quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

“Fé Razoável,” por Francis David Nichol (para a lição 1).

Trazemos aqui algumas idéias que nos advém do livro escrito pelo Pr Francis D. Nichol, intitulado Respostas a Objeções, recentemente traduzido para o português, e impresso pela CPB.
É obra indispensável para todo adventista que queira dar a razão de sua fé a seus interlocutores. Eu a tenho em inglês já há muitos anos. Quem recebia nossos comentários gravados em CD e fitas K-7, e os guardou, verá muito desta obra, falada por mim e por minha esposa (que interpreta o Espírito de Profecia) nas primeiras lições da série:
 “A CRIAÇÃO DE DEUS — Analisando o Relato Bíblico,” que estudamos no 3º trimestre de 1999. .
A tradução deste capítulo, “Fé Razoável”, é nossa, podendo, portanto, haver ligeiras diferenças nas palavras usadas  na tradução oficial da CPB, mas o sentido há de ser o mesmo, pelo menos espero que seja.
O capítulo intitulado “Fé Razoável” é vitalmente pertinente ao nosso estudo deste trimestre. Começamos na página 449:
Índice da matéria desta postagem:
Introdução;
 Uma Falsa Tentativa de Harmonia;
Como Defrontar o Perigo.
Entrementes adicionamos alguns comentários entre alguns parágrafos do autor, os quais você identifica pelas aspas. Asteriscos no texto do autor indicam acréscimos nossos para melhor entendimento da tradução. A paginação se encontra entre colchetes, em negrito. Ao final adicionamos duas ou três citações do Espírito de Profecia.
 NOTA: Nas próximas semanas continuaremos com esta matéria

Fé Razoável

INTRODUÇÃO
“Nossos tempos modernos têm se distinguido de todos os demais pelos maravilhosos progressos obtidos no campo da ciência natural. Os homens tem sondado as maiores distâncias no espaço com telescópios, e desvendado os mistérios das infinitamente pequenas (*partículas da matéria), com microscópios. Eles exploraram e explodiram o átomo. Descobriram e avaliaram as leis que operam em muitas áreas da natureza. Venceram muitas doenças. Tudo isso os homens modernos realizaram em resultado de terem-se tornado mais bem familiarizado com as leis da natureza.”
Certamente podemos ver aqui a ligação com este maravilhoso tema que estaremos estudando este trimestre a respeito das “ORÍGENS,” especialmente ao considerarmos o relato bíblico.
Notem aqui, ao prosseguirmos em nossa leitura, da página 449:
“Agora, aos os cientistas se aprofundarem mais e mais no mundo físico, imaginaram ter descoberto que as leis da natureza são imutáveis, invariáveis. Por exemplo, não podem eles predizer o que o sol, a lua e as estrelas farão no futuro? E não se dá isso em razão de que esses corpos celestes operarem segundo leis que não mudam? Assim, para muitas mentes científicas, o universo adquire a qualidade de uma máquina, cada parte operando como uma engrenagem, e a estrutura, como um todo, funcionando sem haver possibilidade de mudança, porque, por alguma razão, o universo é constituído dessa maneira.”
Daí o Pr. Francisco D. Nichol apresenta uma seção a que intitula de:

Uma Falsa Tentativa de Harmonia
“Certos religionistas, que chegaram a ser conhecidos com modernistas, pensaram que deviam aceitar o que lhes parece ser os seguros resultados de investigação científica. Ao mesmo tempo, desejam apegar-se à religião. Eles fizeram isto por reinterpretar todas as crenças cristãs históricas, de tal maneira a harmonizá-las com os pontos de vista científicos.
“Esse processo de modernização começou com a idéia do próprio Deus.”
Este é um ponto importante para se ter em mente neste trimestre.
“Ele começou a ser visto mais e mais  como um tipo de força impessoal [450] do universo. Isto amenizou a tensão que naturalmente existe entre a idéia de um Deus pessoal, que faz todas as coisas segundo Lhe apraz, e um universo que opera segundo um conjunto de leis imutáveis, que o fazem funcionar como uma máquina impessoal. Mas o que os harmonizadores ganharam em alívio do confronto de idéias, perdem, muito mais, com o desaparecimento da crença que satisfaz a alma num Deus pessoal ao qual podemos oramos.”
Oh, como obtive satisfação desta sentença. Os cientistas obtiveram algum alívio do confronto de idéias, mas o que perderam? “Perderam a crença que satisfaz a alma num Deus pessoal ao qual podemos orar.”
Este é um ponto crucial dessa questão. O tremendo Deus a Quem adoramos, esse Ser que é todo amor, pois nos é dito que Deus é “Ágape,” palavra grega para amor, que aparece cerca de 350 vezes no Novo Testamento. Esse Deus, grande como Ele é, com Sua maravilhosa criação e controle do universo, tão vasto que nossas mentes finitas não podem abranger. Esse Deus é um Pai terno e amorável, ao Qual podemos orar. Nunca se esqueça disso ao prosseguirmos em nossa busca conjunta pela verdade.
“Este processo de harmonização começou com a idéia do próprio Deus. Ele começou a ser visto, mais e mais como uma espécie [450] de força impessoal no universo. Isto diminuiu a tensão que naturalmente existe entre a idéia de um Deus pessoal, que faz todas as coisas de acordo com Seu bom prazer, e um universo operando de acordo com um conjunto de leis imutáveis que o fazem funcionar como uma máquina impessoal. Mas o que essa harmonização ganha em alívio do confronto de idéias, perde, muito mais, com o desaparecimento da crença que satisfaz a alma num Deus pessoal ao qual podemos orar.
“A harmonização, que começou com Deus, teve que seguir todo o seu percurso através das crenças cristãs. Se o universo opera por leis imutáveis, e assim sempre operou, então todos os milagres da Bíblia devem ser negados, porque os milagres são contrários à conhecida operação das leis naturais. Isso inclui a criação, o nascimento virginal, a ressurreição e a ascensão. O relato bíblico da criação e do nascimento virginal foram rotulados como lendas.”
Aqui, você pode ver, está a raiz do problema, quanto a criação de Deus e as ORIGENS.
“A ressurreição foi espiritualizada de tal modo que um tipo de Cristo espiritualizado e fantasmagórico, movimentava-se ante os olhos dos discípulos, após o domingo da ressurreição. A crença num segundo advento de Cristo desapareceu, e pela mesma razão. Assim desapareceram as mais básicas das doutrinas cristãs.
“Agora, é evidente que a aplicação de tais métodos de harmonização às crenças adventistas faria com que a maioria delas perdesse o sentido. Certamente não há lugar para o sábado do sétimo dia. Por que manter o memorial de um evento que não ocorreu? Não há nenhuma semana da criação com seu sétimo dia posto à parte, dizem os harmonizadores, e, logicamente, dificilmente poderíamos ser adventistas, porque, como declarado, não há lugar para um literal segundo advento de Cristo, se mantemos o ponto de vista modernista.
“Não é de admirar que a Igreja Adventista do Sétimo Dia veja o modernismo, e todo o raciocínio com ele associado como um inimigo mortal para a sua fé e para tudo aquilo porque este movimento existe. Não é que sejamos opostos à ciência. Temos departamentos de ciências em todas as nossas universidades, onde os mais modernos princípios de estudo e pesquisa científica são, não somente aceitos, mas também aplicados. Cremos em todos os fatos da ciência, e em tudo quanto os tubos de ensaio podem revelar-nos a respeito dos mistérios da natureza.”
Agora, prestem bem atenção nisto: “Diferimos de outros [451] não com respeito aos fatos da ciência, mas com respeito à interpretação que dão aos fatos.”
“É neste ponto que surge uma dificuldade para alguns em nossas fileiras, particularmente para aqueles que receberam educação superior em escolas não adventistas. Eles sabem que os cientistas realizaram grandes descobertas que revolucionaram o mundo, e nos descortinaram grandes horizontes. Naturalmente observam com respeito todas essas descobertas de cientistas, e quando veem esses cientistas fazendo certas interpretações dos fatos revelados pelo tubo de ensaio, microscópios ou telescópios, etc. ... esses jovens adventistas são tentados a sentir que essa é a interpretação correta. Mas, se a interpretação dos cientistas é correta, então deve haver algo de errado com as doutrinas adventistas do sétimo dia. Daí, surge na mente de alguns adventistas a tentação de ver o adventismo do sétimo dia como arcaico, desatualizado) em seus pontos de vista e crenças. E esse é um passo rumo à apostasia.
Devemos ser gratos a Deus que não há entre nós muitos de nossos membros que apostataram por tal razão, mas há alguns, e, indubitavelmente, virão outros, no futuro, ao a membresia aumetar mais e mais. Este perigo não é encontrado só em escolas de nível superior. Mesmo na educação primária ou de nível médio, podemos encontrar padrões errôneos de pensamento a respeito de Deus e da origem de nosso mundo.”

Como Defrontar o Perigo:
Ele diz: “É-nos muito melhor defrontar o perigo abertamente, e, assim, colocar-nos definitivamente em guarda. Nossa esperança não jaz em estabelece uma proibição absoluta em frequentar uma instituição não adventista. Há certas circunstâncias em que é absolutamente necessário que alguns as frequentarem para treinamento especializado. Na verdade, a igreja não tem autoridade para forçar uma proibição, mesmo que quisesse fazê-lo.
“Nossa esperança jaz em assinalar claramente os perigos, e oferecer uma interpretação melhor dos fatos da ciência. O movimento adventista nada tem a temer dos fatos, sejam científicos ou de outra natureza. Cremos que o Deus ao qual servimos é Aquele que criou todo [452] o universo, que estabeleceu suas leis. Portanto, temos que ser os mais ardentes estudantes da natureza, explorando cada vez mais completamente seus mistérios, e, assim, adentrando, por assim dizer, na antecâmara do grande Deus a Quem amamos e servimos.”
É impossível ressaltar demais o ponto básico — que os fatos da ciência e a interpretação dada aos fatos são duas coisas distintas.. É um fato, por exemplo, que as estrelas em seu curso operam segundo leis cujo funcionamento pode ser previsto. É por isto que podemos ter um almanaque náutico para guiar os marinheiros. É um fato que os planetas de nosso próprio sistema solar mantém certa relação com outros planetas e com o sol e alua. Mas é uma interpretação dos fatos declarar que isso prova que o universo é uma máquina, que não há lugar para um Deus, e que, se há um Deus, Ele não pode alterar Suas leis sem perturbar o universo.
“Os adventistas, juntamente com todos os cristãos conservadores, dão uma interpretação diferente aos fatos. Vemos nestas leis que governam todos os corpos celestes, tão bela e eficientemente, não somente grandes leis, mas um grande Legislador. Na verdade, consideramos inteiramente uma atitude irrazoável que alguém que tenha descoberto que o universo se conforma com leis, argumente que isso prova não haver um Legislador, nem um Deus pessoal.
“Imaginemos, por um momento, que o universo não seja bem ordenado, que não há evidência de qualquer lei governando ou coordenando  os corpos celestes. Retratemo-los, daí, como movendo-se desordenadamente, ao acaso, de maneira imprevisível, de modo que os astrônomos se exaurem e suam frio por temor de que a qualquer momento haverá um caos geral. Ficamos a imaginar o que os cientistas pensariam dos que  argumentassem que tal universo dá evidência de um Deus pessoal, uma mente dirigente. Pensamos que quando os astrônomos não estivessem enxugando o suor frio das suas testas, estariam rindo cinicamente.
“Mas os cientistas não descobriram um universo desordenado. Eles descobriram um que se movimenta com tal precisão que não podem encontrar melhor analogia do que a de uma máquina para descrever [453] a maravilhosamente coordenada obra de todas as partes. Contudo, muitos cientistas parecem se esquecer que se o universo se assemelha a uma maravilhosa máquina, então, em alguma parte do quadro, deve haver um Maravilhoso Inventor da máquina. Os adventistas aceitam todos os fatos de uma impressionante precisão, semelhante à de uma máquina que se vê no universo, mas insistem em interpretar esses fatos em termos do grande Inventor da máquina. E avançamos mais um passo — insistimos em que a máquina tão maravilhosamente intricada, não só requer um Inventor mas também um Mantenedor dela. Nenhuma máquina funcionará por si mesma, e quanto mais intrincada, mais requererá uma supervisão pessoal constante.
“Alguns cientistas e aqueles religiosos que desejam harmonizar a religião com a ciência declararão veementemente que creem em Deus, e, talvez, podem até crer num Deus não tão vago ou vaporoso. Mas insistem em que modificar, em qualquer maneira, a operação das leis da natureza, acarretaria o caos no universo, e por tal razão é irracional acreditar em milagres. O que tais pessoas parecem não perceber é que aqui, novamente, estão estabelecendo não um fato da ciência, mas uma interpretação dos fatos. A ciência tem somente o mais elementar conhecimento dos mistérios da natureza, e de como as leis da natureza operam. Como sabemos que Deus não poderia invocar alguma lei sobre a qual não temos conhecimento, que poderia afetar uma presente conhecida lei, sem violar tal lei e sem criar caos no universo?”

O ponto a ser lembrado aqui é que somente a falta de conhecimento da parte do homem é que leva a encontrar uma contradição entre a natureza e as Escrituras.

E do ESPÍRITO DE PROFECIA,
Em Signs of the Times, e 20 de março de 1884, pág. 177, a mensageira do Senhor declara:
“O livro da natureza e a Palavra Escrita não discordam entre si. Cada uma lança luz sobre a outra. Corretamente entendidas tornam-nos familiarizados com Deus e Seu caráter, ensinando-nos algo sobre as sábias e benéficas leis mediante as quais Ele opera. Somos assim levados a adorar o Seu santo nome e ter uma confiança inteligente em Sua Palavra.”
Também um pouco adiante lemos: “É possível harmonizar as interpretações incorretas do mundo e as Escrituras? Ou seguimos a verdade de Deus ou nossos próprios desejos centralizados no eu”
Então, de Educação, págs. 128 e 129:
Inferências erroneamente tiradas dos fatos observados na Natureza têm, entretanto, dado lugar a supostas divergências entre a ciência e a revelação; e nos esforços para restabelecer a harmonia, tem-se adotado interpretações das Escrituras que abalam e destroem a força da Palavra de Deus. ... Deveríamos, a fim de dar explicação às Suas obras, fazer violência à Sua palavra?”
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AGUARDE A CONTINUAÇÃO DESTA MATÉRIA, COM O MESMO TÍTULO — Fé Razoável

O Pr. Francis David Nichol (1897-1966) foi editor da Review and Herald por 21 anos; editor associado de Signs of the Times por 6; editor do Boletim da Conferência Geral de 1922 até seu falecimento; editor de Vida e Saúde (em inglês) de 1934 a 1945. Por 15 anos foi membro da comissão do patrimônio de Ellen G. White. Escreveu mais de 20 livros.
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