de sua vontade, para louvor da glória da Sua graça, pela qual nos fez agradáveis a Si no Amado" (Efé. 1:3-6)
Este texto vai ajudar a construir o fundamento para a introspecção desta semana: Primeiro, a vida santa que Deus almeja para nós, é algo que Ele planejou por, e desejou "antes da fundação do mundo" (*1ª Pedro 1:20); Segundo, Deus já realizou certas coisas com a finalidade de alcançar esta "vida" de que falamos. "Todas as bênçãos espirituais" (*Efé. 1:3) de que Paulo fala são reais, verdadeiras bênçãos; pois o mundo espiritual é o mundo real, e nós somos seres espirituais; A terceira idéia é que a vida é uma vida para todos. Desde que a adoção para esta vida como filhos e filhas é por Jesus Cristo, e considerando que Cristo é o Salvador de todos os homens, 1ª Tim. 4:10, Tito 2:11, sabemos que esta vida tem sido preparada para toda a humanidade, e, por último — o que é mais surpreendente para mim — é que esta vida em que Ele espera eu seja santo e sem culpa, sem falta, e sem mácula diante do Deus todo-poderoso em amor, é algo que Lhe dá extremo prazer.
O resultado final do pronunciamento de Paulo em 1ª Tess. e Efésios é a Canção Inicial cantada pelo próprio Deus, quando Ele reunir Seus filhos e filhas em Sua casa, Sofonias 3:17. Não se trata de apenas (*estar) de acordo com Sua vontade, mas o bom prazer de Sua vontade. (*“...Ele Se deleitará em ti com alegria ... regozijar-se-á em ti com júbilo.”
Abundante ... A fim de compreender plenamente o significado de 1ª Tess. 3:12, 13, vamos examiná-los mais detalhadamente. Paulo quer que seus crentes cresçam e abundem em amor "para que" quando Cristo voltar, eles possam ser encontrados sem culpa (ser santos) diante de Deus. Este estado de "vida santa" é o resultado, ou subproduto, de Seu amor abundante, genuinamente manifestado um para o outro e outros. Duas coisas me vêm à mente: 1ª) o que Paulo quer dizer quando afirma que "abundam no amor"? e, 2ª) se chegarmos a entender o que significa "abundar em amor", poderíamos também alcançar o que Paulo denota como viver uma vida "santa"? Isso é possível? Não nos esqueçamos de um terceiro fator nestes versos, talvez o mais importante de tudo: Paulo indica que o trabalho de fazer os pecadores santos santos é a obra do Senhor! (*“O Senhor ... vos faça crescer em amor... para que sejais irrepreensíveis em santidade diante de nosso Deus e Pai... – Grifamos).
 (*Na KJV a forma verbal “crescer amor” é) o verbo "abundam," usada por Paulo nestes versículos e é “pleonaz” no grego. Esta palavra significa superabundam. A definição de santidade que estamos acostumados a ouvir é: "separado para uso sagrado", mas o tipo de amor e santidade que Paulo está tentando transmitir é de uma qualidade tão superior que temos dificuldade de colocá-los em linguagem humana. A razão para tal superioridade e altivez está diretamente ligada à sua fonte. Deus é amor, Deus é santo, 1ª João 4:8, Lev. 19:2. O amor verdadeiro é somente de Deus e para Deus, 1ª João 4:7.
Este amor é um aspecto de Deus que podemos realmente vir a entender, e que Deus tão desesperadamente quer que nós compreendamos de maneira cada vez superabundante e dinamicamente esclarecedora. O resultado é sermos cheios da plenitude de Deus, Efésios 3:14-19. Trata-se de um convite para encontrar o amor de Deus. O resultado desse encontro é uma transformação do homem para a santidade para a qual ele foi destinado (*grifamos).
João, o amado, entendeu que nós precisamos da revelação de Deus para retratar esse amor por nós. Ele sabia que a nossa imagem da Divindade e toda a realidade final foi marcada pelo pecado, a mentira, o engano, a culpa e iniquidade. Deus fez o que aos olhos humanos parece totalmente maravilhoso e sem sentido. Deus fez o ato mais surpreendente desde o início dos tempos. João escreveu palavras que soam estridentemente e em tons vibrantes através de todo o universo:
"E o Verbo se fez carne, e habitou entre nós, (e vimos a Sua glória, glória como do Unigênito do Pai), cheio de graça e de verdade" (João 1:14).
Cristo e este crucificado. Deus Se fez homem; o Criador uma criatura, o Justo considerado um transgressor, e mostrou-nos amor. Não que nós tenhamos amado a Deus, mas que vimos um Deus que "amou o mundo de tal maneira que deu Seu Filho unigênito" (João 3:16). Um Filho que viveria a vida em nosso mundo, em nossa carne, como nosso irmão, e que Ele morreria por mim, um rebelde, irritado, indigno, pecador impenitente. É com esta verdade, que viver uma vida santa começa. João disse isto tão claramente: "Nós O amamos porque Ele nos amou primeiro" (1ª João 4:19). É somente pela compreensão do amor de Deus para conosco, como visto na Sua auto-renúncia, vida centrada em outros, morte e ressurreição de Jesus Cristo, que, viver uma vida santa, há qualquer possibilidade de ocorrer. Viver uma vida santa é o resultado de contemplar o amor de Deus (*Grifos nossos). Este amor tem em si o único poder (*capaz) de transformar. Focar em qualquer outra coisa resulta em frustração religiosa e espiritual, decepção e fracasso. Paulo continuou esta verdade em sua carta aos Coríntios.
"Porque Cristo enviou-me, não para batizar, mas para evangelizar; não em sabedoria de palavras, para que a cruz de Cristo se não faça vã. Porque a palavra da cruz é loucura para os que perecem; mas para nós, que estamos sendo salvos, é o poder de Deus ... E eu, irmãos, quando fui ter convosco, anunciando-vos o testemunho de Deus, não fui com sublimidade de palavras ou de sabedoria. Porque nada me propus saber entre vós, senão a Jesus Cristo e Este crucificado" (1ª Coríntios 1:17, 18; 2:1, 2).
Esta verdade não deve ser esquecida, e todas as outras verdades são para ser vistas à luz desta pedra angular, e fundamento. Todas as nossas idéias de santidade são incorporadas na compreensão deste amor, como vistas em Jesus Cristo. Por nós mesmos, não podemos evocar este amor, nem podemos criá-lo ou duplicá-lo. Ao vermos Cristo e seu amor por nós pecadores, isto cura as nossas almas feridas, e o próprio Legislador coloca Sua lei em nossos corações.

Palavras Finais.
"Cada um de vós saiba possuir o seu vaso em santificação”
Este pensamento ajuda a resumir o resultado da influência de Cristo. A consequência de abundar em tal amor é que todos devem saber como possuir o seu próprio vaso. Como podemos possuir o nosso próprio vaso quando não conhecemos nossos próprios corações? Jeremias 17:9. Nós o possuímos dando-o a quem o comprou. Quanto mais nos deparamos com o Salvador crucificado, mais os nossos corações se derreterão por Seu amor. Quanto mais nos engajarmos ativamente em contemplar Seu caráter e amor, a Sua agonia em tentação, e Sua persistência em colocar-nos em primeiro lugar, mais amoroso Ele parecerá como Ele está em toda a verdade; como a única coisa que realmente desejamos, Salmo 42. À luz do amor de Deus vamos oferecer os nossos corações, como fez Davi, Salmo 139:23, 24, e como Paulo fez diariamente, Gálatas 2:20.
Cada coração cansado, lar desfeito, homem sem-teto, molestador de criança, guerra horrível, e injustiça política é o resultado de tentar fazer a vida funcionar para além do amor que vem de Deus. (*Olhai para Mim  e sereis salvos) (Isaías 45:22). O grande conflito vai provar que a felicidade do homem e a satisfação é encontrada em abraçar o amor que Deus tem para ele, e retornando o mesmo amor a Deus e para com os outros. Assim viver uma vida santa é essencialmente tudo. É algo bonito, algo que toda a criação tem morrido de vontade de ver (*A ARDENTE EXPECTATIVA DA CRIAÇÃO AGUARDA A REVELAÇÃO DOS FILHOS DE DEUS, Romanos 8:19), e algo que Deus promete a todos que creem nEle. (Romanos 8:19, João 1:12, 1 João 3:1, 2).

Algumas citações de Ellen G. White:
 Pela revelação da atrativa beleza de Cristo, pelo conhecimento de Seu amor a nós expresso enquanto éramos ainda pecadores, o coração obstinado abranda-se e é subjugado, e o pecador transforma-se e torna-se um filho do Céu. Deus não emprega medidas compulsórias; o amor é o meio que Ele usa para expelir o pecado do coração. Por meio dele, muda o orgulho em humildade, a inimizade e incredulidade em amor e fé” (O Maior Discurso de Cristo, pág. 77).
"A luz da vida do Salvador, o coração de todos, desde o Criador ao príncipe das trevas, é manifestado. Satanás tem representado a Deus como egoísta e opressor, como pretendendo tudo e não dando nada, como reclamando o serviço de Suas criaturas para Sua própria glória, e não fazendo nenhum sacrifício em favor delas. Mas o dom de Cristo revela o coração do Pai. Ele testifica que os pensamentos de Deus a nosso respeito são ‘pensamentos de paz, e não de mal’ (Jer. 29:11). Declara que, ao passo que o ódio de Deus para com o pecado é forte como a morte, Seu amor para com o pecador é ainda mais forte do que a morte. Havendo empreendido nossa redenção, não poupará coisa alguma, por cara que Lhe seja, se necessário for à finalização de Sua obra. Nenhuma verdade essencial à nossa salvação é retida, nenhum milagre de misericórdia negligenciado, nenhum instrumento divino deixado de ser posto em ação. Os favores amontoam-se aos favores, as dádivas acrescentam-se às dádivas. Todo o tesouro do Céu se acha franqueado àqueles que Ele busca salvar" (O Desejado de Toadas as Nações, pág. 57)
“É-nos impossível, por nós mesmos, escapar ao abismo do pecado em que estamos mergulhados. Nosso coração é ímpio, e não o podemos transformar. ... A educação, a cultura, o exercício da vontade, o esforço humano, todos têm sua devida esfera de ação, mas neste caso são impotentes. Poderão levar a um procedimento exteriormente correto, mas não podem mudar o coração; são incapazes de purificar as fontes da vida. É preciso um poder que opere interiormente, uma nova vida que proceda do alto, antes que os homens possam substituir o pecado pela santidade. Esse poder é Cristo. Sua graça, unicamente, é que pode avivar as amortecidas faculdades da alma, e atraí-la a Deus, à santidade” (Caminho a Cristo pág. 18).
 “A graça de Cristo deve moldar o ser inteiro, e seu triunfo não será completo até que o universo celeste deva testemunhar a ternura habitual de sentimento, amor cristão e obras santas na conduta dos filhos de Deus” (Maravilhosa Graça, Meditação Matinal de 1974, pág. 235).
Isaiah Horton
O irmão Isaiah Horton é um estudante de medicina e teologia da Universidade Adventista Andrews. O pai dele, Michael Horton, é pastor da igreja adventista do sétimo dia de Shalem, localizada na 1105 Pine Street, Waukeghan, Ilinois,  60085-2727, na grande Chicago. Fone (847) 244-0350.
_____________________