sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

Lição 6 - Criação e Queda, por Paulo Penno

Para 2 a 9 de fevereiro de 2013


Como no mundo alguém pode encontrar boas novas em más notícias? Existe alguma chance de retificar uma ação? O que pode ser dito sobre a queda dos nossos primeiros pais, que inspire a esperança de restauração? E como é que a mensagem de 1888 dá dicas para a resposta de Deus para a "nossa" rebeldia?
"A miséria adora companhia." Quando alguém é culpado, eles gostam de arrastar outros para baixo com eles. Assumindo a forma de uma bela criatura, Satanás levou Eva a uma via de falsas suposições a respeito do caráter de Deus. Sugerindo dúvida quanto à palavra de Deus de não comer da árvore ("É assim que Deus disse ...?"), ele conseguiu com que Eva adicionasse ao sinal de alerta "nem nele tocareis". Mas Eva "viu" a criatura comendo o fruto, e assim ele disse a ela a mentira: "Certamente não morrereis." Deus está reprimindo o conhecermos o bem e o mal, pelo qual você pode tornar-se "deus" (Gên. 3:1-5).
Seus três enganos foram entrelaçados em uma vertente: (1º) Não haverá morte, para que Eva acreditasse na serpente, que a natureza do homem é imortal, (2º) "conhecer o bem e o mal" é essencial, pois há uma conjugação de opostos; e (3º) "sereis Deus", pois a divindade habita dentro de cada alma humana imortal e aguarda apenas a auto-realização.
O argumento da serpente foi assim: Se Deus criou todos esses opostos — se há trevas e luz, se há terra e água, se sexo masculino e feminino devem ser um, por que não ver o mal como um oposto aceitável para o bem? Deus estava retendo alguma coisa deles, alguns conhecimentos que irão aumentar sua felicidade e realmente permitir-lhes perceber que eles também eram divinos, sim, eram "Deus". Eles poderiam descobri a Deus dentro de si mesmos. Nossa mãe Eva abraçou a decepção, e se tornou a primeira pessoa a crer que o mal deve sempre contrabalançar o bem, mesmo por toda a eternidade. Ela apodereu-se do fruto, e o comeu, e seu marido se juntou a ela na conduta experimental.
A associação de opostos é tão fundamental para o pensamento de centenas de milhões de religiões orientais — hinduísmo e budismo. A capacidade de combinar, misturar, e harmonizar esses dois opostos conflitantes iria trazer uma transformação, o caminho para a iluminação. O resultado final é a unidade de tudo com compreensão completa. "Deus" é tudo — panteísmo.
A queda da humanidade se deve a esta noção. "Apesar das consequências, desde aquele dia até hoje, a humanidade parece ter mostrado uma obsessão por realmente tentar provar que a idéia funciona e de alcançar esta unidade, há muito procurada, através da fusão dos opostos."1 É a pedra angular do pós-modernismo. É a reconciliação do eterno princípio de que o bem e o mal existem em "deus" e no homem. Todo o pensamento é pensamento “de deus."
No início da igreja cristã no século 5, Santo Agostinho elaborou uma síntese entre os dois opostos Divino-amor (Ágape) e o amor próprio (eros), e deu-lhe o termo latino caritas, que foi traduzido para Versão King James (KJV) da Bíblia2 como "caridade". Martinho Lutero, mil anos mais tarde, foi capaz de romper parcialmente o nevoeiro em sua redescoberta de Ágape, porque ele foi o único dos reformadores protestantes que cria na natureza do homem, e rejeitou a imortalidade pagã-papal da alma. Assim, ele pode começar a compreender "a largura, e o comprimento, e a altura, e a profundidade" do "amor de Cristo" (Efé. 3:18, 19). Jesus escolheu os malditos, morreu a segunda morte (desprezada por Deus), por cada pobre pecador. Ele disse adeus à vida para sempre. Morreu pobre, tendo depositado todas as Suas riquezas nas contas bancárias dos pecadores. Seu Ágape, o perdão dos pecados, — a justificação pela fé, — foram dados a todos.
Agora, através de uma visão de Lutero, a fé do Novo Testamento poderia entrar em seu correto conceito. Enquanto a fé motivada por amor-próprio está sempre preocupada com a sua própria recompensa eterna e com medo de ir para o inferno, a fé motivada por Ágape aprecia o que custou ao Salvador morrer na cruz. Infelizmente, os sucessores de Lutero — Melâncton, Zwínglio, Calvino e os outros reformadores — não conseguiram entender Ágape por causa de sua adesão à noção pagã-papal imortalidade da alma.
E não foi senão após uma jovem, recém-saída da adolescência, tomar a pena e começar a escrever alguns testemunhos, nas décadas de 1840 e 50, que Ágape, finalmente voltou ao seu próprio (*conceito). Os escritos de Ellen White são permeados com a idéia.3
A realidade é que nossa mãe Eva descreu da boa-nova de Deus no Éden. Ela preferiu crer na má notícia a respeito de Deus. Ela escolheu acreditar que Deus mentiu quando disse: "dela não comerás," "da árvore do conhecimento do bem e do mal," "porque no dia em que dela comeres, certamente morrerás" (Gên. 2:17). Ela cria que Deus estava retendo algum conhecimento que a ajudaria a alcançar a iluminação divina. É claro, a incredulidade da Palavra de Deus foi a base da nova religião de Satanás, o que exigia a derrubada eventual de Deus de Seu trono. Satanás esperava convencer todo o universo deste princípio de amor próprio.
Eva realmente acreditou no engano da serpente, 2ª Coríntios 11:3. Adão não creu. Ele se juntou a ela no passo prejudicial porque ele a amava. Qualquer que seja essa coisa misteriosa, desconhecida, por vir, que Deus disse ser "morte", ele escolheu compartilha-la com ela. Mas o engano original da mãe Eva incluiu a idéia de que não haveria morte: "Certamente não morrerás", assegurou-lhe a serpente astuta. Aqui está a origem da idéia da imortalidade natural da alma humana.
Adão, com os olhos bem abertos, com pleno conhecimento, sabia que comer o fruto proibido seria pecado (Tiago 4:17). Em incredulidade ele pisou em terreno proibido. Sua própria natureza foi alterada por sua deliberada escolha. Naquele momento, ele já não era capaz de fazer o bem. "Assim como por uma só ofensa, veio o juízo sobre todos os homens", resultando na condenação a uma eterna sepultura, Rom. 5: 12, 18. Sem expectativa de vida, não há esperança de nem mesmo um bocado de comida, ou um sopro de ar, ou um copo de água fria. Nem mesmo uma única coisa era nossa pela escolha de Adão. Ele juntou-se à rebelião de Satanás e transferiu o domínio para o "príncipe [governante] deste mundo" (João 14:30).
A mensagem de 1888 fornece introspecções sobre o concerto eterno originalmente dado a Adão e Eva (Gên. 3:15). Deus prometeu "porei inimizade" entre a mulher e seus descendentes, e Satanás. Deus prometeu colocar ódio nos corações humanos pelo mal. Deus colocou, em algum grau, um desejo pelo bem e o direito, no coração de todos. A você foi dada a sua "medida da fé" (Rom. 12:3). Você já recebeu a capacidade de "crer".
Quando Deus fez a promessa a Adão e Eva era Cristo que foi "morto desde a fundação do mundo" (Apoc. 13:8). Cristo tornou-se fiador de toda a raça humana. Ele Se colocou na linha para trazer tudo o que Ele prometeu a Adão e Eva. Deus não exige de Adão e Eva uma promessa de obedecer-Lhe, não há registro de qualquer tal transação.
Mas graças a Deus que, "pela justiça de um," o Cordeiro que foi morto desde a fundação do mundo, que Se tornou fiador de uma raça perdida, "por um ato de justiça veio  [*trouxe] a graça sobre todos os homens para justificação de vida" (Rom. 5 : 18). Por causa de um ato justo de Jesus Cristo podemos hoje comer o alimento, respirar o ar, e beber a água. Se não recusar este dom da vida que já desfrutamos, vamos viver para sempre em vida eterna. Nós seremos sempre gratos porque Ele nos salvou da sepultura eterna, que era nossa pela desobediência de Adão. Ele fez tudo isso por Sua própria promessa. Ele simplesmente diz: "Não endureçais os vossos corações" (Heb. 4:7).
-Paul E. Penno

Paulo Penno é pastor evangelista da igreja adventista na cidade de Hayward, na Califórnia, EUA, da Associação Norte Californiana da IASD, localizada no endereço 26400, Gading Road, Hayward, Telefone: 001 XX (510) 782-3422. Ele foi ordenado ao ministério há 38 anos. Após o curso de teologia ele fez mestrado na Universidade de Andrews. Recentemente ele preparou uma extensiva antologia dos escritos de Alonzo T. Jones e Ellet J. Waggoner, a qual está incluída na Compreensiva Pesquisa dos Escritos de Ellen G. White. Recentemente também ele escreveu o livro “O Calvário no Sinai: A Lei e os Concertos na História da Igreja Adventista do 7º Dia,” e, ao longo dos anos, escreveu muitos artigos sobre vários conceitos da mensagem de 1888. O pai dele, Paul Penno foi também pastor da igreja adventista, assim nós usualmente escrevemos seu nome: Paul E. Penno Junior. Você pode vê-lo, no You Tube, semanalmente, explanando a lição da semana seguinte na igreja adventista de Hayward, na Califórnia, em http://www.youtube.com/user/88denver99

Notas:
[1] Ernest H. J. Steed, Two Be One (Dois Serão Um), pág. 10.
*2) Entendo ser a KJV é a mais correta das Bíblias. Mas, infelizmente, houve este infortúnio. Felizmente a Almeida, principalmente a Almeida Fiel, manteve a pureza do amor Divino, usando a palavra “amor,” ao invés de caridade. Nunca poderemos entendê-lo completamente, mas devemos sempre lê-la, REVERENTEMENTE, conscientizando-nos de que é um amor inteiramente altruísta, abnegado, que “esvaziou-Se a Si mesmo” (Fil. 2:7 — Ágape). “Morrendo pelos pecadores, Cristo manifestou um amor que é incompreensível; e esse amor, ao ser contemplado pelo pecador, abranda-lhe o coração, impressiona-lhe o espírito e inspira-lhe à alma contrição” (Caminho a Cristo, pág. 27).
[3] Veja, por exemplo, Ellen G. White, em Caminho a Cristo, pág. 27.
*“É verdade que os homens às vezes se envergonham de seus caminhos pecaminosos e renunciam a alguns de seus maus hábitos, antes de estar conscientes de que estão sendo atraídos a Cristo. Quando quer, porém, que façam um esforço para reformar-se, movidos do desejo sincero de proceder bem, é sempre o poder de Cristo que os está atraindo. Uma influência para eles desconhecida lhes opera na alma, despertando-lhes a consciência, e sua vida exterior emenda-se. E quando Cristo os atrai, levando-os a olhar à Sua cruz, para contemplar Àquele que os seus pecados ali cravaram, o mandamento desperta na consciência. É-lhes revelada a pecaminosidade de sua vida, o pecado que se acha arraigado em sua alma. Começam a compreender alguma coisa da justiça de Cristo, e exclamam: ‘Que é o pecado, que devesse exigir tão grande sacrifício pela redenção de sua vítima? Acaso se fez preciso todo esse amor, todo esse sofrimento, toda essa humilhação, para que não perecêssemos mas tivéssemos vida eterna?’
*“Poderá o pecador resistir a esse amor; poderá recusar-se a ser atraído para Cristo. Se, porém, não se opuser, será levado para Ele. O conhecimento do plano da salvação levá-lo-á ao pé da cruz, arrependido de seus pecados, que causaram os sofrimentos do amado Filho de Deus.”

Atenção, asteriscos (*) indicam acréscimos do tradutor.
_______________________________