quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

A Doutrina da Criação Examinada (Continuação)

“A Doutrina da Criação Examinada” (Continuação)
 por Francis David Nichol
Do livro:  ANSWERS  TO  OBJECTIONS (Respostas a Objeções)
Seção:   A  CIÊNCIA  E  A    DO  ADVENTO

Este artigo é a continuação da postagem que fizemos em 17/1/2013, no blog http://agape-edicoes.blogspot.com mas quem recebia nossos comentários das lições da Escola Sabatina, gravados em CD e fitas K-7, e os guardou, verá muito desta obra, falada por mim e por minha esposa (que interpreta o Espírito de Profecia) nas lições da série: “A CRIAÇÃO DE DEUS — Analisando o Relato Bíblico,” que estudamos no 3º trimestre de 1999. Este novo artigo foi gravado na lição de nº 10 daquela série.
Este capítulo, “A Doutrina da Criação Examinada,” é vitalmente pertinente ao nosso estudo deste trimestre. Começamos na página 482 e vamos até a pág. 486:
Índice da matéria desta postagem:
Modismos do Pensamento, pág. 482;
A Evolução Está de Acordo com o Pensamento Secular, pág. 483;
A Pesquisa Atômica Ilustra um Ponto, págs. 483 a 486;
Asteriscos indicam acréscimos do tradutor.
A paginação se encontra entre colchetes, em negrito.


 [482]A Doutrina da Criação Examinada (Continuação)


Modismos do Pensamento      
“Nunca se deve esquecer que os cientistas, como o restante da humanidade, são criaturas de seu meio ambiente e época. Quando se deslocam para fora dos estreitos limites da investigação e mediçao das atividades da natureza, e começam a interpretar ou filosofar, suas conclusões, quanto à credibilidade de qualquer idéia, certamente refletirão, pelo menos em parte, o ponto de vista geral da época em que vivem. Há modismos tanto em pensamento quanto em vestuário. E não cremos todos que a moda atual, que contemplamos nas ruas, está correta, enquanto as modas refletidas no álbum de família parece ‘incrível’? Exatamente aqui as palavras do respeitável autor Inglês se aplicam:
"‘A fim de entender um período, é necessário, não tanto estar familiarizado com suas mais definidas opiniões, como com as doutrinas que são consideradas, não como doutrinas, mas como fatos. (Os modernos, por exemplo, não olham por [sobre] sua crença em Progresso como uma opinião, mas como um reconhecimento de fato.) Há certas doutrinas que, por um período em particular, não parecem doutrinas, mas categorias inevitáveis ​​da mente humana. Os homens não as olham meramente como opiniões corretas, pois se tornaram tão integradas à mente, e jazem tão lá no fundo, que nunca estão realmente conscios delas em absoluto. Eles não as veem, mas outras coisas através delas. São estas idéias abstratas ao centro, as coisas que têm como certas, que caracterizam um período. Há em cada período certas doutrinas cuja negação [483] é considerada pelos homens desse período, tal como considerariamos a afirmação de que dois mais dois são cinco. São estas coisas abstratas ao centro, essas doutrinas sentidas como fatos, que constituem a fonte de todas as outras características mais materiais do período" (Thomas E. Hulme, Speculations: Especulações, págs. 50, 51).

A Evolução Está de Acordo Com o Pensamento Secular
Nesta era, ou período presente, distinta por seus pontos de vista seculares e por sua completa falta de qualquer consciência do sobrenatural, essas doutrinas que apoiam esse ponto de vista, por exemplo — a explicação evolucionista do mundo, são naturalmente consideradas razoáveis. Todas essas doutrinas são ‘vistas como fatos.’ Não admira, pois, então, que a doutrina da criação seja considerada ‘incrível’. Mas, por que deve o cientista declarar que Moisés estava errado, simplesmente porque descreveu grandes acontecimentos que estão fora do ambito e das experiências da ciência? Apropriadas aqui são o palavras do Prof. Percy W. Bridgman (1882-1961), da universidade de Harvard, que escreveu criticamente sobre a atitude de certos homens das ciências:
"É difícil conceber algo mais cientificamente intolerante do que afirmar que toda experiência possível se conforma com o mesmo tipo daquela com que já estamos familiarizados e, portanto, requer que a explicação empregue somente elementos familiares na experiência do dia-a-dia. Tal atitude sugere uma falta de imaginação, uma obtusidade e obstinação mental, que poderiam ser esperadas que exaurissem a justificação usual pragmática, um plano inferior de atividade mental" (The Logic of Modern Physics, A Lógica da Física Moderna, págs. 46, 47.

Pesquisa Atômica Ilustra as Leis de Conservação da Massa, e da Matéria
Esse professor erudito está aqui convidando alguns de seus companheiros intelectuais a objetarem à idéia de "ação à distância", para explicar a gravitação. Mas suas palavras adquiriram maior força nestes últimos anos, desde que a pesquisa em energia atômica desenvolveu-se. Ilustremos esta declaração pela citação do capítulo de abertura do relatório oficial sobre energia atômica, na obra Energia Atômica para Propósitos Militares, escrito por Henry Smyth, pág. 1, publicado sob os auspícios do Ministério da Guerra, dos EUA, em 1945. Ao fornecer o fundamento histórico do estudo em energia atômica, o autor inicia o seu relatório do seguinte modo:
[484] "Dois princípios têm sido pedras fundamentais da estrutura da ciência moderna. O primeiro, o de que a matéria não pode ser criada, nem destruída, mas somente alterada em forma — enunciado no século XVIII e conhecido por todo estudante de química; que tem conduzido ao princípio conhecido como: ‘a lei de conservação de massa’. O segundo, o de que a energia não pode ser criada nem destruída, mas somente alterada de forma. Este princípio emergiu no século XIX, e desde então tem sido a praga de inventores de máquinas de moção contínua, princípio conhecido como a lei de conservação da energia.
"Esses dois princípios sempre guiaram e disciplinaram o desenvolvimento e aplicação da ciência. Para todos os efeitos práticos, prosseguiram sem alteração e separados, até por volta de 1940. Para a maioria dos propósitos práticos ainda assim permanecem, mas, é agora sabido, que são, de fato, duas fases de um único princípio, pois dscobriu-se que a energia pode, às vezes, ser convertida em matéria e a matéria em energia" (Henry D. Smyth, em Energia Atômica para Propósitos Militares, pág. 1).
*Aqui preciso assinalar algo. Esta descoberta de uma lei que julgavam ser fundamental e imutável, e que agora tiveram que reconsiderá-la, se nunca a tivessem mudado, ao que me consta, nunca teriam construído uma bomba atômica.
Se naquela época alguém declarasse que é boa ciência crer que a "energia às vezes pode ser convertida em matéria e matéria em energia", os cientistas o ridicularizariam com o mesmo desdem como que zombaram dos crentes no registro mosaico da criação. Tal declaração teria desafiado duas leis do mundo científico, tão sagradas para alguns cientistas como o Decálogo o é para o cristão. Mas só após essas duas leis terem sido, para espanto deles, revisadas, é que os cientistas foram capazes de prosseguir com as impressionantes descobertas no campo atômico!”
*E foi isso o que eu disse a pouco, que se não estivessem dispostos a ajustar seus pensamentos nesse sentido, jamais teriam construindo uma bomba atômica.
Não seria possível que algumas das teorias concernentes às leis científicas, que têm levado o relato mosaico de revisão da criação à descrença, precisem de revisão? De fato estas duas leis que têm sido mais com frequência invocadas para refutar o relato mosaico são as próprias leis mencionadas nesta citação sobre energia atômica, as leis da conservação da matéria e da energia. Se ‘a energia pode, às vezes, ser transformada em matéria, e matéria em energia’, então por que é ilógico que o Deus de toda a energia, o Onipotente, possa ter convertido uma parcela de Sua ilimitada energia em matéria? A concepção cristã de Deus sempre foi de que Ele é infinito em poder e em energia.”
*Permita-me tentar simplificar isto um pouco, ou talvez fazê-lo um pouco mais claro: Suponhamos que consideremos que Deus, que é infinito em energia, fale, e o poder de Sua palavra libere virtualmente energia infinita, e que essa energia se consubstancie em matéria, que forme talvez um mundo, ou uma lua, ou seja um astro, asteróide ou o objeto que for. O ponto aqui é, simplesmente, que isto é como poderia ter-se dado na criação. Posso prosseguir mais e dizer que é algo como o reverso da explosão de uma bomba atômica. Porque, como você pode ver, eu não sou cientista, mas, quanto me conste, quando se libera a energia contida numa quantidade bem pequena de massa, ou matéria, está-se liberando tremenda energia. Assim, temos só que contemplar a explosão de uma bomba atômica, ou ver isso demonstrado para nós num filme movimentado, ou seja da forma que for, para entender que uma pequena quantidade de massa pode liberar energia incrível.
*Isso é o que aconteceu na explosão da bomba atômica. Baseou-se em uma teoria de Alberto Einstein, numa equação que ele desenvolveu, e é algo ainda quase central à idéia total da sua teoria. A equação é “E=MC2,” e isso simplesmente significa que a energia é igual à massa, multiplicada pelo quadrado da velocidade da luz. Agora, a velocidade da luz é um número bem grande, 300.000 km por segundo. Quando se eleva este número ao quadrado, isto é, quando multiplicamos este número por si mesmo, temos um número muito maior ainda, ou seja 90 bilhões. Assim, o quadrado da velocidade da luz, multiplicando uma diminuta massa, produz energia, uma tremenda quantidade de energia, procedente de um pequeno montante de massa. Esse é o significado de “E=MC2”. Assim, quando consideramos o texto que tivemos oportunidade de empregar mais de uma vez em nosso estudo de que Deus falou, e assim se fez, Ele ordenou e tudo veio a existir, Salmo 33:9, isso é o que ocorre. Em lugar de massa liberando incrível energia, encontramos a Deus, que possui incrível energia, pronunciando essa energia à existência, a consubstanciando em massa, e é assim que a criação veio à existência.
[485] “Os cristãos admitem a idéia de que Deus pode falar e, subitamente, energia divina se consubstanciar, ou se transformar, por assim dizer, numa esfera rodopiante de terra sólida, é difícil de compreender, mas, certamente, não o é mais do que admitir a impressionante idéia levantada por cientistas atômicos, concernente à matéria e energia. Note agora a declaração de um cientista, que se empenha para descrever o que a investigação no campo microscópico revelou quanto ao intercâmbio de matéria e energia:
*Trata-se de Cláudio Guilherme Hipps no livro The Structure of the Universe," A Estrutura do Universo, um Relatório Anual do Instituto Smithsoniano, de 1944, que à pág. 178 diz:
"O simples conceito de espaço e matéria tem sofrido mudança no campo microscópico de modo bastante semelhante como o que ocorreu no campo da astronômia. Em resultado de pesquisas no campo das partículas diminutas, tornou-se necessário expandir nossas ideias no que concerne à natureza da matéria. Fotos numa câmera de radiação permitiram-nos praticamente ver duas partículas de matéria criadas no espaço a partir da energia contida na radiação" (Claude William Heaps, “A Estrutura da Universo,” Relatório Anual Smithsonian, 1944, pág. 178).
Este autor científico prossegue imediatamente para dizer que esse fenômeno de matéria ser criada de energia, que ele declarou poder ser vista, embora anuviadamente em sua operação microscópica, pode ser ilustrada numa escala de maior amplitude, por esta analogia: ‘Um fenômeno equivalente seria uma quantidade de luz solar, passando por uma bola de ferro, para transformar-se, subitamente, em alguns pedaços de chumbo’. Para um cientista sobriamente apresentar este tipo de ilustração para indicar o que parece ter lugar no âmbito microscópico, é suficiente o bastante para deixar alguém sem fôlego. Mesmo o relato da criação não parecerá mais estarrecedor. Ambos os pontos de vista resultam de fé e não do processo científico.
 Logicamente, ele se apressa a admitir com respeito a sua analogia da luz solar e uma bola de ferro: ‘Escusado será dizer-se que ninguém jamais viu algo assim acontecendo, e se dá somente quando os tamanhos se tornam tão diminutos para impedirem a observação direta da ocorrência do evento. Podemos bem dizer, que algo peculiar se passa no campo microscópico. Algo ocorre que está fora de nossa experiência ordinária" (idem, págs. 178 e 179).
 “Esta última sentença é realmente uma exposição incompleta. Algo está [486] se passando, mas não é somente ‘estranho à nossa experiência ordinária’, mas contradiz alguns dos mais básicos pressupostos sobre os quais o chamado pensamento científico se desenvolveu desde os dias mais remotos da era científica, até o tempo da investigação atômica. Note esta declaração adicional deste cientista:
"Matéria e energia podem agora ser tidas como praticamente sinônimos. Assim torna-se possível estabelecer certas importantes inferências com o objetivo de salvar o universo de entrar em colapso. Milhões de sóis estão vagarosa, mas seguramente convertendo sua matéria e sua energia em radiação, e esta radiação está constantemente escapando no infinito. Talvez em alguma parte do espaço a radiação possa ser transformada novamente em matéria. Talvez o universo esteja engajado num ciclo reversível, em lugar de um irreversível, como comumente se supõe (Idem, pág. 179).
"‘Talvez’! Por que não? Pelo menos, alguns cientistas chegaram ao ponto em que não mais declaram dogmaticamente que isso não possa acontecer. Ao contrário, ouvimos um cientista dizendo: ‘Talvez em algum lugar no espaço a radiação possa ser revertida novamente em matéria.’ Quem sabe, com o tempo os homens cheguem a reconhecer que apenas o seu limitado conhecimento os impede de ver quão razoável é crer que Aquele, de cujo trono ‘procedem relâmpagos,’ pode criar matéria à Sua vontade. A Bíblia em que os cristãos creem diz que ‘em algum lugar no espaço’ onde a matéria é assim criada, é o trono de Deus.

*Oh, como espero que você tenha apreciado ouvir isto quanto eu apreciei ao lê-lo há longo tempo atrás.




O Pr. Francis David Nichol (1897-1966) foi editor da Review and Herald por 21 anos; editor associado de Signs of the Times por 6; editor do Boletim da Conferência Geral de 1922 até seu falecimento; editor de Vida e Saúde (em inglês) de 1934 a 1945. Por 15 anos foi membro da comissão do patrimônio de Ellen G. White. Escreveu mais de 20 livros. Muitas e maiores informações você encontrará na Enciclopédia Adventista, vol. 10 da série SDABC, págs. 974 e 975.
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