sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

Lição 6 - Criação e Queda, por Jerry Finneman

Para 2 a 9 de fevereiro de 2013

Nosso estudo desta semana começa com Adão e Eva e sua queda no pecado. Eva, enganada, caiu através das evidências de seus sentidos. Ela ouviu, olhou, desejou e comeu. Ela escutou palavras persuasivas proferidas por Satanás. Então, "viu a mulher que aquela árvore era boa para se comer, e agradável aos olhos, e árvore desejável para dar entendimento; tomou do seu fruto, e comeu" (Gên. 3:6). O que ela precisava aprender, como todos nós devemos, é que a fé — "a fé de Jesus" — significa crer nas promessas de Deus, não só na ausência de sentimento, mas contra eles.
Considere o método do diabo, que levou Eva a duvidar da palavra de Deus. Note a expressão com a qual ele abre a conversa: "É assim que Deus disse ...” Esta é uma expressão insinuando dúvida e suspeita. Comentando sobre esta frase, Alonzo T. Jones (*um dos dois mensageiros de 1888) escreveu:
 “Nenhuma tradução pode expressá-la exatamente. Ela não pode ser corretamente escrita em letras, de modo a formar uma palavra, que a manifestaria no seu verdadeiro sentido. No entanto, todos no mundo estão familiarizados com a expressão. É aquele grunhido zombador (expresso apenas através do nariz), que transmite pergunta, dúvida, desconfiança e  desprezo, tudo isto a uma só vez: "Hum! é assim que Deus disse: Não comereis de toda árvore do jardim?" E todo mundo sabe que até hoje entre os homens não há nada igual a este grunhido sarcástico, para criar dúvida e suspeita; e nenhuma outra expressão é muito usada pela humanidade para esse fim. E essa é a origem da mesma.1
Imediatamente após as dúvidas plantadas na mente de Eva o diabo disse três mentiras a ela, que permanecem conosco até hoje. E elas serão as principais mentiras recebidas pela maioria da humanidade nestes últimos dias da história da Terra. Estas três são, 1ª) você não tem que obedecer a Deus (a idéia está implícita), 2ª) "certamente não morrerás", e 3ª)"sereis como Deus"
Enquanto no céu Lúcifer não proferiu verbalmente estas mentiras, elas estavam muito em sua mente. Em seu coração e mente, ele exaltou-se a pensar: eu “serei semelhante ao Altíssimo" (Isa. 14:14). E foi das profundezas do seu coração que seus lábios expressaram, a Eva, sua ambição de ser Deus. Ela foi pega neste engano. Ele a inspirou, com sua mente (*dele Satanás) auto-enganadora — o ser igual a Deus.
Satanás usou com Eva a influência da mente sobre mente. Ela, por sua vez, utilizou a mesma influência com Adão. Ele não foi enganado, conforme 1ª Tim. 2:14. Ele deliberadamente escolheu segui-la no pecado. Em vez de obedecer a Deus, ele escolheu morrer com ela. Isso revela o poder de influência de mente sobre mente, para o mal.
Por meio de influência, aproveitando a ação da mente sobre a mente, ele [Satanás] prevaleceu sobre Adão para pecar. Assim, a sua própria natureza humana foi corrompida. E desde então o pecado tem continuado a sua odiosa obra, atingindo de mente em mente (*a cada indivíduo depois que nasce). Cada pecado cometido desperta os ecos do primeiro pecado.2
Satanás "usa o mesmo poder que ele usou no céu — a influência de mente sobre mente. Os homens se tornam tentadores de seus semelhantes. Os fortes sentimentos corruptores de Satanás são acariciados, e exercem um magistral poder convincente. Sob a influência desses sentimentos, os homens ligam-se uns com os outros em confederações (uniões), em sindicatos, e em sociedades secretas. Há, em operação no mundo, agências que Deus não vai tolerar por muito mais tempo.3
 “Eva comeu e imaginou que sentira as sensações de uma vida nova e mais elevada. Ela levou o fruto ao marido, e o que teve uma influência irresistível sobre ele foi a experiência dela. A serpente dissera que Eva não morreria, e ela não sentira nenhum mau efeito do fruto, nada que pudesse ser interpretado como morte, mas, justamente como a serpente tinha dito, uma sensação agradável que ela imaginou ser como os anjos sentiam. Sua experiência se pôs contra o mandamento positivo de Jeová, e Adão se deixou seduzir pela experiência da esposa.”4
O juízo investigativo
Depois que Adão e Eva pecaram, eles se esconderam. Deus tomou a iniciativa de encontrá-los. Ele foi procurá-los e encontrou-os entre os arbustos. Ele não os condenou. Em vez disto Ele formulou-lhes uma série de perguntas. Começando a investigação com Adão, três perguntas foram feitas a ele: 1ª) "Onde estás?" (Gên. 3:9); 2ª) "Quem te mostrou que estavas nu?", e 3ª) "Comeste tu da árvore de que te ordenei que não comesses?” (vs.11). Adão não assumiu a responsabilidade por suas ações. Ele culpou Eva, a quem ele deveria ter amado mais do que a si mesmo. Deus, então, virou-se para ela com uma pergunta inquiridora: "Por que fizeste isto?" (*vs.13). Eva, como Adão, recusou assumir a responsabilidade pelo que fez. Alegou que foi a serpente que a levou a fazê-lo.

Graça e Julgamento

Quando eles pecaram, Adão e Eva vieram sob a maldição do pecado. Por que, então, não foram condenados à morte, como Deus declarou: "da árvore do conhecimento do bem e do mal dela não comerás; porque no dia em que dela comeres, certamente morrerás" (Gên. 2:17, *grifamos) . A razão porque eles não morreram naquele dia, como deveriam ter morrido, foi devido à graça de Deus. Ao encontrar-se sob a maldição, o Senhor estendeu misericórdia a Adão e Eva. A graça imediatamente os cercou, exatamente no primeiro momento de seu pecado. Conquanto fosse verdade que Adão escolheu deliberadamente Eva, ao invés de Deus, o engano do diabo estava envolvido no pecado deles. Porque Eva foi enganada Deus colocou Seu plano de redenção em operação, a fim de dar a ela, e a Adão, outra chance de escolher a quem iriam servir.
A graça foi aqui manifestada pela primeira vez na história do universo. Não havia sido necessária, antes de Adão e Eva pecarem. "Graça é favor imerecido."5 A graça cercou Adão e Eva. Assim que existiu o pecado; houve um Salvador6 (*grifamos)
Eles não pereceram naquele dia por causa da graça de Deus dada a eles. Eles não foram deixados sem esperança. "Um resgate foi encontrado. Cristo tornou-Se seu substituto e fiador."7 Ele era então e continua a ser "o Cordeiro que foi morto desde a fundação do mundo" (Apoc. 13:8). "A iniquidade de nós todos" foi lançada sobre Ele (Isa. 53:6). Jesus "reuniu à Sua própria pura alma, sem pecado, a pena aue repousava sobre a raça pecadora, e ofereceu-Se como sacrifício."8 "Morrendo em lugar do homem, Cristo cumpriu a pena e proveu perdão."9
Dois julgamentos no Éden: Graça a Adão e Eva; condenação à serpente (Gên. 3:14, 15). E, claro, a real serpente é o inimigo de Deus e do homem — "a antiga serpente, chamada o Diabo, e Satanás" (Apoc. 12:9). A promessa do evangelho de Gên. 3:15 deu esperança ao par caído, enquanto, ao mesmo tempo, declarou a condenação do diabo. Aqui também temos a primeira promessa de enviar Jesus como "Salvador do mundo" (1 João 4:14).
Para Adão e Eva a promessa de salvação veio primeiro, seguida pela sentença divina de julgamento temporal. Se não houvesse evangelho, o juízo significaria condenação eterna. Mas em Cristo Jesus a raça caída foi absolvida da condenação, João 3:17. "Pois assim como por uma só ofença veio o juízo sobre todos os homens para condenação, assim também por um só ato de justiça veio a graça sobre todos os homens, para justificação de vida" (Rom. 5:18).
Foi na qualidade de segundo Adão que Jesus derrotou o diabo. Aquela serpente moveu-se sorrateiramente à presença de Jesus durante Seu jejum no deserto. Com as palavras "Se Tu és o Filho de Deus, manda que estas pedras se tornem em pães" (Mat. 4:3), foi projeto do diabo levantar dúvidas na mente de Cristo. Embora Ele fosse severamente tentado a usar Seu poder inerente como Deus, Jesus respondeu: "Nem só de pão viverá o homem" (vs. 4). Jesus respondeu como representante da raça humana caída. Ao responder ao diabo Jesus citou Deuteronômio 8:3. O diabo sabia muito bem o significado desse versículo, na língua original a passagem literalmente diz, "Adão não viver de pão somente, mas Adão vive de toda palavra que procede da boca do Senhor." Foi pela fé, somente na palavra de Deus, que o segundo Adão derrotou o diabo nas tentações do deserto, naquele momento e para sempre — todo o caminho até à cruz, onde Jesus fez, de Satanás e suas hostes do inferno, um espetáculo público, "triunfando sobre eles na cruz,” Jesus “despojou” o diabo (Col. 2:15, Alm. fiel). Na língua original, a palavra “desarmado” tem um significado composto, duplo, "desatracar completamente, despir por inteiro, e, assim, tornar impotente." Na cruz, Cristo tirou o disfarce usado por Satanás para esconder seus enganos. Folhas de figueira eam agora inúteis para ele se cobrir.
No jardim do Éden, somente após a promessa de redenção ser dada, que o Senhor pronunciou julgamento temporal sobre Adão e Eva, Gên. 3:16-17. Não só em Gênesis é encontrado o tema redenção, com respeito ao evangelho, seguido por julgamento. A mesma ordem de procedimento está no último livro da Bíblia (Apocalipse 14:6,7). Mais do que isso, a mensagem do evangelho da graça, a partir de Gênesis e terminando no Apocalipse, é central para cada livro da Bíblia. Todas as mensagens de redenção na Bíblia são a consequência da primeira promessa evangélica de Gênesis 3:15. Somos lembrados de que "A inimizade colocada entre a semente da serpente e a semente da mulher foi sobrenatural." Essa inimizade prometida é para você e para mim hoje. É o dom da graça de Deus. Embora seja verdade que a graça de Deus é livre, entretanto não é barata. Custou a Jesus Sua vida. Então agora podemos dar "Graças a Deus ... que sempre nos faz triunfar em Cristo, e por meio de nós manifesta em todo lugar a fragrância do Seu conhecimento" (1ª Coríntios 15:57, 2ª Coríntios 2:14).

-Jerry Finneman

O irmão Geraldo L. Finneman é um pastor adventista, já tendo atuado nos estados de Michigan, Pensilvânia e Califórnia nos EUA. Ele prepara materiais para encontros evangelísticos, incorporados com os conceitos das Boas-Novas da Mensagem de 1888 de Justificação pela fé. Além de pastor da IASD ele também já foi presidente do Comitê de Estudos da Mensagem de 1888. Já há alguns anos não me encontro com ele, mas me parece que, devido à idade, está para, ou, já se aposentou, mas ouvi dizer que continua trabalhando por boa parte do dia, atualmente na área de Battle Creek, a cidade que abrigava a antiga sede da igreja. Há um excelente livro escrito por ele, "Christ in the Psalms” [Cristo nos Salmos], infelizmente não está traduzido para o português.

Notas:
[1] Alonzo T. Jones, Ecclesiastical Empire, pág. 590.
(*Bem, em nossa rica língua portuguêsa, temos a interjeição “hum!,” que, segundo Caldas Aulete, “denota dúvida, impáciência contra outrem, desconfiança, reticência,” tudo isto, e algo mais, ao mesmo tempo, e é expressa, com ar espirado pelo nariz, como disse A.T. Jones acima, e com os lábios unidos).
2 E.G. White, Review and Herald, April 16, 1901;
3 Manuscript Release Nº. 4, pág. 85;
4 Testemunhos para a Igreja, vol. 3, pág. 72;
5 Mensagens Escolhidas, vol. 1, pág. 331;
6 O Desejado de Todas as Nações, pág. 210;
7 Signs of the Times, de 14 de December de 1904;
8 Ibidem;
9 Mensagens Escolhidas, vol. 1, pág. 340;
10 Manuscript Releases, vol. 16, pág. 118.
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